A sustentabilidade econômica é um dos três pilares para alcançar o chamado desenvolvimento sustentável.
Junto ao pilar social e ao ambiental, o conceito promove evoluções que respeitam e preservam os recursos naturais, a fim de que estejam disponíveis para as próximas gerações.
Essa visão está em alta nos dias de hoje, quando a humanidade sofre com catástrofes, desastres e uma crise climática sem precedentes.
Para mudar essa realidade, é essencial adotar uma nova perspectiva, entendendo que, sem ecossistemas saudáveis, todo o progresso da sociedade e da economia estarão comprometidos.
Quer saber como você, suas habilidades profissionais e sua empresa podem contribuir nessa causa? É só continuar lendo o artigo.
Vamos explicar em que consiste a sustentabilidade econômica, sua aplicação em governos e organizações, vantagens e desafios a serem superados.
Veja quais são os tópicos comentados ao longo do conteúdo:
Siga a leitura para compreender tudo sobre o tema!
Os pilares do desenvolvimento sustentável têm um olho no presente e outro no futuro.
Eles partem dos desafios hoje existentes para destacar ações necessárias em resposta a eles e, assim, permitir que as próximas gerações possam contar com os mesmos recursos naturais à disposição da atual.
A fala abaixo diz muito sobre isso.
É de embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, que assim falou durante debates da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas (ONU):
“Todos sabem que é impossível colocar uma cerca em volta da floresta e esperar que, por conta disso, não haja desmatamento. Se a decisão de proteger a floresta não for acompanhada de perspectivas de desenvolvimento econômico, de inclusão social e de geração de empregos não há como se garantir a proteção ambiental.”
O raciocínio proposto traduz, de forma simples, a motivação para que as autoridades presentes elegessem três pilares para o desenvolvimento sustentável – que corresponde ao progresso econômico em harmonia com recursos ambientais e o apoio à sociedade.
Os pilares são:
Durante a cúpula, que foi realizada em Joanesburgo, África do Sul, em 2010 e ficou conhecida como Rio+10, as nações reconheceram que pensar na preservação da natureza de forma isolada não permite a sustentabilidade do desenvolvimento.
Em outras palavras, se não forem adaptadas ao contexto social e econômico, as ações em prol da conservação dos ecossistemas logo perdem força e se dissipam.
Portanto, é fundamental disseminar a ideia de que essas três esferas formam um conjunto, um tripé, dependendo umas das outras para se manter de pé e garantir a qualidade de vida não somente dos seres humanos, mas de todas as espécies que habitam a Terra.
Daí a necessidade de uma transformação interna dos povos, substituindo conceitos destrutivos, como o consumismo, lucro acima de tudo e alta produção de resíduos por ideias que nos conduzam à sustentabilidade.
É o caso de fontes de energia limpa e alternativa, consumo sustentável, produtos verdes, economia circular e bioeconomia.
Ter consciência de que os recursos naturais não são infinitos é o primeiro passo para mudar nossos hábitos e diminuir o impacto deles sobre o meio ambiente.
Vale darmos uma olhada na definição presente na publicação do Sebrae “Sustentabilidade econômica: Como sua empresa pode ser mais lucrativa”:
“Sustentabilidade econômica é um conjunto de práticas econômicas, financeiras e administrativas que visam o desenvolvimento econômico de um país ou empresa, preservando o meio ambiente e garantindo a manutenção dos recursos naturais para as futuras gerações.”
Ou seja, ela corresponde a um novo jeito de viver e de produzir, que leva em consideração os efeitos sobre o meio ambiente e as comunidades, e não apenas a evolução econômica.
Assim, o crescimento dos países e das organizações neles instaladas deve ser planejado com base no tripé do desenvolvimento sustentável, a fim de que haja continuidade.
Partindo desse raciocínio, é preciso avaliar os impactos sociais, ambientais e econômicos antes de construir algo novo ou tomar uma decisão relevante, seja em nível mundial, nacional, estadual, municipal ou mesmo dentro de uma empresa.
Essa lógica possibilita uma visão ampla para todos os atores que atuam na dinâmica da economia, de modo que visualizem que as consequências de suas atitudes sobre si mesmos, sobre a sociedade e os ecossistemas.
Um exemplo clássico é o desmatamento que, na maioria das vezes, é feito para desocupar áreas que servirão para a agricultura ou pecuária predatória, fornecendo o solo e/ou pasto para alimentar o gado.
Em um primeiro momento, essa prática pode fazer sentido para um produtor ou pecuarista que necessite de espaço, contudo, seus efeitos são desastrosos.
Dependendo da tática utilizada para desmatar, o resultado tende a ser prejudicial já nessa etapa.
É o caso das queimadas, que, não raramente, saem de controle e destroem áreas além do projeto inicial, sem falar dos danos ao solo e à floresta restante, englobando a extinção de espécies da flora e fauna.
Em médio e longo prazo, o estrago pode ser ainda maior, gerando contaminação do solo e rios, desequilíbrio climático e consequências ainda mais nocivas, como o aquecimento global.
Todos esses problemas poderiam ser evitados se houvesse uma perspectiva que considerasse os aspectos coletivos, priorizando o desenvolvimento sustentável.
Governos têm um papel central para a sustentabilidade econômica, pois cabe a eles promover práticas conscientes, realizar e incentivar o consumo sustentável e alinhar a legislação a essas medidas.
O ideal é que as mudanças nos padrões de produção e consumo comecem internamente, através da adoção de ações responsáveis como a digitalização para diminuir o uso de papel e o emprego de copos retornáveis nos escritórios e locais que pertencem ao Estado.
Segundo detalha o site do Ministério do Meio Ambiente, é vital que as autoridades se engajem em iniciativas de produção e consumo sustentáveis (PCS).
Elas podem ser descritas como:
“Processos de produção, serviços e consumo que priorizam a eficiência na utilização de insumos e recursos, a redução de desperdício, a minimização de riscos à saúde e ao bem estar humanos, entre outras medidas de qualidade no gerenciamento dos recursos naturais e humanos, gerando com isso efeitos econômicos e sociais positivos, além de proteger o meio ambiente para todos.”
Também é responsabilidade do governo manter a legislação atualizada, favorecendo organizações que busquem ou trabalhem pelo desenvolvimento sustentável, cobrar e aplicar sanções àquelas que prejudicam a sociedade e o meio ambiente.
Entre os mecanismos que devem ser incentivados, vale citar:
Sob o ponto de vista da gestão de negócios, atualmente, o tripé do desenvolvimento sustentável se aplica às companhias de todos os portes e setores.
Afinal, cada uma delas consome e realiza processos que têm efeitos sociais, ambientais e econômicos.
A harmonia entre essas três dimensões é o que confere um equilíbrio para as empresas, pois não é possível se manter e se expandir de forma saudável se alguns deles for deixado de lado.
Por muitas décadas, o aspecto financeiro, expresso pela lucratividade, era o único a guiar as decisões tomadas por aqueles que estavam à frente de um negócio.
A falta de preocupação com o ambiente e a comunidade no entorno acabou levando a impactos expressivos, como as tragédias de Mariana (2015), e Brumadinho (2019), ambas em Minas Gerais.
Além das dezenas de pessoas mortas, comunidades foram destruídas e águas como as do Rio Doce, contaminadas, comprometendo seriamente o ecossistema local e o abastecimento em cidades próximas.
Também foi por água abaixo a reputação da Vale, empresa controladora de ambas as barragens e rejeitos que se romperam, destruindo casas, empregos, vidas e recursos naturais.
Essas catástrofes dão uma ideia sobre a necessidade de que as empresas assumam posições em favor da sociedade e do meio ambiente, por exemplo:
A sustentabilidade econômica é a responsável pela saúde financeira das organizações.
Apesar da inegável importância das esferas social e ambiental, a econômica é crítica, pois uma empresa que não consiga ter lucro está fadada à falência.
O mesmo raciocínio se aplica a outras organizações e até nações.
Afinal, o equilíbrio econômico não depende do quanto é ganho, mas da forma como os gastos são gerenciados.
Nesse sentido, ações com início nas etapas de planejamento são essenciais para garantir a perenidade das organizações e das nações.
Mas a interface econômica não se restringe aos recursos financeiros.
Ela inclui a eficiência dos processos, ou seja, a capacidade de produzir mais com menos, otimizando a dinâmica de fabricação para elevar a produtividade.
Embora ainda não estejam bem difundidos, muitos mecanismos economicamente sustentáveis aumentam a eficiência e, consequentemente, a lucratividade das empresas.
O reuso de produtos, por exemplo, poupa energia, tempo de fabricação e dinheiro para a compra de um novo insumo.
Já o investimento em energias alternativas poupa as fontes esgotáveis, como o carvão mineral, petróleo e derivados, diminuindo custos a médio e longo prazo através de recursos abundantes.
Desse modo, a economia segue crescendo, mas provocando impactos menores no meio ambiente e promovendo a inclusão social através da geração de empregos, fomento a empresas locais e maior distribuição de renda.
Apesar das barreiras para diminuir a geração de resíduos e adotar a economia circular, o país está relativamente avançado no segmento de energia.
Isso porque a produção energética é composta, em sua maioria, por uma fonte limpa e renovável: a hídrica.
Embora não sejam a opção mais inteligente – pois a nação dispõe de alto potencial solar e eólico, escolhas com menor impacto para os ecossistemas -, as hidrelétricas dispensam o uso de combustíveis fósseis, evitando a emissão de toneladas de gases poluentes como o CO2.
Esse e outros gases de efeito estufa (GEE) contribuem para a concentração de calor na atmosfera, reforçando o aquecimento global – um dos vilões para a vida terrestre.
Já no que tange ao consumo energético, os biocombustíveis são outro avanço evidente brasileiro, com destaque para o etanol gerado da cana de açúcar.
Nesse contexto, a exigência legal de que o combustível seja adicionado à gasolina foi um dos motores para a criação e expansão de um mercado para o álcool, impulsionando sua comercialização em todo o país.
No entanto, se analisarmos a abundância de recursos naturais, biodiversidade e criatividade em território nacional, fica claro que há um espaço enorme para ações de desenvolvimento econômico sustentável.
O uso de mais fontes de biomassa, fora a cana de açúcar, representa parte dessa capacidade, somada à produção de energia através de uma matriz variada e fortalecida por fontes alternativas, diminuindo a dependência das hidrelétricas.
Assim, fatores como a falta de chuvas não levarão mais a crises hídricas, além da prevenção de mudanças nos ecossistemas, que ocorrem para aumentar quedas e produtividade das hidrelétricas.
Dono de um capital natural invejável, o Brasil tem condições de se tornar uma potência ambiental se apostar em dinâmicas sustentáveis.
Mais acima, falamos sobre algumas vantagens de apostar na sustentabilidade econômica, que é um dos pilares para atingir o desenvolvimento sustentável.
Meio ambiente, sociedade em geral, governos e empresas são beneficiados com a adoção dessa estratégia.
Neste tópico, ressaltamos as vantagens para as organizações, inspiradas pela publicação do Sebrae sobre o tema.
Confira!
Nas primeiras semanas ou meses, priorizar a sustentabilidade econômica implica em investimentos para adequar os processos da companhia às necessidades sociais e ambientais.
Contudo, esse investimento representa economia para o futuro, pois reduz a dependência de recursos esgotáveis e dinâmicas não sustentáveis como a lógica linear – que descarta os produtos rapidamente, sem aproveitar todo o seu potencial.
Medidas de combate à poluição e melhoria da eficiência ambiental de produtos e processos têm efeitos na lucratividade do negócio.
Após cobrirem os investimentos em infraestrutura, os ganhos com essas transformações se traduzem em maior produtividade, em especial pela diluição de riscos de acidentes ambientais, por exemplo.
O esforço pela sustentabilidade econômica também eleva a conformidade da empresa quanto à legislação vigente, afastando a possibilidade de multas e outras perdas para o orçamento.
Uma companhia que se dedica a essa estratégia mostra ter responsabilidade social e com os ecossistemas terrestres.
Como essas pautas estão em alta junto aos consumidores – cada vez mais bem informados e empoderados -, a imagem e a reputação da empresa são beneficiadas.
Não podemos esquecer que a sustentabilidade econômica disponibiliza um meio ambiente preservado, maior desenvolvimento econômico e a garantia de qualidade de vida para as futuras gerações.
Ou seja, ao investir no desenvolvimento sustentável, estamos iniciando um ciclo virtuoso com benefícios para todos, incluindo nós mesmos, familiares e amigos.
Uma organização que se adapta e se torna sustentável obtém grande vantagem competitiva em relação a concorrentes que ainda não se atentaram para essa questão.
A combinação entre lucratividade, eficiência e boa reputação aumenta suas chances de conquistar, fidelizar clientes e atingir o sucesso.
Na atualidade, podemos dizer que o maior desafio é a conscientização sobre o assunto, que ainda é visto com certa desconfiança quanto às suas vantagens, tanto por governos quanto por empresários e cidadãos.
Dessa visão vêm atitudes destrutivas como poluição, descarte incorreto de resíduos e desmatamento, sobrecarregando o meio ambiente com materiais que demoram centenas ou até milhares de anos para se decompor.
É urgente mudar essa perspectiva e corrigir a rota que essas instituições vêm tomando, pois, se o cenário de hoje se estender, logo não haverá recursos naturais suficientes para atender à demanda do mercado.
A sustentabilidade econômica é uma das pernas que compõem o tripé do desenvolvimento sustentável, caminho traçado para conduzir o planeta à sustentabilidade.
Atualmente, esse é um objetivo urgente para a manutenção da vida em todo o mundo, sem que a humidade seja forçada a abandonar padrões de conforto e progressos.
Para que se torne real, esse propósito necessita da colaboração de todos, mudando a forma de consumir e produzir energia e insumos.
Governos têm poder de persuasão e capacidade para tomar a dianteira das mudanças, enquanto empresas podem começar com novos hábitos dentro de suas dependências.
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