A gamificação na educação não chega a ser uma prática recente, mas vem ganhando força principalmente em razão da evolução da tecnologia digital.
As crianças e jovens hoje têm muito mais recursos para aprender do que as que foram educadas nas décadas de 1980 e 1990, para ficar só no passado mais recente.
Porém, é preciso saber como aplicar os recursos de gamificação em sala de aula.
Do contrário, o efeito pode ser exatamente o oposto do esperado, como mostra um estudo publicado no site Olhar Digital, que aponta prejuízos na capacidade cognitiva quando o smartphone está presente.
Uma das muitas alternativas para que isso não aconteça é investir em gamificação na aprendizagem.
A partir de agora, você vai saber o que é gamificação na educação, suas vantagens, como aplicar e algumas das ferramentas mais usadas.
Veja os tópicos abordados:
- O que é a gamificação na educação?
- Por que usar a gamificação como estratégia de ensino?
- Como utilizar a gamificação na sala de aula?
- Dicas de ferramentas para aplicar a gamificação na educação.
Avance na leitura para ver também exemplos de jogos de gamificação na educação!
Leia também:
- Gamificação: o que é, vantagens e como implementar
- Game based learning: o que é, importância e exemplos
- Metodologias ativas de aprendizagem: entenda o que são e exemplos
O que é a gamificação na educação?
Gamificação na educação é a aplicação nas rotinas pedagógicas de técnicas que assemelham o ensino a jogos e passatempos lúdicos.
Assim, saem as aulas com explicações entediantes para dar lugar a atividades que desafiam a capacidade de raciocínio e até as aptidões físicas dos estudantes.
Os elementos de jogos aplicados na educação podem incluir, mas não se limitam a, sistemas de pontos, níveis, conquistas, desafios, competições e feedback imediato.
Eles são utilizados para promover uma sensação de progresso e realização pessoal, encorajar a persistência diante de desafios, e facilitar um ambiente de aprendizagem mais colaborativo e interativo.
Por que usar a gamificação como estratégia de ensino?
A gamificação em sala de aula pode aumentar a performance dos alunos em até 34,75%, como sugere um estudo publicado na revista Science Direct (em inglês).
Muitos outros artigos também mostram que vale a pena investir nessa modalidade de aprendizado, cada vez mais difundida nas escolas e nas empresas.
Entenda como a gamificação na educação pode ajudar a melhorar o rendimento escolar e de que forma ela melhora a qualidade do ensino.
Aumenta a participação e o entusiasmo dos alunos
A gamificação na educação não invalida as técnicas tradicionais, mas pode ser uma ótima abordagem quando elas não geram os resultados esperados.
Uma coisa é manter pessoas, independentemente da idade, presas às carteiras tendo que ouvir explicações sobre assuntos que elas sequer entendem como aplicar na vida real.
Outra é transformar esses temas em jogos que, por seu caráter lúdico, fazem-nas entender de forma mais prática a importância do que estão aprendendo.
O resultado disso é uma participação muito mais engajada e um interesse maior pelos conteúdos lecionados.
Torna o aprendizado mais divertido
Aprender não precisa ser algo chato ou maçante, como mostra o conceito de microlearning.
A gamificação na educação ajuda a tornar as aulas mais interessantes justamente porque elas passam a ser mais divertidas.
Em vez de longas e exaustivas tarefas, os professores podem recorrer a atividades e desafios que inserem as disciplinas em um contexto mais próximo da realidade.
Cria uma atmosfera competitiva positiva
Um estudo realizado pela Universidade de Hubei, na China (em inglês), sugere que há uma correlação positiva entre a competitividade escolar e o bullying.
A gamificação na educação, por sua vez, ajuda a mudar o ambiente escolar, tornando a competitividade menos tóxica.
Parte dessa mudança vem das atividades em grupo, que ajudam a incutir nos alunos o sentimento de que o trabalho em equipe é melhor do que o time do “eu sozinho”.
Intensifica a retenção de conhecimento
A gamificação na aprendizagem gera também efeitos de médio e longo prazo.
É o que indica uma pesquisa realizada por cientistas austríacos (em inglês), segundo os quais a gamificação tem uma correlação positiva com a retenção do conhecimento.
Incentiva a aplicação do conhecimento
Quem nunca se perguntou a real utilidade da fórmula de Bhaskara ou do Teorema de Pitágoras, não é mesmo?
As atividades lúdicas promovidas pela gamificação na educação ajudam a criar uma relação lógica entre fórmulas, conceitos, teorias e a realidade.
Dessa forma, os conteúdos ganham um novo sentido e os alunos passam a entender realmente porque estão aprendendo uma dada matéria.
Desenvolve habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas
Um bom exemplo de que os jogos podem ajudar a desenvolver a capacidade de raciocinar vem dos enxadristas.
Como revela uma matéria no site GQ, jogar xadrez pode de fato deixar as crianças mais inteligentes e até aumentar o QI, além de prevenir contra doenças cognitivas, como o Alzheimer.
Com isso, podemos melhorar por tabela nossas capacidades para resolver problemas, sem contar outros atributos como paciência e pensamento lógico.
Estimula o trabalho em equipe e a colaboração
Jogos em equipe são a melhor maneira de fazer jovens e crianças perceberem que trabalhar com os outros é sempre a melhor alternativa.
Conforme elas vão realizando tarefas e cumprindo “missões” junto aos colegas de classe, vão fortalecendo o espírito de grupo.
Assim, quando adultas, elas estarão muito mais preparadas para realizar atividades em grupo e também para exercer liderança.
Promove a comunicação e a interação entre os alunos
Você já ouviu falar do efeito Dunning-Kruger?
Esse é o nome dos dois psicólogos-pesquisadores que descobriram que, quanto menos uma pessoa sabe, mais ela acha que sabe.
Pessoas assim também se caracterizam por serem menos abertas ao diálogo, tendendo a defender ferozmente seus pontos de vista.
A gamificação quebra esse tipo de barreira, fazendo as pessoas expandirem seus horizontes, passando a ter uma postura mais realista perante o conhecimento.
Assim, elas começam a ter uma mente mais aberta e, consequentemente, suas habilidades de se comunicar melhoram.
Cria um ambiente de aprendizado mais positivo e inclusivo
Quando o ambiente de ensino deixa de ser pautado na competição pura e simples pelas maiores notas, as escolas dão um passo decisivo para se tornarem mais inclusivas.
Com isso, elas também se tornam mais interseccionais em suas práticas e políticas, diluindo eventuais diferenças em razão de etnia, religião, gênero e nacionalidade.
Como utilizar a gamificação na sala de aula?
A gamificação na aprendizagem pode ser aplicada de incontáveis maneiras.
Veja na sequência como usar a gamificação como estratégia de ensino, por meio de metodologias consagradas pelo uso nas instituições escolares e empresas.
Monte um planejamento
Para que a gamificação na educação funcione, é preciso inseri-la criteriosamente nas atividades escolares, do contrário, tudo pode não passar de uma brincadeira.
O primeiro passo para isso é definir um objetivo estratégico para a instituição de ensino, de maneira que a gamificação seja direcionada para atingir essa meta.
A partir disso, o corpo docente deverá avançar no planejamento, estabelecendo quais tipos de jogos poderão ser utilizados conforme o perfil dos seus alunos.
Desenvolva mecânicas de jogo
Uma vez que a instituição de ensino defina as metas que pretende atingir e que jogos e atividades são mais adequadas, é hora de estabelecer mecânicas de jogo compatíveis.
Os professores e gestores podem, por exemplo, desenvolver sistemas de pontuação, assim como níveis que mostram o progresso dos alunos nas atividades.
Crie um universo próprio
No ensino de jovens e crianças, quanto mais lúdica a atividade, mais chances dela prender a atenção e cativar.
A escola pode com isso estimular não só o espírito de equipe, mas a própria criatividade, ao permitir que os alunos joguem com avatares ou criem enredos para os jogos, como se fosse um grande RPG.
Use a tecnologia
Claro que a tecnologia não poderia ficar de fora em uma iniciativa de gamificação na educação.
As escolas têm à disposição uma série de ferramentas como plataformas de gamificação com soluções prontas para transformar o aprendizado.
Podem ser usados também aplicativos e jogos educativos online ou offline para complementar o aprendizado nas aulas em sala.
Isso para não falar da inteligência artificial na educação, cujas plataformas vem ganhando mais e mais espaço no ambiente escolar.
Dicas de ferramentas para aplicar a gamificação na educação
Os exemplos de jogos de gamificação na educação se abrem de diversas formas, tanto em atividades cognitivas quanto físicas.
Como vimos, a tecnologia está aí para ajudar os docentes a propor novos desafios para os seus alunos, direcionando o aprendizado.
Conheça a seguir algumas das muitas ferramentas que podem ser utilizadas em gamificação na educação, suas funcionalidades e vantagens.
A maioria é gratuita em seus pacotes básicos e oferece funções extras em suas versões pagas.
Kahoot!
O Kahoot é uma plataforma com a qual se pode criar quizzes interativos.
Os alunos respondem às perguntas em seus próprios dispositivos, competindo entre si em tempo real.
Assim, estimula a participação e o engajamento dos alunos, enquanto promove a revisão de conteúdos por meio de feedbacks instantâneos.
Classcraft
Já o Classcraft transforma a sala de aula em um autêntico RPG, onde os alunos assumem personagens e ganham pontos por bom comportamento, participação e conclusão de tarefas.
Além de motivar os alunos a se envolverem na aprendizagem, essa é uma ferramenta que promove o trabalho em equipe, ajudando ainda a desenvolver habilidades socioemocionais.
ClassDojo
Um dos desafios enfrentados pelos professores é estabelecer canais de comunicação diretos não só com os alunos, mas que envolvam também os pais.
O ClassDojo é uma solução nesse aspecto, pois permite aos professores dar feedback instantâneo aos alunos sobre seu comportamento e desempenho, além de enviar mensagens para os pais.
Gimkit
Outro desafio que cedo ou tarde vai surgir é a diversificação de atividades.
Para isso, o Gimkit é uma ótima alternativa, por se tratar de uma plataforma em que se pode criar jogos de perguntas e respostas com diferentes formatos, como quiz, caça-palavras e bingo.
De quebra, os estudantes ainda podem lucrar, com prêmios que podem ser convertidos em compras.
Gonoodle
Quem disse que a gamificação na educação tem que ser parada e exigir só da parte intelectual?
Com a plataforma Gonoodle, os alunos são “chacoalhados” com uma série de atividades físicas como dança, ginástica e até exercícios de respiração.
DragonBox Algebra 5+
Matérias que envolvam cálculos não precisam mais ser o “terror” dos alunos.
O DragonBox Algebra 5+ promete acabar com isso, ensinando os princípios da álgebra de forma lúdica e interativa por meio de jogos e quebra-cabeças.
Além de facilitar o ensino dessa matéria, ela desperta o interesse dos alunos pela matemática, ajudando a desenvolver o raciocínio lógico e espacial.
Khan Academy Kids
Ainda no campo das ciências exatas, temos a plataforma Khan Academy Kids.
Oferecida como aplicativo, ela apresenta diversos conteúdos em matemática, leitura, ciências e outras áreas, com vídeos, jogos e atividades interativas.
A experiência de aprendizagem pode ainda ser personalizada, adaptando-se ao ritmo individual de cada aluno.
Duolingo
Para as crianças e jovens que têm dificuldade em aprender e assimilar idiomas, o Duolingo pode ser uma boa alternativa.
Até adultos podem aprender, se quiserem.
Com ele, aprender idiomas passa a ser uma tarefa mais divertida, com lições curtas e gamificadas.
Dessa forma, fica mais fácil para os alunos desenvolverem vocabulário, bem como suas competências gramaticais, por meio de feedbacks instantâneos.
Memrise
Já no Memrise, o foco da aprendizagem de idiomas está na memorização de vocabulário e frases, utilizando flashcards, jogos e vídeos.
Como vantagem, o usuário encontra uma ampla variedade de cursos para diferentes níveis de conhecimento e estilos de aprendizagem.
SoloLearn
O aprendizado de tecnologia pode também começar pela gamificação na educação.
Uma solução para isso é a plataforma SoloLearn, focada no ensino de programação com diversos cursos gratuitos em diferentes linguagens.
Para isso, ela se vale de uma experiência de aprendizagem interativa e prática, com tutoriais, exercícios e desafios.
Brainly
A proposta do Brainly é simples: ser uma plataforma de perguntas e respostas, onde os alunos podem fazer perguntas sobre qualquer assunto e receber ajuda de outros alunos ou especialistas.
É uma ótima solução para promover a colaboração e o aprendizado entre pares, além de dispor de um acervo próprio de fontes de pesquisa.
TED-Ed
Para quem não dispensa um vídeo em suas atividades, o TED-Ed é o canal mais indicado.
Você pode acessá-lo no YouTube e utilizar um dos seus vídeos educativos animados em diversas áreas do conhecimento para ensinar sobre aspectos do cotidiano como o funcionamento dos microondas, história medieval e até sobre a depressão.
O canal original tem conteúdos em inglês, mas existe uma versão do site com vídeos com transcrições em português.
Conclusão
Este texto abordou como usar a gamificação como estratégia de ensino, suas oportunidades e desafios.
Professores e profissionais de ensino devem ficar atentos, já que não param de surgir no mercado pedagógico novas soluções.
A gamificação na educação só tende a se fortalecer nos próximos anos.
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Referências:
https://olhardigital.com.br/2017/06/27/noticias/estudo-revela-que-a-mera-presenca-do-smartphone-deixa-pessoas-mais-burras/
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1071581920300987
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10886260/
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S074756322030145X
https://gq.globo.com/Paternidade/noticia/2019/03/10-razoes-que-provam-jogar-xadrez-aumenta-inteligencia-dos-seus-filhos.html
https://super.abril.com.br/comportamento/o-efeito-dunning-kruger-quanto-menos-uma-pessoa-sabe-mais-ela-acha-que-sabe