Você pode não ter ouvido falar ainda do termo Cultura Maker, mas, certamente, conhece expressões como “faça você mesmo” ou “colocar a mão na massa”.
Ao longo deste texto, você vai perceber que elas estão diretamente ligadas ao tema do artigo.
O movimento Cultura Maker, na verdade, virou uma febre do século XXI.
A busca por soluções cada vez mais criativas e personalizadas abriu as portas para que ele ganhasse espaço e não parasse de crescer.
Além disso, temas que estão muito em voga, como inovação, sustentabilidade e tecnologia ajudaram nesse sentido.
Bastante vinculada à educação, a Cultura Maker pode ser aplicada nos mais variados contextos e cenários. Inclusive, no seu ambiente profissional.
Tudo isso vai ser abordado a partir de agora, em um guia completo sobre o assunto.
Dê só uma olhada nos tópicos que preparamos para essa jornada:
Pronto para começarmos? Então, boa leitura!
O movimento Cultura Maker é uma evolução do “Do it yourself” ou, em bom português, do “Faça você mesmo”.
O conceito principal é que qualquer pessoa, dotada das ferramentas certas e do devido conhecimento, pode criar as suas próprias soluções para problemas do cotidiano.
É bem verdade que essa (nem tão) nova tendência tem se popularizado e assumido um status mais profissional nos dias de hoje.
O que tem impulsionado o movimento é o surgimento de novas tecnologias, como as impressoras 3D, máquinas de corte à laser, kits de robótica e o próprio acesso massivo à internet de banda larga.
Em uma analogia bem simples, é como se as chamadas gambiarras, que todo brasileiro está acostumado a fazer, ganhassem sofisticação e requinte.
O conceito tem a ver também com o que se chama de Nova Revolução Industrial, sobre a qual vamos falar agora.
Algumas pessoas vão ainda mais longe na definição do conceito. É o caso do escritor Chris Anderson, autor do livro “Makers: a nova revolução industrial”.
Segundo ele, o movimento tem capacidade de ser radical a tal ponto, que, daqui a alguns anos, qualquer pessoa com um pouco de conhecimento técnico e com as ferramentas certas vai conseguir produzir os seus próprios produtos.
Se Anderson está certo ou não, só o tempo vai dizer.
Mas, a realidade mostra que a lógica de mercado já mudou um pouco a partir desse fenômeno, conforme veremos mais à frente.
Talvez o principal papel do movimento Maker seja difundir o aprendizado pela prática.
Não que a teoria não tenha valor, é claro.
Contudo, por meio do “faça você mesmo”, mais pessoas têm acesso à confecção de produtos.
É algo que antes era restrito às indústrias de massa e, atualmente, está mais democratizado.
O conhecimento circula mais e todos têm a oportunidade de desenvolver ideias inovadoras e compartilhá-las com o mundo.
Para Dale Dougherty, criador da revista MAKE, primeira publicação especializada do movimento, a Cultura Maker tem como um dos seus principais objetivos provocar o potencial criativo das pessoas, fazendo com que elas raciocinem e ajam de maneira pouco convencional.
É o famoso “pensar fora da caixa”.
Dougherty, em outras palavras, está dizendo que esse fenômeno mundial faz com que as pessoas se tornem mais autônomas e proativas.
Com isso, obviamente, ficam menos dependentes dos outros para encontrar as suas próprias soluções.
Agora, imagine um geração inteira de crianças aprendendo os preceitos do movimento Maker desde muito novas nas escolas?
Trata-se de uma completa revolução que já está em curso, inclusive.
Os jovens, desde cedo, estão em contato com esse universo e se tornando, aos poucos, os principais agentes do seu desenvolvimento intelectual.
Por meio de brincadeiras, jogos de desafio e charadas, por exemplo, eles vão em busca de respostas para problemas que, mais tarde, vão ser úteis para o seu futuro.
De que maneira você acha que os pequenos vão aprender mais sobre matemática?
Decorando a tabuada ou usando blocos de montar para visualizar, de forma prática, a progressão dos números?
Bem mais provável que seja a segunda opção, concorda?
É claro que, ao longo da história e mesmo em tempos mais modernos, sempre existiram inventores criativos que desenvolvem ideias para os mais variados fins.
Mas nem sempre eles tinham os materiais próprios para colocar seus protótipos em prática.
Leonardo Da Vinci, por exemplo, desenvolveu o paraquedas, que só foi “lançado”, efetivamente, mais de três séculos depois pelo francês Jean-Pierre Blanchard.
Agora, com toda a tecnologia ao nosso dispor, qualquer um pode ser Da Vinci e foi isso, justamente, que a Cultura Maker proporcionou.
Ou seja, mostrar para o mundo que cada um de nós, talentos individuais à parte, tem a capacidade de ser um maker.
Portanto, de certa forma, o movimento também ajuda a trabalhar a nossa autoestima.
A proposta é que deixemos de falar “não posso”, “não consigo”, “isso é impossível” e coisas do gênero.
Como em uma sessão de coaching, é preciso deixar as crenças limitantes de lado e começar a colocar a mão na massa.
Ninguém precisa ser mais um grande especialista em determinada área para ser um maker.
Existem milhões de tutoriais no YouTube que mostram o passo a passo de um determinado processo e você pode reproduzir artesanalmente em casa.
Os vídeos da internet nada mais são do que uma evolução dos manuais de instruções, com uma roupagem muito mais atraente e didática.
Mas mais do que isso, a Cultura Maker mudou a própria lógica do consumo.
As empresas, hoje em dia, estão muito mais preocupadas em atender às necessidades de seus clientes.
Desse modo, as organizações têm convidado os próprios consumidores para participar da rotina produtiva e dar opiniões sobre os serviços e as mercadorias lançadas.
Isso acontece porque elas não possuem mais o monopólio da produção.
Qualquer negócio inovador ou solução individual criativa pode surgir como uma concorrente e abocanhar uma fatia do mercado.
O consumidor, como nunca antes, é quem dita as regras nessa nova ordem mundial de oferta e procura.
E você, de forma independente e mesmo sem os melhores recursos, já pensou em lançar o protótipo de um produto com fins comerciais?
Agora é um bom momento para avaliar essa possibilidade.
O movimento Maker já migrou para diversos setores da sociedade e um deles, talvez o principal, seja o ramo educacional.
A Educação Maker nada mais é do que a aplicação dos conceitos do “faça você mesmo” em salas de aula do ensino infantil, fundamental e médio.
Por meio de atividades práticas, os alunos desenvolvem a criatividade, a proatividade, além de outras habilidades importantes para o currículo escolar.
As feiras de ciências, que muito aparecem em desenhos e filmes americanos de temática jovem, são um exemplo de atividade nesse sentido.
Dessa forma, os estudantes conseguem ter experiências mais próximas de suas realidades.
Essa dinâmica faz com que o aprendizado seja refletido em conhecimento para que eles possam, de fato, aplicar em suas vidas.
Para tornar essa experiência ainda mais rica, uma proposta de exercício interessante é pensar em soluções que tenham algum tipo de impacto social.
E ainda que contribuam para a resolução de problemas corriqueiros ao universo em que os pequenos estejam inseridos.
Dentro do contexto educacional, surge outro conceito interessante, que é o Laboratório Maker.
Ele pode ser definido como um canal para o desenvolvimento do ensino do “faça você mesmo”.
Na prática, é interessante ter salas equipadas com computadores, drones, impressoras 3D e outras tecnologias para que o aluno exerça a sua capacidade criativa.
Por se tratar de um espaço compartilhado e cooperativo, outra vantagem da iniciativa é a busca por soluções em conjunto.
Assim, os colegas podem trabalhar em equipe na produção de brinquedos, aplicativos, jogos virtuais e o que mais a criatividade permitir.
Você mesmo pode colocar a mão na massa e iniciar a sua própria produção na Cultura Maker.
Gosta da ideia?
Então, veja alguns nichos interessantes para investir:
Você sempre foi conhecido como alguém que sabe se vestir e é estiloso? Então, que tal lançar a sua própria linha de roupas?
E o melhor é que você nem precisa saber muito de confecção para isso.
Com os softwares certos e algum modelo de máquina de costura eletrônica, totalmente integrada ao computador, é só liberar o seu lado estilista e mandar ver.
Gosta de uma alimentação mais saudável ou deseja passar adiante os seus conhecimentos sobre culinária vegana? Então, invista na Cultura Maker.
Aqui, você pode criar receitas, ensinar técnicas de fermentação caseira e até mostrar como cultivar a sua própria horta de produtos orgânicos e a sua compostagem.
Sabe aquela combinação de produtos químicos que é uma receita de família que acaba com o mofo?
Ou aquela descoberta sua de um ingrediente natural que branqueia as roupas?
Chegou a hora de patentear essas ideias.
Desde criança, a sua mãe passa uma essência caseira que deixa a sua pele mais macia que de bebê?
Você não acha que outras pessoas também merecem provar essa maravilha?
Compartilhe os seus conhecimentos e monte uma linha de cosméticos “faça você mesmo”.
Todo mundo tem aquela receita de família que acaba com algum sintoma ou ajuda a combater uma doença.
Um chá natural, um xarope da folha de tal planta.
Mesmo que não tenham benefícios cientificamente comprovados, esse produtos podem ajudar determinadas pessoas.
Só tenha o cuidado de ir mais a fundo nas pesquisas e se certificar de não ferir nenhuma regulamentação, pois saúde é coisa séria.
Você gosta de assistir programas de decoração na televisão?
Acha que tem talento para ser um design de interiores? Então, faça acontecer!
Lance mão do reaproveitamento de materiais e produza ambientes personalizados de acordo com as preferências dos clientes.
Use a impressão 3D para produzir ferramentas funcionais e instrumentos musicais exclusivos.
Também vale recorrer a produtos recicláveis nessas confecções.
Além dos tipos de atividades na Cultura Maker para você se inspirar, separamos três iniciativas que se valem dos princípios do movimento “faça você mesmo” e que possuem um negócio consolidado.
Veja, na prática, como a Cultura Maker já está acontecendo.
É uma organização do Rio de Janeiro que se define da seguinte forma: “busca democratizar a produção de tecnologia na construção de um mundo mais diverso e justo”.
E o meio utilizado para isso é, justamente, a Cultura Maker.
Com mais de três anos de atuação, a Olabi já atendeu mais de 20 mil pessoas por meio de projetos ligados desde à robótica e à inteligência artificial, até à marcenaria e ao artesanato.
É um Laboratório Maker localizado às margens do Rio Tapajós, na Amazônia, que oferece toda a infraestrutura necessária para que suas ideias possam se tornar realidade.
Dotado com o que há de mais moderno em termos de tecnologia e ferramentas maker, o espaço atende a 70 comunidades da região e ajuda a provar que o movimento não possui fronteiras, nem barreiras geográficas.
É uma franquia de escolas de inglês com mais de 50 anos de tradição, que se baseia na Cultura Maker para ensinar um novo idioma a crianças e adolescentes.
A metodologia do curso é recheada de atividades que permitem ao aluno praticar a língua em situações cotidianas.
Entre os eventos que a escola promove estão: programas de intercâmbio, concursos de soletramento, festa de halloween, além de dinâmicas com robôs.
Falamos bastante sobre a Cultura Maker aplicada à educação, mas será que esse conceito também não pode ser usado no ambiente organizacional?
Evidentemente que sim.
O movimento de colocar a mão na massa pode colaborar, entre outras coisas, para a busca de soluções inovadoras perante os desafios da rotina produtiva.
No entanto, como já foi mostrado, para fazer você mesmo, é necessário ter um conhecimento técnico mínimo.
Ou seja, os colaboradores vão ter que se capacitar mais para conseguirem conectar suas ideias a saídas práticas.
Uma maneira de aplicar o conceito dentro das empresas é incentivar a participação da equipe de trabalho.
Assim, na hora de lançar projetos e protótipos de produtos, os profissionais já vão se antecipar com a apresentação de respostas reais ao problema.
Outra medida interessante é fazer uma espécie de concurso, oferecendo aos colaboradores algum tipo de premiação àquele que criar a invenção mais eficaz em determinado contexto.
Assim como no ambiente escolar, a Cultura Maker oferece diversas vantagens ao meio corporativo, entre as quais podemos citar:
Se não bastassem os benefícios que a Cultura Maker pode trazer para as organizações, ela também trabalha valores muito importantes, como:
Sustentabilidade, aliás, merece um tópico à parte, principalmente, pelo momento em que vivemos.
Afinal, o combate ao desperdício, o reaproveitamento de materiais e a educação ambiental são temas muito ricos.
Nesse sentido, a Cultura Maker é sustentável, principalmente, por três motivos:
O primeiro é mais fácil de compreender.
Como não há uma produção em grande escala, os itens são produzidos conforme a necessidade do consumidor.
Existe até um nome técnico bonito para isso: produção just in time.
Já os outros dois estão diretamente ligados entre si.
Para entender melhor, vamos imaginar um exemplo prático.
Quantas vezes você já viu mercadorias belíssimas produzidas apenas com materiais recicláveis ou descartáveis?
Grandes alegorias de carnaval, adereços e fantasias já foram confeccionadas assim.
Os pallets utilizados na produção de móveis representam outro exemplo da sustentabilidade dentro da Cultura Maker.
O que achou do nosso artigo sobre cultura maker? Já tinha ouvido falar sobre assunto?
Se sentiu inspirado pelo movimento “faça você mesmo”?
Esperamos que sim, pois, como podemos ver durante a leitura, essa tendência mundial traz uma série de benefícios para diferentes setores e, inclusive, pode ajudar na sua capacitação profissional.
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