Você conhece alguém que tenha feeling, ou tino para os negócios?
Ou que tenha uma sensibilidade apurada, que leva a produções diferenciadas no universo das artes e da música?
No mundo atual, que exige a tomada rápida de decisões, o feeling se tornou um suporte interessante, inclusive para gestores e lideranças.
Pensando nisso, reunimos, neste artigo, formas para utilizar sua intuição de maneira inteligente, melhorando os resultados na sua carreira – e, também, na vida pessoal.
A partir de agora, serão abordados os seguintes tópicos:
Vamos em frente?
Ter um feeling significa que temos uma impressão, baseada em nossa vivência, sobre qual caminho tomar para alcançar o futuro que desejamos.
Isso porque a palavra feeling, de origem inglesa, assumiu um novo significado em nossa língua.
Se formos apenas traduzir esse termo de modo livre, podemos dizer que ele significa sentimento ou sensação, descrevendo tanto as emoções quanto o sentido do tato.
No entanto, conforme foi sendo utilizado, o feeling ganhou uma conotação de pressentimento ou intuição, ou seja, o elemento não racional que nos ajuda a deliberar.
Compreender o feeling implica em recordar que temos tanto uma parte racional quanto uma emocional, e que é impossível desvincular uma da outra.
Mesmo a pessoa mais racional que você conheça age, algumas vezes, por impulso ou emoção.
Na verdade, cada ação que ela toma, cada hábito ou comportamento, sofre alguma influência da forma como se sente naquele momento, ou de suas experiências passadas.
Quando temos um feeling ou intuição, geralmente, ele resulta de cenários anteriores, que já vivenciamos, ou de adversidades que já superamos.
Na área de administração, feeling é aquela percepção usada como apoio para gerir recursos, pessoas e negócios.
É, como citamos na abertura deste texto, ter “tino” para gerenciar, ouvir a intuição na hora de escolher os rumos para uma empresa, departamento ou equipe.
Esse elemento ligado à emoção está presente na história de muitos empreendedores de sucesso, como Alexandre Costa, dono da Cacau Show.
Em entrevista ao site PME News, o executivo deu algumas dicas para quem deseja ter seu próprio negócio:
“Ter foco e equilíbrio, pois é difícil ter sucesso nos negócios sem fazer um bom planejamento. É importante estudar as estratégias, definir o cronograma, ter sensibilidade e intuição para saber onde se quer chegar e ser uma pessoa obstinada. Não se pode desistir jamais diante de obstáculos.”
Em sua trajetória, Costa usou a sensibilidade para enxergar que havia uma demanda por chocolates artesanais no país.
Tudo começou em 1987 quando, aos 17 anos, ele conseguiu uma encomenda de 2 mil ovos de Páscoa de 50 gramas.
Mas havia um problema: seu fornecedor não produzia ovos desse tamanho.
Costa, então, decidiu buscar o apoio de Cleusa Trentin, que fazia ovos de chocolate caseiros e aceitou ajudá-lo.
Depois de três dias de trabalho duro para fabricar os chocolates, os dois obtiveram um lucro de R$ 500.
Porém, o maior aprendizado foi enxergar um mercado inexplorado até aquele momento – de chocolates artesanais.
Por ter afinidade com a área, o jovem empreendedor teve o feeling de que poderia render um negócio diferenciado e lucrativo.
E deu certo.
Atualmente, a Cacau Show é a maior rede de chocolates finos do país.
Nessas áreas, o feeling pode ser definido como a capacidade de transmitir suas emoções através de uma composição ou interpretação.
Música e qualquer outro tipo de arte são, muitas vezes, expressões de sentimentos, e servem para provocar estados emocionais.
É o caso de um quadro com cores fortes, que pode despertar a raiva ou indignação para que o expectador lute contra uma injustiça.
Ou de uma melodia calma e suave, que tem como propósito transmitir calma e serenidade para a audiência.
Dentro desse universo, é crítico que o artista tenha seu próprio feeling, pois é essa capacidade de compartilhar emoções que acrescenta um diferencial em suas produções.
Um exemplo é o pintor contemporâneo brasileiro e praticante do estilo realismo espontâneo, Fabio Marinho, que com suas virtuosas habilidades como músico, percebeu padrões entre elementos musicais e artes visuais, criando um processo para reproduzir visualmente em suas pinturas o mesmo sentimento causado pela harmonia, melodia e outros elementos sonoros. No site do artista ou em suas redes sociais é possível conhecer algumas das suas obras.
Sem o feeling musical ou artístico, uma obra será, somente, fruto de técnicas bem desenvolvidas.
Claro que a técnica também conta na hora de despertar uma emoção junto ao público, mas é preciso sensibilidade para combinar técnicas, imagens, sons, tons e outros componentes na expressão de algum sentimento.
Quando utilizado de forma inteligente, o feeling contribui para o progresso em diferentes tipos de empresas.
Afinal, ele confere maior confiança na hora de dar um direcionamento, além de alinhar os valores de líderes e funcionários aos rumos do negócio.
Contamos, mais acima, um pouco da história do empreendedor Alexandre Costa, que empregou seu feeling para escolher uma área com a qual tem afinidade.
A mesma estratégia pode ser adotada por profissionais que atuem dentro de organizações, trabalhando com carteira assinada ou prestando serviços, além de autônomos.
Outro papel relevante do feeling é que, quando está embasado em motivação (sonhos e objetivos), ele pode dar o impulsionamento necessário para a tomada de decisões ousadas.
E a ousadia de questionar os modelos existentes é o que está por trás das inovações mais disruptivas, que promovem verdadeiras transformações no mercado.
Não estamos falando, apenas, de grandes atitudes ousadas.
O simples fato de adotar uma nova metodologia, mudar um fornecedor ou validar um protótipo junto a clientes em potencial pode ser um passo ousado, dependendo da empresa.
Aplicando uma combinação entre feeling, conhecimento e dados, é possível tomar decisões assertivas e promissoras.
O feeling pode servir como um recurso adicional para tomar decisões, em especial quando precisarem de agilidade.
Nesse caso, estamos citando aqueles momentos que exigem respostas muito rápidas, nos quais é impossível consultar informações ou, mesmo, a opinião de outras pessoas.
A intuição também é útil se os elementos racionais não bastarem para sustentar uma escolha.
Imagine, por exemplo, que você está analisando dois tipos de ponto de venda para disponibilizar seus produtos.
Por enquanto, não é possível atender à demanda de ambos e, portanto, é necessário escolher só um.
Depois de avaliar as condições de contrato, facilidades e valores, você não consegue tomar uma decisão, pois ambos os pontos de venda são bastante semelhantes.
Nesse instante, pode recorrer ao feeling para optar por um deles e, provavelmente, vai decidir com sabedoria.
Isso porque, ao contrário do que parece, o feeling não é constituído só por achismos e sensações aleatórias, e, sim, influenciado por outros elementos subjetivos.
Estado emocional, experiências passadas, paixão e crenças são alguns desses fatores.
Mas é preciso usar a intuição com bastante cuidado, pois ela pode levar a equívocos, impulsos e atitudes precoces.
Não é recomendado, por exemplo, deixar-se levar por um momento de explosão emocional, em que estamos muito alegres, tristes, com raiva, etc.
Repare, ainda, que o feeling não pode ser o único fator para a tomada de decisões, principalmente àquelas relacionadas ao trabalho ou carreira.
Por um longo período, a abordagem adotada por empresas e profissionais deixava de lado qualquer elemento que não fosse racional.
Esse comportamento prejudicou, e continua prejudicando uma série de organizações, que se tornaram cartesianas, lógicas em excesso.
Seu clima organizacional ficou pesado, com metas impostas e cobradas sem levar muito em consideração seu impacto na vida dos empregados, ou até mesmo dos clientes.
E o pior: essas companhias ficaram tão endurecidas que enfrentam grandes dificuldades para se adaptar ao mundo de hoje, que é cada vez mais digital.
No digital, podemos obter informações personalizadas, que evidenciam a individualidade das pessoas, seus gostos e preferências.
E esses interesses são profundamente embasados nas emoções.
Então, o uso do feeling no trabalho é importante para incluir as emoções entre os fatores que movem uma empresa, carreira ou desenvolvimento de um produto.
Para aplicar a intuição, vale estudar o comportamento dos colegas, investindo em empatia para compreender sua motivação e reações.
Diante de clientes ou investidores em potencial, o feeling ajuda a verificar se estão, ou não, confortáveis com uma atitude, se identificaram com uma proposta ou precisam de mais tempo para analisar.
É por isso que um bom vendedor ou negociador costuma ter, exercitar e consultar sua intuição antes de elaborar propostas, conversar com clientes e fechar negócio.
Vale ressaltar que o feeling é uma resposta e, como tal, não surge a partir de grandes reações puramente emocionais.
Portanto, se acabou de ter um desentendimento com um colega ou gestor, é comum ouvir uma voz interior pedindo para revidar.
Essa voz será influenciada pela raiva, não pela intuição.
Embora pertença a uma dimensão subjetiva, o feeling é uma competência que pode ser desenvolvida.
Ainda que sejamos bastante racionais, todos temos momentos em que a intuição se manifesta, em especial quando o assunto envolve nossos sonhos e motivação.
Ampliar e fortalecer esse atributo nos ajuda a ter um posicionamento mais corajoso e inovador.
A seguir, trazemos algumas dicas de especialistas para exercitar o feeling.
Confira!
As emoções vêm como reações espontâneas diante de estímulos que recebemos, sejam eles internos ou externos.
Quem não sabe gerenciar essas reações acaba tomando atitudes impulsivas que, na maioria das vezes, deterioram seus relacionamentos, dentro e fora do trabalho.
Então, é indispensável separar emoções e feeling, que é mais como uma impressão ponderada, que deixa marcas e não se desfaz depois de alguns instantes.
Estude sobre o segmento de atuação do seu negócio.
Quanto mais informações você tiver, mais experiências e mais material vai fornecer para calibrar o seu feeling.
Também vai aumentar as chances de tomar decisões assertivas ao consultar a intuição.
Na vida e na carreira, é necessário assumir riscos calculados para alcançar mudanças e crescer.
E, se há riscos, existem chances de falhar.
Os erros fazem parte da trajetória de qualquer carreira ou empresa de sucesso.
Por isso, não tenha medo de errar.
Em vez disso, tire lições dos momentos em que falhou e perceba que eles ajudam a melhorar seu produto, serviço, equipe e a você mesmo.
Além disso, acrescentam memórias úteis para seu repertório e intuição.
Nosso cérebro é dividido em dois hemisférios.
O esquerdo é mais racional, enquanto o direito é influenciado pelas emoções e elementos subjetivos.
Exercitar seu hemisfério direito trará mais criatividade, flexibilidade e suporte para desenvolver o feeling.
Em uma conversa, por exemplo, você pode despertar esse lado do cérebro usando símbolos e metáforas.
Incluir atividades artísticas na sua rotina também é uma boa pedida para treinar a mente e a intuição.
Pintura, leitura, artesanato e música auxiliam no exercício da mente, em especial do lado direito.
Sem autoconfiança, fica complicado desenvolver o feeling, porque a intuição se manifesta como nossa voz interior.
Busque, portanto, ampliar a confiança em si próprio para turbinar a intuição.
Prepare-se da melhor maneira para os desafios, reconheça seus pontos fortes e, quando for preciso ouvir a voz da intuição, confie nela.
Big data é a expressão que descreve a grande quantidade de dados com que pessoas e empresas lidam diariamente, graças ao universo digital.
Esses dados são coletados a partir de cada experiência, impressão e interação entre usuários e marcas na internet.
Mas será que tais informações, colhidas de forma racional, podem impactar o feeling?
A resposta é sim.
Combinar big data à intuição é um modo bastante inteligente de encontrar ideias valiosas sobre pessoas, grupos e empresas.
Afinal, os dados oferecem um ponto de partida bem embasado que, à luz do feeling, resultam em produtos e serviços personalizados, que atendem a expectativas inicialmente ocultas.
Parece complexo? Então, vamos a um exemplo.
Imagine que uma companhia tenha a intenção de criar uma linha de bolsas para o público masculino.
A primeira ideia de sua equipe é optar por formatos que lembrem uma pequena mochila.
No entanto, antes de desenhar esse modelo, o time se reúne para avaliar informações sobre publicações nas redes sociais da marca.
Com o suporte de um algoritmo, verificam que os homens interagiram mais quando foram postadas imagens de bolsas a tiracolo, inclusive com modelos femininos.
Daí, pode surgir uma ideia de inserir bolsas a tiracolo na nova linha para o público masculino, ou, até mesmo, repensar a coleção, substituindo as mochilas por esses modelos.
Vai depender do feeling no momento da reunião, e da troca de informações entre a equipe.
Outro ponto de atenção relacionado ao big data é o fato de que a tecnologia está substituindo o ser humano em tarefas operacionais e analíticas, provocando transformações no mercado de trabalho.
A rápida automação exige que os profissionais entendam e saibam utilizar a tecnologia.
Entretanto, que sejam menos tecnólogos, valorizando sua criatividade e sentimentos – o que inclui a intuição.
A esse respeito, veja as palavras de Eduardo Tracanella, superintendente de marketing institucional do Itaú-Unibanco:
“Teremos de ser insightfull. E para isso precisamos ser famintos. Apaixonados. Menos cartesianos e mais humanos de novo. Menos automáticos que passam e repassam. Mais colaborativos para conectar as coisas. Mais empreendedores para buscar nas entrelinhas do mar de dados a hipótese que muda tudo.”
A intuição está presente na rotina de muitas empresas, em especial das que atuam em modelos mais flexíveis, como as startups.
Neste tópico, comentamos sobre histórias em que o feeling fez a diferença para que algumas companhias se popularizassem e crescessem.
Acompanhe!
Uma das principais redes sociais da atualidade, o Facebook nasceu para proporcionar interação entre alunos da Universidade de Harvard, em 2004.
Primeiro, Mark Zuckerberg havia idealizado o Facemash, rede em que os estudantes poderiam visualizar fotos para escolher aqueles por quem mais se interessavam.
Depois, Chris Hughes, Eduardo Saverin e Dustin Moskovitz se uniram a Zuckerberg para lançar a plataforma TheFacebook.com, permitindo a montagem de perfis pelos usuários.
A intuição foi importante, primeiro, para a troca de nome do site, que passou a se chamar Facebook após sugestão de Sean Parker.
Em seguida, o feeling levou Zuckerberg a apostar no sucesso da rede social como um negócio, deixando que fosse utilizada por estudantes de universidades em todo o mundo, no fim de 2005.
Já em 2006, o executivo tomou uma atitude ousada, abrindo o Facebook para qualquer usuário que se interessasse.
Essa ação fez o público crescer exponencialmente, de um milhão de usuários no início de 2005, para 12 milhões em 2006 – para 2,5 billhões em 2020.
Gigante no universo fast-food, a rede começou com o investimento dos irmãos Richard e Maurice McDonald, em 1940, no sul da Califórnia.
A venda de hambúrgueres e a entrega aos clientes dentro de seus carros levou ao sucesso da marca que, nos anos 1950, atraiu a atenção do empresário Ray Kroc.
A intuição de Kroc iniciou uma trajetória de expansão do McDonald’s para outras regiões dos Estados Unidos e do mundo.
Também foi fundamental para que os restaurantes definissem crianças e famílias como seu público-alvo – outra estratégia bem-sucedida da marca.
Ao longo deste artigo, explicamos a importância e como desenvolver o feeling para tomar decisões assertivas nos negócios e na carreira.
Claro que não devemos deixar a racionalidade de lado, mas há situações em que vale a pena ouvir a voz da intuição, concorda?
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