De alguns anos para cá, celulares e tablets vêm se tornando utilitários difíceis de substituir para tarefas diárias. A adaptação desses dispositivos em diversos contextos às vezes apresenta desafios, mas muitas vezes traz ganhos claros.
No âmbito educacional, os limites e recursos dos dispositivos móveis vêm sendo pensados sob medida para gerar um tipo de educação contemporâneo, chamado mobile learning.
Também conhecido como m-learning, trata-se de uma metodologia de aprendizado pensado para tornar mais fáceis interações, treinamentos e capacitações.
Vários tipos de ensino e de materiais didáticos cabem nesse amplo conceito de m-learning. A capacidade de ensino remoto, a riqueza de mídias e o estímulo à autoinstrução no ritmo do aluno são alguns dos aspectos mais valiosos dessa metodologia.
Aplicativos de ensino de idiomas, videoaulas, entregas de tarefas via ambiente de aprendizagem virtual são exemplos desses usos, que têm se tornado possíveis desde o início do século XXI.
No entanto, há décadas os avanços da informática levavam cientistas e educadores a sonhar com a aplicação prática dos preceitos de aprendizagem cômoda, ágil e adaptada ao ritmo individual. O projeto inconclusivo do Dynabook, nos anos 1970, é um exemplo de tentativa de otimizar o aprendizado remotamente.
Como funciona a metodologia mobile learning?
Em primeiro lugar, a interatividade é um aspecto central do mobile learning. Ela pode se dar exclusivamente online ou também incluir ação offline. No Brasil, o acesso online nem sempre se dá com a mesma qualidade, mas está amplamente disponível.
Apesar do atraso estrutural brasileiro em vários âmbitos, 79,3% dos nacionais com 10 anos ou mais têm celular próprio. Desse contingente, 88,5% usa o aparelho para ter acesso à internet.
Essa possibilidade está disponível para 98,1% dessa população por dispositivos móveis e para 50,7% pelo computador. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (PNAD Contínua TIC) 2018.
As ferramentas de m-learning precisam ser instaladas e podem ser personalizadas em muitos casos. Elas geralmente se encontram nas seguintes formas.
Gamificação
Este primeiro item não é exatamente uma forma de ferramenta, mas uma mecânica presente nas ferramentas de m-learning. A gamificação consiste em aplicar elementos comuns em jogos em atividades “sérias” (que não são jogo) para aumentar o prazer e a interação dos participantes na atividade.
No contexto do ensino com uso de portáteis, o hábito que muitas pessoas jogarem no celular pode facilitar ainda mais o aprendizado aos processos gamificados – como atribuição de pontos por conclusão de tarefas, divisão de atividades em níveis, regras de participação.
Videoaulas
Aulas em vídeo tendem a ser mais concisas do que as presenciais – e ainda mais dinâmicas, se forem pensadas para o “consumo” portátil.
Esse formato de ensino já é amplamente usado na educação a distância em geral, mas tem assumido características específicas para o uso por celular.
São exemplos disso o corte dos conteúdos ensinados em trechos mais curtos e a sinalização dos temas em cada vídeo para facilitar a navegação não linear do aluno pela aula.
Livros digitais
Os livros digitais podem aproveitar-se de recursos multimídia ou não e assumir diversos tipos de uso didático.
Esses tipos de arquivo podem assumir a forma de livros teóricos, apostilas, material de apoio, entre outros – com a vantagem de terem custo de produção geralmente inferior a vídeos e outras mídias mais complexas.
Aplicativos
Os aplicativos são os recursos mais adaptados aos dispositivos móveis. O desenho deles geralmente é pensado já com o tamanho de tela e as possibilidades de interação de celulares e tablets em mente.
Plataformas
Diferentemente dos aplicativos, as plataformas são acessadas pelo navegador do celular – com páginas responsivas para o formato portátil.
A plataforma também não precisa de atualizações constantes nos dispositivos de alunos e professores, pois funcionam como um SaaS (software as a service).
Qual a diferença entre m-learning e e-learning?
O ensino remoto não se limita ao mobile learning. As tecnologias de ensino a distância (também chamado e-learning, ou ensino eletrônico) também podem ser usufruídas em computadores de mesa, que não são portáteis.
Porém, enquanto o termo e-learning geralmente seja utilizado para designar cursos e treinamentos estruturados, formulados por profissionais qualificados, o m-learning não exige uma estrutura formal para existir.
Assim, embora o m-learning possa ser formulado por educadores e empresas bem-direcionadas, tem um apelo maior à aprendizagem voluntária e ao autodidatismo dos estudantes.
Três benefícios da metodologia mobile learning
Além de facilitar o acesso ao conhecimento e estimular o engajamento do aluno, há três grandes vantagens nos novos métodos de m-learning:
Diversificação da aprendizagem
A integração de conteúdos educativos com utilitários já instalados no celular oferece possibilidade de acesso praticamente imediato a diversas linguagens e tipos de arquivo de mídia relevantes.
Essa facilidade pode incluir jogos e tecnologias de realidade virtual e aumentada, aumentando a imersão e concentração de alunos.
Melhoria na eficiência do ensino
Os ganhos de imersão, de concentração e as possibilidades de aprendizado lúdico tendem a proporcionar uma absorção mais eficiente de muitos tipos de conteúdo.
A possibilidade de replicar materiais de apoio em massa apenas aplicando um investimento inicial também permite atingir mais pessoas a custos reduzidos – um claro ganho de eficiência.
Favorecer a aprendizagem contínua
A grande diversidade de materiais didáticos à disposição de diversas fontes de diversos países amplia a oferta do mercado de conhecimento a pessoas sempre dispostas a descobrir novos aprendizados.
Com acesso a um smartphone, alunos de diferentes perfis podem tanto adquirir conhecimentos para uso próprio como buscar capacitação, empregabilidade e reciclagem profissional mediante poucos cliques.
Conclusão
Apesar de apresentar limitações de interação e sociabilidade presentes no ensino presencial, o m-learning é uma metodologia com potencial ainda inexplorado. Portanto, trata-se de uma oportunidade de ensinar e aprender em constante evolução.
Cada vez mais presente nos contextos acadêmico e corporativo, o m-learning deve oferecer mais possibilidades de exposição de conteúdos didáticos a custos reduzidos, e acesso amplificado.
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