A metodologia ágil é considerada um divisor de águas na indústria de software, em razão da sua abordagem revolucionária.
Em 2001, quando ela foi oficialmente lançada, os desenvolvedores e, principalmente, os clientes, penavam para chegar a soluções satisfatórias.
Muito por causa de uma mentalidade defasada, na qual os processos esbarravam na burocracia e no excesso de requisitos formais.
Ela foi tão bem sucedida que não demorou a ser replicada em empresas de diversos outros segmentos.
Profissionais de ponta de áreas como Administração, Engenharia ou que exerçam qualquer cargo de liderança, têm no método ágil uma competência quase obrigatória.
Se você se enquadra em algum desses perfis ou tem interesse no assunto, continue lendo este texto e conheça a fundo a metodologia que mudou o meio corporativo para melhor.
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Boa leitura!
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A indústria de software começou a se desenvolver a partir dos anos 1970, quando a IBM abriu as portas de um mercado totalmente novo.
Para isso, ela lançou mão de uma estratégia agressiva, comercializando softwares separados dos equipamentos e de código fechado.
Embora esse modelo tenha sido bem sucedido comercialmente, permitindo a venda de programas “de prateleira” até em supermercados, tecnicamente ele tinha problemas.
Um deles era a impossibilidade de correção de falhas em razão da inacessibilidade do código-fonte, o que só mudaria a partir de 1984, graças a Richard Stallman, fundador da Free Software Foundation (FSF).
Apesar da evolução em termos de acesso, os métodos de desenvolvimento permaneciam os mesmos, com velhas práticas herdadas da indústria.
A metodologia ágil surge então como resposta à necessidade de mudar os processos, tornando a indústria de softwares capaz de responder às demandas dos seus clientes.
De certa forma, o método ágil foi um grito de “basta” dado pelo Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software.
O movimento propôs uma nova abordagem para o desenvolvimento de soluções tecnológicas, mais adequada aos desafios do seu tempo.
São signatários desse documento histórico 17 nomes de peso da indústria de tecnologia, todos com importantes contribuições em seus respectivos segmentos.
Ele parte de quatro valores fundamentais:
Destaque para a observação que se segue a esses valores:
“Mesmo havendo valor nos itens à direita, valorizamos mais os itens à esquerda”.
Apesar do termo “Ágil” passar uma ideia de rapidez ou pressa, quando aplicado à metodologia no mercado de softwares, ele ganha um sentido próprio.
No caso, o objetivo é tornar os processos menos engessados, de modo a priorizar não a necessidade das empresas, mas dos clientes.
Além disso, a metodologia propõe gerar mais valor em todos os produtos desenvolvidos por essa abordagem.
Como veremos a partir de agora, ela faz com que as equipes de desenvolvimento incorporem uma série de características que elevam o padrão das soluções.
Enquanto método de produção, a abordagem ágil se aproxima bastante de um conceito que também revolucionou a indústria no seu tempo, o Kaizen, ou melhoria contínua.
Para a indústria japonesa, onde nasceu e se consolidou, melhorar continuamente é uma necessidade em razão de dois fatores: a escassez de recursos e a concorrência.
Portanto, quando uma empresa assume a postura de buscar sempre a melhoria, se habilita a produzir mais e melhor, a custos cada vez menores.
Isso tem tudo a ver com o método ágil, no qual responder às mudanças é mais importante do que seguir um plano.
Ao priorizar a agilidade nas respostas, o método ágil demanda dos profissionais uma atitude mais flexível em relação aos seus desafios.
Diferentemente da indústria de transformação, na qual os métodos produtivos funcionam com relativa estabilidade, na de software a necessidade de mudanças é constante.
Ou seja, não dá para trabalhar com “receita de bolo” o tempo todo, já que cada cliente demanda soluções específicas.
Um método de produção que propõe a interação entre indivíduos é necessariamente colaborativo.
De certa forma, o método ágil abriu portas para o modelo horizontal de organização de empresas, como acontece hoje nas startups, fintechs e outras de viés tecnológico.
Neste sistema, a hierarquia é mais fluida, deixando de existir a figura do “chefe” autoritário para dar lugar a gestores/orientadores, como é o caso do Scrum Master.
As equipes são estimuladas a se autogerir, assumindo o controle dos próprios prazos, custos e soluções, com autonomia para propor melhorias.
Os valores ágeis são claros: vale mais um software funcionando do que juntar uma extensa documentação sobre suas características.
Esse é um princípio de eficiência que abriu inclusive as portas para o surgimento de novas metodologias baseadas na abordagem ágil.
O objetivo é entregar com agilidade (não pressa) e alta qualidade.
Assim, a eficiência se torna um pressuposto para chegar a tal resultado.
Ao abandonar a necessidade por controle absoluto e valorizar a autogestão, as empresas também abrem espaço para soluções inusuais, desde que agilizem as entregas.
Outro conceito do qual o método ágil “bebe” na fonte é o de Lean Manufacturing.
Não por acaso, ele também nasceu no Japão, junto com a filosofia Kaizen, sendo igualmente responsável pelo grande desenvolvimento da indústria do país.
Em linhas gerais, ser uma empresa Lean significa trabalhar incessantemente para eliminar ou reduzir toda fonte de desperdício de recursos.
Vale aqui destacar o terceiro dos 12 princípios ágeis, segundo o qual é preferível:
“Entregar frequentemente software funcionando, de poucas semanas a poucos meses, com preferência à menor escala de tempo”.
Outro princípio que deve ser destacado é o que diz:
“O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para e entre uma equipe de desenvolvimento é através de conversa face a face”.
Portanto, a metodologia ágil se coloca frontalmente contra a burocracia e tudo que possa complicar as relações de trabalho nas equipes de desenvolvimento.
Em vez de intermináveis protocolos, memorandos e procedimentos formais, o que se valoriza é o diálogo simples e direto.
Isso não só favorece a implementação de soluções como também proporciona um caminho para aumentar o engajamento e a confiança mútua, melhorando o ambiente da empresa.
O primeiro princípio ágil diz que a prioridade é satisfazer o cliente por meio da entrega contínua e adiantada de software com valor agregado.
Priorizando o cliente, a empresa se coloca em condições de melhorar sua imagem e reputação.
Esses são requisitos fundamentais para atrair e, principalmente, fidelizar aqueles que já conhecem a marca.
Outro princípio ágil que reflete essa postura centrada no cliente é o que diz que “software funcionando é a medida primária de progresso”.
Logo, não é pelo lucro que as empresas medem o quanto estão avançando, mas pelas soluções entregues e o valor que elas agregam para o cliente.
Ninguém discute a importância de seguir um planejamento e de documentar processos.
Porém, a organização deve ser um caminho para o sucesso e não uma amarra, impedindo a evolução de pessoas e empresas.
Os signatários do Manifesto Ágil perceberam isso e resolveram agir para mudar o status da indústria de software, então escrava da burocracia.
Essa é a principal diferença entre a abordagem ágil e as metodologias tradicionais.
Ela ajuda a evitar o preciosismo nos processos, libertando os profissionais de limites que não fazem sentido.
Como framework de trabalho, a pegada “Agile” ajuda empresas de diversos segmentos a orientar seus processos produtivos para o cliente.
Dessa forma, o negócio passa a olhar para o mercado não mais como um local estranho a ser explorado, mas como um ecossistema do qual ele faz parte.
Sendo parte de um todo, as empresas e as pessoas começam a perceber a necessidade de colaborar.
Por essa e outras razões, o método ágil é fundamental para estimular a competição saudável entre as empresas, favorecendo a inovação.
A partir dos valores e princípios ágeis, surgiram diversas metodologias que tomam emprestados os seus fundamentos.
Cada uma delas adota uma abordagem diferente, conforme o escopo e o tipo de produto ou solução a que se dedicam.
Algumas delas podem ser aplicadas em empresas de outros segmentos, mas boa parte é exclusiva das desenvolvedoras de softwares.
Conheça as principais delas a seguir.
Apesar de ser mais uma ferramenta do que uma metodologia propriamente dita, o Kanban se destaca por ser quase obrigatório enquanto parte do método ágil.
Na verdade, ele já existia antes até do nascimento de muitos dos signatários do Manifesto Ágil, já que foi criado no período de reconstrução da indústria japonesa no pós-guerra.
A ferramenta consiste em um quadro de gestão de tarefas dividido em três colunas:
A metodologia Lean também nasce no Japão pós-guerra.
Ela resulta da necessidade de poupar ao máximo os escassos recursos em um país devastado e sem muitas riquezas naturais.
Assim como o método ágil, ela se baseia em alguns princípios, que são os seguintes:
Há quem diga que a metodologia Scrum é a materialização dos princípios ágeis, já que é até hoje a mais difundida das suas variações.
Ela se baseia em microprojetos dentro de um um projeto, chamados de sprints, que devem durar entre uma e quatro semanas conforme um sprint planning.
O conjunto de características a serem desenvolvidas em um software pertence ao Product Backlog, de responsabilidade do Product Owner.
Ele é quem faz a ponte entre o cliente e o time de desenvolvimento, todos orientados pelo Scrum Master.
Outra variação ágil bastante utilizada por equipes de desenvolvimento de softwares é o eXtreme Programming, que se baseia nos seguintes valores:
No método conhecido também como Desenvolvimento Guiado por Testes, um software é desenvolvido por meio de um processo constante de testes e validações.
Para isso, é preciso seguir um ciclo que se desdobra em cinco etapas que se repetem:
Desenvolvido por Peter Coad e Jeff de Luca, o método FDD, ou Desenvolvimento Dirigido por Funcionalidades, se baseia nas chamadas features.
Consistem em pequenas funcionalidades que são definidas conforme a relação que possa ter com o negócio e objetivos do cliente, com cada uma podendo ser entregue em até 14 dias.
No entanto, normalmente as features demandam bem menos tempo para serem concluídas, sendo a maioria entregue e implementada em questão de horas.
A principal característica da Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas Dinâmicos é a participação ainda mais ativa do cliente ao longo do processo.
Para isso, a equipe de desenvolvedores trabalha pautada por uma série de requisitos que, durante o projeto, vão sendo ajustados e aperfeiçoados junto ao cliente.
O DSDM é dividido nas etapas de pré-projeto, ciclo de vida, e pós-projeto, enquanto o ciclo de vida apresenta a seguinte subdivisão:
Criado por Jim Highsmith, o método Desenvolvimento de Software Adaptativo é utilizado na produção de softwares complexos.
Para isso, ele se baseia em cinco características:
Por fim, a metodologia SAFe toma como referência o chamado Product Increment (PI), que por sua vez, é “desmembrado” em equipes multidisciplinares e autônomas.
O cumprimento de cada PI é orientado por um roadmap, no qual podem ser definidas eventuais ações de refinamento e novas prioridades, assim como a atribuição de tarefas.
Assim como na Scrum, em SAFe também se trabalha com um Product Owner, cuja responsabilidade é definir os requisitos do produto e a duração de cada roadmap.
Herdado da Microsoft, o framework MSF segue os valores ágeis pautado por sete princípios:
Em razão do sucesso alcançado por empresas que fazem uso dos seus princípios e ferramentas, o método ágil é um assunto que desperta muito interesse.
A lista de buscas na internet para termos relacionados é extensa, por isso, fizemos um resumo com algumas das mais abrangentes para ajudar a entender melhor o assunto:
Metodologia ágil é um conjunto de princípios e de ferramentas que nascem a partir do Manifesto Ágil de 2001.
Nele, nomes de destaque no segmento de TI propõem uma nova abordagem para o desenvolvimento de softwares, mais prática e menos burocrática, focada em gerar valor para o cliente, sempre aberto a adaptações e mudanças.
Uma vez implementado, o método ágil tende a melhorar os resultados a partir de uma série de efeitos positivos nos processos e rotinas.
Mais produtividade, economia de tempo, recursos e mão de obra são alguns deles.
Para se tornar ágil em seus processos, uma empresa precisa contar com um ambiente favorável à gestão horizontal.
Ou seja, é preciso abandonar a rigidez dos regimes verticais, em que a hierarquia pauta as decisões e não há espaço para a autonomia e o feedback.
Quando a cultura organizacional é favorável, abre-se caminho para o método ágil.
Para isso, seus líderes podem introduzir novas ferramentas de trabalho como o quadro Kanban e metodologias acessórias como a Lean, entre outras soluções.
Metodologias como Lean Six Sigma, Scrum ou Squads têm sua própria abordagem e podem levar uma empresa a se tornar ágil, desde que corretamente implementadas.
Não existe melhor nem pior, mas aquela que se encaixa mais adequadamente em cada projeto.
Ser ágil é primar pela eficiência em tudo que se faz.
Em um contexto de alta competitividade, essa metodologia traz respostas para questões de ordem prática, não só para o desenvolvimento de softwares como de outros tipos de produtos.
A FIA ajuda você a se tornar um especialista em metodologia ágil, por meio de cursos de extensão e de pós-graduação.
Um deles é o de Gerenciamento Ágil de Projetos, sua porta de entrada para ser um profissional desejado pelo mercado.
Conheça esse e outros cursos da FIA e se capacite cada vez mais!
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