O uso de game based learning é uma abordagem interessante para ampliar os horizontes de alunos e professores.
Em vez de se restringir a aulas expositivas, anotações e testes, o processo de ensino inclui jogos educacionais, tornando os encontros mais dinâmicos e divertidos.
Assim, os estudantes ganham motivação para participar da construção do conhecimento, enquanto os educadores conseguem manter a atenção da classe no tema em questão.
É por essas e outras razões que o game based learning vem ganhando espaço na educação de pessoas de todas as idades, por todo o mundo.
Quer saber mais sobre essa proposta de aprendizagem?
Então, siga com a leitura deste artigo.
Estes são os tópicos que iremos abordar:
- O que é game based learning?
- Características comuns aos jogos educacionais
- Qual a importância dos jogos educacionais para o aprendizado?
- Gamificação e game based learning: qual a diferença?
- Afinal, game based learning funciona?
- Como utilizar jogos educativos
- 5 exemplos de game based learning
- Como desenvolver jogos educativos?
Vamos em frente e boa leitura!
O que é game based learning?
Game based learning (GBL) ou aprendizado baseado em jogos é uma metodologia que permite a criação e uso de games para finalidades didáticas.
Óbvio que, mesmo tendo como missão facilitar a aprendizagem, os jogos não perdem seu caráter lúdico e desafiador, despertando a curiosidade e o interesse por parte dos estudantes.
Dentre os principais motivos para o emprego dos games está o fato de estimularem a concentração necessária para traçar uma estratégia e vencer, além da criatividade para formular planos e um ambiente de competição saudável.
De forma semelhante às modalidades propostas para entretenimento, os jogos educacionais propõem um ou mais problemas que precisam ser resolvidos pelos participantes.
Em geral, funcionam a partir de etapas que, conforme são finalizadas, rendem recompensas aos jogadores.
Jogos digitais, de perguntas e respostas (quizzes), de cartas e de tabuleiro são exemplos de GBL utilizados para enriquecer a grade curricular, ensinar ou reforçar conteúdos.
Características comuns aos jogos educacionais
Embora as atividades propostas nesses games sejam diferentes, os GBL possuem ao menos seis características em comum.
Conheça quais são elas:
Liberdade
Jogos educacionais se opõem à ideia de obrigação presente no modelo tradicional de ensino-aprendizagem, deixando o estudante livre para participar, ou não.
Delimitação
Jogos têm como premissa a delimitação de espaço e, no caso daqueles voltados à educação, de tempo para a atividade.
Incerteza
Ao iniciar um game, nenhum dos participantes sabe quais serão seus resultados ou o que vai acontecer ao longo do percurso.
Improdutividade
Quando faz uma prova ou exercício em sala de aula, o aluno sabe que precisa produzir um resultado, inserindo as respostas corretas, em sua visão.
Já os games não pressupõem qualquer produto ou elementos novos, sendo que os jogadores os começam e terminam em um mesmo contexto.
Regulamentação
Jogos educacionais exigem que os participantes sigam uma série de regras rígidas, que norteiam os passos e conquistas de todos.
Caráter fictício
Os games podem ser ambientados em cenários totalmente irreais ou com alguma proximidade da realidade, porém, com elementos que se distanciam daquilo que é considerado normal.
Qual a importância dos jogos educacionais para o aprendizado?
Escolas, universidades e centros de ensino de todo o mundo têm enfrentado um grande desafio durante o processo de ensino.
Em oposição ao que ocorria no passado, crianças, adolescentes e adultos das gerações mais novas são nativos digitais, tendo crescido em um mundo de transformações rápidas, cercados por ferramentas tecnológicas.
Dispositivos como os smartphones e tablets provocam diversos estímulos simultaneamente, gerando indivíduos acostumados à velocidade, com baixa capacidade de concentração.
Eles também estão acostumados a aprender de forma proativa, uma vez que bastam alguns cliques ou comandos de voz para fazer uma busca em mecanismos como o Google e esclarecer uma dúvida.
Diante desse contexto, fica fácil observar que o método tradicional de ensino, baseado em longas aulas expositivas e transmissão de conhecimentos, não atende às necessidades dos novos estudantes.
Além da dificuldade para se concentrar, muitos deles não encontram qualquer utilidade ou correlação entre os conteúdos abordados em classe e sua realidade, o que complica ainda mais o aprendizado.
O uso de jogos educativos vem ao encontro dessa demanda por uma conexão com o universo dos alunos, que estão habituados a jogar.
Quando pensado dentro do universo conhecido pelo estudante e embasado por objetivos claros, o game based learning:
- Simplifica o aprendizado, que passa a ser visto como algo útil e relacionado à rotina da criança, adolescente ou adulto
- Aumenta a motivação
- Cria um ambiente mais leve, aberto e dinâmico
- Eleva a autonomia do corpo discente
- Permite a aprendizagem através do erro
- Favorece a criatividade e inovação
- Estimula uma ambição e competição saudáveis
- Aproxima alunos e professores, aumentando seu aprendizado
- Evidencia talentos e habilidades ocultas.
Gamificação e Game Based Learning: qual a diferença?
Já que ambos utilizam games para educar, será que é certo dizer que são sinônimos?
A resposta é não.
De fato, gamificação (ou sua forma em inglês, gamification) e game based learning guardam relação, levando uma atmosfera lúdica para o processo de aprendizagem.
Mas há diferenças entre esses dois conceitos.
Ao que parece, o primeiro reconhecimento foi dado à gamificação que, ainda nos anos 2000, começou a ser empregada no dia a dia de trabalho em grandes corporações e empresas inovadoras.
A ideia do gamification é inserir elementos provenientes dos jogos em cenários reais, a exemplo de programas de premiação, cursos e treinamentos corporativos.
Aspectos como o entretenimento, colaboração e rankings são adaptados para tornar um trabalho ou capacitação mais atrativos, renovando a motivação dos colaboradores.
Esse é um ponto parecido com os jogos educacionais, que também motivam os alunos a buscar novos saberes.
Porém, o game based learning não é aplicado em situações reais e, sim, dentro do próprio jogo, que serve como instrumento de aprendizagem.
Então, como resume o artigo “Tabuleiro com História: Uma abordagem de aprendizagem baseada em jogos com aprendizagem tangencial“:
“A gamificação se utiliza de elementos de jogos, como por exemplo sistemas de recompensas, distintivos e placares, aplicados a contextos não-lúdicos com o intuito de fortalecer o engajamento de usuários em tarefas pouco atrativas, ou promover comportamentos específicos. O GBL, por sua vez, utiliza-se do lúdico para aprofundar, promover ou facilitar o aprendizado por utilizar jogos propriamente ditos, tendo neles uma ‘alavanca’.”
Muitos jogos educativos são construídos com foco em conteúdos que fazem parte de uma base curricular, tendo por meta revisar ou testar a absorção desses conteúdos.
Outros servem como estímulo para que o aluno aprofunde os conhecimentos, apresentando um universo até então desconhecido, como a Idade Média ou uma nova linguagem.
Após entrar em contato com esses temas, é natural que parte da classe se interesse e complemente o aprendizado, procurando novas fontes para saber mais.
Afinal, game based learning funciona?
Como ferramenta que teve origem no mundo do entretenimento, o game based learning ainda é visto com desconfiança por muitos educadores e instituições de ensino.
Alguns argumentam que a diversão se sobrepõe ao aprendizado; outros, que os jogos educacionais facilitam a dispersão dos alunos, em vez de atrair sua atenção.
Afinal, teoricamente, os estudantes poderiam confundir o tempo de aula com seus momentos de lazer, em que estão livres para brincar da maneira que desejarem.
Essa visão pode ter surgido de momentos descontraídos nas escolas, a exemplo da hora do recreio, quando crianças e adolescentes podem se divertir com games – em parte, disponibilizados pelo próprio centro de ensino.
Parte dessa experiência, também, a criação de jogos com finalidade educativa sem embasamento teórico e formatos de avaliação sobre sua eficiência.
É o que revela este levantamento sobre pesquisas brasileiras que citam cases de aplicação de game based learning em escolas, publicado em 2015.
O estudo constatou que 40,74% dos casos em que foram utilizados jogos educacionais, não houve preocupação com o emprego de teorias de aprendizagem.
Esse é um fator negativo e que ajuda a disseminar a ideia de que o GBL está restrito a um formato de entretenimento.
Conforme descrevem os autores:
“Considerando que uma Teoria da Aprendizagem pode apontar como abordar um assunto, a sua referência teórica na construção de um jogo educativo, em especial o digital, torna o jogo uma ferramenta mais consistente na prática pedagógica. O professor, que ao mediar o seu uso nas relações escolares de ensino e aprendizagem, o fará a partir de uma perspectiva educacional e não meramente ilustrativa ou de entretenimento.”
No entanto, o levantamento também indica que quase 60% dos casos buscaram uma referência teórica para apoiar o trabalho junto ao corpo discente, dando base aos games.
A maior parte delas (22,22%) recorreu à teoria construtivista de Jean Piaget, epistemólogo suíço para quem o ensino deve se apoiar em situações compatíveis com o nível de desenvolvimento intelectual das crianças, a exemplo dos jogos.
Ou seja, desde que tenha suporte de educadores e seja pensado segundo a realidade e capacidades do aluno, o game based learning contribui com a aprendizagem em diferentes fases da vida.
Como utilizar jogos educativos
Já que vale a pena utilizar game based learning, resta saber como fazer.
Porém, antes de apostar nos jogos educativos em cursos presenciais ou a distância, é importante observar alguns fatores para garantir que eles serão eficazes.
Você pode começar seguindo estas etapas:
Atenção ao planejamento
Seja você professor ou aluno, o ideal é que as aulas ou estudos sigam um planejamento, com objetivos e etapas bem definidas.
Tenha em mente que as ferramentas de game based learning devem estar alinhadas a essa organização, aprimorando o processo.
Ou seja, não faz muito sentido escolher jogos educativos ao acaso, e, sim, investir naqueles que despertam ou reforçam os temas de interesse.
Utilize a estrutura disponível
Algumas instituições de ensino contam com todo um aparato tecnológico, permitindo a escolha de games digitais extremamente modernos.
Entretanto, existem escolas que mal possuem computadores para uso da direção e professores, muito menos para todos os alunos.
A chave, então, é pensar em um jogo educacional que seja compatível com a estrutura disponível para sua classe ou na casa dos alunos, caso a atividade esteja inserida no contexto da Educação a Distância (EaD).
Recursos simples, como cartas de baralho, dados e até papel podem ser suficientes para utilizar o GBL com sucesso.
Aprendizado vem antes da diversão
Uma das vantagens de utilizar jogos educativos é que os encontros ficam mais leves e divertidos, mas não perca seu foco de vista.
Essas ferramentas servem, em primeiro lugar, para facilitar o processo de ensino-aprendizagem.
Por isso, fique de olho na classe, evite dispersões e garanta que todos os participantes cumpram as regras e o tempo de duração do game.
Inclua lições importantes
Se sua estratégia de game based learning está sendo empregada para ensinar Física, por exemplo, uma ou mais leis devem aparecer entre as atividades.
Se for Língua Portuguesa, os participantes devem conjugar verbos enquanto jogam.
De nada adianta separar as partes mais trabalhosas ou tediosas dos games, pois é nesses momentos que há a oportunidade de torná-las atraentes.
Meça os resultados
Todo jogo educativo deve ter suas metas e objetivos, permitindo uma medicação dos resultados.
Não precisa ser um esquema minucioso, porém, é fundamental ter esse controle para saber se a ferramenta está propiciando o aprendizado a que se propõe.
Uma dica é formular questionários para ouvir a opinião dos alunos, pedindo que avaliem as atividades realizadas.
5 exemplos de game based learning
Já identificou algum exemplo de jogo educativo?
Na internet, há vários games e até plataformas repletas de opções para você analisar e usar, ou apenas se inspirar para construir sua própria ferramenta de GBL.
Reunimos, a seguir, algumas propostas tradicionais e inovadoras.
Acompanhe!
1. Lições para lidar com emergências
A Fundação de Apoio ao Corpo de Bombeiros do RJ desenvolveu um jogo educativo para orientar os cidadãos a como devem agir em caso de situações de emergência.
Chamada “O agente estadual de Defesa Civil“, a atividade online coloca o participante como um agente do órgão, sendo responsável pelo resgate de pessoas presas por causa de enchentes, acionamento de sirenes de emergência e desocupação temporária de uma comunidade em local de risco, entre outras ações.
O game está disponível nesta página.
A prefeitura carioca também desenvolveu uma opção em tabuleiro para ser jogada em sala de aula ou em casa, chamada “Vida em Jogo”.
O objetivo é realizar ações conscientes, evitando acidentes para alcançar a última casa do tabuleiro.
Você pode baixar as instruções e peças neste link.
2. Jogo da escopa
Descrita nesta reportagem, a ferramenta de GBL precisa apenas de um baralho com 40 cartas, sendo removidos os números 8, 9 e 10 de todos os naipes – esses números serão representados por Dama, Valete e Rei.
A carta Às vale 1.
Em seguida, basta que os participantes comprem e descartem suas cartas, com o objetivo de formar:
- Vazas (quando a soma entre uma carta da mão e uma ou mais na mesa resultar em 15 pontos)
- Escopas (quando uma carta descartada, junto com as cartas da mesa, somar 15 pontos).
3. Avançando com o Resto
Nesta competição de matemática, os alunos aprendem divisão inexata, aquela em que sobra um “resto” – daí o nome da atividade.
Ela pede um tabuleiro, dois pinos e dados, pois é sempre jogada em duplas.
A cada jogada, os estudantes dividem o número de sua casa no tabuleiro pelo que sair no dado.
O resto proveniente da operação será a quantidade de casas que eles poderão avançar.
4. Ludo Educativo
Se você quer ter acesso a diversos jogos digitais educativos, vale acessar este portal.
Ele reúne games de História, Matemática, Física, Língua Portuguesa e todas as demais disciplinas tradicionais, com versões para computador e para baixar em dispositivos mobile.
Um dos games mais populares é o LabIncrível, que ensina sobre reflexão e cores através de puzzles.
5. Escola Games
Outra plataforma cheia de opções de jogos educativos tem versões simples e mais complexas, para escolher de acordo com a idade e nível de desenvolvimento do estudante.
No game “Robô pega Letras“, por exemplo, a criança joga com um personagem que circula por uma fábrica em busca das letras para formar a palavra solicitada.
Como desenvolver jogos educativos?
Para uma estratégia de game based learning mais complexa, com jogos virtuais personalizados, é útil contratar uma empresa especializada.
Mas nada impede que educadores e os próprios alunos criem seus próprios jogos, utilizando material de atividades tradicionais ou sites que auxiliam na construção dos games, mesmo sem conhecimento em programação.
Jogos educativos simples, como os caça-palavras e jogo da memória, podem ser montados offline, sem grande dificuldade.
Você também pode construir jogos em plataformas como a FazGame, que fornece um plano inicial de acesso gratuito e versões pagas, com mais recursos.
Seja qual for sua escolha, vale seguir as dicas abaixo:
- Construa uma narrativa envolvente, usando recursos como fantasia e cenários bem delimitados
- Pense em um jogo que tenha relação com o dia a dia do estudante
- Aposte em materiais e imagens estimulantes
- Estabeleça um objetivo final e pequenas metas que, quando completas, gerem recompensas
- As regras devem ser claras e objetivas.
Conclusão
Neste artigo, falamos sobre o significado, exemplos e diferenças entre game based learning e gamificação.
Apostar em jogos educacionais ajuda os estudantes a desenvolver a autoconfiança, compreender que os erros fazem parte de qualquer jornada e aprender de um jeito mais leve.
Então, aproveite nossas dicas e turbine suas aulas com games interativos e – por que não – divertidos!
Confira mais insights sobre educação e atualidades no blog da FIA.
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