Estratégia e Organizações

Core business: o que é, importância, como definir e exemplos

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Focar no core business é uma das maneiras mais efetivas para que as empresas possam aperfeiçoar as suas práticas de mercado e para que tenham sucesso com o negócio.

Afinal, delinear a atuação da organização facilita o seu pleno trabalho e evita desvios rumo ao seu objetivo.

Em um mercado com tantas oportunidades, entender o core business, defini-lo e mantê-lo em foco é uma tarefa fundamental para as empresas que querem ter bons resultados.

A seguir, você vai entender mais sobre o tema e como as companhias de maior sucesso da atualidade definem e se mantêm fiéis ao seu core business.

Estes são os tópicos que preparamos para a sua leitura:

  • O que é e para que serve o core business?
  • Por que as empresas precisam definir um core business?
  • Como definir o core business da empresa?
  • Uma empresa pode mudar seu core business?
  • Core business, missão, visão e valores: qual a diferença?
  • Core business e core competence: entenda as diferenças
  • Core business: exemplos.

Acompanhe até o final e saiba tudo sobre core business!

O que é e para que serve o core business?

Core business é a atividade central de uma organização

Em tradução livre para o português, o termo significa núcleo, a parte do centro, o âmago de um negócio.

Sua principal função é determinar o que a empresa deve fazer e, especialmente, aquilo que não é a sua atribuição.

Um exemplo bem simples: o core business de uma padaria é fabricar e vender pão e outros assados. 

Para isso, ela tem todo o maquinário e pessoal qualificado para entregar os produtos.

Com base nessa atividade central, o negócio entende que a venda de calçados, por exemplo, não se enquadra nos seus objetivos, nem nas suas competências como organização.

Assim, o core business é uma definição que permite o foco naquilo que efetivamente traz resultado para empresa.

Além disso, ele possibilita a rejeição consciente do que não faz parte do DNA da organização.

Por que as empresas precisam definir um core business?

A definição de um core business é essencial para que a organização tenha clareza e foco no atingimento de seus objetivos.

Afinal, saber dizer “não” é tão importante para o alcance dos resultados de uma empresa quanto saber dizer “sim” ao que realmente agrega valor à ela.

O estabelecimento de uma atividade central para o negócio se faz necessário porque ela vai guiar: o planejamento, as atividades organizacionais e as tomadas de decisão dos gestores.

Logo abaixo, você verá detalhes sobre os motivos para o desenho de um core business para as empresas.

Para conhecer seu mercado de atuação

O entendimento de clientes, da concorrência, dos fornecedores e de demais elementos do mercado só acontece a partir da clara compreensão sobre o foco do negócio.

É bastante nítido que uma loja de materiais de construção está inserida em um universo diferente do segmento de uma prestadora de serviços contábeis, certo?

Mas como identificar com precisão elementos de mercado que se diferenciam entre uma drogaria convencional e uma farmácia de manipulação, por exemplo?

Ao estabelecer claramente o core business, a drogaria sabe que seu foco não é a venda de medicamentos manipulados.

Portanto, ela consegue se distanciar do posicionamento da concorrente com mais facilidade.

Além disso, a drogaria convencional, sabendo o seu core business, entende qual é seu público-alvo e como pode atendê-lo adequadamente dentro da sua proposta de negócio.

Para definir prioridades

Todos os dias, surgem novas oportunidades no mercado para diferentes segmentos de negócio. 

Mas isso não quer dizer, necessariamente, que as portas abertas sejam para todos.

Cada empresa precisa definir claramente por quais “portas” deseja passar a fim de não se desviar de seu caminho, rumo ao objetivo do negócio.

Marcelo Andrade, fundador do Papo de Gestão, pontua que:

Toda oportunidade que te distancia do seu core business vai tirar o seu foco (…) e você vai começar a investir em situações, em atividades, em produtos, em formas de trabalhar que distanciam do seu foco, da sua essência, do seu posicionamento.”

Ele ainda complementa que: “é importante o empresário, o empreendedor entender que oportunidade que não faz parte do seu core business não é oportunidade para você; pode ser para outros”. 

Portanto, ter uma atividade-chave faz com que as empresas consigam, também, definir prioridades de atuação.

Para ter resultados satisfatórios

Imagine que uma startup esteja em franco crescimento.

Para o lançamento de um produto específico, ela precisa contratar e treinar dezenas de novos funcionários nos próximos meses.

Seu core business é a entrega de soluções digitais para empreendedores – como automações para redes sociais.

O time atual do negócio tem excelente expertise no que a empresa já desenvolve.

Porém, o atual setor de Recursos Humanos é pequeno e não tem pessoal suficiente para as novas contratações.

A questão é: contratar novos colaboradores para o RH ou utilizar os serviços de uma empresa especializada?

Antes de responder a esse questionamento, trouxemos outras perguntas: 

  • O core business da startup está relacionado a Recursos Humanos?
  • Quanto tempo e dinheiro ela vai utilizar para recrutar, selecionar e montar uma equipe robusta de RH?
  • Caso a startup amplie o seu time de RH, quanto desses recursos investidos poderiam ser aplicados em atividades voltadas ao core business do negócio?

Ainda que os custos envolvidos na montagem de uma equipe de RH possam ser menores do que a contratação de um fornecedor, a empresa pode desfocar do seu core business e ter prejuízos em suas atividades-chave.

Portanto, definir o foco de atuação do negócio faz com que todos os seus esforços se concentrem naquilo que realmente interessa aos objetivos e lucro da empresa.

Para agregar valor à marca

Em termos gerais, podemos dizer que a marca é uma representação gráfica e simbólica que permanece na mente do público.

A Red Bull não vende “apenas” bebidas energéticas: ela oferece liberdade, diversão, leveza e “asas” aos seus consumidores.

Nesse sentido, o core business aponta um direcionamento para que a marca consiga se manter fiel à sua essência.

Se a Red Bull passasse a comercializar vinhos e espumantes de luxo, mudando o seu tom casual para uma comunicação mais séria, sofisticada e austera, os clientes poderiam sentir um grande rompimento com a marca.

Assim, estabelecer o core business e mantê-lo em foco também colabora para o fortalecimento do branding da organização.

Para ter assertividade na tomada de decisões

Peter Drucker, certa vez, disse que “cada decisão é arriscada: ela é um comprometimento de recursos presentes com um futuro incerto e desconhecido”.

Então, decidir entre uma ou outra opção é tarefa que exige bastante clareza e responsabilidades dos decisores.

Afinal, é o tempo presente que será comprometido para que um possível resultado futuro possa ser alcançado.

Ter um core business bem desenhado permite aos gestores uma visão clara sobre o que é importante ou não para os objetivos do negócio.

Dessa maneira, é possível ser mais assertivo nas decisões, tendo mais confiança naquilo que foi escolhido.

Como definir o core business da empresa?

Agora que já entendemos as razões para ter um core business – e manter a empresa focada nele –, é o momento de saber como colocar o conceito em prática.

Veja, então, de que maneiras você e sua equipe podem chegar à definição da atividade-chave do empreendimento.

Entenda as particularidades do seu negócio

Ainda que duas empresas sejam acirradas concorrentes, com muitas similaridades em seu mix de produtos e de atuação, cada uma delas terá um público, posicionamento, ofertas e estratégias diversificados.

Nem sempre essas diferenças são muito nítidas.

Portanto, na hora de determinar o core business do negócio, é preciso perceber as nuances que diferenciam um negócio dos outros.

Por exemplo, dois supermercados que atuem na mesma localidade podem trabalhar de formas distintas. 

Enquanto um deles foca em alto volume de venda e preço baixo, o outro direciona seus esforços em atendimento de qualidade e serviços – como entrega.

Então, o primeiro passo para a definição do core business é entender os aspectos que tornam a empresa única.

Saiba qual é o seu diferencial

Responda a seguinte pergunta: o que faz com que você compre em uma loja e deixe de comprar em outra? 

Existe uma infinidade de respostas possíveis a esse questionamento, não é verdade?

Mas no processo de design do core business, a empresa precisa compreender os motivos que mantêm os clientes ativos e as razões para que eles comprem na concorrência.

Entender o diferencial do negócio é uma etapa importante, que determinará em quais pontos a organização já é boa o suficiente e em que detalhes ela precisa melhorar – caso eles estejam dentro da sua atividade-central.

Defina seu público-alvo

O entendimento do perfil e do comportamento do consumidor é, certamente, uma atividade bastante importante para qualquer empresa.

Porém, antes mesmo de analisar quem é o cliente, a empresa precisa definir o seu público-alvo – isto é, delimitar uma parcela do mercado que ela pretende atender.

Com o avanço das tecnologias, fica cada vez mais fácil e rápido rastrear dados demográficos, além de hábitos de consumo das populações.

Então, faz parte do processo de designação do core business a escolha das pessoas para quais a empresa quer vender.

Vá além das tradicionais definições – por exemplo, “homens de 35 a 45 anos, moradores de tal região” – e busque informações ainda mais relevantes e precisas, como intenção e frequência de compra. 

Delimite o seu campo de atuação

Da mesma forma que é importante para o core business a determinação do perfil de cliente a ser atendido, a organização deve definir claramente em que segmento ela quer atuar.

Não é incomum ou fora de padrão que uma só empresa consiga atender a diferentes setores ao mesmo tempo.

Mas se esse for o caso, é fundamental compreender como áreas diversas podem se alinhar para atender adequadamente às demandas apresentadas pela clientela.

Elabore uma estratégia de crescimento

Feito isso, chega o momento de criar um plano estratégico que leve o negócio a outro patamar. 

O planejamento nada mais é do que traçar “caminhos” para fazer com que a empresa chegue de onde se encontra até a seu objetivo – isto é, levar do ponto A ao ponto B, em termos mais simples.

Então, faça-se o questionamento: de que maneira o negócio pode alcançar os resultados desejados sem se distrair do seu foco de atuação, ou seja, do core business?

Expanda os seus nichos de atuação

Encontrar uma atividade-chave da organização não quer dizer necessariamente que ela está limitada a um só tipo de produto ou de serviço.

O core business está relacionado à essência do negócio – e, portanto, ele pode estar atrelado a diferentes nichos de mercado.

Por exemplo: uma cafeteria tem como centro das suas atividades o entretenimento matinal e diurno dos seus clientes.

Nesse sentido, além das iguarias de café, ela pode servir outros produtos e atividades para entreter seus clientes – como livros, plantas, objetos de decoração e música ao vivo. 

Percebe como diferentes nichos podem se alinhar a fim de atender ao core business do negócio?

Uma empresa pode mudar seu core business?

Segundo Marcelo Andrade, do Papo de Gestão, é possível mudar o core business, sim. 

Inclusive, o especialista considera a mudança como uma importante decisão para o negócio em momentos cruciais: 

Se a sua atividade hoje não gera renda, se ela não cria caixa, não está trazendo receita, pode ser que você tenha que fazer ajuste na sua estratégia, ajuste no seu core business, ajuste na sua essência (…). Você precisa discernir qual é a sua realidade, qual é o seu momento, qual é a decisão que você deve tomar.”

Então, caso a empresa não apresente os resultados esperados por um período controlado, pode ser interessante analisar novamente a atividade central da organização.

Core business, missão, visão e valores: qual a diferença?

Os conceitos guardam alguma relação, é verdade, mas não são sinônimos.

Basicamente, 

  • Missão é a razão de ser do negócio
  • Visão é a maneira como a empresa se vê no futuro
  • Valores são as condutas que a organização exige de si própria.

E o core business, como vimos, é algo diretamente relacionado ao foco de atuação de uma companhia.

Core business e core competence: entenda as diferenças

Aqui também falamos sobre dois termos que podem causar alguma confusão.

Então, vamos esclarecer.

O core competence descreve as competências da empresa – isto é, aquilo em que a organização é excelente. 

Por outro lado, o core business é a principal atividade de um empreendimento.

Core business: exemplos

Vamos conferir como é, na prática, esta atividade em algumas das maiores companhias da atualidade?

Acompanhe!

Core business da Nike

A empresa de calçados e roupas esportivas Nike define a si própria como “nós acreditamos no poder do esporte para mover o mundo”. 

Nesse sentido, a marca desenvolve soluções para diferentes práticas esportivas e tem ações sociais de inclusão de crianças em atividades físicas.

Core business do McDonald’s

A gigante do mercado de alimentos determina, entre outros compromissos, a qualidade dos alimentos e transparência, além da geração de emprego formal para os jovens.

Assim, o McDonald’s vem aperfeiçoando seu cardápio às novas demandas de alimentação e reformulando as suas práticas de recrutamento.

Core business da Samsung

A Samsung atua para “assumir a liderança em inovação tecnológica” .

Para isso, ela desenvolve eletrônicos, aparelhos de comunicação móvel, soluções em TI e outras tecnologias a fim de “ajudar pessoas em todo o mundo a levar vidas mais felizes e saudáveis”.

Assim, a atividade central da Samsung está relacionada à “descoberta” de tecnologias aplicáveis a produtos e serviços que levem melhor qualidade de vida a seus clientes.

Core business da Coca-Cola

Uma das marcas mais antigas de bebida do mundo tem mais de 200 produtos – entre refrigerantes, água, chás, sucos, água de coco e bebidas esportivas. 

O core business da Coca-Cola é “criar bebidas deliciosas” e, então, ela age de forma intensa no mercado, com o desenvolvimento de ofertas e parcerias com outras indústrias.

Core business da Amazon

A Amazon é a marca mais valiosa do planeta e o seu e-commerce, que começou como uma livraria online, é um dos mais diversificados da atualidade.

Ainda que a companhia venda itens variados, ela entende que os seus clientes constantemente estão em busca por “preços mais baixos, melhor seleção e serviços convenientes”.

Então, de acordo com a Amazon: 

Trabalhamos todos os dias para ganhar e manter a confiança dos clientes. Fazemos isso por meio de serviços convenientes e de milhares de pequenas e médias empresas, que contribuem significativamente para a nossa seleção de produtos”. 

Core business do Nubank

Segundo a empresa brasileira do “cartão roxinho”, o Nubank surgiu para simplificar a vida financeira das pessoas, com transparência e segurança.

Dessa forma, a empresa foca em desconstruir complexidades e burocracias daquele “jeito antigo de lidar com dinheiro”.

Para isso, ela foi uma das pioneiras no segmento de aplicativos financeiros e ganhou apreço da clientela jovem no país.

O core business do Nubank é, então, facilitar a gestão financeira dos usuários e, dentre as suas soluções, estão cartões de crédito sem anuidade, extrato facilitado pelo app e conta para investimentos.

Conclusão

A definição clara do core business permite que a gestão e toda a empresa possam compreender o que é o negócio, o que ele não é e como deve caminhar até seu objetivo.

Então, entender a singularidade, diferencial, público-alvo, campo de atuação e nichos da organização é fundamental para trazer nitidez à atividade-foco do empreendimento.

Dessa maneira, a empresa consegue traçar limites, definir rotas e estabelecer objetivos com clareza, assertividade e mais confiança sobre o que está fazendo. 

Quer conhecer mais sobre temas relacionados à gestão de negócios, tecnologia e carreira? Então, leia outros conteúdos do blog da FIA.

FIA

Com um olhar sempre no futuro, desenvolvemos e disseminamos conhecimentos de teorias e métodos de Administração de Empresas, aperfeiçoando o desempenho das instituições brasileiras através de três linhas básicas de atividade: Educação Executiva, Pesquisa e Consultoria.

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