A indústria 4.0 nos mostra que é um grande erro pensar que a tecnologia já evoluiu ao nível máximo nas empresas.
O termo é utilizado para caracterizar a utilização do que há de mais moderno para produzir bens de consumo: big data, Internet das Coisas, inteligência artificial, machine learning e muito mais.
Em suma, é a continuação do aperfeiçoamento das máquinas, um processo que começou na primeira Revolução Industrial e nunca mais parou.
Neste conteúdo, vamos explorar a fundo o mundo da indústria 4.0 e seus impactos na vida de todos nós.
Partindo do ponto de vista de que o avanço da tecnologia é inevitável e, por isso, não deve ser encarado como uma coisa ruim.
Em vez disso, se faz necessário compreender o momento e, a partir daí, melhor aproveitar os impactos positivos e minimizar os negativos.
Esse conhecimento é importante principalmente para gestores e empreendedores.
Afinal, na maioria das vezes, eles são os responsáveis por implementar as novidades na prática.
Seja na sua linha de produção, nos processos internos de sua empresa ou nos produtos e serviços que comercializa.
A partir de agora, você vai acompanhar os seguintes tópicos:
- O que é a Indústria 4.0?
- Em resumo, o que é a Quarta Revolução Industrial?
- Qual é a importância da indústria 4.0?
- Agenda brasileira para a Indústria 4.0
- As 8 etapas da Agenda brasileira para a Indústria 4.0
- Como está a Indústria 4.0 hoje no Brasil?
- Os principais números da indústria 4.0 no Brasil
- Princípios da Indústria 4.0
- Pilares da indústria 4.0
- Quais são os benefícios da indústria 4.0?
- A indústria 4.0 durante a pandemia da Covid-19
- As 10 tecnologias essenciais da Indústria 4.0
- Impactos Positivos da Indústria 4.0
- Impactos Negativos da Indústria 4.0
- O mercado de trabalho na era da Indústria 4.0
- Principais desafios da Indústria 4.0
- Principais mudanças nas empresas
- Como as empresas podem se preparar melhor para a indústria 4.0?
Se o assunto é do seu interesse, acompanhe até o final. Boa leitura!
O que é a Indústria 4.0?
Indústria 4.0 é um conceito que engloba automação e tecnologia da informação, além das principais inovações tecnológicas desses campos.
Tudo isso aplicado à manufatura – entendendo o termo como sendo a transformação de matérias-primas em produtos de valor agregado.
Pois manufatura, junção das palavras “mão” e “acabamento” em latim, designava um trabalho artesanal, feito à mão.
O que acontece é que a indústria é incompatível com a ideia de fazer as coisas de forma manual.
Você pode estar pensando “ok, mas qual a novidade disso?”.
De fato, já faz muito tempo que as mãos dos operários têm sido substituídas pelas máquinas.
Mesmo assim, continuamos avançando na automação, que é a capacidade dessas máquinas trabalharem sem nenhum operador humano no comando.
A robótica, com sistemas previamente programados para que os equipamentos desempenhem determinadas funções sozinhos, também não é muito recente.
O que a indústria 4.0 traz é o salto tecnológico de elevar essa automação à máxima potência, permitindo aos robôs desempenharem funções cada vez mais complexas.
E não estamos falando apenas do operacional, como soldar duas placas de aço, mas também de tarefas que pensávamos serem exclusivas de nosso intelecto.
São algoritmos que fazem as máquinas analisarem dados em uma velocidade que um humano não conseguiria em uma vida inteira.
No final, podemos dizer que a indústria 4.0 é a realidade na qual a tecnologia industrial está cada vez mais eficiente: mais inteligente, mais rápida e mais precisa.
E independente.
Como e quando surgiu a indústria 4.0?
Depois de explicar o que é a indústria 4.0, vamos abordar o que está por trás da sua origem.
Embora as revoluções industriais remetam a passagens registradas séculos atrás, neste caso, o movimento é bastante recente.
O marco inicial aponta para uma estratégia adotada pelo governo alemão para o setor industrial no início da segunda década deste milênio.
Um grupo de trabalho liderado por Siegfried Dais (Robert Bosch GmbH) e Henning Kagermann (German Academy of Science and Engineering), desenvolveu um projeto que consistia na implementação de soluções tecnológicas em unidades fabris.
A ideia era promover a informatização da manufatura e a integração de dados.
Em 2011, o grupo mencionou o trabalho durante a Feira de Hannover, na Alemanha.
O projeto continuou e, na edição de 2013 da mesma feira, o relatório final sobre a indústria 4.0 foi apresentado, tornando o conceito conhecido a todos nós.
Nascia ali a ideia de fábricas inteligentes, nas quais as máquinas e equipamentos podiam tomar decisões com base em dados.
Em resumo, o que é a Quarta Revolução Industrial?
A indústria 4.0 também é frequentemente chamada de Quarta Revolução Industrial. Por que esse nome?
Primeiro, entenda que a palavra “revolução” caracteriza fenômenos em que há uma transformação radical em uma sociedade.
Então, não é qualquer novidade no processo de um fabricante que desencadeia uma revolução industrial, e sim uma tendência tecnológica que impacta a produção a nível mundial.
Ela não ocorre da noite para o dia. Demora décadas para se consolidar e para ser reconhecida como revolução.
Já se fala em automação e Internet das Coisas, por exemplo, há mais tempo do que se fala em Quarta Revolução Industrial e indústria 4.0.
A primeira aconteceu em meados do século 18, com o surgimento das máquinas a vapor e ferrovias, substituindo o uso de animais para gerar força.
Entre o final do século 19 e início do 20, desenvolveu-se a Segunda Revolução Industrial, com a energia elétrica e a linha de produção criada por Henry Ford, possibilitando a produção em larga escala.
A terceira chegou junto com a informática, internet, computadores pessoais e toda a gama de plataformas digitais que modernizou o trabalho em fábricas e escritórios.
Em cada uma dessas revoluções, as máquinas passaram a disputar ou roubar o protagonismo do homem em várias funções.
E é o que acontece hoje também, mas vamos retomar esse assunto mais adiante.
Qual é a importância da indústria 4.0?
De certa forma, a indústria 4.0 é um movimento natural de transformação da sociedade.
Afinal, de tempos em tempos, há a evolução dos comportamentos, que exige o acompanhamento dos setores.
Nesse sentido, vale reforçar que a indústria 4.0 não abrange apenas as unidades fabris, mas, sim, todo o ecossistema industrial.
O cenário é favorável à agilidade, autonomia e eficiência.
Isso sem falar que abre espaço para novas oportunidades de negócios.
Até por essa razão, como mencionamos no início deste artigo, gestores e empresários devem acompanhar a modernização.
Esse salto tecnológico é, portanto, necessário para que tenhamos uma realidade mais condizente com as nossas necessidades.
De fato, as tecnologias estão aí para facilitar as nossas vidas.
Temos que olhar para elas com uma visão positiva e aprender como explorar todo o potencial existente.
Agenda brasileira para a Indústria 4.0
Como a maioria dos elementos da Quarta Revolução Industrial já estão presentes no mercado e têm o potencial de elevar a lucratividade, diversos países têm incentivado o desenvolvimento da indústria 4.0 em seu território.
Para tanto, é necessário que estabeleçam objetivos e tracem planos para impulsionar e favorecer a modernização de suas fábricas, começando por um mapeamento para saber em que fase elas se encontram.
No Brasil, esse processo começou em junho de 2017, quando associações, governo e indústrias se uniram para formar o Grupo de Trabalho para a Indústria 4.0 (GTI 4.0).
Integrando mais de 50 entidades representativas, o GTI 4.0 nasceu com a missão de elaborar uma proposta de agenda nacional para o tema.
Para tanto, foram definidas quatro premissas:
- Fomentar iniciativas que facilitem e habilitem o investimento privado, haja vista a nova realidade fiscal do país
- Propor agenda centrada no industrial/empresário, conectando instrumentos de apoio existentes, permitindo uma maior racionalização e uso efetivo, facilitando o acesso dos demandantes, levando o maior volume possível de recursos para a “ponta”
- Testar, avaliar, debater e construir consensos por meio da validação de projetos-piloto, medidas experimentais, operando com neutralidade tecnológica
- Equilibrar medidas de apoio para pequenas e médias empresas com grandes companhias.
Após meses de debates, o GTI 4.0 finalizou a Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, com a proposta de oferecer condições para que os empresários dispostos alcancem a transformação digital, aumentando a competitividade da indústria nacional.
As 8 etapas da agenda brasileira para a Indústria 4.0
Inicialmente, a jornada para atualização do setor produtivo no país deve seguir por oito etapas principais:
- Sensibilização – consiste na difusão do conhecimento sobre o tema, a fim de conscientizar os empresários sobre a necessidade de modernização
- Avaliação e oportunidades de negócios – a ideia é oferecer uma plataforma que permita ao industrial avaliar dimensões tecnológicas, operacionais, organizacionais e estratégicas para saber quais os primeiros passos rumo à transformação digital
- Fábricas do futuro – são ambientes reais para testes de soluções inovadoras (ou testbeds) que ficarão disponíveis para as indústrias que desejarem se arriscar, testando tecnologias inovadoras
- Conexão entre startups e indústrias – através do programa Startup Indústria 4.0, desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, empresas nascentes recebem investimentos para criar soluções para as indústrias brasileiras. Também são promovidas mudanças culturais rumo à transformação digital
- Financiamento – descreve as linhas de crédito especiais, pensadas para a modernização das plantas produtivas, produção de máquinas ou sistemas. BNDES e FINEP são exemplos de programas e instituições participantes dessa iniciativa
- Mercado de trabalho – para suprir a necessidade por mão de obra qualificada, a agenda prevê a formação inicial de 1,5 mil professores de educação profissional e tecnológica em indústria 4.0, além da capacitação de 10 mil alunos da rede federal de educação profissional e tecnológica
- Comércio internacional – engloba a inclusão do tema indústria 4.0 em todos os acordos comerciais dos quais o Brasil faz parte e a redução ou dispensa de impostos para facilitar a entrada de novas tecnologias desse universo, como robôs industriais e impressoras 3D
- Revisão de normas – aprovação e atualização de normas nacionais para acelerar a robotização, modernização e digitalização do parque industrial, além de dispositivos que aumentem a segurança jurídica no mundo digital.
Como está a Indústria 4.0 hoje no Brasil?
Algumas empresas nacionais estão iniciando a jornada rumo à transformação digital, no entanto, o setor ainda engatinha quando comparado a países desenvolvidos.
Dentre os principais esforços para agilizar as mudanças está a criação de um centro de estudos e pesquisa voltado para a indústria 4.0, com o propósito de preparar as empresas para as inovações necessárias.
Chamado de C4IR Brasil, é uma iniciativa público-privada lançada em dezembro de 2020.
Participam World Economic Forum (WEF), governo federal e governo do Estado de São Paulo.
Seu objetivo principal é inserir o Brasil no contexto da Quarta Revolução Industrial a partir do desenvolvimento de políticas públicas e estruturas de governança de tecnologia.
Neste momento, algumas medidas da agenda brasileira para a indústria 4.0 seguem sendo implementadas, a exemplo da conexão entre startups e indústrias.
Inclusive, esse trabalho conjunto tem auxiliado no combate à propagação do coronavírus.
Em Belo Horizonte/MG, a startup 3DLopes auxiliou o Hospital das Clínicas de BH, produzindo máscaras transparentes de proteção para as equipes de saúde em tempo recorde, graças a tecnologias como a impressão 3D.
Embora a gravidade das complicações dessa emergência de saúde pública tenha favorecido alguns progressos, há cinco desafios a serem superados pela indústria nacional:
- Segurança
- Falta de habilidade
- Tecnologias legadas
- Inteligência Artificial (IA)
- Conectividade.
Os principais números da indústria 4.0 no Brasil
Os números relativos a esse assunto evidenciam a importância da indústria 4.0 para garantir a produtividade, competitividade e diminuir gastos do setor no Brasil.
De acordo com levantamento da ABDI, uma vez que a nova forma de produzir esteja implementada, a estimativa é que haja redução nos custos industriais de, no mínimo, R$ 73 bilhões/ano.
Desse total, R$ 34 bilhões/ano viriam dos ganhos de eficiência, R$ 31 bilhões/ano da redução nos custos de manutenção de máquinas e R$ 7 bilhões/ano da redução no consumo de energia.
Essa economia e aumento na eficiência dos processos de produção têm o potencial de mudar o quadro do país no cenário internacional, melhorando nossa posição no ranking global de competitividade.
Divulgado em outubro de 2020, relatório do Fórum Econômico Mundial colocou o Brasil na 51ª posição, em um total de 141 países avaliados.
Mais específico, o Índice Global de Competitividade da Manufatura mostrou que, entre 2010 e 2016, o país despencou da 5ª para a 29ª posição.
No mesmo período, a produtividade da indústria brasileira caiu mais de 7%, e sua participação passou a representar menos de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Princípios da Indústria 4.0
Como destacamos antes, o termo indústria 4.0 surgiu de um projeto de um grupo de trabalho presidido por Siegfried Dais e Henning Kagermann.
Em 2012, eles apresentaram um relatório de recomendações para o governo alemão, planejando a implementação e desenvolvimento do que chamaram de indústria 4.0.
Segundo eles, seis princípios caracterizam o projeto.
São os seguintes:
- Tempo real: a capacidade de coletar e tratar dados de forma instantânea, permitindo uma tomada de decisão qualificada em tempo real
- Virtualização: é a proposta de uma cópia virtual das fábricas inteligentes, graças a sensores espalhados em toda a planta. Assim, é possível rastrear e monitorar de forma remota todos os seus processos
- Descentralização: é a ideia da própria máquina ser responsável pela tomada de decisão, por conta da sua capacidade de se autoajustar, avaliar as necessidades da fábrica em tempo real e fornecer informações sobre seus ciclos de trabalho
- Orientação a serviços: é um conceito em que softwares são orientados a disponibilizarem soluções como serviços, conectados com toda a indústria
- Modularidade: permite que módulos sejam acoplados e desacoplados segundo a demanda da fábrica, oferecendo grande flexibilidade na alteração de tarefas
- Interoperabilidade: pega emprestado o conceito de Internet das Coisas, segundo o qual as máquinas e sistemas podem se comunicar entre si.
Pilares da indústria 4.0
Os pilares que listamos acima se manifestam na prática graças a uma série de avanços tecnológicos que surgiram nas últimas décadas.
É por esse conjunto de inovações que podemos chamar a indústria 4.0 de Quarta Revolução Industrial, como falamos antes.
Cada conceito tem suas particularidades, mas todos têm em comum o objetivo de tornar as máquinas mais eficientes.
Ainda neste artigo, vamos listar algumas das tecnologias que podemos considerar os pilares disso tudo.
Quais são os benefícios da indústria 4.0?
Aqueles que são mais receosos com relação às mudanças, principalmente tecnológicas, podem ter mais dificuldade de enxergar as vantagens da indústria 4.0.
Mas a verdade é que a Quarta Revolução Industrial trouxe muitos benefícios, seja para o mundo dos negócios ou para a sociedade como um todo.
Confira a seguir os principais deles:
Novos modelos de negócios
A indústria 4.0 é marcada pela tecnologia e pela capacidade inovadora.
Com isso, novos modelos de negócios surgem no mercado.
As empresas utilizam as ferramentas digitais para suprir demandas dos consumidores e oferecer experiências diferenciadas.
Basta se lembrar de algumas empresas que começaram suas atividades há pouco tempo e observar como elas têm transformado a forma como vivemos.
Hoje, praticamente, fazemos tudo pelo celular e conectados à internet.
Atividades mais eficientes e práticas
É impossível negar que a automatização gera mais produtividade.
O poder das máquinas torna as tarefas mais eficientes e, certamente, mais práticas.
Com as tecnologias, diversas operações foram facilitadas, sobretudo com a troca do serviço manual por capital intelectual.
Processos mais seguros e ágeis
A agilidade é uma consequência da eficiência promovida na era 4.0.
As soluções tecnológicas, sem dúvida, aumentam a velocidade de produção.
Além disso, o consumidor atual é imediatista e demanda que as empresas ofereçam soluções cada vez mais rápidas.
A tecnologia ainda contribui para melhorar a segurança dos processos.
Personalização
Personalização é palavra de ordem na indústria 4.0.
Se, há algumas décadas, os consumidores eram “obrigados” a consumir o que era ofertado, hoje, a realidade é bem diferente.
Os clientes querem serviços e produtos únicos, que atendam às suas necessidades e desejos de maneira específica.
A indústria 4.0 permite que as customizações sejam feitas com excelência.
Otimização de recursos
A preocupação com o meio ambiente é cada vez mais frequente entre as empresas.
Em um passado não tão distante, a preocupação das indústrias com seus impactos era bem menor.
Mas, agora, elas têm adotado práticas sustentáveis para usar os recursos de maneira inteligente.
Até mesmo a energia pode ser economizada com as tecnologias existentes.
Vale ressaltar que essa otimização não se restringe apenas aos recursos ambientais.
Os aspectos humanos e sociais também são beneficiados.
Redução de erros
O uso das tecnologias reduz a ação humana nos processos.
Como consequência, os erros são minimizados.
Isso porque as máquinas são preparadas, por exemplo, para executar tarefas repetitivas de modo eficaz.
Já uma pessoa é mais suscetível a falhas em atividades desse tipo.
Diminuição dos gastos
Quando o negócio mexe no bolso, as vantagens atingem outro patamar, não é verdade?
E um dos principais benefícios da Indústria 4.0 é, justamente, a diminuição dos gastos.
Isso se deve, principalmente, à inteligência das máquinas.
Além de possuírem autonomia para programar manutenções, as tecnologias evitam o desperdício de matérias-primas.
A indústria 4.0 durante a pandemia da Covid-19
A pandemia do coronavírus provocou fortes impactos em diferentes setores.
Além disso, também ocasionou grandes mudanças em relação às nossas atividades diárias.
A distância passou a fazer parte do nosso dia a dia.
O trabalho deixou de ser presencial e tornou-se remoto em inúmeros lugares.
Felizmente, isso foi possível porque hoje tudo está conectado.
O mundo continuou andando mesmo com todas as pessoas em casa.
Afinal, com as tecnologias existentes, conseguimos solucionar problemas com poucos cliques.
A comunicação, outro fator essencial para a vida em sociedade e para os negócios, também se manteve.
Graças às plataformas disponíveis, como os aplicativos de troca de mensagens e as ferramentas de videoconferência, as pessoas continuaram conversando, inclusive, com agilidade e eficiência.
Tanto é que diversas empresas já adotaram o modelo home-office permanentemente.
Além dessa mudança nos cenários, a indústria 4.0 proporcionou ainda uma atuação mais direta e eficaz no combate ao vírus.
Taiwan, por exemplo, utilizou Big Data para conter a propagação das contaminações.
Os dados ajudaram a prever os riscos.
Também vimos casos de pacientes internados que puderam manter o contato com a família através da internet com o suporte de dispositivos móveis.
Embora a pandemia do coronavírus tenha causado efeitos devastadores, ela serviu para mostrar que a indústria 4.0 está a nosso favor.
Cabe acrescentar ainda que o cenário forçou o avanço das tecnologias durante a crise.
No mundo pós-pandemia, elas estarão ainda mais fortes.
As 10 tecnologias essenciais da Indústria 4.0
Partindo dos princípios listados acima, ferramentas e sistemas incorporam a dinâmica da indústria 4.0.
Seu propósito maior é tornar as máquinas mais eficientes e os processos produtivos mais enxutos, encurtando o tempo e os recursos necessários para produzir com qualidade.
A seguir, conheça 10 das tecnologias que estão viabilizando a Quarta Revolução Industrial.
1. Internet das Coisas
A internet das coisas, também conhecida pela sigla IoT (de Internet of Things), é um conceito que trata da conexão de aparelhos físicos à rede.
Não se trata de ter mais dispositivos para acessar a internet, mas sim a hiperconectividade ajudando a melhorar o uso dos objetos.
Isso acontece dentro das residências (televisão, ar condicionado, geladeira e campainha conectados, por exemplo).
Mas também nas indústrias, com máquinas gerando relatórios instantâneos de produção para o software de gestão na nuvem.
Essa possibilidade é uma das bases da indústria 4.0.
2. Big Data
Big data é o termo utilizado para se referir à nossa realidade tecnológica atual, em que uma quantidade imensa de dados é coletada e armazenada diariamente na rede.
Também é um conceito-chave para a Quarta Revolução Industrial, porque são esses dados que permitem às máquinas trabalharem com maior eficiência.
Eis aqui uma questão que um filósofo julgaria um paradoxo: são desenvolvidos algoritmos que permitem aos robôs tratarem e aproveitarem grande parte desses dados.
Afinal, os humanos não têm a capacidade de fazer isso por conta própria.
A ironia é que esses algoritmos são criados por cientistas da computação, que são seres humanos.
3. Inteligência artificial
Com o big data (coleta, armazenamento e tratamento de dados) e da internet das coisas (conexão entre máquinas e sistemas), uma fábrica tem as ferramentas básicas para entrar na Quarta Revolução Industrial.
Para uma atuação realmente inovadora, no entanto, falta a inteligência artificial (IA), que é o que permite a tomada de decisão da máquina sem a interferência humana.
Essa é uma questão bastante polêmica e temida por muitos que tentam enxergar o futuro da IA a longo prazo, tema que abordaremos mais adiante.
4. Segurança
A segurança do trabalho está longe de ser uma questão nova.
Está entre as maiores preocupações de grandes empresas, que dedicam diretorias inteiras para cuidar da área.
O problema é que quase todo o conhecimento acumulado ao longo de décadas sobre o assunto foca no comportamento humano.
Com fábricas cada vez mais automatizadas e máquinas inteligentes, o viés da segurança do trabalho muda um pouco.
A preocupação passa a ser menos manuais de conduta e mais robustez nos sistemas de informação e prevenção de problemas na comunicação entre as máquinas.
5. Computação em nuvem
Na computação em nuvem, os sistemas são armazenados em servidores compartilhados e interligados pela internet, de modo que possam ser acessados em qualquer lugar do mundo.
No contexto da indústria 4.0, isso permite ultrapassar os limites dos servidores da empresa e ampliar as possibilidades de conectividade entre sistemas.
Tudo isso com menos custo e de forma mais ágil e eficiente que o modelo antigo.
6. Cobots
O futuro, sob muitos ângulos, é colaborativo, e os cobots são prova dessa tendência.
Seu nome vem de uma junção entre “collaborative” e “robot”, formando uma explicação simples e clara sobre a função dessas máquinas.
Elas servem para desempenhar tarefas difíceis, repetitivas ou que demandam grande esforço, com a vantagem de serem capazes de trabalhar lado a lado com humanos.
Esse é um grande diferencial, uma vez que a maioria das linhas de montagem que contam com robôs acabam restringindo o acesso de pessoas, pois as máquinas representam riscos à sua integridade física.
Por não dispor de inteligência ou bom senso, robôs comuns podem acabar ferindo trabalhadores desavisados que interfiram em suas atividades.
Já os cobots são dotados de sensores que paralisam qualquer movimento antes que prejudiquem uma pessoa, além de permitir que o empregado os controle temporariamente para os tirar do caminho, por exemplo.
7. Digital Twin
Emprestado do inglês, o termo já conta com tradução e utilização por parte de empresas nacionais.
Gêmeos digitais são modelos replicados que existem virtualmente e são dinâmicos, permitindo simulações e coleta de dados para facilitar a manutenção preventiva.
Ou seja, essa tecnologia serve para monitorar equipamentos e sistemas, rastreando falhas e prevenindo pequenos ou grandes eventos, desde a quebra de um acessório até um acidente com vítimas.
Um exemplo do uso de digital twins são motores de avião produzidos pela GE Aviation, que possuem uma série de sensores que geram dados, em tempo real, sobre sua performance.
Eles contam com gêmeos digitais que possibilitam monitorar suas condições, mesmo a distância, prezando pelo bom funcionamento, prevenção de falhas e segurança.
8. Manufatura Aditiva
Corresponde a uma das principais tecnologias de impressão 3D, através da qual um objeto é fabricado a partir da adição de camadas finas, uma sobre a outra.
A manufatura aditiva auxilia tanto na visualização de moldes odontológicos, por exemplo, quanto na produção de itens que serão utilizados pelo usuário final.
Peças pequenas e grandes, prédios e até órgãos humanos já foram impressos com sucesso por meio do processo, que tem sido adaptado para atender a diferentes finalidades.
Como a impressão 3D se baseia em protótipos detalhados, construídos em softwares específicos, ela confere não apenas agilidade, mas também personalização aos itens.
Em um futuro próximo, indústrias podem pedir instruções ao cliente e fabricar produtos com as características que eles desejam, melhorando toda a experiência de compra e uso.
9. Biologia Sintética
Segundo a definição do GTI 4.0, biologia sintética:
“É a convergência de novos desenvolvimentos tecnológicos nas áreas de química, biologia, ciência da computação e engenharia, permitindo o projeto e construção de novas partes biológicas tais como enzimas, células, circuitos genéticos e redesenho de sistemas biológicos existentes.”
Bioquímica, engenharia genética e bioinformática são as disciplinas que viabilizam a criação de partes ou organismos artificiais, que poderiam atender à medicina ao combater doenças hoje incuráveis.
10. Sistemas Cyber Físicos (CPS)
Essencial para a integração entre máquinas e sistemas na indústria 4.0, o CPS faz a ligação entre os sistemas e a parte mecânica da fábrica.
Por meio de sensores, informações obtidas por softwares são encaminhadas, armazenadas e podem gerar insights a respeito do funcionamento das máquinas, dando suporte na manutenção preditiva.
Outra vantagem é o envio de alertas e a composição de relatórios, além de dar base à interação entre o mundo físico e o virtual, como observa, em artigo, a especialista Gabriela Pederneiras:
“Um segundo passo seria interligar internet das coisas nessa operação para programar a ‘conversa’ entre máquinas e softwares. Assim, quando um equipamento emite uma informação, o outro poderá dar uma resposta condizente. Por exemplo: quando um pedido é adicionado em um software, a máquina já começa sua produção, sem para isso precisar de um comando humano.”
Impactos Positivos da Indústria 4.0
Para enxergar todos os benefícios da indústria 4.0, o gestor precisa ter uma visão estratégica dos negócios.
Investindo na modernização dos processos industriais, ele terá uma grande redução nos custos de produção.
Mas é claro que, antes de entrar com tudo na Quarta Revolução Industrial, é necessário um detalhado planejamento.
Mudam todos os processos e também o organograma da companhia.
Uma oportunidade para ter menos profissionais com função operacional e mais com incumbências estratégicas (o que pode ser um desafio, como veremos a seguir).
Desenvolver essa cultura organizacional de valorização da estratégia, é possível aproveitar ainda mais os pontos positivos da indústria 4.0.
Com máquinas inteligentes e o princípio da modularidade, é possível ter uma produção muito mais flexível.
Desse modo, o gestor, ao identificar demandas e tendências do mercado, poderá agir com muita velocidade para colocar um novo produto na rua.
Assim, a realidade da indústria 4.0 traz impactos positivos também para o público consumidor, que terá maior acesso a produtos personalizados, de qualidade e a um custo menor.
O setor de tissue
A indústria de papéis tissue fabrica papel higiênico, lenços, toalhas de papel, entre outros produtos voltados para a higiene.
A composição de seus itens faz a diferença no resultado, o que exige especificidade na seleção das quantidades utilizadas na produção.
Assim, essa indústria pode se beneficiar muito das ferramentas pertencentes à indústria 4.0, como inteligência artificial e Sistemas Cyber Físicos.
Controlando melhor os processos de fabricação e uso de matéria-prima, as indústrias diminuem os custos de produção e ganham competitividade.
Impactos Negativos da Indústria 4.0
Sem dúvidas, é possível problematizar a indústria 4.0 por uma série de ângulos. Os ciberataques, por exemplo, já são um problema.
Quanto mais conectada a empresa está, mais sujeita ele fica à espionagem industrial.
Outro possível impacto negativo da indústria 4.0 é a distribuição do poder a tecnocratas, aqueles que detém o conhecimento técnico a respeito das novas tecnologias.
Além da finalidade comercial, as inovações podem ser usadas para fins nobres, mas também para subjugar nações inteiras economicamente, acabando com seu mercado interno.
Outra questão que vale a pena ser mencionada é a utilização da inteligência artificial também para fins escusos, como golpes, guerras e fake news (esse último um problema bastante em voga atualmente).
Mas nenhuma das questões que acabamos de mencionar preocupa tanto quanto os inevitáveis impactos da Quarta Revolução Industrial no mercado de trabalho.
O mercado de trabalho na era da Indústria 4.0
Como deixamos claro no início do texto, a indústria 4.0 potencializa a automação. O que basicamente significa que as máquinas assumem ainda mais funções humanas.
Para você ter uma ideia, até já saiu notícia de um robô-jornalista da Google, que projeta escrever 30 mil notícias por mês.
Claro que, com a nova realidade, surgem novas profissões, como o cientista de dados.
Sem contar que os profissionais cuja posição deixa de existir podem ser realocados para atividades estratégicas, como sugerimos antes.
Mas tudo indica que o saldo, no final, será negativo.
As máquinas inteligentes vão resultar em demissões no mundo todo.
Especialmente na Europa, governantes e economistas começam a planejar uma solução para esse problema.
Uma das ideias propostas é aperfeiçoar o Estado de bem-estar social que vigora com sucesso especialmente em países nórdicos, como a Dinamarca do economista Erik Brynjolfsson.
No livro A segunda era das máquinas, Brynjolfsson afirma que a sociedade precisa discutir a distribuição da prosperidade com urgência. Afinal, a indústria 4.0 trará riqueza para alguns, mas a demissão de milhões.
Em 2016, uma pesquisa feita junto a empresários de 15 economias estimou que as novas tecnologias suprimiriam até 7 milhões de postos de trabalhos em países industrializados nos cinco anos seguintes.
Para o economista dinamarquês, devem ser consideradas soluções como o aumento de impostos ou a renda básica universal.
Principais desafios da Indústria 4.0
Um dos grandes problemas da economia brasileira é que ela é baseada em serviços e em produtos de pouco valor agregado, altamente sujeitos à volatilidade do mercado internacional e com margens de lucro pequenas.
A indústria se encontra estagnada e pode-se dizer que estamos na rabeira tecnológica, mesmo se comparados a outros países em desenvolvimento.
Ou seja, implantar a realidade da Quarta Revolução Industrial é um desafio, tendo em vista que sempre engatinhamos nas revoluções anteriores.
Para não ficar para trás, o país precisa formar profissionais qualificados, para planejar, executar e gerenciar as inovações tecnológicas.
Além do conhecimento técnico, é necessário estimular a criatividade, proatividade e gosto de inovação. E ofertar uma melhor infraestrutura em logística e telecomunicações.
Principais mudanças nas empresas
Aderindo à Quarta Revolução Industrial, as empresas terão processos mais ágeis, ambientes híbridos e maior espaço para profissionais qualificados.
Os processos ágeis têm o potencial de enxugar custos e aumentar os lucros, permitindo que demandas emergenciais sejam atendidas – por exemplo, o pedido por máscaras para diminuir o contágio pelo coronavírus, que citamos acima.
Ambientes híbridos pedem grande flexibilidade dos profissionais e gestores, que precisarão lidar e coordenar times formados por humanos e robôs.
Enquanto as pessoas assumem tarefas que exigem criatividade, avaliação humanizada e ampla, as máquinas farão as atividades repetitivas, monótonas e que demandam grande esforço físico.
Para os gestores, faz sentido buscar a informação para compreender os conceitos, princípios e tecnologias da indústria 4.0.
Assim, terão a possibilidade de mensurar de forma precisa todos os impactos e benefícios da implementação das novas tecnologias em suas empresas.
No caso do desafio da mão de obra qualificada, se não for possível encontrar o perfil de profissional desejado no mercado, a saída é investir na formação.
Basta identificar, entre os recursos humanos da empresa, os colaboradores com maior disposição e potencial para aprender as aptidões necessárias.
Investir na formação de um especialista pode até ser mais vantajoso do que contratar alguém de fora, pois o profissional já conhece a cultura organizacional da empresa, e a tendência é que, para retribuir o investimento, seja leal a ela.
Como as empresas podem se preparar melhor para a indústria 4.0?
O primeiro passo é fazer um mapeamento das atividades da empresa, verificando quais podem ser automatizadas, quais necessitam ser modernizadas e o que tem impactado na eficiência dos processos.
Embora iniciar a trajetória para a transformação digital implique em investir um valor considerável para modernizar os equipamentos, esse investimento pode ser recuperado rapidamente se houver um planejamento organizado.
Portanto, assim que possível, monte seu plano e dê os primeiros passos.
Você pode começar fornecendo capacitação para os funcionários, melhorando a gestão de dados e automatizando as tarefas operacionais.
Outra boa pedida é priorizar áreas em que se concentra a expertise da companhia e se manter conectado com fornecedores e parceiros que também apostam na indústria 4.0.
Afinal, eles podem ajudar a otimizar sua produção, oferecendo alternativas quanto a peças, metodologias e processos inovadores.
Conclusão
A indústria 4.0 pode até demorar para se difundir completamente no Brasil. Mas ela já está aí.
É uma tendência global inevitável: as máquinas serão cada vez mais inteligentes e os processos de produção continuarão se alterando.
Em vez de temer a tecnologia, é preciso se antecipar aos desafios que a nova realidade vai trazer e pensar em maneiras de potencializar seus impactos positivos.
O primeiro passo, que é buscar mais informações sobre o assunto, você já deu lendo este artigo.
Agora busque a qualificação com os cursos da FIA e comece a pensar na formação de seus colaboradores também.
Ficou com alguma dúvida sobre a indústria 4.0, também chamada de Quarta Revolução Industrial? Deixe um comentário abaixo ou entre em contato conosco.