Lean startup, ou startup enxuta, é o termo usado para designar um novo conceito em gestão de empresas.
Também é o nome do livro que deu origem ao termo, de autoria do empreendedor Eric Ries, cuja carreira está ligada a empresas do Vale do Silício, nos Estados Unidos.
De acordo com Ries, as startups se habilitam a expandir com “máxima aceleração” por meio das práticas sugeridas em seu livro, sem perder o controle.
Como o nome sugere, as startups enxutas buscam evitar qualquer tipo de desperdício.
Conheça a partir de agora as bases desse conceito, como pode ser implementado e de que maneiras ele pode mudar o rumo de um negócio.
Estes são os tópicos que iremos abordar no texto:
- O que é lean startup?
- Lean startup: qual o seu objetivo?
- Lean startup: princípios básicos
- Empreendedores devem estar em toda parte
- Empreender é saber administrar
- Aprendizado testado e validado
- Construir, medir, aprender
- Contabilidade para inovação
- Qual a importância do movimento lean startup?
- Diferenças entre lean startup e o modelo tradicional de negócios
- Vantagens de aplicar a metodologia lean startup
- Como aplicar a metodologia lean startup?
- O que é MVP?
- Dicas para fazer o seu MVP
- O ciclo de feedback lean startup (Build-Measure-Learn)
- Exemplos de lean startup
- Os impactos do método lean startup nos negócios.
Acompanhe até o final e boa leitura!
O que é lean startup?
Mais do que um termo em voga, lean startup é um conjunto de boas práticas, conforme métodos de gestão de empresas testados e aprovados.
Como você deve ter observado, a palavra lean deriva de um outro conceito, o de lean manufacturing, que durante muitos anos pautou (e ainda pauta) a indústria de transformação.
Como método de produção, os princípios lean defendem a máxima eficiência, utilizando para isso o mínimo de recursos, com desperdício zero, ou próximo disso.
No caso da lean startup, o que se busca é aumentar as chances de esse tipo de empresa ser bem-sucedida por meio do aprendizado validado pela experiência e testes contínuos.
Dessa forma, espera-se diminuir as incertezas que cercam as startups, principalmente no início de suas atividades.
No entanto, o conceito lean startup é muito mais do que um suporte para quem começa.
Se bem aplicada, essa metodologia pode ajudar uma startup não só a crescer como a ganhar posições de destaque no mercado.
Lean startup: qual o seu objetivo?
Pela perspectiva da startup enxuta, toda empresa desse tipo é constituída em resposta a desafios reais.
Para isso, é preciso conhecer bem a realidade.
Essa filosofia também defende que startups são experimentos por definição, logo, estão mais expostas a riscos do que o normal.
Dessa maneira, a abordagem lean startup tem como objetivo encontrar respostas satisfatórias para as questões levantadas a partir da observação de um mercado.
Busca-se ainda a formulação das hipóteses certas para que um possível produto possa ser validado antes mesmo da sua concepção.
Portanto, em vez de questionar se um artigo pode ser desenvolvido, pela ótica lean deve-se perguntar antes se isso realmente deveria ser feito.
Lean startup: princípios básicos
A metodologia lean, contudo, é muito mais do que um mecanismo para analisar a viabilidade de produtos e serviços.
Ela pode ser considerada como um verdadeiro manual de gestão para startups, considerando os desafios inerentes a esse modelo de negócio.
Isso porque ela nos ensina não só a olhar para a própria empresa de forma realista, mas a analisar o mercado de forma crítica, bem como a antecipar riscos.
Tudo isso é possível aplicando alguns princípios básicos, conforme veremos a seguir.
Empreendedores devem estar em toda parte
Em seu livro, Eric Ries defende que startups não são apenas empresas que começam em uma garagem de casa por iniciativa de dois ou três jovens fundadores.
Nesse modelo de negócio, podem ser enquadradas todas as empresas que se propõem a desenvolver soluções em cenários de grande incerteza.
Essa não deixa de ser uma visão realista e, até certo ponto, humilde, do que significa atuar em um contexto empresarial.
Isso porque ela parte do princípio de que os concorrentes não estão apenas nas empresas já estabelecidas, mas em toda e qualquer iniciativa com potencial de gerar soluções inovadoras.
Empreender é saber administrar
Apesar das particularidades e, às vezes, de certa informalidade no início, startups também são instituições, e é assim que Eric Ries defende que sejam tratadas.
Por outro lado, elas enfrentam desafios em contextos de grandes riscos e demandam um estilo de gestão diferente do que se aplica às empresas tradicionais.
Nesse aspecto, o conhecimento adquirido pelos gestores deve, segundo Ries, ser dividido com investidores e parceiros.
O que se pode inferir a partir disso é que startups não são apenas empresas, mas hubs que conectam pessoas, a partir dos quais se tornam difusoras de saber.
Dessa forma, a gestão de uma startup enxuta deve ser pautada não mais em hierarquia e cadeia de comando, mas no compartilhamento de ideias e de soluções.
Aprendizado testado e validado
De acordo com a teoria das lean startups, esse tipo de empresa é um experimento em constante evolução.
Sua finalidade, por isso, não é apenas vender serviços ou produtos, mas gerar conhecimento acerca da realidade ao seu redor, tornando-se cada vez mais sustentável.
Isso nos leva ao princípio segundo o qual as startups devem aprender por meio da formulação de hipóteses que, por sua vez, devem ser testadas e validadas.
Qualquer semelhança com os métodos estatísticos não é mera coincidência, afinal, desde os primeiros passos da lean manufacturing, os dados são o combustível para a inovação.
Construir, medir, aprender
Eric Ries defende ainda que as startups existem para fazer com que ideias saiam da teoria, transformando-se em soluções práticas.
Para que isso seja possível, porém, é preciso avaliar a performance de produtos e serviços em um mercado.
Sendo assim, a opinião do cliente passa a ser ainda mais importante para validar uma ideia.
É por ela que a startup deverá pautar decisões, pelas quais produtos poderão ser melhorados ou até mesmo retirados do mercado.
Em outras palavras, é por meio da cultura do feedback, que se materializa no ciclo construção/medição/aprendizado, que uma empresa se torna capaz de crescer.
Contabilidade para inovação
Dados continuam a ser fundamentais para o sucesso das empresas, e com as lean startups não é diferente.
Por isso, a contabilidade ganha ainda mais relevância, não só para garantir a conformidade fiscal e tributária, mas como fonte de dados e balizadora de decisões.
Afinal, a partir dos dados contábeis, uma empresa é capaz de avaliar o seu sucesso ao compreender o cenário em que está inserida, tudo isso se souber analisar seus números.
Nesse quesito, Ries advoga a favor de uma contabilidade pensada para startups, que leve em conta o ecossistema dessas empresas e também as expectativas dos clientes para quem devem se reportar.
Qual a importância do movimento lean startup?
Enquanto movimento, o lean startup está para esse tipo de empresa como o Manifesto Ágil esteve para as de tecnologia no começo do novo milênio.
Ele contempla uma nova realidade, em que empresas muito jovens no mercado conseguem uma grande alavancagem em um espaço curtíssimo de tempo.
Se no passado uma empresa levava décadas até se tornar um negócio bilionário, hoje, em menos de cinco anos isso já pode acontecer.
Assim sendo, a metodologia lean é fundamental porque serve de base para que novas empresas possam se orientar em um contexto muito mais dinâmico e volátil.
Diferenças entre lean startup e o modelo tradicional de negócios
Em uma observação à distância, pode até parecer que o modelo de lean startup não tem assim tantas diferenças em relação à gestão tradicional.
Contudo, olhando mais de perto, veremos que há vários pontos divergentes, tendo em vista as características dessas empresas.
Lembre-se que, segundo o conceito de startup enxuta, as empresas passam a ser não apenas desenvolvedoras de produtos e serviços, mas pólos de experimentação.
É por essa razão que elas apresentam desafios distintos, os quais pedem abordagens apropriadas.
Dito isso, veja a seguir as principais diferenças entre a metodologia lean e o modelo convencional de se fazer negócios:
Estratégia
Nas empresas tradicionais, o plano de negócios é o documento que serve como justificativa do negócio e para orientar as operações na fase inicial.
Trata-se de uma parte do planejamento, considerando que a empresa nascente estará atuando em um ambiente de risco baixo ou moderado.
Já no contexto das startups, esse risco é sempre muito alto, o que demanda não só um planejamento, como a experimentação do produto/serviço a ser lançado.
Dessa forma, a estratégia deve tomar como base uma proposta formalizada em um Value Proposition Design (VPD) e o Canvas de modelo de negócios .
O Canvas consiste em uma apresentação visual dos pilares da startup, incluindo proposta de valor, segmento, relacionamento com o cliente, recursos e receitas, entre outros itens.
Já o VPD é uma espécie de aprofundamento do modelo Canvas, no qual o produto/serviço a ser ofertado no mercado é descrito a partir do valor que ele agrega para os clientes.
Timing
Enquanto nas empresas convencionais as atualizações estratégicas são periódicas, podendo acontecer mensal, semestral ou anualmente, nas startups enxutas, esse ritmo é bem mais acelerado.
Isso porque, nesse modelo de negócio, a inovação força as empresas a dedicar muito mais tempo ao desenvolvimento de novas soluções ou melhorias das já existentes.
Tanto é que, normalmente, o timing de desenvolvimento segue métodos como o Agile Design e a própria Metodologia Ágil.
Produto
Temos no subconsciente a imagem de que produtos e serviços são desenvolvidos em salas fechadas, em reuniões para poucos membros de uma empresa.
Embora esse modelo de produção de fato tenha perdurado por muito tempo, no lean startup, ele já não cabe mais.
Afinal, os produtos/serviços só começam a ser projetados a partir de necessidades reais identificadas junto ao cliente.
Para isso, é seguido o princípio de construir, medir e aprender, no qual o feedback do consumidor é usado para nortear decisões e para apontar possibilidades de melhorias.
Forma de atuação
Por falar em construir, medir e aprender, esse é o ciclo pelo qual uma startup enxuta se coloca no mercado.
Nele, a atuação é toda baseada nos resultados dos testes utilizando Mínimo Produto Viável (MVP), em que erros e acertos levam ao aprendizado e à formulação de novas hipóteses.
É diferente das empresas tradicionais, nas quais o foco é a execução do plano de negócios, sem tanta abertura para a curva de aprendizagem.
Ou seja, elas atuam estritamente pautadas no seu próprio planejamento, com pouca margem para mudanças de curso ou alterações.
Valores
Como vimos, o lean startup é um método no qual o processo de tentativa e erro é previsto e até desejável.
As pessoas que estão à frente das empresas que seguem esse modelo são mais abertas a correr riscos, afinal, nelas a experimentação é constante.
Dessa maneira, os erros não são motivos para punição.
Pelo contrário, eles fazem parte do desenvolvimento de um produto e são utilizados como um valioso recurso.
Já nas empresas convencionais, o plano de negócios não abre espaço para falhas.
Ele deve conter todas as orientações necessárias para a condução do negócio e, se houver erros, as pessoas responsáveis devem ser penalizadas de alguma forma.
Gestão de equipes
Nos empreendimentos comuns, é normal haver a divisão das atividades por setores, cada um atuando dentro da sua esfera de responsabilidade.
Ainda que haja algum nível de interação, o que prevalece é a atuação compartimentada, em que cada área visa a atingir seus próprios objetivos, prevalecendo a hierarquia.
Na startup enxuta, o modelo horizontal de gestão favorece uma troca mais intensa de ideias.
Não há “chefes”, mas líderes que delegam responsabilidades e pessoas, cujas opiniões sempre são levadas em consideração antes de uma decisão ser tomada.
Vantagens de aplicar a metodologia lean startup
Se considerada como um método de trabalho, a lean startup promove uma série de benefícios e traz vantagens competitivas.
Talvez a principal delas seja o desmonte dos chamados silos organizacionais, ou seja, os setores que se isolam, apenas cuidando de seus interesses sem considerar o restante da empresa e o próprio cliente.
Além disso, na startup enxuta, os processos gerenciais e de comunicação tendem a ser mais ágeis e fluidos, uma vez que não existe uma hierarquia rígida.
Estrategicamente, lean startups também são capazes de dar respostas mais rápidas e assertivas, podendo assim se antecipar aos riscos e reagir melhor a eventuais crises.
Como aplicar a metodologia lean startup?
A primeira etapa para aplicar os princípios da startup enxuta é utilizar o já destacado Canvas de modelo de negócios.
É por ele que as hipóteses levantadas poderão ser validadas, para então serem aprofundadas no VPD.
Em uma segunda fase, a startup deverá testar a validade do seu produto/serviço com o próprio cliente, por meio da coleta de opiniões e de feedbacks individuais.
Paralelamente a essa etapa, a startup começa o desenvolvimento ágil.
É um trabalho a quatro mãos no qual empresa e clientes vão, juntos, desenvolvendo soluções conforme as preferências do consumidor final e eventuais limitações da startup.
O que é MVP?
O Mínimo Produto Viável (MVP) consiste em uma versão semi acabada de um produto cuja finalidade é servir para testar suas funcionalidades.
Como também vimos, o modelo de startup enxuta é todo baseado na experimentação.
Sendo assim, antes que um produto seja lançado, ele deve ser testado e validado junto aos clientes.
O MVP permite que esses testes sejam feitos com um custo mínimo para a empresa, que se habilita a conhecer eventuais falhas no produto antes de lançá-lo no mercado.
Dicas para fazer o seu MVP
O método para desenvolver um MVP é bem peculiar e tem algumas etapas básicas:
- Monte uma equipe multidisciplinar capaz de responder se o produto pode ser fabricado em larga escala e capaz de avaliar o produto por todos os seus aspectos
- Defina o produto, preenchendo a frase: “Direcionado para _______, o _______ é um _______ que _______, diferentemente de _______”
- Crie personas, perfis de clientes semi fictícios, construídos com base em perfis reais
- Corte tudo que possa ser descartado, deixando apenas o mínimo de funções necessárias
- Defina metas a serem atingidas com os testes usando o MVP.
O ciclo de feedback lean startup (Build-Measure-Learn)
O conceito de lean startup se baseia na idealização e construção ágil de um MVP, seguida de testes que o validem no mercado e no que se aprende com a experiência.
Essa é a essência da metodologia, como vimos ao expor o princípio de construir, medir e aprender.
Nesse tipo de ciclo, em que o feedback é indispensável, busca-se inovar enquanto se cria os meios para que essa inovação seja validada pelo cliente.
Exemplos de lean startup
Sendo a “mãe” do lean manufacturing, a montadora Toyota é seguramente o melhor exemplo de empresa lean, embora não seja uma startup.
De qualquer forma, o mercado global tem hoje algumas gigantes que começaram como startups e, baseadas na metodologia lean, tornaram-se referências em seus segmentos:
- Amazon
- Uber
- Airbnb
- Yellow.
Os impactos do método lean startup nos negócios
Ao favorecer a livre troca de ideias e a experimentação, o lean startup pode ser eficaz para reduzir custos, principalmente no desenvolvimento de produtos.
Pela experimentação junto aos clientes, a empresa cria laços mais fortes, nutrindo desde o começo um relacionamento baseado na confiança.
Outro impacto dessa metodologia nos negócios é permitir um ciclo de inovação mais consistente, menos baseado no feeling, controlado por métodos de eficácia comprovada.
Conclusão
Enquanto conceito, o lean startup pode ser aplicado a qualquer empresa que deseja acompanhar as últimas tendências de gestão de negócios.
Na parte prática, ele ajuda startups que lidam com riscos sempre elevados ao se posicionarem em um mercado, proporcionando uma arrancada com menos incertezas.
Você pode ser um especialista nesse tipo de metodologia e alavancar sua carreira.
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