Você e seu negócio estão preparados para a nova economia? Ou ainda existem dúvidas sobre o que isso significa?
O conceito representa uma disrupção em relação a muitas das premissas que serviam como base para as empresas até o final do século 20, como a centralização do mercado e consumidores passivos.
Partindo de inovações promovidas pela indústria 4.0, experiência do usuário, sustentabilidade e outros pilares, uma perspectiva diferente deve guiar as organizações modernas.
Pensar seu impacto social e ambiental são algumas das tendências em alta, além da valorização do indivíduo como protagonista para o desenvolvimento de produtos e serviços.
Se deseja se atualizar sobre essa dinâmica, continue lendo o artigo.
Vamos explicar em que consiste a nova economia, sua origem, princípios, tipos de negócio e as transformações no comportamento do consumidor.
Confira, abaixo, os tópicos abordados e vamos em frente:
Boa leitura!
Nova economia é uma expressão que define uma diferente lógica de mercado, que deixa de se concentrar em produtos para priorizar serviços. Tem como marca uma cultura centrada em pessoas, junto a impactos expressivos da tecnologia, mudanças velozes e colaboração.
Na nova economia os modelos de negócio assumem maior flexibilidade para personalizar soluções conforme as preferências do usuário.
Estamos vivenciando essa era desde o final dos anos 1990, mas, hoje, alguns conceitos disruptivos estão em alta.
Um deles é o da indústria 4.0, que se vale de automação e máquinas cada vez mais inteligentes para elevar a eficiência dos produtos e serviços, possibilitando até mesmo a customização a partir de baixo investimento.
Nessa lógica, os humanos se dedicam à promoção de bem-estar e encantamento do cliente, deixando tarefas monótonas, operacionais e repetitivas para os robôs.
Assim, através da transformação digital, as empresas têm acesso a quantidades maciças de dados (big data), aprofundando seu conhecimento sobre o consumidor para identificar suas necessidades e desejos.
Outro aspecto que se insere na ideia da nova economia é o desenvolvimento sustentável, que descreve evoluções econômicas em harmonia com avanços sociais e preservação ambiental.
Alcançar a sustentabilidade se torna um objetivo para qualquer organização que queira ter perenidade, afinal, isso depende de uma gestão inteligente dos recursos naturais e humanos.
O primeiro registro oficial do termo nova economia foi identificado no artigo “The Triumph of the New Economy – A powerful payoff from globalization and the Info Revolution“, escrito por Michael J. Mandel e publicado na revista BusinessWeek.
Era 1996 quando Mandel abordou o movimento do mercado mundial, que deixava de ser industrial para priorizar os serviços.
Fenômenos como a globalização, popularização da internet comercial e da informação levaram os primeiros analistas que se debruçaram sobre esse conceito a fazer previsões bastante otimistas, como o crescimento contínuo dos negócios e empregos.
Alguns chegaram a acreditar que a nova era estaria acima da lógica cíclica da economia, que intercala picos a depressões ou crises.
Essas previsões foram desacreditadas a partir dos anos 2000, quando a bolha especulativa das “ponto com” (companhias baseadas na internet) explodiu, levando o mercado dos Estados Unidos a uma recessão.
Contudo, as bases da nova economia já haviam sido colocadas, impulsionando formatos inovadores de empreendedorismo e negócios disruptivos, como as startups.
Desde então, a economia foi se moldando às transformações advindas de tecnologias emergentes e à valorização do indivíduo, que detém o capital humano que agrega diferenciais às empresas.
Enquanto os funcionários são priorizados dentro das organizações, os consumidores são valorizados fora dos muros, solidificando áreas como a experiência do usuário (UX ou user experience).
Assim, tanto empregados como clientes passam a ser colaboradores na construção de soluções para problemas simples e complexos.
A nova economia tem como premissa a superação de valores enraizados nas organizações do século passado, quando a concorrência era menor e dominada pelo mainstream.
Em geral, era o público que precisava se adequar para estar na moda, ter o carro do ano ou frequentar locais badalados.
Mas a internet mudou a dinâmica.
Primeiro, porque possibilitou a inserção de uma série de empresas menores no mercado, competindo com grandes redes em condições semelhantes – através de sites e mídia online.
Assim, caso se depare com qualquer problema, o usuário pode trocar de site com, literalmente, um clique.
Vamos aprofundar essas mudanças nos próximos tópicos.
Por enquanto, cabe mencionar as transformações nos hábitos de compra, que impulsionaram um jeito diferente de pensar e gerir os negócios.
A seguir, reunimos 7 princípios desta nova economia.
Lucro e dinheiro já não são os únicos indicadores do sucesso, seja para carreiras ou organizações.
Para ser bem-sucedido, é preciso descobrir um propósito que motive a construção de uma carreira ou de um negócio, uma causa maior para que eles existam.
Caso contrário, as chances de estabelecer um relacionamento de qualidade com o cliente despencam, uma vez que ele também reconhece a sua missão.
Cada vez mais, o público decide consumir de forma consciente, contratando serviços e adquirindo produtos de marcas alinhadas aos seus valores pessoais.
Como afirma Renato Mendes, sócio da aceleradora de negócios Orgânica nesta entrevista:
“A gente costuma dizer que na nova economia a empresa vencedora não é a que tem a melhor ideia, é a empresa que melhor conhece o seu consumidor e vai criando soluções para esse cliente; muitas vezes ele não sabe o que ele quer, mas ele sabe a dor que ele sente.”
Portanto, as companhias que se darão melhor nesse tempo são aquelas que investem não apenas em um atendimento satisfatório, e, sim, no encantamento do cliente.
O exemplo mais emblemático dessa cultura é a Disney que, ao vislumbrar o desejo de experiências marcantes e “mágicas”, criou parques temáticos que superam as expectativas dos visitantes.
Desse modo, a empresa consegue estabelecer conexões emocionais que se traduzem na fidelização do consumidor e no crescimento dos serviços à medida que novos desejos são identificados.
Na velha economia, o mercado girava por meio da percepção de uma necessidade que era, então, atendida.
Na nova economia, a máxima de partir de um problema para desenvolver um produto ou serviço segue válida, entretanto, existe a criação de demandas.
O smartphone é a história mais conhecida dentro desse raciocínio, afinal, ninguém tinha a necessidade de responder e-mails ou acessar as redes sociais através do celular.
Porém, uma vez que os smartphones foram adquiridos pelos primeiros consumidores, a novidade atraiu mais pessoas, construindo demandas baseadas no desejo de tornar ações e serviços mais ágeis.
As transformações em alta velocidade são uma constante na era digital, portanto, a flexibilidade ganha relevância.
Esse atributo permite adaptações rápidas para que as organizações aproveitem oportunidades e, se necessário, corrijam os rumos por meio de mecanismos como a pivotagem.
Com origem no ecossistema de startups, a pivotagem se refere a grandes mudanças, momentos em que é preciso alterar a solução oferecida ao público, ou mesmo ajustar o target para que o negócio sobreviva.
Essa lógica considera a possibilidade de falhas, que são comuns nos processos de inovação e não devem ser temidas, principalmente para quem se aventura a empreender.
Depois de errar, verifique o que não saiu conforme o esperado, ajuste as metas e siga em frente.
A nova economia entende que uma solução nunca está totalmente pronta, pois sempre há o que melhorar.
Portanto, o cenário é de incertezas para companhias de todos os setores e portes, que precisam monitorar o consumidor continuamente para acompanhar suas preferências.
Existem algumas estratégias para diminuir a incerteza, prever comportamentos e evitar rombos no orçamento da empresa.
Uma delas é o Produto Mínimo Viável (MVP ou Minimum Viable Product), que constrói uma versão simplificada que será testada e aprimorada a partir de feedbacks dos clientes em potencial.
Parece clichê, mas essa frase encontra respaldo nas mudanças de comportamento que as crises provocam.
Em época de calmaria e prosperidade, dificilmente há inovações ou descobertas significativas. Já em meio ao caos, emergem oportunidades não exploradas.
Durante a pandemia de coronavírus e as consequentes medidas de isolamento social, por exemplo, o e-commerce tomou fôlego e surgiram (ou ressurgiram) opções de entretenimento dentro do carro, por meio de drive-ins.
Uma realidade do contexto atual é que, para se manterem competitivas, as empresas precisam se reinventar após períodos curtos, de apenas alguns anos.
Isso porque as transformações são frequentes e rápidas, o que pede inovação – e pivotagem – para que as companhias se mantenham relevantes e atraentes ao consumidor.
Lembrando que inovar nem sempre significa inventar algo do zero.
Na maioria das vezes, se parece mais com uma adequação a um contexto ou detalhe que não havia sido notado.
Na nova economia, a fragmentação e a personalização são a regra, o que leva a uma revolução nos modelos de negócio.
Flexibilidade, eliminação de desperdício, ambientes horizontais e transparência entram na ordem do dia, formando empresas que destoam dos modelos tradicionais.
O atendimento a nichos específicos e a valorização do bem-estar pessoal, tanto dos funcionários quanto dos clientes, também são tendências para as empresas.
Segundo o executivo Adriano Silva, do Projeto Draft, os novos modelos de negócio podem ser classificados em 4 grupos, que comentamos abaixo.
Parte de uma reconstrução ou renovação do pensamento, ou seja, de uma disrupção.
Modelos criativos atendem aos anseios dos donos por equilíbrio e propósito, produzindo bens intangíveis por meio do conhecimento, áreas e atividades de que os empreendedores gostam.
Como o nome sugere, são negócios capazes de ganhar escala rapidamente.
São aqueles que dispõem de uma solução que pode ser replicada várias vezes, sem que se precise aumentar o investimento em estrutura, capital e mão de obra.
Um exemplo são os serviços de streaming, como a Netflix, que entregam o serviço para uma grande quantidade de clientes, usando uma mesma estrutura.
Também chamados negócios de impacto, têm como objetivo central promover melhorias em comunidades.
Não quer dizer que essas empresas são deficitárias, contudo, o lucro não é sua razão de existir.
Essas iniciativas costumam se desenvolver em segmentos como educação, moradia, saúde e capacitação profissional, capazes de impulsionar mudanças sociais profundas.
São colaboradores que praticam o empreendedorismo interno, testando novas ideias com o dinheiro da corporação onde atuam.
Muitas empresas buscam esse perfil, dada a sua importância para que a companhia siga repensando e aprimorando soluções para manter o cliente satisfeito e, se possível, leal à marca.
Mais acima, falamos um pouco sobre esse assunto, contando sobre as transformações nas atitudes do cliente.
Podemos dizer que três variáveis favoreceram as mudanças: a tecnologia, o conhecimento e o empoderamento do usuário.
A tecnologia, como vimos, tem sua maior representação na internet, ampliada pelas possibilidades da Quarta Revolução Industrial.
Análise de dados, inteligência artificial e internet das coisas (IoT) são algumas das tecnologias que têm desencadeado avanços consideráveis e enriquecido as soluções disponíveis no mercado.
Todo esse progresso apresentou um mar de oportunidades para o consumidor, que pode escolher a mais adequada a seus interesses, momento de vida e orçamento.
O conhecimento é a moeda da era digital e, consequentemente, da nova economia.
Nos dias de hoje, boa parte dele está disponível para aqueles que se dispõem a pesquisar e aprender sobre novos temas, a custos baixos ou até gratuitamente.
Essa lógica de compartilhamento sobre assuntos empresariais não existia antes da rede mundial de computadores, sendo a responsável pelo empoderamento do usuário.
Pela primeira vez, ele sabe que o poder de decisão está em suas mãos e pretende fazer uso desse poder, embasando suas escolhas em informações, recomendações confiáveis e indicações de conhecidos.
Se não ficar satisfeito com um produto ou serviço, pode simplesmente trocar de fornecedor.
Nesse contexto, só faz sentido ser fiel às empresas que tenham valores em comum com os seus próprios, o que destaca a conscientização na jornada de compra.
Pessoas interessadas na preservação do meio ambiente, por exemplo, buscam por companhias que tenham esse compromisso, incentivando a reposição de recursos naturais e a economia circular (que estende a vida útil dos insumos até que não sejam mais reaproveitáveis).
Quem levanta a bandeira contra a discriminação evita consumir de organizações que tratem seus funcionários e clientes de modo desigual.
Apesar da fama de criativo, o Brasil ainda precisa percorrer um longo percurso em direção à nova economia.
Uma avaliação superficial das principais bolsas de valores já aponta um gap no país, quando comparado a potências como China e Estados Unidos – onde nasceram grandes representantes desse conceito, como a Apple e o Google.
Nos EUA, empresas da nova economia conquistaram 70% do valor obtido pelas 10 maiores companhias com ações nas bolsas em 2019, enquanto, no Brasil, nenhuma representante dessa lógica aparecia entre as top 10.
Por outro lado, unicórnios (que valem mais de US$ 1 bilhão) criados em território nacional mostram que a área vem despontando e tem grande potencial de crescimento nos próximos anos.
No artigo “Tec é a chave”, o sócio sênior da consultoria McKinsey, Heitor Martins, aponta 3 caminhos para o avanço da nova economia no país, que podem ser tomados por diferentes atores, simultaneamente.
Veja quais são:
Com um espírito intraempreendedor, companhias se adequam para atender a novas demandas e se manter próximas aos clientes em potencial.
O Magazine Luiza é um case nesse contexto, tendo usado a crise causada pela Covid-19 para transformar seu modelo de negócio em um marketplace de sucesso.
São grupos de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza, segundo define o Sebrae.
Os unicórnios são exemplos de startups que deram muito certo, como as brasileiras 99taxis, iFood e Nubank.
Para se expandir, essas organizações precisam de capital de investimento – muitas vezes vindo de fundos de Venture Capital.
No país, eles aumentaram 40 vezes entre 2012 e 2019, alcançando US$ 2,4 bilhões ou 0,12% do PIB nacional, ilustrando as oportunidades para negócios inovadores.
São grandes companhias que mantêm sua marca tradicional, mas buscam parcerias ou montam empresas para investir em inovação, paralelamente.
No Brasil, a formação de mão de obra técnica está entre os desafios mais preocupantes, pois é essencial contar com engenheiros, cientistas e outros especialistas com esse perfil para desenvolver as soluções tecnológicas.
Segundo explica o consultor Leonardo Beling nesta matéria, outras barreiras para executivos e empreendedores são:
A nova economia foca na entrega de bem-estar e valor ao cliente, construindo negócios embasados em propósito, demandas sociais, criatividade e empreendedorismo interno.
Flexibilidade e autonomia estão entre as características desejáveis para se adaptar a essa nova dinâmica, tanto na condução de empresas quanto da carreira.
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