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Principais parceiros comerciais do Brasil: países, produtos e acordos

03 de novembro 2025

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Os maiores parceiros comerciais do Brasil têm papel central no equilíbrio da balança comercial, na geração de renda e no desenvolvimento das cadeias produtivas nacionais.

Entender quem são esses países e os acordos que eles mantêm com o Brasil ajuda empresas, governos e analistas a planejar exportações, mitigar riscos e explorar oportunidades estratégicas.

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado desafios como oscilações cambiais, tensões tarifárias e crises globais.

Adicionalmente, pressões protecionistas e variações no custo logístico têm afetado o fluxo comercial com os EUA, União Europeia e países da América Latina.

Neste momento, a China segue como principal destino das exportações brasileiras (27%) e principal fornecedor nas importações (22%), segundo dados divulgados pelo Trading Economics.

Tem grande peso, portanto, mas é só um dos maiores parceiros comerciais do Brasil.

Conhecer quem são os demais permite antecipar cenários, identificar mercados em expansão e alinhar políticas externas ao contexto empresarial.

Ao longo deste artigo, você saberá quais são os principais destinos e origens comerciais do Brasil, quais acordos influenciam essas relações e como sua empresa pode se beneficiar desse panorama.

Veja os tópicos abordados:

  • O que são os parceiros comerciais do Brasil?
  • Quais são os principais parceiros comerciais do Brasil?
  • Quais os principais produtos de exportação do Brasil?
  • Impactos recentes no comércio exterior do Brasil
  • De quais países o Brasil mais importa?
    • Quais produtos o Brasil mais importa?
  • De quais grupos comerciais o Brasil participa?
  • Tendências e desafios futuros para os parceiros comerciais do Brasil.

Continue lendo para conhecer os dados atualizados, os impactos recentes e como usar essa informação a favor do seu negócio.

O que são os parceiros comerciais do Brasil?

Os parceiros comerciais do Brasil são os países com os quais o país mantém relações regulares de exportação e importação, trocando bens, serviços e investimentos para fortalecer suas economias.

Considerando que não existe país autossuficiente em todos os setores, ou seja, que possa atender às necessidades da população e se desenvolver economicamente sozinho, é necessária a parceria comercial entre diferentes nações.

Trata-se de uma comercialização internacional de recursos dos mais variados tipos para que um possa ajudar o outro com o que produz de melhor.

Para facilitar as relações, foram criados acordos internacionais e blocos econômicos.

São grupos que interagem para reduzir ou melhorar tarifas alfandegárias e descomplicar as relações entre os países-membros.

Isto é, estabelecer condições especiais para a compra e venda de produtos dentro desses agrupamentos.

Essas ferramentas são capazes de inserir as empresas brasileiras no mercado internacional, seja para vender ou receber investimentos.

Além deles, existem ainda outros grupos que realizam encontros para tratar da situação da economia mundial.

Alguns exemplos são o G8 e G20, mas também organizações internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Com acordos comerciais bem-sucedidos, o Brasil pode se integrar melhor com outros países, facilitar o fluxo de mercadorias, capitais e serviços e a circulação de pessoas.

Ou seja, ter acesso a uma série de benefícios econômicos e também sociais.

Quais são os principais parceiros comerciais do Brasil?

Brasil tem parceiros comerciais em diferentes regiões do planeta

Entenda, a seguir, quais são os principais parceiros comerciais do Brasil e o que torna essas relações econômicas tão importantes e duradouras para o desenvolvimento nacional.

China

A China é a maior economia do BRICS ampliado e a segunda maior do mundo em termos nominais, com PIB estimado em cerca de US$ 19,2 trilhões em 2025.

É o principal parceiro comercial do Brasil e maior exportadora mundial de bens, posição que reforça sua centralidade nas cadeias globais.

Em 2024, as vendas brasileiras para a China somaram aproximadamente US$ 94 bilhões, gerando superávit para o Brasil.

A China respondeu por cerca de 28% das exportações brasileiras em 2024, consolidando-se como destino número um dos embarques nacionais.

Na pauta vendida pelo Brasil à China destacam-se soja, minério de ferro, petróleo bruto, carnes e celulose, itens que compõem uma relação de forte complementaridade produtiva.

Do lado chinês, eletrônicos, bens de capital, máquinas e equipamentos continuam a liderar as vendas ao mercado brasileiro.

Além do comércio, os investimentos chineses no Brasil seguem relevantes em energia elétrica, renováveis, infraestrutura logística e óleo e gás, com projetos que ampliam capacidade e eficiência.

A presença financeira bilateral se intensificou, com bancos chineses atuando localmente e maior uso de instrumentos de financiamento para projetos de longo prazo.

A parceria Brasil‑China combina volume, estabilidade e diversificação setorial, e tende a permanecer estratégica no médio prazo.

Acompanhar esse eixo comercial ajuda a antecipar movimentos de preços de commodities, mapear oportunidades industriais e ajustar estratégias de inserção internacional.

Estados Unidos

Os Estados Unidos ocupam a segunda posição entre os maiores parceiros comerciais do Brasil, atrás apenas da China, mantendo relevância constante em 2024 e 2025.

Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,3 bilhões para o mercado americano, com destaque para petróleo bruto, semimanufaturados de ferro e aço, aeronaves e partes, celulose e café.

No sentido inverso, as importações brasileiras originadas nos Estados Unidos concentram-se em máquinas e equipamentos, produtos químicos, medicamentos, equipamentos elétricos e peças para o setor automotivo.

A relação bilateral envolve forte presença de bens industriais e tecnológicos, o que diferencia o perfil desse fluxo em relação ao comércio com outros parceiros centrados em commodities.

Em 2025, porém, o governo norte-americano implementou um tarifaço de 50% sobre diversos produtos brasileiros, o que provocou uma queda de 20% nas exportações para os EUA em setembro e uma redução de 40% no resultado da balança comercial brasileira no mesmo mês, segundo dados divulgados pelo G1.

Apesar do impacto imediato, o mercado americano segue estratégico para o Brasil, e o governo estuda medidas de compensação e novos acordos para mitigar os efeitos das tarifas e preservar o fluxo bilateral de comércio e investimentos.

Para empresas brasileiras, os EUA continuam a oferecer demanda estável, exigências técnicas elevadas e oportunidades em cadeias de valor de alto valor agregado, embora o cenário exija diversificação de destinos e revisão de estratégias comerciais no curto prazo.

Argentina

Brasil e Argentina seguem parceiros estratégicos, com o país vizinho ocupando a terceira posição entre os principais destinos das exportações brasileiras em 2025.

Depois de um período de restrições cambiais e queda de demanda em 2023 e 2024, o fluxo bilateral se recuperou em 2025 com forte alta das vendas do Brasil para o mercado argentino.

Entre janeiro e junho de 2025, as exportações brasileiras para a Argentina avançaram com destaque para veículos e autopeças, máquinas e equipamentos, produtos químicos, plásticos e têxteis.

Nas importações originadas da Argentina, o Brasil compra principalmente trigo, derivados de petróleo, produtos químicos e insumos industriais, preservando uma pauta integrada às cadeias regionais.

O setor automobilístico continua sensível à oscilação da economia argentina, mas a retomada de 2025 elevou as encomendas e a utilização da capacidade exportadora das montadoras instaladas no Brasil.

Também segue vigente o acordo automotivo Brasil/Argentina que estabelece o livre comércio de veículos e autopeças a partir de 1º de julho de 2029 no âmbito do Mercosul.

Para as empresas, o mercado argentino oferece proximidade logística, regras comuns no bloco e complementaridade produtiva, exigindo atenção à gestão cambial e ao crédito comercial para manter a previsibilidade das operações.

Holanda

Os Países Baixos figuram de maneira recorrente entre os cinco principais destinos das exportações brasileiras, ocupando a quarta posição em 2024 e no primeiro semestre de 2025.

A relevância holandesa decorre do papel de Rotterdam como hub logístico da Europa, o que faz do país uma porta de entrada para reexportação a outros mercados do bloco.

Na pauta enviada pelo Brasil destacam-se petróleo bruto, minério de ferro, complexo soja (grão e farelo), celulose, café e frutas, refletindo a complementaridade entre produção brasileira e demanda europeia.

O peso do petróleo bruto cresceu nos últimos anos, elevando o tíquete médio das vendas e a participação dos Países Baixos no total exportado.

O farelo de soja, a celulose e o café mantêm relevância estável, absorvidos por cadeias industriais e alimentares na União Europeia.

Do lado holandês, o Brasil importa principalmente produtos químicos e farmacêuticos, máquinas e equipamentos e itens de alto conteúdo tecnológico, compondo um intercâmbio de maior valor agregado.

A logística eficiente, a infraestrutura portuária e os serviços financeiros tornam as operações com os Países Baixos atrativas para empresas que buscam capilaridade na Europa.

Para exportadores brasileiros, consolidar presença em Rotterdam e aprimorar requisitos técnicos e de sustentabilidade fortalece o acesso a clientes europeus e reduz custos de distribuição.

A tendência de curto prazo aponta para a manutenção do protagonismo holandês como entreposto europeu para as exportações brasileiras, com foco em energia, agroindústria e insumos industriais.

Alemanha

A Alemanha é a maior economia da Europa e uma das três maiores exportadoras de bens do mundo, ocupando papel estratégico nas cadeias industriais globais.

Para o Brasil, o país figura entre os principais parceiros comerciais, com fluxo consistente de mão dupla e perfil mais industrializado do que o observado com outros destinos centrados em commodities.

Em 2024, as exportações brasileiras para a Alemanha somaram US$ 5,8 bilhões, com destaque para café não torrado, minério de ferro, petróleo bruto, celulose e produtos do complexo soja.

No sentido inverso, as importações brasileiras originadas da Alemanha alcançaram US$ 13,78 bilhões em 2024, concentrando-se em máquinas e equipamentos, químicos, fármacos, veículos e bens de alta tecnologia.

Essa composição torna o intercâmbio Brasil/Alemanha relevante para a modernização produtiva doméstica, já que o país europeu fornece insumos e tecnologias que elevam a eficiência de setores como automotivo, químico, papel e celulose e agroindústria.

A presença de empresas alemãs no Brasil é histórica e abrange produção local, pesquisa e desenvolvimento, serviços e integração com fornecedores brasileiros, o que amplia efeitos de transbordamento tecnológico e de emprego.

Para exportadores brasileiros, manter padrões técnicos, certificações e metas de sustentabilidade é decisivo para ampliar vendas ao mercado alemão e a clientes europeus atendidos por sua rede logística.

A perspectiva para 2025–2026 é de continuidade do vínculo, com oportunidades em transição energética, química verde, bioeconomia, semicondutores e digitalização industrial.

Oriente Médio

Os países do Oriente Médio consolidaram-se como um dos eixos regionais mais relevantes para o comércio exterior brasileiro em 2024 e 2025.

Em 2024, o Brasil exportou US$ 23,68 bilhões para as nações árabes e importou US$ 10,18 bilhões, alcançando superávit recorde de US$ 13,49 bilhões.

O desempenho reflete o papel do Oriente Médio como mercado de grande escala para alimentos, energia e insumos industriais e como plataforma logística para reexportações.

Os principais destinos incluem Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito, com os Emirados assumindo liderança regional nas compras brasileiras e a Arábia Saudita figurando como maior parceiro do Brasil no Oriente Médio e Norte da África.

A pauta exportadora do Brasil é dominada por açúcar, carnes de frango e bovina, milho, minério de ferro, celulose e café, com avanço recente de petróleo bruto em determinados fluxos.

Nas importações, destacam-se fertilizantes, produtos químicos e derivados de petróleo, compondo uma relação de alta complementaridade produtiva.

Em 2025, as empresas brasileiras intensificaram a prospecção na região para compensar perdas em mercados com novas barreiras, amparadas pela forte demanda por produtos halal e por alimentos com rastreabilidade e sustentabilidade.

Do ponto de vista de acordos, avançam as tratativas para um entendimento Mercosul–Emirados Árabes Unidos, com potencial de reduzir tarifas e ampliar investimentos e serviços, o que tende a facilitar o fluxo comercial.

Para exportadores, consolidar presença em hubs como Dubai e Jebel Ali, adequar certificações halal e reforçar logística refrigerada são passos decisivos para capturar crescimento na região.

A tendência de curto prazo é de manutenção do superávit elevado e diversificação da pauta, com ênfase em agroindústria, energia e insumos industriais.

Quais os principais produtos de exportação do Brasil?

produtos de exportação
Commodities agrícolas se destacam entre os produtos mais exportados pelo país

A pauta exportadora brasileira é fortemente ancorada no agronegócio, com destaque para grãos, carnes e derivados.

Mas não é só o campo que move as vendas externas, já que energia, mineração, celulose e bens manufaturados formam um núcleo industrial relevante para a geração de valor.

Nos últimos anos, petróleo bruto e minério de ferro ganharam peso na receita, enquanto a celulose consolidou presença em mercados exigentes.

Itens como máquinas, químicos e outros produtos de maior tecnologia também avançam, diversificando a base exportadora e reduzindo a dependência de poucos itens.

A seguir, veja os produtos que melhor representam esse mix de competitividade e escala nas exportações brasileiras. 

Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

1. Soja

Com cerca de 16% do total de exportações realizadas pelo país, a soja continua sendo uma das principais engrenagens da economia brasileira.

Em receitas, isso representa aproximadamente US$ 53 bilhões com o grão.

O estado que mais exportou foi o Mato Grosso, e o país que mais recebeu essas exportações foi a China, com aproximadamente 76% do total.

2. Petróleo

Com receita de US$ 44,84 bilhões em 2024, o petróleo foi o item mais exportado pelo Brasil no ano.

Os principais destinos dos óleos brutos de petróleo foram China e Estados Unidos.

O maior exportador de petróleo no Brasil foi o estado do Rio de Janeiro.

3. Minério de ferro

Com receita de US$ 29,8 bilhões e cerca de 8% do total de exportações brasileiras em 2024, as vendas de minério de ferro acompanharam a dinâmica de preços internacionais.

O principal destino foi a China, respondendo por 71,2% das exportações brasileiras de minério de ferro em 2024.

4. Celulose

A celulose foi responsável por US$ 10,6 bilhões das exportações em 2024, sendo produzida e exportada em grande parte pelo estado de Mato Grosso do Sul.

A China foi o maior comprador, com US$ 4,62 bilhões, seguida pelos Estados Unidos,com US$ 1,69 bilhão.

5. Milho

Gerando receita de US$ 12,27 bilhões entre 2023 e 2024, o milho em grãos representou parcela relevante das exportações brasileiras.

Entre os principais destinos dessas exportações, aparecem China, Estados Unidos e Argentina, com destaque também para Japão, Vietnã e Irã.

6. Energia renovável

Com foco em combustíveis renováveis, a pauta gerou receita próxima a US$ 1 bilhão em 2024, liderada pelo etanol combustível.

Coreia do Sul, Estados Unidos e Holanda estiveram entre os principais destinos do etanol brasileiro.

Os maiores exportadores foram estados como São Paulo, Goiás e Paraná.

7. Carne de frango

Participando com relevância crescente, a carne de frango gerou receita superior a US$ 10 bilhões em 2024.

Houve recorde de volume exportado, atingindo 5,294 milhões de toneladas.

China, Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos seguiram como destinos de destaque.

8. Carne bovina

Entre os cinco produtos mais exportados do Brasil, a carne bovina se destaca.

A receita proveniente da exportação de carne bovina congelada foi de US$ 10,1 bilhões em 2024.

China e Hong Kong foram os países que mais compraram carne bovina do Brasil em 2024.

9. Demais produtos manufaturados

Os demais produtos manufaturados somaram US$ 181,9 bilhões em 2024. 

Esse número representa um recorde histórico, de acordo com o MDIC.

Exemplos incluem máquinas e equipamentos, produtos químicos e petroquímicos, farmacêuticos, autopeças, equipamentos elétricos e eletrônicos, plásticos transformados, papel e papelão convertidos, e instrumentos de precisão.

10. Farelo de soja

Com receita de aproximadamente US$ 9 bilhões em 2024, o farelo de soja manteve-se entre os principais itens do complexo soja exportados pelo Brasil.

A receita total recuou, principalmente devido à baixa nos preços internacionais, mas o volume de farelo de soja exportado alcançou um novo recorde, com 22,841 milhões de toneladas.

Os principais compradores do farelo de soja brasileiro são nações do Sudeste Asiático, com destaque para a Indonésia, e países da União Europeia, como a Holanda.

11. Açúcar de cana, bruto

O açúcar de cana manteve como principais destinos países como Argélia, Bangladesh, China e Arábia Saudita.

A receita cambial total foi de US$ 16,6 bilhões em 2024, com um volume total de 38,24 milhões de toneladas.

Seu maior exportador continuou a ser o estado de São Paulo.

Impactos recentes no comércio exterior do Brasil

O comércio exterior brasileiro está sujeito a uma série de influências externas e internas que afetam diretamente o desempenho das exportações e importações.

Incidentes como desastres naturais, bloqueios em corredores marítimos, greves portuárias e pandemias desorganizam embarques, elevam custos de frete, alongam prazos e forçam renegociações contratuais.

Guerras comerciais e disputas regulatórias alteram tarifas, criam cotas, impõem requisitos técnicos adicionais e mudam a direção dos fluxos, com empresas redirecionando cargas para parceiros mais previsíveis.

Questões sanitárias afetam habilitações de plantas, exigências de certificação, protocolos de rastreabilidade e inspeções, com impactos diretos sobre carnes, grãos, frutas e produtos processados.

Crises financeiras e de confiança reduzem liquidez, encarecem seguro de crédito à exportação, ampliam spreads e exigem garantias adicionais, o que afeta sobretudo pequenas e médias empresas exportadoras.

Veja exemplos de impactos recentes:

  • Guerra da Ucrânia: o conflito desorganizou mercados de energia, fertilizantes, grãos e fretes, elevando a volatilidade de preços e pressionando custos de produção na agroindústria e em segmentos intensivos em insumos importados. Também reconfigurou rotas marítimas e aumentou a demanda por fornecedores alternativos, abrindo oportunidades para o Brasil em alimentos, mas exigindo planejamento logístico e contratos mais flexíveis
  • Oscilação cambial: altera a competitividade relativa dos exportadores e a capacidade de importação de insumos e bens de capital, afetando margens, formação de preços e decisões de investimento. Quando o dólar saltou para R$ 6,26 no fim de 2024, isso encareceu a importação de fertilizantes, máquinas e insumos industriais, pressionando custos na agroindústria e na manufatura
  • Meio ambiente e governança: tarifas ambientais, metas de carbono e regras de due diligence de cadeias livres de desmatamento vêm ganhando peso nos mercados desenvolvidos e exigem adequações produtivas e de reporte. As exigências alteram custos, prazos e a escolha de parceiros, favorecendo empresas com governança socioambiental robusta, rastreabilidade e certificações reconhecidas internacionalmente.

Para mitigar riscos, empresas e governos ampliam acordos, diversificam mercados, investem em infraestrutura logística, expandem seguros e garantias, e aceleram a transição para cadeias mais sustentáveis e resilientes.

No curto prazo, essa agenda de adaptação preserva competitividade e previsibilidade, e no médio prazo reposiciona o Brasil como fornecedor confiável de alimentos, energia e insumos industriais com padrão ESG elevado.

De quais países o Brasil mais importa?

Brasil se posiciona entre os 30 países que mais importam no mundo

Conforme dados da World Trade Organization (WTO) referentes a 2025, o Brasil é o 27º maior importador do mundo.

A lista daqueles que mais exportam para o nosso país inclui:

  • China: destaque para máquinas, equipamentos e componentes eletrônicos
  • Estados Unidos: principalmente óleos combustíveis, máquinas e medicamentos
  • Alemanha: máquinas, medicamentos e peças de veículos
  • Argentina: veículos, autopeças e trigo
  • Rússia: adubos e fertilizantes, combustíveis e óleos minerais
  • Índia: produtos químicos orgânicos, farmacêuticos e insumos industriais
  • Itália: medicamentos, máquinas e equipamentos
  • França: medicamentos, produtos químicos e cosméticos
  • Japão: peças de veículos, máquinas e eletrônicos
  • México: automóveis e autopeças.

Quais produtos o Brasil mais importa?

Entenda agora quais são os produtos mais comprados de outros países.

Os dados são do Comex Stat, sistema oficial para extração das estatísticas do comércio exterior brasileiro de bens.

Óleos combustíveis de petróleo

Com 6,1% do total de importações entre janeiro e setembro de 2024, os óleos combustíveis lideraram o ranking e refletem a dependência de derivados para a matriz energética e industrial.

Adubos ou fertilizantes químicos

Os fertilizantes responderam por 5,0% das importações no período e sustentam a competitividade do agronegócio ao suprir nutrientes essenciais.

Demais produtos da indústria de transformação

Essa categoria agregada somou 4,5% das compras externas e reúne bens manufaturados de múltiplos segmentos usados como insumos e bens finais.

Partes e acessórios dos veículos automotivos

Também com 3,6%, abastecem montadoras e o mercado de reposição em linhas leves e pesadas.

Válvulas e tubos termiônicas

Com participação de 3,3%, esses componentes eletrônicos aparecem na quarta posição e integram cadeias de equipamentos e telecomunicações.

Veículos automóveis de passageiros

Os automóveis representaram 3,1% das importações e refletem a oferta externa em modelos e faixas não atendidas pela produção local.

Motores e máquinas não elétricas

Com 3,1% do total, sustentam investimentos e manutenção de parques industriais em diversos setores.

Medicamentos e produtos farmacêuticos

Os fármacos responderam por 3,0% das importações e atendem demandas hospitalares e do varejo de saúde.

Compostos orgânicos-inorgânicos

Com 2,6% de participação, são insumos químicos utilizados na síntese de diversos produtos industriais.

Outros medicamentos (incluindo veterinários)

Com 2,3% do total, complementam a cesta farmacêutica com especialidades e usos específicos.

De quais grupos comerciais o Brasil participa?

Agora com novos integrantes, BRICS é formado por economias emergentes

O Brasil integra grupos estratégicos que ajudam a moldar sua inserção no comércio internacional, diversificando parcerias, atraindo investimentos e promovendo integração regional e setorial. 

Abaixo, veja quais são os principais blocos e alianças e o que há de mais recente em cada um deles.

1. BRICS

O BRICS é uma coalizão formada por economias emergentes — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — que, desde 2024, conta também com novos membros, como Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e outros países convidados.

Juntos, os países do BRICS representam mais de 40% da população mundial e uma parcela crescente do comércio global. 

O grupo tem como objetivo reformar a governança global, ampliar o acesso a financiamentos e estimular a cooperação econômica, tecnológica e diplomática.

O Brasil participa ativamente das discussões e iniciativas do BRICS, especialmente por meio do Novo Banco de Desenvolvimento, que financia projetos de infraestrutura e transição energética.

Nos últimos anos, os debates se intensificaram sobre o uso de moedas locais nas transações comerciais entre os membros, com o objetivo de reduzir a dependência do dólar nas trocas internacionais.

2. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

A CPLP é uma organização internacional composta por países que compartilham o idioma português, como Angola, Moçambique, Portugal, Timor-Leste, entre outros.

Embora tenha surgido com foco cultural e político, nos últimos anos, a CPLP tem ampliado sua agenda econômica. 

Destaca-se a aprovação e implementação de acordos sobre mobilidade, que facilitam a circulação de pessoas entre os países membros.

Esses avanços vêm abrindo espaço para parcerias empresariais, integração de cadeias produtivas e estímulo ao comércio e investimentos com base na proximidade linguística e institucional.

3. G20

O G20 é um dos fóruns econômicos mais relevantes do mundo.

Reúne as 19 maiores economias globais e a União Europeia para discutir temas como crescimento, estabilidade financeira, comércio, mudanças climáticas e desigualdade.

O Brasil sediou a cúpula do G20 em 2024, no Rio de Janeiro, e priorizou temas como combate à fome, transição energética e reforma da governança internacional.

Também houve espaço para debater medidas contra o protecionismo, tensões tarifárias entre grandes economias e a urgência de revitalizar a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Essas discussões têm impacto direto na política comercial brasileira, pois afetam o acesso a mercados, cadeias globais de valor e a previsibilidade das regras internacionais.

4. Mercosul

O Mercosul (Mercado Comum do Sul) é o principal bloco regional do qual o Brasil faz parte, ao lado de Argentina, Paraguai e Uruguai.

Criado para promover a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, o Mercosul também coordena políticas comerciais externas e negocia acordos com outros blocos e países.

Nos últimos anos, o principal destaque foi o avanço político do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, embora a ratificação dependa de exigências ambientais e salvaguardas setoriais.

Além disso, o bloco tem discutido os impactos do CBAM (Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira), implementado pela UE, e outras barreiras técnicas que exigem rastreabilidade e comprovações de sustentabilidade nas exportações.

O Mercosul também tem buscado novos acordos com países asiáticos e reforçado a necessidade de modernização de suas regras internas para se adequar aos desafios do comércio global.

Tendências e desafios futuros para os parceiros comerciais do Brasil

O comércio internacional está cada vez mais exposto a variáveis políticas, ambientais, tecnológicas e sociais que moldam as relações entre países.

Nesse contexto, os parceiros comerciais do Brasil enfrentam — e impõem — novas exigências que impactam diretamente a forma como o país se insere nos mercados globais.

Blocos como o Mercosul, BRICS e G20 continuarão tendo papel central, mas precisarão lidar com desafios estruturais para manter sua relevância.

Além da necessidade de modernização dos acordos comerciais, ganham espaço temas como sustentabilidade, rastreabilidade e alinhamento regulatório.

Confira a seguir algumas das tendências e desafios mais relevantes para os próximos anos:

  • Sustentabilidade e exigências ambientais: blocos econômicos e países desenvolvidos estão exigindo comprovação de sustentabilidade ambiental para produtos importados. O CBAM da União Europeia, por exemplo, impacta diretamente exportadores brasileiros de ferro, aço e alumínio, exigindo adaptação regulatória e tecnológica
  • Novos acordos comerciais: a busca por diversificação comercial tem levado o Brasil a negociar com países da Ásia, África e América do Norte. O avanço de acordos com Indonésia, Singapura, Canadá e outros países fora do eixo tradicional exige estratégia diplomática e capacidade de resposta regulatória
  • Diversificação de mercados: reduzir a dependência de poucos parceiros — como China e Estados Unidos — é visto como essencial para dar mais estabilidade ao comércio exterior brasileiro. Isso inclui abrir espaço para exportações em nichos de alto valor agregado e fortalecer relações com países em desenvolvimento
  • Transição energética e economia verde: com o avanço de políticas globais para redução de emissões, o Brasil passa a ser pressionado a alinhar suas exportações aos padrões de descarbonização. Isso cria oportunidades em setores como biocombustíveis, hidrogênio verde e energia solar, mas também impõe barreiras aos setores com alta pegada de carbono.

Essas tendências indicam que o Brasil precisará combinar diplomacia econômica, inovação e investimento em infraestrutura sustentável para manter e expandir seus parceiros comerciais no cenário internacional.

Conclusão

Como você pôde ver ao longo do artigo, os maiores parceiros comerciais do Brasil apresentam grande importância para a economia do país e recuperação da competitividade da indústria brasileira.

São uma ferramenta que pode melhorar o acesso a mercados externos e também a qualidade de vida da população das nações envolvidas.

Mesmo com os altos e baixos da economia mundial, a relação comercial entre os países continua prosperando.

Com a construção de parcerias cada vez mais inovadoras e de novas oportunidades, estamos levando as trocas comerciais a outro patamar.

Mas o fato é que existem ainda um grande potencial de crescimento, o que serve de estímulo ao empreendedorismo brasileiro.

Continue acompanhando no blog da FIA conteúdos como este para estar mais bem preparado para as novidades que estão por vir.

Referências:

https://veja.abril.com.br/economia/com-crescimento-mediano-brasil-se-mantem-como-10a-maior-economia-do-mundo/

https://www.terra.com.br/economia/estados-unidos-china-japao-quais-sao-os-principais-parceiros-comerciais-do-brasil,fe738ca9740abb16b437bcf6756d5475b4oiwe6w.html

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/china-mira-brasil-com-investimentos-bilionarios-ate-2032/

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/brasil-bate-recorde-historico-de-exportacoes-para-os-eua-em-2024-aponta-amcham/

https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/08/06/tarifaco-de-trump-taxas-de-50percent-contra-o-brasil-entram-em-vigor-nesta-quarta-feira.ghtml

https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/10/06/exportacoes-para-eua-caem-20percent-e-brasil-tem-queda-de-40percent-na-balanca-comercial-em-setembro.ghtml

https://www.poder360.com.br/poder-economia/argentina-aumenta-em-554-as-importacoes-do-brasil-no-1o-semestre/

https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2019-10/brasil-e-argentina-assinam-acordo-de-livre-comercio-automotivo

https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/conteudo/noticias/Alemanha-A-terceira-economia-mundial-oferece-mais-de-390-oportunidades-para-produtos-brasileiros.html

https://anba.com.br/brasil-tem-novo-recorde-em-superavit-com-arabes/

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/quais-sao-os-membros-do-brics-veja-lista/

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