Contar com um investidor anjo pode ser o impulso que faltava para acelerar o crescimento de uma empresa.
O formato de atuação desse tipo de profissional combina recursos financeiros e uma assessoria personalizada, dispondo de um conhecimento que faz toda a diferença para quem está começando no mundo dos negócios.
Por essas e outras razões, os “anjos” são cada vez mais procurados por empreendedores que focam na inovação – premissa para atrair essa modalidade de investimento.
Se você está buscando esse suporte ou pensando no assunto, recomendamos que continue lendo este artigo.
No final, você vai saber como funciona essa dinâmica, quem são os investidores anjo e o que fazer para conseguir o apoio de um.
Confira os tópicos abordados ao longo do conteúdo:
Siga em frente e boa leitura!
Investidor anjo é um profissional experiente como empreendedor, empresário, executivo ou autônomo, que se dispõe a dedicar parte de seu patrimônio e tempo ao crescimento de negócios inovadores.
Apesar do nome, o “anjo” não tem motivações filantrópicas ou caridosas. Ele aposta em empresas com grande potencial de crescimento para recuperar seu investimento na forma de lucro.
O termo curioso que representa esse tipo de investidor vem da tradução das expressões em inglês que deram origem a essa prática: Angel Investor ou Business Angel.
Eles eram usados, inicialmente, para fazer referência a executivos ou empresários que patrocinavam shows da Broadway nas primeiras décadas do século 20, pois eles compartilhavam os riscos e lucros com os responsáveis pela produção dos espetáculos.
Por isso, o termo acabou evoluindo para designar profissionais bem-sucedidos e maduros, que chegaram a um estágio em que é possível investir com alto risco em negócios que estão nas fases iniciais.
Conforme explica Cassio Spina, fundador da ONG Anjos do Brasil e autor do livro “Investidor Anjo – Guia Prático para Empreendedores e Investidores”:
“O Investidor Anjo recebe, por seu investimento, uma participação societária minoritária no negócio, e não assume posição executiva na empresa, mas atua como um conselheiro orientando os empreendedores e participando das decisões estratégicas da empresa, aumentando muito suas chances de sucesso, bem como acelerando seu desenvolvimento.”
Normalmente, esse profissional emprega entre 5% e 10% do patrimônio que possui para fazer seus investimentos.
É natural que esse valor esteja fragmentado, dividido entre diversos negócios nos quais o “anjo” acredita, enxergando escalabilidade e capacidade de expansão em alguns anos.
Portanto, o tempo disponível para orientar os empreendedores é curto, compensando pela qualidade dos conselhos, da rede de contatos e das lições vivenciadas pelo investidor.
Outro fato comum é a entrada de mais de um investimento desse tipo em uma mesma empresa – em geral, uma startup.
Isso porque, para diluir os riscos e o tempo de dedicação necessário para o crescimento da companhia, vários “anjos” fazem um aporte simultâneo no empreendimento.
Dessa forma, o gestor ou gestores terão auxílio de diferentes fontes, o que eleva o repertório disponível para resolverem problemas simples e complexos no dia a dia.
Para tanto, é escolhido um líder (Lead Investor), que fica responsável por uma participação mais ativa e analítica do negócio, a fim de guiar as ações dos demais investidores, denominados followers ou seguidores.
Ele pode ter uma série de atividades, incluindo demandas não relacionadas a sua posição de investidor anjo.
Há, por exemplo, aqueles que estão à frente ou integram o conselho e outros órgãos gerenciais em sua própria empresa.
Assim, não se pode esperar um grande envolvimento desse profissional no negócio em que entra com um aporte, pois não é esse o seu objetivo.
Na verdade, o “anjo” costuma interferir em situações pontuais, diretamente ligadas à gestão e ao mercado, a fim de empregar seus conhecimentos para mostrar um caminho adequado ao empreendedor.
Quando assume como investidor-líder, à frente de grupos com 2 a 5 pessoas, suas tarefas incluem uma avaliação prévia sobre o negócio e seu possível futuro, e uma pré negociação com o empreendedor responsável.
Essas atividades conferem agilidade à tomada de decisões, uma vez que reunir todos os investidores pode ser complicado, assim como os debates para analisar se determinada empresa se enquadra, ou não, nas condições ideais para receber um aporte.
Então, o líder adianta as informações mais relevantes e faz um balanço sobre a oportunidade de investimento que será apresentada aos seguidores, ofertando as informações necessárias para embasar sua escolha.
Em resumo, pode estar nesse papel aquele que acumular rendimentos e experiência de mercado suficientes para auxiliar negócios que estão no início de sua trajetória.
A maioria dos investidores anjo está em uma fase de maturidade, passou por situações boas e ruins, cometeu erros e acertos com seu próprio negócio ou em posições executivas.
Graças a essa vivência, estão aptos a compartilhar as decisões que levaram a resultados positivos e negativos, através do chamado smart money.
Essa expressão é usada para mencionar o capital intelectual do “anjo”, seu investimento imaterial para impulsionar startups e empresas inovadoras.
Por vezes, esse aprendizado acaba sendo até mais importante do que o dinheiro, pois evita falhas de percurso já conhecidas pelo investidor e que podem impactar o empreendimento.
É caso de um conselho sobre o melhor momento para aumentar o número de unidades físicas de uma empresa.
Conhecendo o mercado e as dificuldades para crescer, o “anjo” pode recomendar que o empreendedor espere mais algum tempo antes da expansão, faça testes e levante argumentos que justificam as novas instalações.
Quanto à participação minoritária na empresa, o ideal é que a porcentagem que fica com o investidor não ultrapasse 15%, para não comprometer a entrada de novos aportes em fases mais avançadas do negócio.
Ao contrário da crença popular, não é preciso ser rico para assumir esse posto.
Entretanto, vale acumular um patrimônio razoável, segundo especialistas, e diversificar a carteira de investimentos para reduzir o risco de perdas consideráveis.
Nas palavras de Fábio Póvoa, investidor-anjo e diretor da Smart Money Ventures:
“Para mim, como ponto de partida, um anjo deve ter cerca de meio milhão de reais no seu patrimônio líquido. Com esse dinheiro, ele investiria uma porcentagem em várias startups para que a taxa de risco seja menor e seu portfólio de investimento mais diversificado.”
O investidor anjo entrou oficialmente para o arcabouço legal brasileiro por meio da Lei Complementar 155/2016, que alterou a Lei Complementar 123/2006 – esta última, conhecida por instituir o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
Seu artigo 61-A trata do fomento à inovação e investimentos produtivos.
Essa modalidade de investimento aparece no § 4o, sendo citada até o artigo 61-D, que afirma:
“Os fundos de investimento poderão aportar capital como investidores-anjos em microempresas e empresas de pequeno porte.”
Dessa forma, há incentivo para que esses fundos disponibilizem recursos para negócios menores e em etapas iniciais.
A norma contém algumas premissas que resguardam tanto o “anjo” quanto os donos das startups e empresas inovadoras.
Os investidores não podem ser responsabilizados por dívidas da companhia, incluindo débitos referentes à recuperação judicial, pois não respondem por sua administração direta.
Seu papel está limitado ao aporte de capital financeiro e intelectual.
Os CEOs e sócios, por outro lado, têm a garantia de que o investidor não vai interferir nas decisões e, sim, aconselhar a respeito do que ele considera mais vantajoso.
A remuneração do “anjo”, segundo a lei, pode se estender pelo prazo máximo de 5 anos, e o valor aportado não vale como capital social.
Ele também deve esperar por, ao menos, 2 anos antes de ter o direito de resgatar o capital investido.
Outro ponto de atenção se refere ao desejo dos sócios de vender a empresa, situação em que o “anjo” tem preferência na compra, nas mesmas condições de terceiros.
Esse trecho é interessante para a segurança do investidor, que não precisa se sujeitar a novos sócios que ele desconheça ou com quem não compartilhe ideais.
Valoriza, ainda, o tempo e o capital investidos em um momento em que o negócio tinha um risco maior e chances de lucro menores.
Investidor anjo não é sócio da empresa, a menos que os donos a vendam para ele.
Essa determinação consta na primeira parte do artigo 61-A, § 4o da Lei Complementar 123/2006.
É por isso que o “anjo” não pode ser responsabilizado por dívidas ou consequências da administração do negócio.
Obviamente, se o empreendimento gerar prejuízo, o investidor também estará perdendo seu aporte, e esse é um risco que ele assume.
Porém, todo o propósito dessa dinâmica é distinto de uma sociedade, em que todos podem decidir sobre a condução da empresa.
Como mencionamos acima, é comum que esse profissional tenha outras fontes de renda, fora dos investimentos em empresas inovadoras.
De qualquer forma, o investidor anjo trabalha com retorno em médio e longo prazo, sendo raro que o negócio comece a render lucro antes de alguns anos de mercado.
Tanto que a própria lei que regula essa prática reserva os dois primeiros anos para que o fundador estruture seu empreendimento e, só então, o “anjo” pode retirar o capital financeiro investido.
Mas o natural é que ele mantenha seu aporte, ou até o aumente para garantir a mesma porcentagem de participação nos lucros caso o capital social seja elevado.
Esse mercado está crescendo no país, embora ainda tenha muitos desafios pela frente.
Pesquisa divulgada pela organização Anjos do Brasil revelou o aporte de R$ 1,067 bilhão em 2019, representando um recorde para o investimento anjo.
Para se ter uma ideia, a soma é 9% maior que a registrada em 2018.
O número de investidores também se elevou, chegando a 8.220 – quantidade 6% maior que em 2018.
Os setores mais visados para os aportes desse tipo são edtechs (startups de educação), healthtechs (startups da saúde) e agritechs (startups da área de agricultura).
O capital médio investido ao ano ficou em R$ 129 mil, e o interesse da maioria dos investidores (86,6%) é direcionado a negócios B2B, ou seja, empresas que projetam soluções para outras companhias.
Seguindo a tendência mundial devido aos impactos da pandemia pelo coronavírus, o mercado deverá sofrer uma perda relativa de 20% em 2020, sendo 10% de retração em relação ao volume contabilizado em 2019.
Os demais 10% representam a estimativa de crescimento para o ano, antes da crise desencadeada pela Covid-19.
Mesmo assim, o mercado de investimento anjo segue em ascensão e vantajoso para quem faz e recebe o capital, uma vez que costuma apostar em startups.
Lembrando que nem toda pequena empresa ou negócio nas etapas iniciais pode ser considerado uma startup.
De acordo com o Sebrae, uma das definições mais difundidas de empresas desse tipo é:
“Um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.”
Devido à sua natureza, as startups estão habituadas a desenvolver estratégias e soluções de forma ágil, usando ferramentas como o MVP (sigla em inglês para Produto Mínimo Viável), que geram itens lançados rapidamente e corrigidos a partir de feedbacks dos clientes.
Esse processo é chamado de iteração.
As startups costumam ser o alvo do investimento anjo, o que confere maiores possibilidades de ganhos, mesmo em época de crise.
Afinal, essas organizações estão acostumadas a lidar com incertezas, usando a flexibilidade e a criatividade para sobreviver e, em alguns casos, até mesmo crescer em cenários adversos.
Neste espaço, trazemos um pequeno perfil sobre os principais nomes de destaque no setor.
Conheça quem são eles!
Tubarão no reality Shark Tank Brasil, do Canal Sony, Camila é uma das maiores investidoras anjo do Brasil, tendo fundado a butique de investimentos G2Capital.
Antes, a empreendedora já havia sido presidente da Gávea Angels, um dos primeiros grupos do setor no país, e consultora da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
Advogada por formação e especialista em lideranças femininas, se tornou um dos rostos do empreendedorismo encabeçado pelas brasileiras, atuando como co-fundadora do Mulheres Investidoras Anjo (MIA), grupo pioneiro na área.
Empreendedor, Kepler já investiu em mais de 500 startups, desde 2008, e atualmente ainda participa de mais de 400.
Seu interesse no ecossistema de startups começou quando ele tentou captar recursos para um e-commerce de ingressos, o Show de Ingressos, e teve os pedidos negados.
Porém, o contato com investimentos e a possibilidade de auxiliar empreendedores acabou conquistando o profissional, que ingressou nessa área, acumulando acertos, erros e diversos aprendizados.
Após alguns anos, Kepler se tornou lead partner da Bossa Nova Investimentos, grupo que reúne investidores anjo, e já foi premiado como melhor Investidor Anjo do Brasil pelo Startup Awards.
Também empreendedor, iniciou sua trajetória no segmento de tecnologia em 1998.
Fundou o Grupo Ravel de Tecnologia e, atualmente, é sócio da Core Angels (fundo de investimento internacional para startups), da Conexão Europa e da Atlantic Hub (companhia atuante em internacionalização de negócios em Portugal).
Conta cerca de 30 startups no portfólio, exercendo o papel de mentor e participando de programas de aceleração do Sebrae e do Governo Federal.
Esse profissional busca negócios voltados à inovação, podendo investir em qualquer segmento e tipo de companhia.
Entretanto, como ele prioriza rentabilidade, escalabilidade e empresas criativas, grande parte dos investimentos é direcionado a startups, como já destacamos.
Outro fator que pesa na escolha é a fase em que se encontra a companhia, pois o capital financeiro e o smart money do “anjo” se destinam a quem está começando no mercado.
Em geral, o momento apropriado se dá quando a companhia já provou que sua proposta e modelo de negócios são viáveis, e está prospectando ou fechando as primeiras vendas.
Se a sua empresa se enquadra nos requisitos que citamos acima, o investimento anjo pode ser bastante útil para que ela se desenvolva de forma sustentável e tenha continuidade.
Então, você tem, basicamente, dois caminhos para obter esse apoio: via grupos ou decidindo por um profissional específico.
Os grupos costumam ser mais acessíveis e já reúnem saberes de pessoas diferentes, enquanto o acesso direto te permite optar por alguém que tenha conhecimentos alinhados ao seu negócio.
Seja qual for a sua escolha, vale estudar o grupo ou investidor antes de fazer contato, verificando se eles têm a vivência necessária para avaliar o seu mercado de atuação e tipo de negócio.
Em seguida, busque uma aproximação por meio de sites oficiais, perfis em redes profissionais, como o LinkedIn, grupos no WhatsApp e Facebook, eventos ou rodas de conversa em que eles estarão presentes.
Esteja bem informado sobre o mercado, monte uma pequena apresentação (pitch) sobre a sua empresa e apresente-se sem medo de tirar dúvidas e ajustar seu projeto.
O investidor anjo é uma figura importante para a estruturação e crescimento de negócios inovadores, como as startups, dando suporte em seus desafios iniciais.
No Brasil, esses profissionais contam com alguma proteção e incentivo a partir da Lei Complementar 123/2006, e seu mercado vem se ampliando nos últimos anos.
A expectativa é um amadurecimento do setor, a fim de fortalecer soluções criativas das empresas, enriquecendo o ecossistema nacional e elevando sua competitividade.
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