ESG é a sigla de Environmental, Social and Governance (Governança Ambiental, Social e Corporativa), um modelo de gestão empresarial na qual a empresa assume um compromisso aberto de respeitar o meio ambiente e a sociedade em todas as suas atividades.
Sua relevância hoje é tamanha que, como aponta uma pesquisa da Gitnux (em inglês), 75% dos investidores se baseiam nesses princípios em suas decisões.
As empresas que pautam suas operações e estratégias dessa forma costumam ter mais credibilidade.
Por isso, neste artigo você vai saber o que é ESG, suas vantagens e onde aprender ESG para se destacar no mercado.
Veja os tópicos abordados:
Leia também:
Leia até o final para entender muito além da sigla ESG e colocar esse conhecimento em prática!
Organizações que adotam os seus princípios em processos são reconhecidas por valores sustentáveis, o que é vantajoso por uma série de razões que vamos explicar ainda neste texto.
O uso da sigla ESG é relativamente recente, por isso, para entender como chegamos a ela, precisamos voltar no tempo.
Há pelo menos 50 anos, já existia a preocupação com investimento em negócios sustentáveis.
A prova disso é que, na metade da década de 1970, surgiu a sigla SRI, que quer dizer investimento sustentável responsável.
Por outro lado, não basta apenas se comprometer com a natureza, se no âmbito comunitário, a empresa pouco ou nada faz em prol das pessoas e da sua educação.
Assim, à questão ambiental somou-se a social, chegando ao conceito que deu origem ao termo ESG.
A FIA Business School, sempre atenta aos temas de maior relevância, já fez um webinar sobre o assunto, que você pode conferir no vídeo abaixo:
Como vimos até aqui, três áreas críticas da responsabilidade corporativa aparecem como princípios do ESG: meio ambiente, social e governança.
Resumidamente, abrangem o seguinte:
A integração dos três pilares no pensamento estratégico e nas decisões de negócios é fundamental para garantir a sustentabilidade da empresa a longo prazo.
Além disso, permite atender às expectativas crescentes dos investidores, consumidores e reguladores do mercado.
Na sequência, vamos trazer mais detalhes sobre cada um dos pilares de ESG.
Sabe aquela máxima de que, para preservar o meio ambiente, todos precisam fazer sua parte?
Ela é real e inclui as empresas, responsáveis por boa parte das emissões de carbono que agravam o efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global.
O consumo de água, energia e produtos diversos também é impactado pelas atividades de organizações de todos os setores, principalmente as de grande porte.
Nesse contexto, ganham espaço as companhias que se dedicam a diminuir as emissões de carbono e adotar o consumo consciente e sustentável, através de dinâmicas como a economia circular.
A economia circular emprega o reuso, adaptações e reciclagem para aumentar a vida útil dos produtos, diminuindo a quantidade de lixo descartado e a extração de recursos naturais para fabricar outros itens.
Fontes de energia limpa são outra tendência positiva entre as empresas, que reduzem a liberação de CO2 na atmosfera ao substituir combustíveis fósseis por fontes solares, eólicas, de biomassa, etc.
Essas ações fazem parte da métrica E (Environment, em inglês, ou Ambiental, em português) presente no ESG.
A segunda letra da sigla indica as atitudes no campo da responsabilidade social, valorização do capital humano, dos clientes e da sociedade como um todo.
Seguindo o mesmo raciocínio das ações em prol do meio ambiente, as práticas sociais enxergam a empresa como parte de uma grande engrenagem, capaz de gerar efeitos positivos ou negativos.
Ao construir um local harmônico, equilibrando diferentes pontos de vista e promovendo a diversidade e o respeito no trabalho, as companhias estão colaborando para a saúde dos funcionários, que tendem a ter mais felicidade e atender melhor os clientes.
Isso começa nas medidas básicas, a exemplo da segurança do trabalho, postos e móveis adaptados para o conforto do empregado, jornadas adequadas, pausas periódicas, programas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Investir no clima organizacional, em uma política aberta para dar e receber feedbacks e benefícios como a flexibilidade também ajudam a elevar a métrica S (Social) do ESG.
Completando a sigla, o G (Governance, em inglês) define as ações em prol da transparência, gestão de riscos e controle da empresa.
Por meio de boas práticas de gestão, como equidade e prestação de contas, as lideranças administram recursos humanos, materiais e financeiros visando a confiabilidade interna e externa.
Em outras palavras, seus funcionários, acionistas e até a sociedade podem verificar informações que confirmam os preceitos e valores adotados pela organização.
Companhias que prezam pela governança alcançam a excelência na administração, tornando seus processos mais eficientes e lucrativos e viabilizando boas práticas ambientais e sociais.
Também atrai investidores, uma vez que as informações oferecidas pela empresa – e seus lucros – se tornam confiáveis.
A partir do momento que o ESG passou a ser critério para investimento em empresas, mesmo negócios que não tinham essa prioridade passaram a adotar boas práticas.
Afinal, não desejam ser facilmente descartados na hora de buscar aportes financeiros externos.
Foi dessa forma que começou a se criar uma relação “ganha-ganha”.
Empresas passaram a desenvolver ações sócio-ambientais e de governança positivas, credenciando-se assim a receber capital de investidores conectados com os valores ESG.
Os investidores têm retorno em suas aplicações, e suas imagens começam a ser relacionadas com negócios sustentáveis.
Além disso, a população desfruta de um cenário mais equilibrado, diverso e transparente.
Até porque todos se beneficiam de uma organização que utiliza energias limpas e renováveis, realiza projetos sociais na comunidade e promove balanços periódicos, publicando todas as informações públicas relevantes.
Isso apenas para citar algumas ações possíveis.
Uma empresa que não é capaz de se ajustar à realidade que a cerca está fadada ao fracasso.
Os princípios de gestão ESG ajudam nesse sentido, aumentando a capacidade de uma marca em resistir às intempéries do ambiente empresarial.
Com isso, elas conseguem suportar melhor as crises, pois passam a contar não apenas com suas próprias forças, mas com o apoio de toda a sociedade.
Amparada pelo público, as decisões empresariais encontram maior respaldo, de modo que os momentos de instabilidade se transformem em oportunidades de crescimento.
Empresas que são geridas a partir da ótica ESG lidam de forma mais madura com os riscos de seus mercados.
Elas têm lideranças mais prudentes em suas decisões, o que é sempre bom para evitar crises institucionais e contendas na justiça.
Não por acaso, a tríade ESG serve como base para implementar uma boa gestão de riscos, uma área da administração tão importante quanto a qualidade e a experiência do cliente.
Isso sem contar que as empresas mais preparadas para lidar com os riscos se expõem menos, mantendo no longo prazo a boa imagem e a reputação.
Fica mais fácil entender o que significa ESG nas empresas quando tomamos como referência o termo VUCA World.
Essa é sigla usada para definir a realidade em que o mundo se apresenta Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo (VUCA, na sigla em inglês).
Para as empresas menos preparadas, atuar em um cenário como esse pode gerar todo tipo de instabilidade.
Já nas empresas ESG as oscilações do mercado não assustam tanto, já que elas dispõem de lideranças mais conectadas com a realidade que as cerca.
Seus gestores têm um perfil mais maduro, portanto, mais capazes de dar respostas assertivas em contextos que exijam maior capacidade de adaptação.
O termo ESG é constantemente associado à boa reputação e não é à toa.
Um bom exemplo disso vem dos índices relativos aos princípios ESG na B3, a bolsa de valores brasileira, sobre os quais vamos falar mais adiante.
Os papéis das empresas listadas nesses índices costumam apresentar rentabilidade superior às demais.
Isso mostra que a preocupação com a sociedade e com o meio ambiente não é apenas uma filosofia, mas uma postura que gera resultados concretos e lucros consistentes.
A partir do que acabamos de ver, a adoção de práticas e de conceitos sustentáveis traz retorno em todos os sentidos.
Por isso, as empresas geridas conforme a perspectiva ESG apresentam performance superior à média.
Nem é tão difícil entender porque isso acontece, afinal, ao alinhar-se às boas práticas, elas criam uma conexão muito mais forte com os seus clientes e o mercado como um todo.
Elas passam a transmitir mais segurança e credibilidade para seus parceiros e stakeholders, que tornam-se mais maleáveis e dispostos a negociar.
Além disso, como aponta o ESG Global Study 2022 (em inglês), da Universidade de Harvard, existe uma forte percepção por parte dos investidores de que empresas ESG tendem a performar melhor.
O modelo de gestão ESG abre também um universo de possibilidades que dificilmente existiria sem ele.
As empresas ganham mais visibilidade perante um público mais informado e consciente, que cobra das marcas uma postura mais ética e socialmente responsável.
Se por um lado isso implica uma cobrança maior, por outro gera um sentimento de confiança que aumenta a quantidade de clientes promotores, ou seja, que defendem a marca.
Aumenta dessa forma a mídia espontânea, sempre muito bem-vinda e que é, para os especialistas em marketing, a forma mais nobre de se promover.
Quem não gostaria de trabalhar em uma empresa bem vista pelo mercado, pelos clientes e até pelos concorrentes?
Pois essa é a realidade para boa parte das empresas que se pautam nos princípios ESG de gestão.
Elas cultivam uma imagem mais positiva, de modo a atrair os melhores talentos em seus processos seletivos.
Como se não fosse o bastante, empresas ESG também tendem a apresentar taxas de turnover menores.
É o que sugere um artigo publicado na revista Industrial Relations (em inglês), segundo o qual existe uma correlação negativa entre as práticas ESG e a rotatividade.
As empresas estão adotando cada vez mais o ESG porque se percebem mais vulneráveis às repercussões de uma economia global em constante mudança.
Adotar práticas de ESG significa que as empresas estão comprometidas em promover a responsabilidade ambiental, as iniciativas sociais e a governança corporativa responsável.
Isso melhora a imagem da empresa e aumenta a confiança dos investidores.
Nesse sentido, vale lembrar que, cada vez mais, os investidores estão procurando empresas com valores ESG, e a integração dessas preocupações nas estratégias de negócios pode atrair mais aportes.
Além disso, a adoção de princípios de ESG pode ajudar a reduzir os custos operacionais, aumentar a eficiência operacional (otimizando o uso de recursos) e elevar a rentabilidade a longo prazo.
Outro aspecto que ajuda a explicar o crescente interesse por entender o que é ESG na prática está no cumprimento de regulamentos.
Basta observar que, cada vez mais, o mercado vem exigindo que as empresas implementem práticas de ESG e reportem suas ações nessas áreas.
Quem não segue essa tendência corre o risco de ficar atrás de concorrentes ou, no mínimo, desperdiçar uma vantagem competitiva importante.
Para uma empresa ser considerada ESG, ela deve incorporar práticas responsáveis nos seus três pilares.
Isso vale tanto para aspectos de suas operações quanto da estratégia de negócios.
Além disso, é importante que a empresa monitore e reporte regularmente seu desempenho, de forma que os investidores e outras partes interessadas (stakeholders) possam avaliar seu compromisso com práticas responsáveis.
Órgãos de governo não reconhecem formalmente uma empresa como ESG.
No entanto, existem agências de classificação e organizações que avaliam o desempenho ESG das empresas.
Algumas das mais conhecidas são:
Essas agências usam vários métodos, incluindo pesquisas, entrevistas e análise de dados, para avaliar o desempenho ESG das empresas.
Além disso, muitas organizações também publicam relatórios anuais de sustentabilidade para informar o público sobre suas práticas ESG.
Para saber se uma empresa é ESG, é possível:
Ser ESG pode ter vários benefícios para a empresa, incluindo atrair investidores, melhorar a imagem da marca, reduzir riscos e aumentar a eficiência.
No entanto, é importante notar que cada empresa é única e as vantagens de ser ESG podem variar de acordo com o setor e o tamanho da organização, entre outros fatores.
Abaixo, comentamos sobre as principais.
Muitos consumidores procuram marcas que compartilham de seus valores e se preocupam com questões sociais e ambientais.
Ser uma empresa ESG demonstra que há um alinhamento com seu público, o que pode melhorar os indicadores de lealdade.
Muitas vezes, isso acontece a partir da oferta de produtos sustentáveis, que são cada vez mais procurados pelos consumidores.
A redução de custos a partir de uma estratégia ESG aparece em diferentes setores e ações de uma organização.
Por exemplo, implementar práticas de eficiência energética pode ajudar a economizar na conta de luz.
Além disso, uma gestão adequada dos resíduos pode contribuir para diminuir os custos de descarte e evitar multas regulatórias.
Outro ganho em economia aparece ao reutilizar e reciclar materiais em vez de comprar novos.
Já na área logística, é possível adotar práticas sustentáveis, como transporte compartilhado e otimização de rotas.
Por fim, as empresas ESG geralmente têm funcionários mais engajados e motivados, o que pode levar a uma maior produtividade e, consequentemente, a uma redução de custos.
Outra grande vantagem ao entender o que significa ESG aparece na melhoria da reputação da empresa.
Como já comentamos, muitos consumidores procuram e reconhecem marcas que compartilham de seus valores, o que ajuda na construção de uma imagem positiva.
Dentro desse propósito, vale citar a responsabilidade social.
Afinal, ser uma empresa ESG demonstra comprometimento, o que pode ajudar a construir relacionamentos mais fortes com os consumidores, investidores e outras partes interessadas.
As empresas ESG também tendem a ser mais transparentes em relação às suas práticas e impactos ambientais e sociais, o que pode elevar a confiança do mercado na marca.
Ter acesso a linhas de crédito especiais é um benefício de grande valor para as empresas.
No caso daquelas que seguem os pilares ESG, muitos investidores e instituições financeiras consideram que são mais estáveis e menos propensas a riscos, o que as torna candidatas mais atraentes para financiamento.
Algumas pesquisas ainda sugerem que as empresas ESG tendem a ter uma performance financeira superior e menor volatilidade.
Essas são características muito importantes para conseguir boas condições de crédito.
Além disso, como sabemos, ser uma empresa ESG envolve uma comprovação de impacto ambiental e social.
Essa situação pode fornecer às instituições financeiras uma compreensão mais profunda sobre a organização, permitindo avaliar melhor o risco de crédito.
Para completar a lista de vantagens, temos a maior segurança para investidores.
Esse benefício pode ser explicado por algumas particularidades das empresas ESG.
Em primeiro lugar, geralmente, elas têm uma abordagem mais sólida e proativa para questões ambientais, sociais e de governança, o que pode ajudar a identificar e gerenciar riscos potenciais de maneira eficaz.
Também costumam estar mais focadas em questões de longo prazo.
Isso aponta para um desempenho mais consistente e sustentável ao longo do tempo.
Outro aspecto é o já citado alinhamento de valores.
Ser uma empresa ESG pode atrair aqueles que se preocupam com questões ambientais e sociais, havendo maior sinergia entre a empresa e seus investidores.
Por fim, há a melhoria da transparência.
Estamos falando sobre negócios geralmente incentivados a fornecer informações detalhadas sobre sua performance ambiental, social e de governança.
Tudo isso contribui para aumentar a transparência e ajudar os investidores a tomar decisões assertivas.
Fundos de investimento ESG são aplicações financeiras que apostam em organizações focadas na sustentabilidade, que cumprem com os critérios determinados pela métrica ESG – Ambiental, Social e de Governança Corporativa.
Na prática, sua base é semelhante à dos demais fundos de ações, mas a lógica de escolha das empresas que compõem as carteiras ESG considera cada um dos três pilares explicados acima, dispensando as companhias que não cumprem com essas premissas.
Assim, ainda que uma fabricante de cigarros eleja um conselho de administração neutro e inclua medidas de transparência a respeito de suas finanças, ela não poderia compor um fundo de investimento ESG.
Isso porque sua atividade produtiva está relacionada a efeitos adversos para a saúde dos clientes, pois fumar provoca câncer e outras doenças, o que prejudica o pilar Social.
E nesse caso, o Ambiental também fica comprometido pela fumaça gerada pelo cigarro, que contribui com a poluição do ar.
Seguindo o mesmo raciocínio, uma fabricante de roupas que trabalhe com tecidos ecológicos, energia limpa, qualidade de vida para os funcionários e prestação de contas à sociedade tem altas chances de integrar um fundo de investimento ESG.
Para investir em ESG, deve-se contatar uma instituição financeira (corretora de valores ou banco), o que permite a compra e venda de ações e outros ativos na bolsa de valores.
Ao escolher esse fundo, cada investidor disponibiliza um valor que lhe dá direito a uma ou mais cotas das empresas que compõem a carteira, e seu retorno será proporcional ao que foi aportado.
Um gestor fica responsável pelo fundo ESG, realizando as movimentações necessárias para diminuir riscos e/ou aumentar os ganhos dos investidores.
Selos verdes e outros reconhecimentos concedidos por certificadoras podem ajudar na seleção das companhias que compõem fundos ESG, assim como uma análise minuciosa de suas atividades, balanço e projeções.
Mas vale lembrar que a seleção para os fundos ESG depende do índice escolhido para avaliação, mas sempre dá preferência a negócios de sucesso nas esferas de governança, ambiental e/ou social.
Embora algumas empresas escolhidas possam se destacar em apenas um dos pilares ESG, é comum que adotem estratégias amplas para elevar a eficiência.
Em outras palavras, ao incluir uma cultura de diversidade, por exemplo, uma organização logo vai perceber a necessidade de ações na esfera da governança para melhorar a comunicação interna e conscientizar os colaboradores.
Uma vez que todos aprendam a respeitar diferentes pontos de vista, o elemento ambiental também pode entrar na conversa.
A FIA realizou um webinar sobre os desafios para a prática de ESG, confira:
Essa questão não tem uma resposta única, pois depende de fatores como seu perfil de investidor, propósito, objetivos e tolerância ao risco.
Como explicamos acima, os fundos ESG apoiam a sustentabilidade nas empresas, valorizando recursos naturais e humanos para construir um futuro harmônico.
Então, investir neles é uma forma de dar suporte a esse propósito.
Porém, ainda que tenham menor volatilidade que outros fundos de ações, investir em ESG não inclui certezas quanto aos ganhos.
Daí a necessidade de ter alguma tolerância a riscos antes de escolher esses fundos.
Consulte também informações sobre as empresas que compõem o fundo, liquidez caso você precise reaver o valor investido em um prazo curto e compare outras opções para fazer uma escolha assertiva.
O que você pode ter certeza é que o mercado já vê com outros olhos empresas que investem em ESG.
Afinal, quem não quer ajudar a promover organizações que estão preocupadas em construir um mundo melhor para o presente e para as gerações futuras?
Isso tudo aliado à promoção de temas importantes, como diversidade, inclusão, qualidade de vida, ética e consciência ambiental, forma um conjunto de razões que têm ajudado a promover esse tipo de ativo.
No tópico anterior, mencionamos que o seu propósito e perfil de investidor devem ser considerados antes de apostar em qualquer fundo de ações, incluindo o ESG.
Além disso, recomendamos que você conheça os riscos, vantagens e desvantagens de cada fundo, consultando o documento que resume suas características, chamado prospecto.
Com o prospecto em mãos, você vai saber qual o valor mínimo para investir, liquidez de cada opção, tributos e taxas aplicáveis e em quais períodos devem ser quitados.
Outra dica valiosa é levantar dados que permitam antecipar cenários sobre o fundo ESG, como o histórico dos últimos meses e anos.
Quer alocar recursos em investimentos em ESG e ajudar a transformar o mundo em que vivemos em um lugar melhor?
Para isso, é importante ficar atento sobretudo aos índices ESG na B3 e, principalmente, às características desse tipo de fundo, que são a alta rentabilidade e a baixa volatilidade.
Ou seja, trata-se de um investimento de boa possibilidade de retorno e de risco moderado, uma fórmula considerada ideal para quem já é ativo no mercado financeiro.
No entanto, se você está dando os seus primeiros passos, talvez seja melhor começar investindo nos ETFs ligados a temas de sustentabilidade, em vez de partir direto para os fundos de ESG.
Para investir, você terá que abrir conta em uma corretora de valores, fazer um teste para identificar se o seu perfil é compatível com a aplicação, transferir recursos e solicitar o investimento.
Hoje em dia, a maioria das corretoras trabalha com plataformas modernas, que funcionam tanto em navegadores quanto em aplicativos de celular.
Na sequência, vamos falar um pouco mais sobre as opções de investimento ao seu alcance.
Existem algumas maneiras de investir em empresas com foco em ESG.
A mais famosa delas são os já destacados fundos de investimento ESG.
São como um condomínio, do qual o investidor participa adquirindo cotas.
Esse tipo de ativo possui gestão profissional, que toma decisões para auxiliar os cotistas em seus objetivos financeiros.
Também é possível comprar ações de empresas ESG.
Fazendo isso, você adquire uma pequena parte do patrimônio e se torna sócio, apostando no crescimento ao longo do tempo.
São exemplos de ações ESG:
Você pode encontrar mais oportunidades de ações ao estudar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3.
Quer mais opções de investimento em empresas ESG?
Existem as chamadas carteiras recomendadas de bancos e corretoras de valores, que nada mais são do que indicações de investimento, mirando segurança e um rendimento superior à média do mercado.
Por fim, vamos falar sobre os ETFs (Exchange-Traded Funds), que merecem um tópico à parte.
ETFs de ESG são fundos de índice que investem em ações de empresas que atendem aos critérios de responsabilidade social, ambiental e de governança.
Os investidores aplicam o seu dinheiro nesses fundos, selecionando ativos que atendam às suas preferências e expectativas de retorno.
A seleção de investimento é baseada em análises de ESG, que consideram os níveis de desempenho das empresas em relação aos seus pilares.
Os ETFs de ESG seguem a mesma estratégia de investimento que os ETFs tradicionais.
Basicamente, você precisa:
A aplicação em ETFs de ESG envolve riscos, assim como qualquer outro tipo de investimento.
Por isso, é importante fazer uma pesquisa adequada e considerar seus objetivos financeiros e perfil de risco antes de decidir investir.
Além disso, lembre-se de sempre buscar informações e aconselhamento profissional antes de fazer qualquer investimento.
Agora que você sabe o que significa ESG nas empresas, possivelmente deve estar se perguntando o que isso gera de retorno para as economias e para o próprio planeta.
Em termos econômicos, ESG é uma forma de perpetuar as atividades produtivas, por meio da exploração sustentável e responsável dos recursos naturais.
Ao considerar questões ESG na sua tomada de decisão, os investidores também podem identificar e evitar riscos financeiros capazes de afetar o desempenho de longo prazo das empresas.
São também um ponto de apoio à competitividade das empresas, afinal, as organizações que seguem práticas ESG responsáveis tendem a ser mais competitivas no mercado, atraindo investidores e clientes que valorizam os mesmos valores.
Não se pode desconsiderar ainda o estímulo à inovação (que aparece no desenvolvimento de soluções mais sustentáveis), assim como a geração de novas oportunidades de negócios decorrente dela.
Por fim, a economia é favorecida com a maior estabilidade financeira, já que boas práticas ESG são capazes de prevenir riscos financeiros de longo prazo, como sanções, multas ou processos judiciais, as empresas encontram condições mais favoráveis para prosperar.
Todo esse aumento da responsabilidade ambiental se traduz em ganhos conservacionistas, pela redução dos impactos ambientais e todas as suas consequências.
Os investimentos ESG promovem práticas sustentáveis, incentivam as empresas a adotar iniciativas ambientais, sociais e de governança mais responsáveis, o que pode gerar impacto positivo no meio ambiente.
Também direcionam recursos para soluções verdes, ajudando a alocar dinheiro em projetos com resultados ambientalmente favoráveis.
Além disso, ao enfatizar a importância de questões ambientais, sociais e de governança, os investimentos ESG podem aumentar a conscientização sobre problemas e funcionar como um estímulo a mudanças positivas na sociedade.
Contribuem ainda com a luta contra a mudança climática e, dessa forma, ajudam a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, servindo de apoio a tecnologias e soluções verdes.
Os ESG são tipos de ETF (Exchange Traded Fund), ou seja, fundos de ações que usam índices de bolsas de valores como referência.
No caso dos ESG negociados em território nacional, as transações referentes a eles são realizadas no âmbito da B3 (Brasil, Bolsa Balcão), a maior bolsa de valores da América Latina.
Na B3, os principais ESG encontrados atualmente são:
A seguir, falamos mais sobre eles.
Por meio do Índice Carbono Eficiente (ICO2), a B3 demonstra quais empresas trabalham para diminuir o CO2 lançado na atmosfera.
De acordo com o site da Bolsa:
“A adesão das companhias ao ICO2 demonstra o comprometimento com a transparência de suas emissões e antecipa a visão de como estão se preparando para uma economia de baixo carbono”.
As emissões de carbono são um dos principais vilões que contribuem para o aumento do efeito estufa, culminando no aquecimento global e desequilíbrio no clima em diversas regiões do planeta.
O tema é tão importante que compõe as metas traçadas para que o Brasil cumpra os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima.
Lembrando que os ODS são parte da Agenda 2030, um compromisso mundial assumido por vários países durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em 2015.
Criado em 2005, o ISE resulta de uma análise ampla sobre o nível de adoção de práticas sustentáveis pelas empresas, comparando seu desempenho em 7 dimensões:
Assim, companhias que compõem a carteira ISE apresentam uma performance diferenciada quanto à sua eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa, atendendo aos princípios ESG de forma completa.
Como o nome sugere, o IGCT se dedica a avaliar e evidenciar as companhias que seguem boas práticas na área da governança, contemplando princípios éticos e transparência na relação com funcionários, clientes e investidores.
Operado pela B3, o Índice S&P/B3 Brasil é um dos primeiros indicadores do mundo a considerar a sustentabilidade como um critério de investimento.
A ferramenta ajuda a analisar a performance sustentável corporativa a partir de quatro pilares:
Esses fundos de ações oferecem características interessantes para investidores que desejam diversificar a carteira sem comprometer valores elevados.
Além, é claro, de atender à demanda pela preservação do planeta, sem deixar a rentabilidade de lado.
Veja abaixo três características comuns aos “ESG funds”, como são chamados no exterior.
Mais que uma tendência, a sustentabilidade tem a ver com a perenidade e a lucratividade dos negócios atualmente.
É por isso que muitas organizações vêm superando o modelo de economia linear, baseado na exploração irresponsável dos recursos ambientais, para aderir a modelos que lhes permitam crescer em harmonia com a natureza.
Também têm dedicado maior atenção às pessoas e a processos de governança, elevando sua eficiência ao criar soluções melhores usando menos recursos.
Como um tipo de ETF, o ESG tem exposição indireta ao mercado de ações, possibilitando o investimento em uma série de empresas a partir de um mesmo valor.
Essa característica diminui a volatilidade dos recursos, oferecendo maior estabilidade ao combinar diferentes rendimentos.
Em geral, existem ações mais voláteis junto a outras menos voláteis, então, as perdas costumam ser compensadas pelos ganhos.
Se as organizações focam em um propósito, priorizando pessoas e causas ambientais, não significa que o lucro está em segundo plano.
Pelo contrário.
Nos últimos anos, quem investiu em ESG obteve um retorno interessante, pois essas empresas estão crescendo ao otimizar seus processos e construir uma imagem positiva perante o consumidor.
Portanto, os fundos ESG são uma boa opção para obter ganhos com renda variável.
É claro que o lucro não é garantido, pois as oscilações e riscos são inerentes ao mercado de ações.
Como aponta uma pesquisa da Ernst & Young (EY), nada menos que 99% dos investidores usam as informações ESG das empresas para se orientar em suas decisões.
Por isso, o cenário atual aponta como tendência a consolidação de práticas ESG como forma de aumentar a competitividade.
Um artigo do site Mercado Eletrônico também aponta algumas tendências nessa linha, como a avaliação contínua de riscos ESG, bem como a gestão sustentável na supply chain.
No Brasil, o cenário de investimentos ESG segue avançando, com crescente interesse por ativos que considerem questões ambientais, sociais e de governança.
Tal resultado se deve, em parte, à maior conscientização sobre o que significa ESG.
Em 2022, a Anbima divulgou os resultados de sua 3ª Pesquisa de Sustentabilidade, na qual 86% dos entrevistados avaliaram como importante a temática ESG no mercado financeiro.
O crescimento do mercado de títulos verdes é outro fator a ser considerado, sendo uma consequência da também maior demanda por investimentos sustentáveis.
Desde janeiro de 2022, fundos que possuem o investimento 100% sustentável como objetivo recebem uma identificação própria, levando o sufixo IS (de Investimento Sustentável) no nome.
Além deles, ativos que incluem empresas com práticas de ESG, mas que não têm o investimento sustentável como objetivo, podem sinalizar que o fundo integra questões ASG (a versão em português da sigla), embora sem o sufixo IS.
Apesar do crescimento do cenário de investimentos ESG no Brasil, ainda há desafios, incluindo a falta de informações de qualidade sobre as empresas e a carência de índices e indicadores ESG.
Em dezembro de 2022, a Anbima deu mais um passo para corrigir essa lacuna, lançando o Guia para Ofertas de Títulos ESG.
Embora não tenha caráter obrigatório, funciona como um manual para a emissão de títulos com essa característica.
A tendência é que os fundos ESG sigam crescendo, impulsionados pela demanda por negócios sustentáveis atualmente.
É por isso que grandes empresas como a Natura, Itaú e Raia Drogasil têm se dedicado a cumprir com os três pilares ESG, visando se manter atraentes para investidores no futuro.
Abaixo, listamos mais tendências, citadas por especialistas em reportagem do InvestNews:
Saindo do mundo dos investimentos e voltando à falar do ESG como processo de gestão, chegou a hora de entender como colocar seus princípios em prática.
É sobre isso que falaremos agora.
Conheça as principais ações de ESG no cotidiano de uma empresa.
O primeiro passo é quase sempre fazer um diagnóstico, entendendo como a organização está impactando o meio ambiente, a sociedade e a governança, além de identificar áreas de melhoria.
Também é muito importante compreender as expectativas dos stakeholders e o que eles esperam da sua empresa para, a partir daí, integrar a estratégia ESG à estratégia geral da empresa – o que nos leva ao próximo passo.
Incorpore a preocupação com questões ambientais, sociais e de governança em todos os aspectos da empresa, desde a cultura interna até as relações com fornecedores e clientes.
Implantar práticas sustentáveis, como a eficiência energética e o gerenciamento de resíduos, ajuda a minimizar o impacto ambiental da empresa e a criar uma imagem positiva junto aos stakeholders.
Mantenha a transparência em relação a questões ESG e seja responsável por eventuais impactos negativos.
Defina metas claras e monitore o progresso em relação às questões ESG, além de compartilhar essas informações com stakeholders relevantes.
Envolva o time em treinamentos e programas relacionados a questões ESG, para que todos estejam alinhados e comprometidos com as práticas sustentáveis da empresa.
Para tentar mascarar relatórios e ter números positivos de ESG, algumas empresas se valem de um artifício chamado greenwashing, ou “maquiagem verde”.
Baseado na falta de transparência na divulgação de informações, a empresa disfarça determinados dados para passar uma falsa ideia de responsabilidade ambiental.
Com isso, tenta enganar seus clientes e atrair investidores.
Apesar de recorrente, essa prática nociva está com seus dias contados.
Isso porque foi criado recentemente na Europa, e com tendência de se espalhar ao redor do mundo, o Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR) ou o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis.
A ideia é fiscalizar melhor as práticas de ESG nas empresas e em suas aplicações de modo a evitar a disseminação de notícias falsas em qualquer tipo de material de publicação.
Para reforçar que ESG é a sigla do momento, mais e mais empresas estão sendo criadas para desenvolverem soluções nas áreas ambiental, social e de governança.
As chamadas “ESG techs” já são mais de 700 somente no Brasil, segundo o Inside ESG Tech Report, relatório feito pela Distrito Dataminer.
Separamos três das startups mais inovadoras para observarmos em detalhes – cada uma delas focada em um dos pilares da ESG.
Com foco na área de governança, uma vez que estimula a diversidade dentro das organizações, a Egalitê é um startup que ajuda pessoas portadoras de deficiência a serem inseridas no mercado de trabalho.
Além disso, também cobra as empresas a cumprirem a lei de cotas para essa categoria.
Criada em 2009, essa ESG conta uma plataforma que colabora para a criação de um setor de recursos humanos mais inclusivo para PCD, por meio da desburocratização de processos.
É uma ESG Tech que desenvolve ações na área ambiental, com o intuito de diminuir os impactos causados pelas empresas.
Fundada em 2020, a Moss Earth desenvolveu um método de neutralização de danos através da compra de créditos de carbono.
Nesse sistema de compensação, todo o dinheiro arrecadado com a compra de créditos é repassado a iniciativas sustentáveis.
Atendendo ao último pilar do ESG, a Zenklub é uma startup focada no desenvolvimento de soluções voltadas para a área social.
Criada em 2016, a empresa oferece serviços de bem-estar e saúde emocional aos colaboradores das empresas, como terapeutas e psicólogos, além de conteúdos personalizados, como guias e tutorial de exercícios.
Existem muitas iniciativas que buscam incentivar e garantir que as empresas sigam as diretrizes do ESG mundo afora.
A grande maioria é promovida pela ONU.
Conheça os principais projetos:
É um tratado internacional de adesão voluntária que foi lançado pela ONU em 2000 para incentivar negócios do mundo todo a desenvolverem ações com foco na sustentabilidade e na responsabilidade social.
O Pacto Global conta com 10 princípios universais, que tratam sobre direitos humanos e do trabalho, segurança ambiental e anticorrupção.
Todas as empresas que fizerem parte do acordo – hoje, são milhares no mundo todo – devem seguir essas diretrizes e apresentar um relatório periódico com o progresso das medidas implementadas.
É mais um projeto da ONU, este com foco em questões econômicas, sociais e ambientais.
Formalizada em 2015 com a participação de representantes dos 193 estados-membros da organização, a Agenda 2030 também amplia algumas metas estabelecidas em 2000 nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
Ao todo, são 17 objetivos e 169 metas definidas no acordo, como a erradicação da pobreza, o término da fome a partir de uma agricultura sustentável, educação de qualidade, igualdade de gênero, redução das desigualdades sociais, entre outros.
O Acordo de Paris é um tratado mundial que foi assinado por diversos países após a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em 2015.
O principal objetivo da iniciativa é combater o aquecimento global a partir da redução na emissão de gases causadores do efeito estufa e, assim, controlar o aumento na temperatura da Terra em menos de 2ºC – preferencialmente até 1,5ºC.
É uma das medidas mais antigas, criada em 1997, com o objetivo de padronizar os balanços sobre sustentabilidade das empresas.
A Global Reporting Initiative faz esta avaliação utilizando os seguintes critérios globais: mudanças climáticas, direitos humanos, governança e bem-estar social.
Com base nesses quatro parâmetros, empresas e governos conseguem medir os impactos causados e apresentar os números encontrados de forma mais transparente.
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Neste artigo, falamos sobre o conceito, critérios e tendências a respeito de investimentos ESG (Environmental, Social and Governance).
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Referências:
https://gitnux.org/esg-statistics/
https://corpgov.law.harvard.edu/2022/06/17/esg-global-study-2022/
https://www.jstor.org/stable/27221340?seq=6
https://www.ey.com/pt_br/assurance/how-can-corporate-reporting-bridge-the-esg-trust-gap
https://blog.me.com.br/pt/futuro-esg-tendencia-investimentos-2024/
https://anbi.ma/sustentabilidade
https://anbi.ma/titulosESG
https://investnews.com.br/financas/esg-entenda-a-nova-tendencia-do-mercado-brasileiro-que-veio-para-ficar/
https://materiais.distrito.me/inside-esg
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