Formulados no início do século 20, os princípios de Fayol servem como uma bússola para gerentes e executivos até os dias de hoje.
Graças a essa teoria, a administração de empresas passou a ser vista como uma disciplina que pode ser aprendida e aprimorada por quem se dedicar a ela.
Os estudos de Fayol também pautam a organização dos processos e trabalho em equipe, disseminando a importância de investir em fatores como divisão de tarefas, responsabilidade e disciplina.
Neste artigo, contamos mais sobre eles, suas aplicações e como usar a gestão de Fayol para liderar uma empresa rumo ao sucesso.
Estes são os tópicos que serão abordados a partir de agora:
Boa leitura!
Jules Henri Fayol foi um engenheiro, empresário e escritor formado na França. Suas experiências e interesses o levaram a criar a Teoria Administrativa, que integra a Teoria Clássica da Administração e que lhe rendeu o título de pai da Escola Clássica de Administração.
O teórico nasceu na cidade de Istambul, no Império Otomano, em 1841.
Seis anos depois, sua família se mudou para Paris, onde ele se formou engenheiro de mineração na Escola Nacional Superior de Minas de Saint-Étienne e desenvolveu todo o seu trabalho em torno da gestão empresarial.
Fayol adquiriu vivência trabalhando na empresa Commentry-Fourchambault-Decazeville, uma mineradora de carvão que estava quase falindo no ano de 1888.
Na época, o engenheiro tinha 47 anos e foi promovido, assumindo a direção da companhia com o desafio de livrá-la da falência.
A partir de sua competência e novas metodologias, o diretor conseguiu reverter o quadro adverso e levar a empresa novamente a dar lucro, investindo principalmente em sua administração.
Em 1908, Fayol compartilhou sua estratégia através de um discurso, contando que a competição com novas indústrias metalúrgicas instaladas no leste e norte da França havia prejudicado a manutenção das fábricas localizadas no centro daquela nação.
Assim, a Commentry-Fourchambault-Decazeville viu seus rendimentos caírem, ainda, por causa de uma cultura de desperdício de recursos e alto custo da exploração de minas de carvão.
Nas palavras do autor, citadas em artigo acadêmico assinado pelos especialistas Edson Miranda De Souza e Afrânio Carvalho Aguiar:
“A história da empresa mostrará que seu declínio e recuperação se deveram somente aos procedimentos administrativos utilizados. Isto aconteceu com as mesmas minas, as mesmas fábricas, os mesmos empregados.”
Em 1916, sua experiência e pesquisas são explicadas na obra “Administration Industrielle et Generale” (Administração Industrial Geral), dando sustentação à Teoria Administrativa e a seus 14 princípios básicos de gestão.
Vamos detalhar esse assunto nos próximos tópicos.
Registros relatam que o autor foi o primeiro a tratar a administração de empresas como um tema à parte, uma disciplina que pode – e deve – ser estudada para formar lideranças qualificadas.
Ou seja, ele apontou para a necessidade de existirem cursos e carreiras voltadas especificamente à gestão das organizações, comentando que:
“Todos têm necessidade, em maior ou menor grau, de noções administrativas. Na família, nos negócios do Estado, a necessidade de capacidade administrativa está em relação com a importância da empresa; para os indivíduos, essa necessidade é tanto maior quanto mais elevada é a posição que ocupam.”
Priorizando a visão de um gerente ou diretor, Fayol também acreditava que os melhores líderes são os bons administradores, sendo que o conhecimento em gestão é mais importante, para eles, do que a competência técnica.
Afinal, sua posição exige maior habilidade e atitudes focadas no gerenciamento do que na técnica, apesar de a técnica ser fundamental para a existência de uma empresa.
Devido a essas ideias, Fayol desenvolveu metodologias que tornam as organizações mais eficientes, diminuindo desperdícios e formando gestores capazes de tomar decisões assertivas.
Ele foi pioneiro no reconhecimento do valor da administração para o sucesso de qualquer empresa e do fato de esse campo poder ser estudado por qualquer pessoa interessada.
Antes disso, havia a crença de que os líderes nasciam prontos, de que a liderança era um dom restrito a poucos, desprezando a responsabilidade dos gestores pelo sucesso ou fracasso de qualquer projeto ou companhia.
Para Fayol, as lideranças devem ser capazes de se antecipar, decidir e agir, além de saberem quais são os atributos de cada membro de sua equipe para utilizá-los da melhor forma.
O teórico defendia que o componente administrativo supera o técnico para determinar a trajetória de qualquer organização.
Em outras palavras, uma empresa pode ter o melhor time de profissionais com conhecimento técnico, mas, se não tiver bons gestores, é provável que fracasse.
Até o começo do século 20, as empresas eram pautadas pelo pensamento oposto, valorizando mais a técnica que a administração.
Na época, essa concepção fazia sentido, já que a gestão de empresas não era estudada ou percebida como uma área do conhecimento humano.
Em geral, o mercado era dominado por companhias dotadas de grandes estruturas e dirigidas segundo as opiniões, conselhos e impressões de seus chefes.
O cenário começou a se transformar com o surgimento de novas fábricas e sua consequente concorrência com as antigas que, de repente, se viram obrigadas a melhorar seus processos para aumentar a eficiência.
Lembrando que a eficiência leva à oferta de produtos ou serviços de qualidade empregando menos recursos humanos, materiais e financeiros, o que eleva a lucratividade.
Um de seus grandes inimigos é o desperdício, observado e combatido pelos métodos de Fayol.
Fayol é o criador da Teoria Administrativa, braço da Teoria Clássica da Administração.
Esta, por sua vez, integra a Teoria Geral da Administração.
Além da Teoria Administrativa, a Teoria Clássica da Administração é composta por:
Em sua obra, o teórico elencou as funções da administração, abordando 14 princípios básicos para o bom funcionamento de uma empresa.
Fayol explicou que os princípios podem ser aplicados em companhias de todos os portes e setores, uma vez que elas necessitam de gestão para se manterem vivas, competitivas e crescer.
Segundo sua perspectiva, cabe aos administradores e líderes avaliar quais conceitos terão um papel central e quais serão adotados em menor escala em sua organização.
A seguir, comentamos cada um.
Uma das maiores dificuldades de um empreendedor, assim que abre seu negócio, é o acúmulo de diversas funções diferentes.
Muitas vezes, ele precisa fazer a contabilidade, organizar a rotina, lidar com documentos, prospectar clientes e parceiros, indo além de suas tarefas centrais.
Se adotar essa dinâmica por algum tempo, as chances de ter uma queda na produtividade, ficar cansado, fatigado e adoecer são maiores.
Fayol constatou isso antes mesmo da ascensão da cultura empreendedora e fez questão de registrar a divisão do trabalho como um princípio essencial para administrar com qualidade.
Quanto mais conhecimento e especialização o trabalhador tiver, maior sua destreza, agilidade e competência para desempenhar suas funções – e maiores os ganhos para a empresa, que vai dispor de um funcionário altamente produtivo.
Para o autor, o gestor detém o poder e a obrigação de dar ordens, porém, deve buscar o equilíbrio entre autoridade e responsabilidade.
Isso vai se refletir no modo como o líder exerce sua autoridade, ou seja, é preciso que ele domine um assunto para direcionar sua equipe de forma assertiva.
Ao tomar à frente de um departamento ou da empresa, o gestor deve se dedicar à orientação dos liderados, aplicando noções de administração para aproveitar os talentos de cada um em prol da organização.
Fruto de obediência e respeito, a disciplina é necessária para manter a organização e a hierarquia – premissas da administração tradicional de empresas.
Porém, o significado dessa palavra vem sendo modificado com a evolução da área, passando de obediência total à exigência de um comportamento profissional e em concordância com políticas de cada companhia.
De qualquer forma, certa dose de disciplina continua sendo relevante para o sucesso, mesmo entre as empresas mais modernas, a exemplo das startups.
Na visão de Fayol, cada funcionário deve responder a somente um chefe, a fim de evitar confusões e conflitos internos.
Dependendo da cultura da organização, esse princípio continua válido para manter a clareza na hierarquia e na avaliação dos colaboradores.
Outras empresas preferem modelos mais flexíveis, elegendo uma liderança para cada projeto ou grupo de atividades sob a responsabilidade do empregado.
Esse princípio afirma que as tarefas e realizações com um mesmo propósito devem ser encabeçadas por uma única pessoa.
Assim, um departamento ou processo com múltiplas ações terão somente um diretor, coordenador ou encarregado por sua condução.
Para garantir a saúde da empresa, os interesses dessa organização se tornam mais importantes que os de um funcionário ou de um grupo.
Essa máxima não vale só para os cargos mais modestos.
Ela inclui todas as lideranças, que precisam ser justas, agir com firmeza e respeitar as regras da companhia, dando o exemplo para os colaboradores.
Caso contrário, o clima organizacional tende a ficar comprometido, levando à insatisfação por parte de toda a equipe.
O conceito de remuneração defendido pelo teórico não se restringe aos salários, mas engloba gratificações, possibilidades de participação nos lucros e prêmios por produtividade, entre outros.
Remuneração é entendida como qualquer recompensa pelo esforço empregado em prol do sucesso da empresa, desde as financeiras até outros tipos de reconhecimento.
Ela deve estar alinhada ao nível de comprometimento, responsabilidade e habilidade técnica requerido, satisfazendo tanto ao funcionário quanto ao empregador.
Isso significa que o salário deve proporcionar uma vida digna e se basear em análises justas.
Por sua vez, as premiações são um complemento devido à dedicação extra, servindo para valorizar o trabalhador que vai além das obrigações.
Descreve a concentração da autoridade conforme a posição dentro da hierarquia da empresa.
Em outras palavras, quanto mais alto o cargo, maior autoridade (e responsabilidade) o indivíduo terá, de acordo com a medida definida pela companhia.
Apesar de ser bastante criticada, essa ideia tem como objetivo manter uma organização e qualidade do trabalho realizado, deixando atividades complexas com os profissionais mais capacitados.
Pode ser definida como uma estrutura que vai do chefe de maior autoridade até os empregados em cargos modestos.
Segundo Fayol, a hierarquia serve para manter a integridade das ordens repassadas e a unidade de comando.
No entanto, precisa andar lado a lado com a agilidade para funcionar de maneira satisfatória.
Lembra que comentamos a proposição de uma metodologia para diminuir o desperdício?
A ideia é manter tudo em ordem, designando os recursos certos para os processos certos.
O gerenciamento correto dos recursos coloca as pessoas e os materiais no lugar onde devem estar e são necessários, reduzindo perdas e otimizando o tempo gasto com cada tarefa.
Fayol considera a equidade uma combinação entre benevolência e justiça, que colabora para o bom desempenho de empregados e equipes.
Com base em regras claras e dignas, todos devem ter acesso a uma remuneração adequada, ambiente de trabalho saudável e seguro e a um tratamento cortês.
Priorizar a equidade contempla, ainda, o conhecimento sobre os funcionários, que dará condições para que os gestores ofereçam tarefas e oportunidades desejadas.
Este princípio afirma que todo empregado necessita de tempo para aprender, firmar os conhecimentos e executar suas atividades com qualidade.
A estabilidade pede que o administrador não desloque, com frequência, os colaboradores, sob o risco de que sua função nunca seja bem desempenhada.
Outro ponto negativo das trocas sucessivas é a alta rotatividade, que implica no aumento dos gastos com demissões, contratações e integração de novos funcionários.
Aqui, iniciativa é entendida como a liberdade para propor e executar um plano ou projeto, que precisa estar disponível para todos os empregados.
Portanto, este princípio dá equilíbrio ao da centralização, delegando aos líderes a escolha da atribuição da autoridade em maior ou menor grau.
Ou seja, Fayol não idealizou a hierarquia da administração como uma estrutura fechada e inflexível, mas sim como um mecanismo que pode ser adaptado conforme as necessidades.
É o elemento que dá coesão, unidade e força para uma organização.
Uma vez que enxerguem o propósito e relevância de suas atividades, os funcionários estarão mais receptivos à formação e ao sentimento de pertencer a um time.
Para isso, o autor sugere proximidade e simplicidade na comunicação, clareza nas mensagens e outros pequenos gestos que facilitam a integração entre as equipes.
Embora tenham sido criados há mais de um século, os princípios e teorias de Henri Fayol servem para nortear as ações de qualquer gestor ou empreendedor na atualidade.
Para começar, porque elas entendem a administração como um conjunto de decisões a serem tomadas, que regem a trajetória de uma empresa.
O autor criou um modelo simples de abordagem para os tipos de decisões sob a responsabilidade de um administrador: o POCCC.
A sigla reúne cinco pilares para administrar: Planejar, Organizar, Controlar, Coordenar e Comandar.
No próximo tópico, damos detalhes e exemplos sobre como eles podem ser usados para liderar uma empresa rumo ao sucesso.
Relacionada aos princípios de Fayol, a teoria POCCC estabelece parâmetros interessantes para o gerenciamento das organizações, como mostramos a seguir.
Todo projeto precisa ter início com um bom planejamento, pois ele dará ao gestor uma visão mais sólida sobre o que precisa ser feito, possíveis desvios e como podem ser corrigidos.
Durante essa etapa, é definido o objetivo principal, os passos para chegar até ele (metas), prazos, técnicas e método de trabalho, além da pessoa ou equipe que ficará responsável por cada fase.
É o próximo passo depois do planejamento, em que é formado um organograma para tornar visível a estrutura de funcionamento do projeto – ou da empresa inteira.
Clareza é primordial para organizar, pois cada indivíduo envolvido deve compreender seu papel, tarefas e as expectativas a respeito de seu trabalho.
Implica em acompanhar o andamento das atividades definidas e delegadas, de modo que sejam finalizadas em tempo hábil e com os recursos previstos.
Significa orientar as equipes, mostrando quais são as prioridades e sua ordem de importância.
Assim, todos sabem o que precisa ser feito primeiro.
É a função diretamente relacionada à liderança, exigindo a gestão de pessoas para o bom andamento das atividades.
Neste artigo, mencionamos os 14 princípios de Fayol e outras teorias que estão na raiz das práticas modernas de administração.
As observações e estudos do autor ampliaram a percepção a respeito da forma mais assertiva para dirigir uma organização, permitindo o aperfeiçoamento de executivos e gestores nas empresas.
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