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Afinal, qual a real gravidade da pandemia no Brasil?

22 de julho 2020, 16:00

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Dependendo da região, rotina, ideais e condição social, podemos ter noções diferentes sobre a gravidade da pandemia no Brasil.

Outro fator que influencia nessa visão é o hábito de buscar por informações confiáveis e a forma como dados sobre a situação nacional são apresentados.

As dificuldades na coordenação da crise no país, representadas pelas trocas e ausência de liderança no Ministério da Saúde, complicam ainda mais o quadro.

Por isso, é natural ter dúvidas a respeito dos rumos da nação e até temer por sanções internacionais.

Se você vem se sentindo perdido em meio a esse cenário de incertezas, vale a pena acompanhar este artigo até o final.

A partir de agora, trazemos um panorama com as principais informações e conceitos para entender a real gravidade da pandemia no Brasil.

Confira os tópicos que serão abordados:

  • Como outros países estão enfrentando o vírus?
  • Como o mundo vê a gestão da pandemia da Covic-19 no Brasil
    • O Brasil pode sofrer sanções internacionais pela forma como está lidando com a pandemia?
  • Afinal, qual a real gravidade da pandemia no Brasil?
    • O Brasil já chegou no ápice da pandemia?
    • O que o país precisa fazer para melhorar o quadro?
    • Como você pode se proteger
  • Quais são as perspectivas para o futuro do coronavírus no Brasil?

Se o assunto interessa, acompanhe até o final. Boa leitura!

Como outros países estão enfrentando o vírus?

Como outros países estão enfrentando o vírus?

Discurso unificado e medidas rígidas de isolamento social, como as quarentenas, são pontos em comum na estratégia de diversos países para conter o avanço da Covid-19.

Na China, país que teve o primeiro epicentro da doença, o governo impôs uma quarentena geral em 3 de fevereiro, com restrições que chegaram a alcançar 780 milhões de pessoas.

Os chineses também adaptaram seu sistema de saúde, transformando hospitais gerais em centros de atendimento aos infectados pelo novo coronavírus e construindo um hospital inteiro em 10 dias.

Ainda entre as nações asiáticas, a resposta da Coreia do Sul serviu como modelo para outros territórios, com grande adesão da população às medidas de isolamento social.

Seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), os sul-coreanos foram amplamente testados, com o apoio de estruturas como drive-thrus, onde os exames eram realizados sem que as pessoas precisassem sair de seus carros.

Na Europa, países que demoraram para adotar a quarentena sofreram com grande número de casos e mortes, a exemplo da Itália que, até o início de julho, contabilizava 242.149 casos e 34.914 óbitos por Covid-19.

Embora tenha registrado o primeiro caso em 31 de janeiro, as restrições só foram impostas em 9 de março.

No Reino Unido, as autoridades haviam optado, em um primeiro momento, pelo isolamento vertical – estratégia que impõe o confinamento somente aos grupos de risco conhecidos, como idosos e doentes crônicos.

Até que, em 23 de março, diante de 400 mortes e rápida elevação na quantidade de casos de Covid-19, passou a adotar medidas mais rígidas, decretando a quarentena.

Marcados pela autonomia entre as províncias, os Estados Unidos viram 13 delas instaurarem restrições desde 20 de março, com destaque para o posicionamento do estado de Nova Iorque, que continha o maior número contaminações.

Um mês depois, os norte-americanos contabilizaram um pico com 36 mil casos em 24 horas, seguido por um achatamento na curva de novas infecções pelo coronavírus.

Apoiados pelo presidente Donald Trump, diversos estados resolveram afrouxar as exigências, culminando em um novo pico de casos (35 mil) no dia 23 de junho.

Outro país que ganhou notoriedade no combate à pandemia foi a Nova Zelândia, que aderiu ao lockdown, confinando quase toda a população em casa por três meses.

Só os trabalhadores de setores essenciais tinham autorização para circular pelo país no período.

Em 8 de junho, a nação anunciou que estava livre do coronavírus após o registro de 1.154 casos confirmados e 22 mortes, retomando as atividades normalmente.

Porém, uma semana depois, duas londrinas que foram ao país visitar o pai doente testaram positivo para a Covid-19.

Como o mundo vê a gestão da pandemia da Covid-19 no Brasil

Como o mundo vê a gestão da pandemia da Covid-19 no Brasil

No cenário internacional, o país vem sendo bastante criticado, em especial devido à postura negacionista do governo federal.

Desde o início da quarentena, o presidente Jair Bolsonaro vem se opondo às medidas restritivas de governadores e prefeitos, argumentando que elas têm impacto negativo sobre a economia.

Também tem apoiado afirmativas que ainda não contam com respaldo científico, a exemplo da eficácia da cloroquina no combate ao coronavírus.

Ao contrário de nações como França e Estados Unidos, que têm utilizado a substância para auxiliar no tratamento de pacientes críticos, o presidente brasileiro vislumbra usar derivados da cloroquina de forma generalizada.

Esse fato provocou polêmica entre a imprensa internacional, recebendo questionamentos por parte de veículos como a revista francesa Le Point.

Outro agravante que contribui para prejudicar a imagem do país é a ausência de um Ministro da Saúde em um momento tão importante para liderar a resposta à pandemia.

Polêmicas na gestão da pasta seguem desde a saída de Luiz Henrique Mandetta, em 16 de abril, por causa de divergências quanto à necessidade de isolamento da população.

Seu sucessor à frente do Ministério da Saúde foi o oncologista Nelson Teich, que acabou deixando a pasta menos de um mês depois, também por discordar da forma como a crise de saúde vem sendo gerida.

A postura das autoridades brasileiras também suscitou críticas de países vizinhos que foram, muitas vezes, liderados pela nação diante de situações complexas.

Na Argentina, o presidente Alberto Fernández afirmou, em reportagem publicada em meados de maio, que o governo brasileiro não está encarando a crise com a seriedade que o caso requer.

Já o presidente colombiano, Iván Duque, reforçou as diferenças entre Colômbia e Brasil na abordagem sob o ponto de vista do controle epidemiológico, além de colocar mais militares na fronteira entre os países, a fim de evitar o contágio pelo coronavírus.

O Brasil pode sofrer sanções internacionais pela forma como está lidando com a pandemia?

Essa é uma questão controversa.

Há quem defenda que o país já esteja sofrendo essas sanções, como ao ser excluído, por exemplo, de uma reunião entre os presidentes da América do Sul para falar sobre o combate à Covid-19.

Nesta análise publicada pelo site da Revista Veja, Edoardo Ghirotto e Eduardo Gonçalves ressaltam a intensa fuga de capitais, comparando o investimento de US$ 5,1 bilhões, em abril de 2019, a apenas US$ 234 milhões em abril de 2020.

Dados do Banco Central mostram que investidores estrangeiros retiraram US$ 31,4 bilhões do Brasil em aplicações financeiras, somente entre os meses de janeiro e abril de 2020.

Considerado um aliado por Jair Bolsonaro, o presidente dos EUA, Donald Trump, proibiu a entrada de voos que tenham partido do Brasil em seu território desde maio.

Em junho, o Reino Unido decretou quarentena obrigatória de 14 dias para qualquer indivíduo que viajar para lá, seja por meio de avião, trem ou barco.

Ao ser questionado sobre o motivo para a medida, o secretário da Saúde britânico, Matt Hancock, disse temer novas contaminações por pessoas vindas de países como o Brasil, “onde os números estão realmente aumentando“.

Em seu texto analítico, Ghirotto e Gonçalves alertam que, caso o Brasil continue sendo isolado por nações e blocos econômicos importantes:

“O país teria de lidar com a suspensão de voos, a proibição do tráfego marítimo e o bloqueio à entrada de produtos em importantes mercados, como os Estados Unidos, a China e a União Europeia”.

Afinal, qual a real gravidade da pandemia no Brasil?

Afinal, qual a real gravidade da pandemia no Brasil?

Até meados de julho, o Brasil sustentava a posição de segundo país com mais mortes por Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

No dia 20, a doença já havia matado 80 mil brasileiros.

Antes disso, em junho, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, a curva de óbitos na nação havia registrado sinais de estabilização, indicando a possibilidade um platô – quando a curva continua no alto, mas assume uma trajetória plana, sem elevação no índice.

A taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em hospitais das metrópoles brasileiras também teve queda, segundo informou esta notícia da agência BBC.

Manaus, por exemplo, fechou um hospital de campanha por não haver uma quantidade considerável de pacientes com insuficiência respiratória.

As capitais do Rio de Janeiro e São Paulo utilizaram a redução na ocupação de suas UTIs como argumento para sustentar a reabertura de diversos estabelecimentos, como comércios e parques.

Contudo, nas semanas seguintes os dados registraram a interiorização das contaminações, com diminuição de casos nas capitais, mas aumento nas cidades do interior.

Por isso, autoridades nacionais e internacionais avaliam que a situação do país ainda é grave, com tendência para a elevação tanto na quantidade de casos quanto de mortes nas próximas semanas.

O Brasil já chegou no ápice da pandemia?

O ápice ou pico na curva de novos casos de Covid-19 vem sendo esperado e previsto desde o início da quarentena no país, em março.

Isso porque a experiência de nações que viveram grandes surtos, mas conseguiram diminuir a gravidade da situação, revela que, depois de um pico, houve redução significativa nas contaminações.

No entanto, a expectativa é que o Brasil só atinja esse ápice no mês de agosto, conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), representante da Organização Mundial da Saúde nas Américas.

A projeção leva em conta modelos matemáticos, o conhecimento que já se tem sobre o novo coronavírus e a realidade de cada nação.

Caso se confirme, o Brasil vai alcançar o pico com um acumulado de cerca de 90 mil mortos por Covid-19, contribuindo para que a América Latina se mantenha na dianteira do número de óbitos pela doença.

No dia 13 de julho, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, chamou a atenção para o cenário no grupo de nações que sofrem com uma explosão de contaminações, ressaltando que é necessário esforço coletivo para conter a transmissão do vírus.

Durante coletiva de imprensa, Ghebreyesus destacou, nesse grupo, EUA e Brasil que, juntos, respondem por 50% das novas infecções diárias no mundo.

Como alertou Michael Ryan, diretor de operações da OMS:

“Se olharmos para as Américas, alguns países fizeram algum progresso. Mas a reabertura levou a uma nova transmissão. E agora estão vendo uma contaminação exponencial e sem a opção de voltar à quarentena por sua situação econômica”.

O que o país precisa fazer para melhorar o quadro?

As orientações dos próprios dirigentes da OMS ressaltam a importância de uma resposta ampla e coerente do Brasil, principalmente dos governos, seja em nível federal, estadual ou municipal.

Em artigo publicado no portal UOL, o corresponde internacional Jamil Chade citou trechos da fala de Tedros Ghebreyesus na coletiva do dia 13 de julho, por exemplo:

“Se governos não se comunicam de forma eficiente, se não houver uma estratégia completa, e se população não respeitar medidas de controle, só haverá um caminho: (a pandemia) vai piorar, e piorar e piorar”.

O líder da OMS afirmou que não é realista pensar que tudo voltará ao normal nos próximos meses, portanto, todos precisam se habituar à convivência com o Sars-CoV-2.

Isso implica em um alinhamento do discurso e recomendações por parte das autoridades do país.

A falta de uma resposta unificada gera confusões na população, facilitando posturas negacionistas e que deixam de lado as ações individuais em prol da proteção contra a Covid-19.

Exemplo desse comportamento são as aglomerações registradas em municípios como o Rio de Janeiro, que teve bares da zona oeste lotados no início de julho.

Esta reportagem salienta que a multidão em frente aos estabelecimentos era tão grande que mal era possível caminhar ali, e que havia pessoas amontoadas e sem máscara facial.

Para superar o quadro atual, o diretor do Programa de Doenças Transmissíveis da Opas, Marcos Espinal, tem pedido que o Brasil eleve a quantidade de testes de coronavírus, a fim de rastrear com maior eficiência a origem das infecções.

Como você pode se proteger

As escolhas individuais têm pesado na preservação da saúde e da vida das pessoas, uma vez que o distanciamento social ainda está entre as principais medidas na luta contra o coronavírus.

Enquanto não houver um medicamento eficaz e uma estratégia eficiente de imunização coletiva, como uma vacina, será preciso ter paciência e seguir com o isolamento.

Então, se for possível, fique em casa.

De acordo com a Folha Informativa da OMS, atualizada constantemente com dados sobre a Covid-19, as maneiras mais eficazes de proteger a si e aos outros em locais públicos são:

  • Limpar as mãos com frequência, utilizando água e sabão
  • Caso não possam ser lavadas, higienizar as mãos com álcool gel 70%
  • Cobrir a tosse ou espirro com a parte interior do cotovelo ou lenço, que deve ser descartado em seguida
  • Manter uma distância de, pelo menos, 1 metro das pessoas que estão tossindo ou espirrando.

 O uso de máscaras faciais cirúrgicas é indicado para profissionais de saúde, pessoas que estejam em contato com doentes ou estiverem enquadradas no grupo de risco.

Lembrando que o grupo de risco para a Covid-19 é formado por idosos com 60 anos ou mais e indivíduos que sofram com doenças como câncer, diabetes, imunossupressão, males cardiovasculares e crônicos.

No Brasil, o uso de máscaras de tecido vem se popularizando entre a população, servindo como apoio em locais públicos, em especial naqueles em que não é possível se distanciar de outras pessoas, a exemplo do transporte público.

No retorno ao trabalho presencial, também é importante a limpeza e desinfecção regular do ambiente e limitação de viagens desnecessárias.

Quais são as perspectivas para o futuro do coronavírus no Brasil?

Quais são as perspectivas para o futuro do coronavírus no Brasil?

Embora o pico da curva de contágio esteja previsto para agosto, é difícil fazer previsões assertivas.

Afinal, o futuro do país vai depender das próximas ações tomadas por autoridades e pela população, variando segundo as medidas adotadas em cada região.

Divulgado no começo de julho, um estudo conduzido por pesquisadores vinculados ao Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), evidenciou o potencial dessas atitudes.

Segundo o documento, a combinação entre isolamento social e uso de máscaras de proteção facial diminuiu em 15% o contágio do SARS-CoV-2 em São Paulo, e 25% em Brasília.

No entanto, o período monitorado coincide com o decreto das quarentenas e adoção de isolamento social para a maior parte dos cidadãos que, nas últimas semanas, podem ter voltado a circular após a reabertura de diversos locais.

Caso os cuidados não sejam redobrados neste momento de flexibilização, a expectativa é que a taxa de contágio continue crescendo e ficando acima de 1, o que mostra um descontrole na transmissão do vírus.

Cálculos do Imperial College disponibilizados em 24 de junho revelavam um crescimento desse indicador no Brasil, que correspondia a 1,06 na ocasião.

Ou seja, cada 100 pessoas infectadas contaminavam outras 106, que transmitiam o coronavírus para mais 112,36 indivíduos e assim por diante, multiplicando os casos no país.

Conclusão

Comentamos, neste artigo, o cenário atual de combate à Covid-19 e a gravidade da pandemia no Brasil.

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