A humanização nas empresas vem ganhando cada vez mais popularidade.
Um dos motivos para isso é que, nas últimas décadas, a ascensão de startups chamou a atenção para modelos de negócio mais flexíveis, focados na melhoria da qualidade de vida dos colaboradores.
Assim, cresceu a ideia de inserir elementos lúdicos no ambiente de trabalho, como videogames, salas de relaxamento, incentivo para levar animais de estimação para a companhia, entre outros.
Ao contrário do que se pensava, essas ações aumentaram o rendimento e a produtividade dos funcionários, o que elevou também os lucros para muitas organizações.
No entanto, especialistas recomendam que as ações nesse campo estejam alinhadas ao propósito para gerar maior eficiência.
Quer saber mais sobre essa dinâmica, suas vantagens e como humanizar as relações dentro da sua companhia? Então, você veio ao lugar certo.
Confira os tópicos que vamos tratar a partir de agora:
Boa leitura!
Humanização nas empresas é um conceito baseado em medidas que elevam a satisfação e a felicidade no trabalho, contribuindo para ambientes colaborativos e harmônicos.
Essa ideia parte da premissa de que o capital humano é o recurso mais precioso de qualquer companhia, portanto, investir na sua motivação agrega benefícios para investidores, líderes, clientes e para os próprios empregados.
Para explicar melhor, trazemos a definição concisa citada no artigo “Empresa Humanizada: a organização necessária e possível”, escrito pelos especialistas em Administração Sylvia Constant Vergara e Paulo Durval Branco:
“Entende por empresa humanizada aquela que, voltada para seus funcionários e/ou para o ambiente, agrega outros valores que não somente a maximização do retorno para os acionistas.”
Para promover essa valorização dos empregados, as organizações costumam adotar iniciativas que contribuem para:
Para tanto, é preciso conhecer os pontos de convergência entre os valores e missão da companhia e os desejos do cliente interno, investindo em práticas que alinhem esses pontos.
O conceito de humanização está ligado à valorização das pessoas e das equipes, exaltando características como compaixão, benevolência e empatia.
Também está ligado à autonomia, conforme descrito neste vocábulo da Fiocruz:
“‘Humanização’, assim, em sua gênese, indica potencialização da capacidade humana de ser autônomo em conexão com o plano coletivo que lhe é adjacente.”
Essa dinâmica se contrapõe ao princípio da busca pelo lucro acima das necessidades dos indivíduos, sejam eles colaboradores ou clientes externos.
A humanização é tendência e tem se estabelecido em diversas áreas, com destaque para a tecnologia – campo de grande parte das startups – e saúde.
Quando os gestores apostam nesse conceito, ele marca presença na cultura empresarial, com efeitos sobre os valores, relacionamentos e interações.
Em vez de priorizar apenas a lucratividade e o resultado financeiro, entram na pauta temas como qualidade de vida, saúde e segurança no trabalho, saúde mental, autoconhecimento, educação continuada e outros quesitos.
O objetivo é construir relações em que todos ganham.
O empregado ganha aperfeiçoamento e crescimento profissional.
A empresa ganha um colaborador mais dedicado, comprometido e realizado.
O cliente ganha maior atenção no atendimento, agilidade e foco na solução de problemas.
Por fim, a sociedade ganha com organizações mais produtivas, que colaboram com a formação de cidadãos saudáveis e satisfeitos.
Humanização no ambiente de trabalho é a aplicação desse conceito no dia a dia das organizações, de forma que inclua as prioridades e interações.
Significa, de forma resumida, investir em ações e ferramentas que aumentem o bem-estar no trabalho, fazendo os colaboradores se sentirem acolhidos durante sua rotina.
Um ambiente de trabalho humanizado reúne condições dignas, confortáveis e, na medida do possível, divertidas para aliviar o estresse e a pressão por resultados.
No aspecto físico, esse local atende aos requisitos básicos de organização, sendo mantido limpo, arejado, em temperatura e iluminação agradáveis.
Outro fator importante é a obediência às normas de segurança e saúde do trabalho, mantendo os empregados protegidos de acidentes, contaminações e doenças desencadeadas pela exposição a agentes químicos físicos e biológicos.
Há, ainda, uma aposta na prevenção, através do uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI, quando necessário), medidas de proteção coletiva e adaptações ergonômicas para deixar os postos de trabalho confortáveis, evitando dores nas costas, por exemplo.
O bem-estar se estende ao campo psíquico, a fim de prevenir o adoecimento devido ao estresse, sobrecarga, assédio moral, metas inatingíveis, cobrança excessiva e clima organizacional pesado.
Para tanto, funcionários de todos os setores devem ter espaço para se expressar, sugerir melhorias, dar e receber feedbacks.
A organização do trabalho e os formatos de premiação também devem ser ajustados para incentivar o espírito de equipe e diminuir a competitividade exacerbada.
Em uma sociedade caracterizada pelo individualismo e escolhas por vezes egoístas, é urgente um retorno ao pensamento coletivo para reverter a situação caótica em diversos níveis.
Na esfera ambiental, a degradação vem se elevando exponencialmente para gerar riquezas a um grupo privilegiado, deixando para os demais a escassez de recursos, a miséria e impactos negativos para a saúde.
Dentro das empresas, o clima predatório também afeta a saúde das pessoas, culminando em males como a síndrome de burnout, depressão e ansiedade.
Os colaboradores que prezam pela saúde emocional acabam tomando novos rumos, o que aumenta a rotatividade e os custos com demissões, novas contratações e treinamento.
Todos esses efeitos podem ser amenizados ou até eliminados se houver maior atenção dispensada aos empregados, e um dos caminhos para isso é a humanização.
Apesar de incentivar todos a “vestir a camisa da empresa”, essa dinâmica respeita os limites das pessoas, focando nas ações vantajosas para elas.
Afinal, funcionários satisfeitos são o motor que impulsiona o desenvolvimento sustentável de qualquer organização, pois eles executam as atividades que mantêm a empresa funcionando e representam a companhia diante do cliente externo.
Para se ter uma ideia da importância da felicidade no trabalho, um estudo realizado pela Warwick University, do Reino Unido mostrou que colaboradores felizes são 20% mais produtivos que aqueles que não se sentem realizados no trabalho.
Ou seja, fornecer a motivação certa pode render resultados excelentes, aproveitando a produtividade para multiplicar receitas, clientes e oportunidades de negócio.
E a humanização vai indicar as ações mais assertivas nesse contexto.
A humanização pode agregar diversos benefícios, dependendo da estratégia, do nível de alinhamento às aspirações dos funcionários e de sua inclusão.
Divulgado em 2019, o levantamento Empresas Humanizadas evidenciou que essas organizações geram 225% mais engajamento entre os funcionários, e 240% maior fidelização de clientes.
Abaixo, detalhamos algumas das vantagens que estão por trás desses números.
Acompanhe.
Ninguém gosta de trabalhar em um lugar em que é oprimido e cobrado constantemente, concorda?
Claro que há perfis que se sentem engajados diante de desafios e um pouco de pressão, mas todos têm um limite que, quando ultrapassado, gera desmotivação.
O processo de humanização reverte esse cenário, valorizando a colaboração como um dos pilares para alcançar os objetivos.
Se existe colaboração, a tendência é que o clima corporativo melhore, pois os colegas passam a se enxergar como companheiros, e não competidores.
Eles saberão que podem contar com quem os cerca para otimizar atividades rotineiras, iniciar novos projetos e corrigir falhas.
Turnover é o termo que descreve a taxa de rotatividade dentro da organização.
Como mencionamos nos tópicos acima, quando essa taxa é alta, há grande impacto nas finanças da companhia, que precisa arcar frequentemente com despesas de recrutamento, seleção, demissões e integração de novos empregados.
Mas a aposta na humanização é capaz de mudar isso, pois oferece motivos para que os profissionais permaneçam e façam carreira na empresa.
Quando sente que está alinhado ao propósito da companhia, o colaborador dificilmente pensará em sair.
Por isso, estratégias de humanização costumam resultar na retenção de talentos, respondendo a um dos maiores desafios para os profissionais de Recursos Humanos e gestão.
Já explicamos que trabalhadores satisfeitos são mais produtivos, porém, ainda não falamos sobre o impacto em sua eficiência.
Ser eficiente significa conseguir fazer mais com menos recursos.
Um time motivado tem o potencial de inovar, encontrando soluções diferentes que elevam a eficiência.
Em outras palavras, eles produzem resultados melhores com menores gastos, sejam financeiros, de tempo, de matéria-prima ou outros.
Absenteísmo e presenteísmo são fenômenos que prejudicam a qualidade do trabalho e a produtividade do colaboradores, com efeitos para equipes e empresas.
No absenteísmo, o funcionário passa a se ausentar fisicamente do local de trabalho por doença, condições degradantes, problemas de relacionamento, pressão demasiada, entre outros fatores.
A fim de se proteger, o empregado recorre a atrasos e faltas constantes, que acabam comprometendo ainda mais suas entregas, iniciando um ciclo de quedas na produtividade.
Já no presenteísmo, o empregado não chega a faltar, no entanto, aparece doente e exausto no trabalho, o que impede que execute suas tarefas de forma satisfatória.
Esses males podem ser combatidos com a humanização, pois essa dinâmica ajuda a corrigir práticas com impacto adverso na saúde física e mental dos funcionários.
Um processo de humanização pede, em primeiro lugar, que se estabeleçam missão, visão e valores claros.
Em seguida, vale estudar o público interno para conhecer seus desejos e necessidades, a fim de saber quais deles estão alinhados à cultura organizacional.
Com essas informações em mãos, fica mais simples pensar nas ações que farão parte do processo de humanização.
Outra boa pedida para selecionar essas atividades é fazer pesquisas referentes ao clima organizacional, nível de engajamento e melhorias que podem ser feitas, na visão dos colaboradores.
Repare que essas medidas estão relacionadas à comunicação, pois é por meio dela que se inicia uma aproximação real com os funcionários.
Basicamente, oferecer um espaço onde eles possam falar, ouvir e ser ouvidos é um começo promissor para qualquer estratégia de humanização nas empresas.
Combinando uma comunicação efetiva e transparente a uma gestão humanizada, os resultados serão impulsionados.
Assim, faz sentido conscientizar, primeiro, as lideranças para que pratiquem e disseminem boas práticas, aplicando a empatia, gentileza e flexibilidade ao lidar com seus pares, superiores e liderados.
Considerando esses quesitos, montamos um roteiro com os primeiros 11 passos rumo à humanização:
A gestão de pessoas é vital para construir um ambiente de trabalho humanizado, pois é através dela que muitas das ações se concretizam.
Vale frisar, aqui, que a gestão de pessoas não se restringe às atividades do departamento de Recursos Humanos e, sim, de todo o conjunto de ações utilizadas para coordenar os times.
Em outras palavras, os líderes são atores importantes para o sucesso da humanização e gestão de pessoas.
Dito isso, podemos considerar essa área como o carro-chefe para a humanização dentro das companhias, uma vez que ela é responsável por uma série de interações entre funcionário e empresa.
Se não houver atenção e acolhimento ao abordar assuntos como a contratação, produtividade, saúde, tarefas, benefícios e resultados alcançados pelo colaborador, fica difícil humanizar as interações do dia a dia.
Daí a necessidade de transparência por parte da organização, mantendo as equipes cientes dos sucessos e das adversidades enfrentadas, assim como sobre como podem auxiliar nas mudanças necessárias.
Uma vez que seja tratado com empatia e respeito, o funcionário provavelmente agirá da mesma forma com seus colegas, disseminando um tratamento humanizado.
Agora que já conhece os primeiros passos para a humanização, confira exemplos e inspire-se!
Um dos maiores exemplos de ambiente humanizado através da descontração é o Google.
Os escritórios da gigante da tecnologia estimulam a criatividade e o bem-estar ao inserir plantas, cores e espaços de lazer para os funcionários, como mesas de pebolim e até escorregadores.
Além do mais, a empresa foca na autonomia dos colaboradores, que podem escolher onde vão trabalhar para aumentar a produtividade.
Se precisarem de concentração, podem ir para pequenas salas fechadas.
Se estiverem desenvolvendo novas ideias, podem trabalhar em pufes, poltronas ou na varanda, por exemplo.
O atendimento humanizado é uma ferramenta poderosa para ir além da fidelização, alcançando o encantamento do cliente – que pode ser interno ou externo.
E, se o assunto é encantar, uma das maiores referências do mundo é a Disney, famosa por promover experiências marcantes em suas interações com o consumidor.
Esses resultados são fruto de uma cultura organizacional muito bem delineada, com base em 7 ensinamentos citados nesta matéria, que devem ser aplicados por todos os colaboradores da Disney.
Veja quais são:
Normalmente, os hospitais são locais de grande estresse e ansiedade, pois seus clientes são pessoas fragilizadas, seja por estarem doentes ou por acompanharem pacientes.
Assim, muito se fala sobre a necessidade de humanização, começando pela atenção aos funcionários e englobando os pacientes.
Um modelo interessante é o adotado por entidades como o Hospital Albert Einstein, chamado Planetree (Patient Centered Care).
Embasado em 10 premissas, ele inclui práticas como o prontuário aberto para o paciente, apoio da família, amigos e grupo social, ambientes semelhantes a uma casa, áreas dedicadas a atividades artísticas e divertidas.
Melhorar a qualidade das interações com os usuários de call center é uma demanda urgente, pois impacta na visão que eles têm sobre as organizações.
Um case recente nessa área rendeu o prêmio ABT da Associação Brasileira de Telesserviço para a empresa Qualirede, que desenvolveu uma dinâmica de atendimento humanizado para pacientes e familiares durante o processo de transferência entre hospitais.
Enquanto equipes especializadas conferem maior agilidade para encontrar vagas, funcionários mantêm contato com os pacientes e acompanhantes, dando retorno sobre a situação e informando o que já foi feito.
Um ano depois de implantado, o sistema havia atendido mais de 1 milhão de chamadas, com 92% de satisfação dos usuários.
A humanização nas empresas é um requisito para melhorar os ambientes de trabalho, a produtividade e conquistar a lealdade dos clientes.
Por isso, empresas de sucesso estão investindo cada vez mais nessa estratégia.
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