O Brasil ainda sofre com diversos problemas sociais, apesar de ser um país de muitas riquezas.
Essas condições se fazem presentes nos mais variados âmbitos da sociedade e atingem diferentes grupos, totalizando uma grande parcela da população.
E quando uma ou mais esferas apresentam problemas na sociedade, o país como um todo sofre seus impactos, com aumento em índices de mortalidade, desnutrição, doenças, analfabetismo, crimes, exclusão e tantos outros.
Os problemas sociais prejudicam não apenas o crescimento e o desenvolvimento do país, mas a saúde e o bem-estar da população.
Por isso é importante conhecê-los, entender suas causas e identificar formas de combatê-los.
Estes são os tópicos que vamos abordar neste artigo:
Boa leitura!
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Um problema social é definido por qualquer condição ou comportamento que traga consequências negativas para um grande número de pessoas, dificultando que atinjam pleno potencial.
São parte do sistema econômico, cultural, político e social, envolvendo tanto pessoas quanto organizações, empresas e suas funções.
As pessoas podem inicialmente discordar sobre a existência de tais consequências ou sua extensão e gravidade, mas normalmente um conjunto de dados se acumula, a partir de pesquisas, e aponta fortemente para amplas e sérias implicações.
Algumas vezes, os problemas sociais só são classificados assim se cidadãos, formuladores de políticas e outras partes chamam a atenção para sua condição com grande alarde.
Para serem considerados problemas sociais, essas condições que perturbam ou prejudicam a sociedade precisam fazer parte de um processo de reivindicações para serem abordados e entendidos de maneiras específicas.
Então, serão construídos e reconstruídos pela mídia, pelo público, pelos formuladores de políticas, por quem as implementam e pelos críticos que avaliam a eficácia de tais ações.
Se você se pergunta quais são os três maiores problemas sociais no Brasil hoje, nossa resposta é que muito maior que esse número.
Pobreza, desemprego, desigualdade de oportunidades, racismo e desnutrição são alguns dos principais problemas sociais no Brasil.
Podemos citar também a habitação precária, a discriminação no emprego, o abuso e negligência infantil e tantos outros.
Veja a seguir 12 tipos de problemas sociais com os quais nosso país se depara diariamente.
Embora o Brasil seja o único país com mais de 200 milhões de habitantes com um sistema de saúde pública universal, sabemos que muitas pessoas esperam meses por um atendimento.
Não faltam notícias de longas filas e de pessoas que morrem enquanto aguardam sua vez para um tratamento ou cirurgia.
O Sistema Único de Saúde (SUS) existe para atender gratuitamente a todos os brasileiros, desde a assistência primária aos mais complexos procedimentos, incluindo até mesmo a vacinação contra o coronavírus.
Entre 70% e 80% da população depende exclusivamente dos seus serviços, o que gera uma grande sobrecarga do sistema, resultando em problemas na gestão hospitalar, com unidades lotadas, falta de equipamentos, de leitos e de médicos.
Além da falta de estrutura para o grande número de usuários, um dos maiores causadores da deficiência dessa estrutura é a falta de recursos financeiros, o que leva à precarização dos atendimentos.
O Brasil gasta 8% do seu PIB em saúde, sendo que apenas 3,8% é de investimento público e, para 2022, houve um corte de 20% do seu orçamento.
Dados do IBGE indicam que 11 milhões de brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos e até 29% são analfabetos funcionais (que sabem identificar as palavras, mas não conseguem compreender e interpretar textos e ideias).
O investimento do Estado na educação do país vem caindo nos últimos cinco anos, chegando ao menor patamar desde 2012, e para 2022 o valor autorizado é de R$ 6 bilhões a menos que no ano anterior.
Isso causa infraestrutura precária, falta de material, superlotação de salas de aula e impacta no desempenho do estudante.
Houve um retrocesso de 1,3% no número de alunos matriculados na educação básica em 2021, o que significa mais 627 mil crianças fora das escolas.
Outro fator que impacta negativamente na alfabetização é a falta de incentivo e do costume à leitura, sendo que apenas metade da população cultiva esse hábito.
O déficit habitacional no Brasil, segundo pesquisas mais recentes, é de 5,8 milhões de moradias, o equivalente a 8% das habitações do país.
Destes casos, 79% se concentram em famílias de baixa renda e 87% em nas áreas urbanas.
Esses números não indicam apenas falta de moradia, mas situações precárias e valores excessivos.
Dentre as causas desse problema social estão o desemprego e a especulação imobiliária, sendo que a elevação dos aluguéis ocasionou um aumento de 221 milhões de moradias desocupadas.
Os problemas sociais geralmente estão interligados, são causa e consequências uns dos outros.
O analfabetismo, por exemplo, leva ao desemprego, que por sua vez pode levar à falta de moradia, à informalização e ao empobrecimento da população.
Em termos de trabalho, o número de desempregados no primeiro trimestre de 2022 foi de 11,9 milhões, ou 11,1% da população ativa.
Destes, 13,7% são mulheres e 9,1%, homens.
A taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos é superior a 20%, já para jovens entre 14 e 17 anos, o desemprego é de 36%.
Outro problema que a força de trabalho jovem enfrenta é a baixa remuneração, que fica em torno dos R$ 1.452 por mês, o equivalente a metade da renda média do trabalhador brasileiro.
Segundo o último levantamento divulgado pelo IBGE, quase 40% das cidades brasileiras ainda não contavam com serviço de esgoto sanitário no período em que a pesquisa foi realizada.
Ao todo, 34,1 milhões de residências não recebem esse serviço, sendo que apenas pouco mais de 60% dos municípios tratam o esgoto.
Um outro estudo recente indica que apenas 84% da população tem acesso à água potável.
A falta de saneamento, recolhimento e tratamento adequado do esgoto e de água encanada e potável impacta na sociedade com a proliferação de doenças, aumento da mortalidade e sobrecarga do sistema de saúde.
A má distribuição de renda entre as classes sociais é um dos graves problemas que o Brasil enfrenta.
Segundo o relatório de desigualdade mundial, o Brasil está entre os países de maior disparidade, sendo que a metade da população com as menores rendas ganha 29 vezes menos que os 10% mais ricos.
Para fins de comparação, a diferença na França é de apenas 7 vezes.
A renda média anual brasileira, em termos de paridade de poder de compra, é de 14 mil euros, sendo que os 10% mais ricos têm renda de 81,9 mil euros e representam 58,6% dos ganhos totais do país.
Em termos patrimoniais, no Brasil, enquanto a metade mais pobre da população detém apenas 0,4% da riqueza do país, os 10% mais ricos possuem 80% do patrimônio.
E se olharmos apenas para o 1% da riqueza extrema, essas pessoas contabilizam quase 50% de toda a riqueza nacional.
Segundo o levantamento, isso destaca a persistência de sistemas econômicos e sociais extremamente hierárquicos, resultado moderno das sociedades coloniais ou do apartheid.
Antes da pandemia de Covid-19, dados do IBGE indicavam que mais de 1,7 milhão de crianças e adolescentes estava envolvido em trabalho infantil, número que pode ter aumentado ainda mais.
Um estudo realizado por um pesquisador brasileiro da Universidade de Zurique indica que na verdade são 5,7 milhões em trabalho infantil, um percentual de 19,15% das crianças.
São muitos os prejuízos do trabalho infantil, desde educacionais, como baixo rendimento escolar ou mesmo abandono da escola, a psicológicos, como baixa autoestima e depressão, e físicos, como lesões, problemas de coluna e respiratórios.
Embora seja um país rico em terras cultiváveis, o Brasil enfrenta o grave problema social da fome, que vem se agravando ainda mais com as consequências da pandemia, como o desemprego.
A fila de pessoas para comprar ossos de animais foi notícia no país e no mundo, assim como imagens de brasileiros vasculhando restos descartados de uma fábrica de ração e sabão para animais de estimação.
Uma pesquisa mostrou que apenas 44,8% dos domicílios visitados tinham seus moradores em segurança alimentar, ou seja, em 55,2% dos lares as pessoas não tinham acesso a alimentos regularmente.
Isso significa 11,8 milhões de brasileiros, sendo que desses, 9% passavam fome constantemente.
A insegurança alimentar grave leva a um alto índice de subnutrição, anemia, carência de nutrientes, diversos distúrbios e morte.
A destruição da Amazônia brasileira chegou a mais de 10 mil quilômetros quadrados em 2021, uma área de mata nativa equivalente à metade do estado de Sergipe.
Isso significa que o desmatamento cresceu 29% e foi o maior em 10 anos.
Até mesmo unidades de conservação federal tiveram seus territórios atingidos com devastação de mais de 500 quilômetros quadrados, totalizando 10% a mais que no ano anterior.
Esse cenário é extremamente grave, trazendo consequências como perda da biodiversidade, ameaça aos povos tradicionais, aumento do aquecimento global e alteração do regime de chuvas.
A desigualdade racial também integra o rol de problemas sociais no Brasil e se reflete em diversas esferas da vida.
Dados do IBGE mostram que enquanto apenas 3,6% de brancos são analfabetos, o número salta para quase 9% entre negros.
Já o desemprego sobe de 9,3% para 13,6% e a informalidade de 34,5% para 47,4%.
Em termos de média salarial, a remuneração de brancos se mostrou 73,4% superior.
Ainda, 70% das pessoas abaixo da linha da pobreza é de negros ou pardos.
A desigualdade também é identificada nos estudos, sendo que 71,7% dos jovens fora da escola são negros.
Como consequência, vemos a exclusão de uma grande parcela da sociedade, colocada em situação de vulnerabilidade social, sofrendo com falta de direitos humanos, racismo, analfabetismo e falta de oportunidades.
Um levantamento sobre o uso de drogas no Brasil mostra que 3,2% admitiram ter usado substâncias ilícitas no período de um ano antes da pesquisa.
Esse número equivale a quase 5 milhões de brasileiros, sendo que se for considerada apenas a faixa etária entre 18 e 24 anos, esse número sobe para 7,4%.
Dentre as drogas mais consumidas, estão maconha e cocaína.
Embora não seja considerado ilegal, o consumo de álcool é preocupante, com 2,3 milhões da população demonstrando critérios de dependência.
O consumo de drogas traz diversos problemas para a sociedade e para a saúde de seus usuários.
Em 2021, o SUS registrou um aumento de 12,4% nos atendimentos relacionados a transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de drogas ilícitas e álcool.
A violência é um problema social que resulta de tantos outros, como evasão escolar, fome, uso de drogas, desigualdades e corrupção.
O Atlas da Violência no Brasil mostra que no período de um ano, entre 2018 e 2019, houve um aumento de 35% de mortes violentas.
Já os dados de 2022 indicam que o número saltou para 81% em relação ao ano anterior.
Os problemas sociais trazem graves consequências, como já mostramos ao longo deste texto.
Veja um resumo com as mais impactantes:
É claro que as desigualdades no Brasil se agravaram com a Covid-19.
Afinal, a pandemia trouxe mais desemprego, levando uma maior parcela de pessoas à fome, reduzindo o número de estudantes e sobrecarregando o sistema de saúde.
Um levantamento da FGV mostrou que, por ocasião da suspensão do auxílio emergencial no primeiro trimestre de 2021, a proporção de pessoas com renda abaixo da linha de pobreza chegou a 16%, o equivalente a 34 milhões de brasileiros.
Esse dado é chocante quando comparado aos seis meses anteriores, indicando um aumento de 3,5 vezes no número de pessoas em condições precárias e levando 25 milhões de “novos pobres”.
Para a parcela mais desprovida da população, a perda de renda chegou a 21,5%, aumentando ainda mais a desigualdade, já que para os mais ricos, a queda na renda foi de 7,16%.
Se olharmos a alfabetização de crianças, houve um aumento de 66% entre as que não sabiam ler ou escrever aos 6 ou 7 anos.
Para superar problemas na sociedade, é preciso investir em assistência básica, contar com a ajuda da tecnologia, ter uma gestão eficiente e formar profissionais habilitados e preparados para tal.
A criação de políticas públicas e a destinação de mais recursos financeiros e pessoais por parte do governo é uma necessidade, mas não é o único caminho.
Duas ferramentas poderosas no combate aos problemas sociais são a inovação e o empreendedorismo social.
Essa é uma via efetiva e sustentável para transformar positivamente a realidade das pessoas.
Ao envolver iniciativa privada, governos e sociedade civil, o empreendedorismo social traz soluções na forma de serviços e produtos, levando à inclusão e ao crescimento.
Uma iniciativa de empreendedorismo social que envolve jovens de uma comunidade carente, por exemplo, ajuda no desenvolvimento de habilidades desses indivíduos, preparando-os para uma profissão.
Há muitos exemplos de empreendedorismo social pelo mundo que estão melhorando a vida de comunidades, como uma empresa em Gana que empodera comunidades rurais através da transformação digital e inclusão financeira.
Outro exemplo é uma marca espanhola sustentável que usa produtos descartados, como redes de pesca, garrafas PET e pneus em material para confecção de roupas, sapatos e acessórios.
O Brasil também tem muitos exemplos, como as empresas que usam a engenharia circular e a logística reversa para reciclar e dar novo uso a materiais, trazendo resultados econômicos, sociais e ambientais.
Fizemos uma longa caminhada neste texto até aqui para ter um panorama real dos problemas que afetam a sociedade brasileira.
É hora de fazer um breve resumo com respostas às perguntas mais frequentes sobre o assunto.
Como vimos, um problema social é uma condição ou comportamento que prejudica uma grande parcela da sociedade e gera efeitos graves até mesmo para o país, como fome, violência, desemprego, analfabetismo, desigualdades, falta de saneamento básico e déficit habitacional. Esses problemas são tanto causa quanto consequência uns dos outros.
Podemos citar diversas causas dos problemas sociais no Brasil. Algumas delas são a falta de políticas públicas e de orçamento e má gestão do Estado nas esferas onde esses problemas se concentram. Além da má distribuição de renda estrutural, a falta de oportunidades, o preconceito e a corrupção.
Como vimos, o empreendedorismo social vai além do assistencialismo, criando negócios sustentáveis que agregam valor à sociedade.
Essa prática traz impactos positivos para a comunidade envolvida, para a sociedade como um todo, para o meio ambiente. Ao focar na demanda da população vulnerável, pode ser implementado em diferentes esferas, como educação, habitação, geração de empregos, saúde e inclusão, dentre outras.
É importante conhecer os problemas sociais no Brasil e entender suas causas e consequências para identificar formas e caminhos para combatê-los.
Embora sejam diversos, estão interligados, e há muitas formas de enfrentá-los.
Quem sabe, você pode dar esse passo com uma iniciativa de empreendedorismo social.
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