Já ouviu falar em curadoria educacional?
Com a ascensão da internet como principal meio de busca por informações, houve duas mudanças evidentes neste conceito.
A primeira foi a democratização do acesso a um universo de conteúdos que, antes, ficavam restritos a empresas, pesquisadores e especialistas.
A segunda veio como consequência da alta velocidade e quantidade de informações disponíveis, que deixou internautas perdidos quanto ao que é importante para sua atualização.
Os estudantes estão profundamente influenciados por conteúdos digitais com as novas necessidades da sociedade em rede. Nesse cenário, cabe ao professor fazer uma seleção criteriosa, que apoie os alunos na construção de conhecimentos bem embasados – ou seja, devem atuar como curadores.
Vamos explicar, ao longo deste artigo, as funções, aplicações e importância da curadoria educacional, em especial para atividades e cursos de Educação a Distância (EAD).
Também comentamos o papel da curadoria na Educação 4.0 e os desafios dos educadores na Era Digital.
Veja os tópicos que preparamos para este guia sobre o tema:
Acompanhe até o final e boa leitura!
Curadoria educacional é um processo de triagem, avaliação e organização. Significa cuidar e zelar pela qualidade e confiabilidade dos conteúdos.
Essa seleção pode incluir tanto os conteúdos em si quanto recursos que facilitem a aquisição de conhecimento, como encontros, brainstorms e aplicativos.
A curadoria educacional tem ganhado relevância no cenário atual, principalmente por fornecer suporte aos cursos de Educação a Distância (EAD).
Devido à sua comodidade, agilidade e redução de custos, a EAD vem se popularizando nos últimos anos, o que exige uma adaptação constante ao ritmo e realidade do aluno.
Quando há uma curadoria educacional de qualidade, ele consegue não apenas absorver os conteúdos propostos, como também entender o contexto, formando sua própria linha de raciocínio.
Tende, ainda, a assumir uma postura ativa, trocando experiências e esclarecendo dúvidas com rapidez.
Conforme cita este artigo, de Lanita Sizanosky e Rodrigo dos Santos, a lógica da curadoria educacional costuma funcionar através de seis etapas principais:
É um profissional formado na área do conhecimento do tema a ser avaliado que fica responsável pelo processo de curadoria.
Para explicar melhor, vamos detalhar o processo de curadoria para uma aula.
Claro que há especificidades de acordo com o tema, objetivo, público-alvo e metodologias de ensino, mas podemos citar alguns pontos.
Primeiro, a escola, universidade, faculdade ou centro educacional escolhe o tema da aula. Muitas vezes essa atividade é realizada por um coordenador pedagógico da instituição em conjunto com o professor responsável pela disciplina.
Segundo, o professor responsável elabora os materiais que serão utilizados nas aulas, seguindo a ementa definida.
Terceiro, o coordenador analisa e sugere adaptações nos materiais elaborados pelo professor, considerando a linha pedagógica da instituição de ensino para criar uma sequência lógica na organização dessa e de outras aulas.
Por fim, um educador capacitado na área do tema inicia a curadoria do conteúdo (curador educacional).
Na Era Digital, também chamada de Era da Informação, o aprendizado vai muito além da sala de aula, seja ela física ou virtual.
Se um aluno tem dúvida ou curiosidade a respeito de qualquer assunto, basta que ele abra a página do Google, ou pergunte à assistente virtual instalada em seu smartphone (Siri, Google Assistant, Alexa, Cortana, Bixby entre outros).
Por algum tempo, boa parte das escolas e universidades deixaram esse fator de lado, o que resultou em grande perda de interesse dos estudantes por apresentações meramente expositivas.
Os tempos mudaram, as novas gerações utilizam uma série de ferramentas e fontes de informação no dia a dia, e a educação precisa acompanhar essas transformações.
Daí a importância da curadoria de conteúdo, que permite a união entre saberes de gerações, de forma organizada, contextualizada e confiável.
Afinal, o curador investiga as fontes antes de compartilhar conhecimentos, oferecendo um auxílio essencial para que o estudante desenvolva seu senso crítico.
Dessa forma, será mais difícil que ele perca tempo com informações que não são úteis, incorretas ou até fake news – as famosas notícias falsas.
Por outro lado, o professor e curador ganham mecanismos inovadores para completar suas aulas, estimular a pesquisa e uma autonomia por parte do aluno em sua construção de conhecimentos.
Em vez de longos monólogos, ele pode apresentar vídeos, áudios, jogos e outros formatos dinâmicos para enriquecer os conteúdos básicos, favorecendo debates e questionamentos.
A curadoria de conteúdo EAD é uma oportunidade porque esse segmento está em amplo crescimento, e os centros de ensino necessitam de conteúdos de qualidade.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, cursos de educação a distância exigem mais que uma simples transferência de conteúdos para o formato digital.
É preciso aprender sobre o público para tornar as atividades interessantes e adequadas para o seu estilo de vida, levando em consideração a carga horária e disponibilidade.
Além disso, assim como em uma aula presencial, vale adicionar materiais e recursos de apoio para atrair e manter a atenção dos alunos, conquistando seu engajamento.
Desse modo, as instituições de ensino alcançam uma boa reputação no mercado, os estudantes realmente constroem conhecimento e os professores cumprem a missão de formar cidadãos e profissionais mais conscientes.
A curadoria educacional serve para selecionar, compilar e distribuir conteúdos de qualidade e adequados à realidade do aluno.
Esse conceito teve origem a partir de uma adaptação da palavra latina “curator“, que significa tutor, alguém que zela ou é responsável pela administração de alguma coisa.
Segundo relatos, o Direito foi o primeiro setor a ter seus curadores, encarregados de acompanhar e vigiar diferentes bens ou órgãos.
Mais tarde, a palavra foi associada ao campo das Artes, dando nome aos famosos curadores de museus e acervos, que detêm conhecimento aprofundado e realizam atividades como a organização de exposições e outros eventos.
Um exemplo de excelência em curadoria de Artes é o trabalho realizado na Pinacoteca de São Paulo.
Essa tarefa de conduzir o público por uma jornada organizada inspirou o termo curadoria educacional, já que o mesmo deve ser feito para orientar a trajetória percorrida pelo estudante em busca de conhecimento.
Podemos dizer, então, que esse processo serve para guiar o aluno, disponibilizando os dados essenciais e sugerindo fontes em que possa confiar, caso queira se aprofundar no assunto.
O curador educacional é um dos atores indispensáveis no contexto da Educação 4.0 – reconhecida por atender às exigências da quarta revolução industrial.
Inteligência artificial, big data e internet das coisas são alguns dos pilares desse estágio, que têm influenciado a rotina de toda a sociedade e, aos poucos, o campo educacional.
Nessa nova era, a sociedade e o mercado de trabalho carecem de profissionais e cidadãos preparados para pensar por si mesmos, utilizando seu capital intelectual para solucionar problemas com eficiência.
Por isso, requer o empoderamento dos alunos, dentro de um conceito chamado “Learning by doing“, que se refere a aprender fazendo.
O simples acúmulo de informações não faz mais sentido nesse cenário, pois a maior parte dos conteúdos está disponível para consulta.
É mais importante desenvolver a criticidade, a capacidade de pesquisa e ousadia para experimentar, colocando “a mão na massa” para ampliar os saberes.
Dar o suporte necessário nessa jornada se torna papel dos educadores e curadores, que são responsáveis por filtrar os dados, incluir ferramentas inovadoras na experiência educacional e orientar sobre os caminhos possíveis para aprofundar os conhecimentos.
Eles devem deixar de lado o modelo antigo, no qual o conhecimento era repassado de forma engessada, para adotar um formato dinâmico, capaz de acompanhar a velocidade das mudanças sociais.
Diferentes instituições de ensino precisam adaptar seu espaço, seja físico ou virtual, para atender às demandas da Educação 4.0.
Não significa que vão aposentar as salas de aula, mas, sim, oferecer novos recursos de ensino, que favoreçam o aprendizado de maneira prática.
Laboratórios, visitas guiadas em grandes empresas e ambientes ao ar livre são alguns exemplos de locais que atraem a atenção dos alunos, permitindo a construção de saberes a partir de experiências.
Mesmo no contexto da EAD ou em espaços limitados, essas experiências podem ser proporcionadas com o auxílio da realidade aumentada, realidade virtual, gamificação e outras ferramentas disponíveis no universo digital.
Escolas, faculdades e centros de ensino devem, também, investir na capacitação de seus profissionais, em especial daqueles que atuarão na curadoria.
É importante que sejam dedicados, curiosos e se mantenham atualizados, a fim de elaborar materiais que gerem engajamento junto aos estudantes.
Dentro da sala de aula, podemos dizer que o professor recebe o papel de facilitador do aprendizado, conectando os alunos aos conteúdos e ferramentas mais adequadas à sua realidade.
Uma aula para alunos de Graduação vai ser diferente de uma aula sobre o mesmo tema, para alunos de MBA, concorda?
Observar, conhecer e delimitar o que será estudado em determinado momento por um grupo é responsabilidade do educador.
Em um mundo repleto de mecanismos digitais fascinantes para os alunos, outra função do professor se torna ainda mais importante: a de despertar a curiosidade.
Afinal, não é a partir da simples transmissão de conteúdo que o aprendizado será construído e, sim, a partir de questionamentos e críticas, que o levam a pensar.
Ou, como afirma este artigo, assinado pela educadora Wilandia Mendes de Oliveira:
“Embora, a realidade da educação brasileira esteja centrada no modelo de perguntas e respostas – como, por exemplo, os testes para entrar na universidade que pedem um ensino quantitativo e a curto prazo para atingir um resultado preciso e rápido – e o professor se sinta muitas vezes impotente diante das dificuldades, ele deve persistir e acreditar que, gerando a dúvida no aluno, o conhecimento se concretizará, transformando-se em experiência.”
O primeiro desafio para os professores está em sua própria formação, que não costuma contemplar as inovações da era digital.
Quando chegam à sala de aula ou para o exercício da curadoria, é necessário que adquiram conhecimentos sobre novas tecnologias para compreender as expectativas e comportamentos dos estudantes.
Também vale destacar as transformações quanto ao aprendizado, que levaram à troca da função de detentor do conhecimento pelo papel de compartilhar diferentes visões de mundo, ajudando os alunos a contextualizar e interpretar informações.
Outro desafio relevante para o educador é criar um ambiente de aprendizagem, que valorize o estudante, acompanhando as mudanças da atualidade.
No caso do EAD, não adianta só disponibilizar aos alunos um LMS (Learning Management System) sem construir um plano de ensino estruturado e realizar um design instrucional para o uso de recursos de interação e aprendizagem. O LMS não deve ser usado como um repositório de conteúdos.
Óbvio que sempre houve mudanças e adaptações na forma de ensinar, porém nas últimas décadas, sua velocidade aumentou muito.
Já não é possível revisar a grade curricular e conteúdos apenas uma vez ao ano ou ao semestre, pois as mudanças ocorrem todos os dias.
Assim, é preciso que o professor esteja aberto ao diálogo, dúvidas e contribuições apresentadas na sala de aula ou em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) para contemplar essas transformações.
É útil, para os educadores, investir em formação continuada para que se mantenham atualizados.
Isso pode ser feito através de:
Vale, ainda, manter o contato com colegas de outras instituições de ensino, acompanhar notícias sobre temas em alta em seu campo de especialização e estabelecer o diálogo com os alunos.
Muitas vezes, é durante as conversas em aula (presenciais ou a distância) que o professor identifica assuntos de interesse para tornar o aprendizado mais atraente.
O formato Learning by doing se beneficia do uso de tecnologias como jogos eletrônicos, robótica e realidade aumentada ou virtual.
Essas ferramentas ajudam a transformar uma sala de aula comum em um ambiente de experimentação, sem deixar a segurança de lado.
É possível, por exemplo, melhorar as habilidades motoras, saltando obstáculos que só existem no ambiente virtual.
Por meio de games e tarefas interativas, crianças e adolescentes podem aprender a trabalhar em equipe, respeitar o espaço dos colegas e desenvolver a empatia – a capacidade de se colocar no lugar do outro.
A utilização da gamificação para substituir tarefas ou até mesmo um trabalho de conclusão de curso é um diferencial encontrado em algumas instituições.
Desse modo, os recursos tecnológicos deixam de ser vilões que tiram a atenção do estudante, provocando interrupções durante aulas expositivas, dinâmicas de grupo ou testes.
Eles se convertem em aliados que, empregados nos momentos oportunos, enriquecem a experiência do aprendizado, reforçando a construção de conhecimentos.
Ainda que o educador não tenha, em sua instituição de ensino, acesso a óculos de realidade virtual ou computadores de última geração, é possível trabalhar com ferramentas mais simples.
A exibição de um vídeo rápido que ilustre um tutorial pode ser aproveitada por um grupo, usando materiais e seguindo os passos até construir um pequeno equipamento.
Debates e estímulo à formação do senso crítico dos alunos estão entre as práticas pedagógicas recomendadas para tratar a grande quantidade de informações que eles recebem diariamente.
A criticidade pode ser estimulada com a apresentação de versões distintas de um mesmo fato, por exemplo, a fim de mostrar que o aprendizado não se baseia, apenas, em verdades absolutas.
Enquanto há leis da Física e Ciências Exatas, outros saberes são permeados por diversas perspectivas e visões de mundo, e sua riqueza está nessas diferenças.
O contato com culturas e teorias diferenciadas ajuda a ampliar os horizontes de professores e alunos, contribuindo para que formem sua própria opinião e, quando preciso, a repensem ou adaptem de acordo com novas informações.
Fenômeno social antigo, as notícias falsas ou boatos ganharam visibilidade com a popularização da internet, atingindo uma quantidade elevada de pessoas em instantes.
Tanto em seu acesso às redes sociais quanto durante buscas na web, os estudantes estão sujeitos a encontrar diversas fake news, portanto, precisam ser preparados para combatê-las.
A sala de aula é um ambiente interessante e que pode colaborar com esse processo, principalmente se o educador abordar as notícias falsas de forma direta e clara.
É útil mostrar para a classe que nem toda informação é uma verdade, propondo exercícios de análise de conteúdo.
Abaixo, elencamos questões que auxiliam nessa tarefa, conforme sugere o Project Look Sharp, iniciativa do Ithaca College:
Comentamos, neste artigo, sobre as origens, funções e contribuições da curadoria educacional para a construção de conhecimentos e o desenvolvimento do senso crítico dos alunos.
Ser um curador, zelando e organizando materiais pertinentes, é um dos papéis do educador do futuro.
A melhor maneira de inspirar o conhecimento é simplesmente confiar que os alunos recebam conteúdo com curadoria.
Os materiais que você escolhe certamente fazem parte da construção de uma base sólida de um curso.
A curadoria em EAD é um dos elementos imprescindíveis para o desenvolvimento de um modelo que se propõe a apresentar a mesma qualidade do ensino presencial de instituições de referência.
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