Identificar o risco de negócio pode poupar uma empresa de uma série de contratempos e até evitar a sua insolvência.
Nem sempre os riscos são evidentes, e isso se aplica tanto para os que estão dentro da organização como para os que vêm de fora.
Sendo assim, identificá-los demanda preparo, muita capacidade analítica e uso das ferramentas apropriadas.
Vale a pena investir nesse tipo de análise, especialmente se considerarmos que as empresas que a fazem são as mais bem-sucedidas.
Neste artigo, vamos abordar os seguintes pontos:
- Risco de negócio: o que é?
- Os principais riscos de negócio
- Riscos de negócio: a importância da identificação dos principais fatores de risco
- Como reconhecer os riscos em um negócio?
- Como gerenciar os riscos de negócio?
- Risco de negócio e auditoria
- Por que é importante contar com uma política de gestão de riscos?
Prossiga até o final e saiba como começar a reconhecer as ameaças que cercam seus negócios e mitigá-las.
Risco de negócio: o que é?
Risco de negócio é toda fonte de incerteza possível nas diferentes etapas de uma atividade.
São os fatores externos ou internos que podem gerar algum tipo de prejuízo ou impedir que uma atividade produtiva tenha continuidade.
Um risco é, portanto, uma ameaça a ser neutralizada ou controlada, e para isso é preciso que seja previamente reconhecida.
Cabe ressaltar que, de acordo com o site Statista (em inglês), um dos principais riscos para as empresas é justamente a interrupção dos negócios, seguido da descontinuação da cadeia de abastecimento.
No entanto, os riscos estão por toda a parte e eles podem vir até mesmo de dentro da própria empresa.
Os principais riscos de negócio
Os riscos internos são, via de regra, subestimados ou mal avaliados, justamente porque as pessoas que deveriam reconhecê-los têm um olhar menos isento.
Além disso, os riscos internos são condicionados pelo panorama externo.
Ou seja, a empresa às vezes tem um ponto fraco em potencial, mas ele pode não comprometer suas atividades se não houver forças externas capazes de colocá-lo em evidência.
É o caso, por exemplo, dos negócios que operam com tecnologias defasadas.
Quando entra um concorrente com uma inovação disruptiva, o que antes era força pode passar a ser um fator de risco.
Por essa razão, a análise dos principais riscos de negócio começa com um overview, um olhar panorâmico para o contexto externo.
Veja a seguir quais são os mais comuns.
Sazonalidade
Embora a sazonalidade possa representar oportunidades, muitas vezes é preciso contá-la no campo dos riscos, pois pode causar um impacto negativo nos negócios.
É o caso das empresas varejistas, que ao longo do ano precisam se desdobrar para manter as vendas aquecidas, enquanto em períodos festivos elas aumentam sem tanto esforço.
Lidar com essa variação é um risco a ser tratado de forma permanente, demandando medidas como provisionamento de despesas, corte de gastos, entre outras.
Para identificar uma sazonalidade, o gestor pode analisar o seu fluxo de caixa, pelo qual o fluxo de entradas e saídas de recursos aponta para os períodos mais ou menos aquecidos.
Efeitos da economia
O ano de 2020 ficou marcado na história como o da mais severa pandemia da era moderna.
O coronavírus não só tirou vidas como também deixou economias em crise, gerando desemprego, falta de oportunidades e estagnação.
Esse é um exemplo de como a macroeconomia pode representar um fator de risco, fazendo com que todo o ambiente de negócios sinta os efeitos de suas oscilações.
Em certos casos, há um efeito cascata que potencializa os estragos, como quando o governo mexe na taxa de juros, alterando o custo do crédito, por exemplo.
São fatores aos quais toda empresa deve estar atenta, tomando medidas no sentido de minimizar seus efeitos.
Controles governamentais
Há casos em que o próprio controle exercido pelo governo pode vir a ser um problema.
Setores como o de transportes, saúde e educação, por serem de interesse público, são alguns dos que mais sentem os impactos gerados por decisões dos políticos.
Quem trabalha com plano de saúde ou escolas particulares, por exemplo, precisa estar sempre ligado na legislação de cada setor.
Há ainda outras situações em que não é o controle em si que coloca um negócio em risco, mas a falta dele.
Existência de monopólios
A formação de monopólio é tão nociva para a economia que é considerada ilegal no Brasil.
Claro que alguns grandes conglomerados conseguem driblar as restrições e dar um jeitinho para operar de forma soberana em alguns mercados.
Às vezes, fazem uma tabelinha com outras organizações e estabelecem um oligopólio, quando alguns poucos atores dominam um mercado.
Há ainda a prática do cartel, quando esses grupos dominantes têm poder suficiente para ditar de forma artificial os preços de determinado produto ou serviço.
Isso gera desdobramentos em toda a cadeia produtiva, forçando até mesmo os fornecedores de insumos a adaptarem suas operações para atender às exigências do monopólio.
Outro efeito negativo é impedir a livre concorrência, inviabilizando o poder de decisão do consumidor e sua liberdade de escolha.
Para quem cogita empreender em um ramo dominado por esse tipo de cenário, é importante levar em conta todos os riscos gerados por essa situação.
Setores em estagnação ou retração
Em certos casos, a recessão econômica é localizada, afetando com mais gravidade um setor em específico da economia ou apenas alguns deles.
Na crise do coronavírus, passaram por forte retração setores como o de transportes e turismo, enquanto o farmacêutico e o de delivery cresceram a altas taxas.
Assim sendo, parte da gestão de riscos de um negócio deve se ocupar de identificar quais são os setores em baixa e em alta.
Isso serve não só para evitar investimentos em atividades com baixo potencial de retorno, mas para aproveitar eventuais oportunidades.
Barreiras à entrada e desenvolvimento de empresas
Um ambiente de negócios burocrático, fortemente regulado ou em que os impostos e tributos são pesados é também um risco.
Aliás, embora tenha evoluído nesses aspectos, o mercado brasileiro ainda precisa melhorar até que se possa dizer favorável à atuação de empresas.
Isso vale para as que já estão no mercado e, principalmente, para aquelas que estão dando seus primeiros passos.
Vale destacar, nesse caso, o ranking Doing Business, do Banco Mundial.
Em uma lista de 190 países, o Brasil ocupa a incômoda 138ª posição entre os países mais favoráveis à abertura de novos negócios.
Portanto, esse é um fator de risco que precisa ser considerado para todas as empresas que atuam em nível nacional.
Risco de negócio: a importância da identificação dos principais fatores de risco
Toda empresa deveria se preocupar em identificar os riscos que cercam suas atividades.
Nunca é demais lembrar que estamos na era da Transformação Digital, em que a evolução da tecnologia permite a entrada de cada vez mais empresas disruptivas no mercado.
Essas companhias chegam com produtos e soluções que, em alguns casos, provocam verdadeiras revoluções em setores inteiros.
Veja por exemplo o que aconteceu no setor de hotelaria, depois que o Airbnb começou a operar.
Vale mencionar os diversos aplicativos de transporte, que mudaram a rotina das grandes cidades, e os bancos digitais, que descomplicaram a relação dos brasileiros com as instituições financeiras.
É para evitar que empresas desse tipo ameacem a continuidade de um negócio que se presta a análise de riscos, fora outras ameaças, como vimos anteriormente.
Como reconhecer os riscos em um negócio?
Os riscos nem sempre parecem evidentes ou fortes o bastante para merecer a atenção das lideranças de uma empresa.
Afinal, como diz a sabedoria popular, não é na montanha que tropeçamos, mas nas pequenas pedras que ficam pelo caminho.
Ou seja, riscos podem parecer pequenos ou estarem escondidos onde menos se espera, só se revelando quando a empresa está exposta e vulnerável.
O reconhecimento de riscos é, por isso, um mecanismo de defesa que permite reagir da forma adequada em um contexto de incerteza.
Confira a seguir como fazer para identificar pelo menos parte das ameaças que podem comprometer a performance de um negócio.
1. Faça um diagnóstico interno
A etapa inicial para identificar riscos é comparável a uma primeira visita a um médico.
Nesse momento, a empresa se ocupa de diagnosticar de forma geral onde podem estar eventuais falhas operacionais e estratégicas, bem como possíveis violações a normas e procedimentos.
Nas empresas que contam com setores dedicados a esse tipo de análise, como o de controladoria, essa análise é permanente.
Já naquelas que não contam com profissionais especializados, uma solução é contratar auditorias externas que sejam capazes de apoiar em um processo de análise de riscos.
Dessa forma, a gestão será capaz de reconhecer as ameaças que vêm de fora, podendo assim estimar os impactos que elas possam gerar tendo em vista os fatores internos.
2. Siga as tendências
Analisar os riscos é também olhar para o mercado para detectar seus movimentos, permitindo antecipar tendências.
Nesse caso, o primeiro fator a ser considerado é o comportamento do consumidor.
É por essa razão que os grandes players do mercado estão o tempo todo fazendo pesquisas de opinião.
O principal motivo para isso é que, ao saber o que as pessoas pensam ou esperam das marcas, abre-se a possibilidade de antever tendências e possíveis riscos.
No entanto, tendências são também puxadas pela incorporação de novas tecnologias.
Logo, cabe à empresa estar atenta à entrada de novas técnicas, equipamentos e ferramentas que possam de alguma forma elevar a capacidade de produção ou de distribuição.
3. Implemente um setor de compliance
Reconhecer riscos é algo desafiador quando a empresa não tem expertise nesse tipo de atividade.
Seria como tentar instalar um sistema ERP sem conhecer nada de TI, por exemplo.
Dessa maneira, é altamente indicado que ela busque estruturar um setor de compliance.
Ele será o responsável por manter a empresa operando conforme as boas práticas e em conformidade às regras e normas que regem o seu setor.
Também pode intervir em casos de desvios de conduta, corrupção ou abuso de poder dentro da empresa.
Então, se o seu negócio está sujeito a riscos como esses, considere desde já a implementação de rotinas de compliance e governança.
4. Cuide da gestão de projetos
Projetos mal-conduzidos são também um risco, afinal, consomem tempo e recursos.
Nesse sentido, os projetos desenvolvidos precisam também seguir certo padrão, como orienta o Guia PMBOK de gestão de processos em projetos.
No entanto, existem algumas diretrizes elementares que devem ser seguidas, independentemente do tipo de projeto que esteja por realizar.
A seguir, destacamos algumas delas:
- Trabalhar sempre com prazos e metas pré-definidas
- Respeitar o orçamento e os tetos de gastos estipulados
- Observar os prazos de entrega em todas as etapas do projeto
- Ter um plano de contingência para lidar com imprevistos.
5. Estabeleça uma matriz de riscos
Também chamada de matriz de probabilidade e impacto, a matriz de riscos é uma ferramenta de grande utilidade para antecipar ameaças.
Trata-se de um gráfico no qual a empresa classifica riscos potenciais conforme sua gravidade e a chance de acontecer, como no esquema abaixo:
Digamos que um gestor quer saber o impacto que uma nova onda de coronavírus poderia gerar na empresa.
A partir da análise de dados estatísticos, notícias e decisões do governo, essa é uma ameaça que pode ser classificada como de alta probabilidade.
Considerando, porém, que a empresa já tomou medidas de controle, uma nova onda não seria tão danosa, tendo por isso seu impacto classificado como moderado.
Pela matriz de riscos, essa nova onda de covid-19 deve ser classificada como de alto risco.
A partir disso, a gestão pode então decidir o que fazer conforme a gravidade da ameaça mostrada pela sua representação gráfica.
Como gerenciar os riscos de negócio?
A gestão de riscos é o conjunto de rotinas e medidas que uma empresa adota para evitar as ameaças que a cercam.
No entanto, em certos casos, os riscos podem se apresentar de forma imprevista e seus impactos provocam crises.
Portanto, gerir riscos é também gerenciar crises em potencial.
O mais importante é que a análise de riscos seja rigorosa e minuciosa, de maneira a mapear todo e qualquer risco que o negócio possa correr.
Além disso, é preciso ter reservas e planos B para momentos em que a crise vem do nada.
Até 2019, ninguém poderia prever o coronavírus, por exemplo.
Mas há todo um conjunto de medidas que podem ser tomadas no sentido de evitar riscos e gerir eventuais crises que possam vir a causar.
Confira na sequência.
Mapeie todos os riscos em potencial
Como vimos, uma análise de riscos deve antecipar toda e qualquer ameaça, incluindo as mais insignificantes e as mais improváveis.
Só assim é possível tomar medidas para evitá-las e para que não venham a gerar desdobramentos de maior gravidade.
Lembre-se que incêndios podem começar com uma simples fagulha.
Dessa maneira, nada deve ser descartado na hora de mapear os riscos em potencial.
Faça análises de caráter quantitativo e qualitativo
A matriz de risco serve para classificar os riscos conforme suas probabilidades de acontecerem e o impacto que podem gerar.
A partir dela, a empresa pode fazer análises mais aprofundadas sobre os riscos de negócio, principalmente qualitativas e quantitativas.
O primeiro tipo de análise mede um risco conforme o tipo de estrago que venha a causar: institucional, financeiro, administrativo e contábil são alguns deles.
Já a análise quantitativa de riscos é para mensurar numericamente o potencial prejuízo que a exposição a um risco pode gerar, ou seja, seu resultado aponta para possíveis perdas materiais.
Monte um plano de ação
Uma análise de riscos não seria completa se não fosse acompanhada de um plano de ação.
Riscos são problemas em potencial e, como tais, eles podem vir a se materializar.
No momento em que uma ameaça se concretiza, é hora de a empresa colocar em prática um plano que permita superá-la e aprender a evitá-la de se repetir no futuro.
Sendo assim, um plano de ação deve contemplar as medidas a serem tomadas quando um risco previamente identificado passa a ser um problema real.
Entre essas medidas, podemos destacar:
- Campanhas publicitárias para comunicar ao público o que a empresa está fazendo para solucionar uma crise institucional
- Cortes de gastos para mitigar os efeitos de uma ameaça às operações
- Meios alternativos para continuar suas atividades, caso elas venham a ser interrompidas
- Contratação de profissionais capazes de orientar a empresa em uma situação de turbulência institucional ou econômica.
Monitore e tenha controle sobre o comportamento dos riscos
O termo comportamento de risco se refere a toda forma de agir com alto potencial de causar danos.
Um gestor que mistura as finanças pessoais com as da empresa, por exemplo, apresenta um comportamento de risco, considerando os prejuízos que isso causa.
Isso também se aplica a colaboradores que não zelam pelas normas de segurança em ambientes de trabalho sujeitos a controle da CIPA.
Como podemos ver, a lista de comportamentos de risco pode se estender indefinidamente.
O que importa, nesse caso, é que a empresa seja rigorosa ao mapeá-los e ao definir medidas para coibi-los.
Risco de negócio e auditoria
A gestão de riscos, em alguns casos, demanda a intervenção de uma auditoria.
Esse tipo de serviço consiste em uma ampla investigação dos processos, contas, rotinas e obrigações da empresa, com o objetivo de detectar falhas, inconsistências ou inconformidades.
Então, se uma empresa está muito exposta a um ou mais riscos, vale investir em uma auditoria para evitar que eles ganhem proporções maiores.
Por que é importante contar com uma política de gestão de riscos?
Uma auditoria normalmente é contratada quando os riscos são altos demais ou a empresa já se encontra em crise.
Para que isso não aconteça, é preciso implementar uma política de gestão de riscos.
São orientações, diretrizes e normas gerais, pelas quais uma empresa orienta seus altos escalões sobre comportamentos de risco e para garantir o cumprimento de objetivos estratégicos.
Uma política de gestão de riscos deve acompanhar a gestão geral, já que é por ela que os profissionais envolvidos deverão pautar suas atividades.
Conclusão
Gerir riscos é uma arte.
Em alguns casos, riscos banais podem gerar desdobramentos sérios, o que demanda postura muito atenta dos profissionais responsáveis por identificá-los.
Por isso, é fundamental que o gestor de riscos tenha o preparo adequado para fazer a análise dos riscos e para implementar medidas de contenção.
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