Muitos profissionais são contratados por suas habilidades técnicas e desligados pela falta de competências comportamentais.
Você já deve ter ouvido a respeito – e essa afirmação faz todo o sentido.
No século 21, a alta velocidade de mudanças pede que as empresas sejam cada vez mais flexíveis e dinâmicas.
O mesmo raciocínio vale para seu capital humano, que precisa ir além do conhecimento técnico e desenvolver atitudes e comportamentos que aumentem a produtividade e ajudem a impulsionar o negócio.
Ou seja, profissionais precisam adquirir e aprimorar suas competências comportamentais para alcançar o sucesso.
Pensando nisso, elaboramos este conteúdo, repleto de dicas e informações para quem deseja melhorar a conduta no ambiente de trabalho.
Vamos falar sobre os seguintes tópicos:
Interessado? Então, leia até o final.
Competências comportamentais são traços da personalidade ou aptidões que formam os padrões responsáveis por nossas atitudes.
Para explicar melhor, vamos voltar um passo e falar sobre o conceito de competência, presente em estudos sobre cultura organizacional e recursos humanos desde a década de 1970.
A definição mais difundida para a palavra competência foi citada no livro “The quest for competencies”, publicado em 1996.
Na obra, o autor Scott B. Parry afirma que competência corresponde a um:
“Conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que afetam a maior parte do trabalho de uma pessoa, e que se relacionam com o desempenho no trabalho; a competência pode ser mensurada, quando comparada com padrões estabelecidos, e desenvolvida por meio de treinamento.”
Partindo dessa linha de pensamento, um indivíduo competente no trabalho é aquele que possui os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para exercer sua posição com eficiência.
Esses três pilares da competência formam um conceito chamado C.H.A, base de diversas teorias sobre o assunto.
De forma resumida, podemos dizer que:
Na área profissional, Conhecimento e Habilidade são usados para medir os atributos técnicos de um profissional, enquanto as competências comportamentais têm a ver com a Atitude.
Desenvolver as competências comportamentais é essencial para atingir objetivos.
Afinal, são elas que estão por trás do perfil comportamental de cada um, influenciando as escolhas e a maneira como reagimos em diferentes condições.
Quando investimos em autoconhecimento, fica fácil perceber que nossos padrões de comportamento motivam as atitudes, exercendo controle sobre o curso da nossa vida.
Muitas vezes, o porquê de não completarmos uma tarefa necessária para conquistar um desejo ou sonho está nesses padrões.
Imagine, por exemplo, que você sempre sonhou em comprar um carro.
Desde criança, reparava no modo como seus pais dirigiam e se idealizava atrás do volante em uma estrada, viajando para um lugar paradisíaco.
Para isso, será útil comprar seu automóvel, certo?
Porém, os anos passam e você não consegue adquirir o carro, porque não possui automotivação suficiente para guardar dinheiro e dar entrada na compra do bem.
Ou porque não desenvolveu o atributo da organização e planejamento, necessário para traçar um plano que lhe permita comprar o automóvel.
Ou, ainda, por não ter coragem para ousar, tomando a decisão de priorizar esse sonho.
Todas essas razões têm raiz em competências comportamentais que, se melhoradas, vão ajudar a abrir caminho para que você concretize seu objetivo.
A principal diferença é que a competência técnica pode ser avaliada por meio do currículo, enquanto a comportamental exige uma observação da conduta, de preferência, pessoalmente.
Dizemos isso porque os atributos técnicos (hard skills) são, normalmente, adquiridos através da formação acadêmica, da educação formal e da experiência no mercado de trabalho.
Em outras palavras, como mencionamos mais acima, a competência técnica é composta por conhecimento e habilidade, as partes mais simples de mensurar e analisar.
Para comprovar que tem conhecimento sobre a história do Brasil, por exemplo, um professor pode preparar uma aula e ministrá-la ao seu avaliador.
Pode, ainda, conversar sobre esse tema ou fazer um teste.
Sua habilidade para lecionar também pode ser verificada com um teste prático, solicitando que ele apresente um conteúdo aos avaliadores.
A critério do responsável pela contratação, o conhecimento e habilidade podem ser confirmados, em um primeiro momento, a partir de trechos do currículo desse profissional.
No entanto, um documento ou relato não mostra se o educador é capaz de administrar conflitos ou trabalhar em equipe.
Para desenvolver essas competências comportamentais (soft skills), será preciso valorizar o autoconhecimento e apostar em um treinamento eficaz.
Lembra a frase que usamos na abertura deste artigo?
Vamos recordar: muitos profissionais são contratados por suas habilidades técnicas e desligados pela falta de competências comportamentais.
Em suas vivências, você já deve ter conhecido uma pessoa extremamente inteligente e bem informada, mas arrogante, com grande dificuldade para se expressar e se relacionar ou resistência às mudanças.
Provavelmente, ela se destacou durante testes do processo seletivo, contudo, isso não impede que seja dispensada caso sua posição exija habilidades de comunicação ou resiliência.
Daí a importância das competências comportamentais para o trabalho e a carreira.
Vivemos em um mundo conectado e dinâmico, onde se faz necessário desenvolver atributos estratégicos para aumentar a performance profissional.
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) em 2016 é um bom ponto de partida para mapear as competências comportamentais relevantes em diferentes áreas de atuação.
Segundo o estudo, é essencial aperfeiçoar as seguintes características:
O candidato que não der atenção às soft skills fica em desvantagem, inclusive, em processos seletivos, como observa a coordenadora de Recursos Humanos Fernanda Colombo Poli.
Em artigo sobre esse assunto, a especialista lembra que:
“Nos processos seletivos, é bastante comum que os gestores abram mão de alguma competência técnica em detrimento de um perfil com competências comportamentais bem desenvolvidas. Existe um consenso de que é muito mais simples desenvolver alguém tecnicamente, do que alterar antigos hábitos e comportamentos.”
Existem duas ferramentas principais que ajudam a desenvolver as competências comportamentais.
Na verdade, são também duas habilidades: autoconhecimento e inteligência emocional.
Conhecer a si mesmo é o primeiro passo para compreender suas forças e fraquezas e entender quais estímulos provocam determinadas respostas ou atitudes.
Embora não seja possível alcançar a perfeição, todo esse material pode ser melhorado, reforçando os pontos fortes e trabalhando aqueles que necessitam de desenvolvimento.
Quem investe no autoconhecimento de forma contínua consegue traçar padrões e modificar condutas prejudiciais para si e para as pessoas que o cercam, seja na vida profissional ou pessoal.
Já a inteligência emocional proporciona maior entendimento sobre mecanismos geridos pelo nosso inconsciente – as emoções.
Essas respostas automáticas a estímulos ou gatilhos têm grande influência sobre o nosso comportamento, em especial quando não gerenciadas pelo nosso “eu” (vontade).
Daniel Goleman, referência em pesquisas e livros sobre inteligência emocional, descreve o termo como:
“A capacidade de sentir, entender, valorizar e aplicar efetivamente o poder das emoções como fonte de energia, informação, confiança, criatividade e influência humana.”
Ou seja, ao compreender o funcionamento das emoções, poderemos ampliar o autocontrole, evitando atitudes impulsivas e conflitos desnecessários.
Mais do que isso, a inteligência emocional nos ensina a lidar com os estímulos, provocando estados emocionais de forma intencional para apoiar, por exemplo, uma mudança de postura no ambiente de trabalho.
Tanto o autoconhecimento quanto a inteligência emocional podem ser trabalhados em cursos, consultorias, coaching, mentoring e treinamentos de gestão.
Ocupando posições que exigem uma postura de liderança, os gestores precisam desenvolver habilidades profundas de comunicação, a fim de que consigam orientar sua equipe ou departamento de maneira clara.
Neste texto publicado pela Forbes, a especialista Denise Trudeau-Poskas lista 8 competências fundamentais para líderes no mundo corporativo, que comentamos abaixo.
Para ser um bom gestor, é preciso começar pelo autoconhecimento para identificar sua motivação interior e quais as melhores formas de obter energia.
Afinal, o líder deve ser o primeiro a impulsionar e animar o time, e não há como fazer isso sem que ele mesmo esteja animado.
Autoeficácia, responsabilidade, conscientização e autonomia do pensamento são indicadores de que o atributo intrapessoal está sendo aprimorado com sucesso.
Está relacionada à capacidade de construir e manter relacionamentos saudáveis com os liderados.
Quando esse atributo está bem desenvolvido, as relações entre os membros da equipe também se tornam mais leves e próximas, pois existe confiança em si mesmos e nos colegas.
A competência interpessoal implica no aprimoramento da comunicação, incluindo a adequação da linguagem para diferentes processos e projetos.
Une as qualidades que dão base à solução de problemas e pensamento crítico.
Líderes competentes conseguem enxergar uma mesma situação sob vários ângulos, podendo adotar uma perspectiva mais ampla ou focada em detalhes.
Com a adaptabilidade, eles são capazes de avaliar o cenário e decidir qual será a melhor abordagem naquele momento.
Ao compor um relatório técnico, é mais interessante fazer uma análise minuciosa, enquanto um conflito entre liderados pede uma visão ampla.
Se o autoconhecimento é primordial para que o líder mantenha sua motivação interior, o engajamento é importante para que ele contagie os liderados de modo positivo.
Assim, o time cria sinergia, trabalhando de maneira bem ajustada para alcançar objetivos em comum.
Quando se torna engajada, a equipe também melhora a resiliência – qualidade que permite se adaptar para superar desafios, sem perder valores ou a essência.
Um gestor precisa ser um estrategista eficiente, treinado para tirar o melhor da equipe e garantir seu avanço até o objetivo.
Mas ter competência estratégica vai além disso, implicando na combinação entre visão, lições inspiradas em cases de sucesso e avaliação.
Essa capacidade dá ao gestor um olhar apurado, que enxerga desdobramentos futuros, oportunidades promissoras e possíveis caminhos inovadores.
Nada mais é do que o propósito, algo nobre que deve nortear a equipe.
Quando existe uma intenção maior em cada projeto ou ação, o líder parte de uma base sólida para orientar e motivar os liderados.
Essa competência desperta a colaboração, espírito de equipe e responsabilidade social, resultando em ações que contribuem com diferentes comunidades.
Pode ser definido como a capacidade de usar o cérebro para enfrentar situações e encontrar as melhores saídas.
Para desenvolver o neurogerenciamento, é preciso compreender o funcionamento da mente e como direcionar a energia para a solução de problemas.
Um gestor deve se dedicar ao conhecimento dos liderados, mantendo o interesse em seu perfil para utilizar as ferramentas adequadas ao seu aperfeiçoamento.
Isso porque um verdadeiro líder trabalha para o desenvolvimento dos talentos do time, pois sabe que eles contribuem para atingir o resultado esperado.
O comportamento empreendedor, por si só, é visto como uma competência interessante não apenas para quem deseja abrir seu próprio negócio, mas também para empresas.
E não é à toa, pois profissionais com essa competência costumam ser proativos, determinados, automotivados, otimistas e planejadores – qualidades úteis em qualquer organização e cargo.
Confira, a seguir, as 13 principais características do comportamento empreendedor, de acordo com o Sebrae.
Executivos que ocupam as posições mais altas em diversas empresas têm competências comportamentais em comum.
Essa foi uma das conclusões tiradas a partir de um acompanhamento conduzido por 17 anos pela consultoria Arquitetura Humana, que avaliou 207 presidentes de organizações.
O resultado foi um perfil formado por 6 atributos marcantes, detalhados a seguir.
Carisma e personalidade forte são características de destaque, presentes em 92% dos CEOs analisados.
Eles também possuem grande capacidade de persuasão, utilizada para motivar o trabalho em equipe e dar os direcionamentos necessários.
Essa qualidade está presente em 91% dos altos executivos, já que sua posição exige, muitas vezes, horas extras e habilidade para lidar com o estresse.
A maioria dos CEOs mostrou resistência para deixar o descanso de lado quando for preciso e trabalhar sob pressão.
Agilidade no raciocínio e nas decisões são fundamentais para conduzir uma empresa, principalmente em um mercado tão competitivo quanto o atual.
Por isso, 89% dos presidentes mostraram rapidez e senso de urgência em suas atividades.
Como líder da empresa, o CEO deve levar a equipe a superar as expectativas, assumindo riscos para ampliar os ganhos e o próprio negócio.
Para tanto, costuma ser independente, competitivo e ter iniciativa, tomando a frente em qualquer situação.
A alta capacidade de comunicação pode ser observada em 61% dos CEOs, que valorizam seus relacionamentos profissionais, incentivam a colaboração e um clima organizacional agradável.
Os altos executivos também sabem identificar o momento certo para repassar informações e orientações, evitando exposições desnecessárias.
Esse atributo tem tudo a ver com a rapidez, sendo aplicado em momentos de pressão e estresse que podem impactar o futuro do negócio.
A capacidade de tomar decisões em cenários adversos ou diante de prazos curtos foi vista em 66% dos presidentes, que adotam uma postura informal, menos apegada a dados e detalhes para deliberar.
Essa ousadia faz dos CEOs bons negociadores.
Ao longo deste artigo, citamos diversas competências comportamentais importantes para construir uma carreira de sucesso.
Para finalizar, trazemos características explicadas neste inventário comportamental focado na área administrativa.
Elas são uma boa pedida para começar a aprimorar a conduta no trabalho.
Agrega segurança nas decisões, coragem para assumir desafios e ousar.
Reúne agilidade, praticidade, planejamento de despesas, gastos, investimentos e do tempo, culminando em um ritmo de trabalho constante.
Fornece a capacidade para explicar tarefas de maneira detalhada, dar feedback com consistência e ter clareza e objetividade ao expor suas ideias.
Ensina a atender às solicitações de colegas sempre que possível, além de resolver diferentes demandas em equipe.
Faz referência à capacidade de gerir respostas a comentários prejudiciais e sentimentos pessoais no trabalho.
Neste artigo, apresentamos um panorama completo sobre as competências comportamentais, com estudos, definições e exemplos práticos.
Também chamadas de soft skills, essas características vêm ganhando relevância em diferentes contextos no mundo corporativo, sendo essenciais para líderes, empreendedores e profissionais que desejam alcançar um alto desempenho.
Portanto, vale a pena investir no mapeamento e melhoria das suas habilidades comportamentais.
No blog da FIA, você encontra outros conteúdos que vão ajudar no seu autodesenvolvimento.
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