13 jan 21
Uma visão geral sobre liderança feminina
O tema da liderança feminina no mundo corporativo está ligado à noção de igualdade de condições de trabalho entre homens e mulheres. Aspectos essenciais da rotina laboral, como salário e tratamento individual, têm recebido atenção de empregadores nos últimos anos.
A liderança feminina é a aplicação a mulheres da capacidade de influenciar grupamentos dentro de uma empresa, e se insere num contexto geral de mudanças de regras sociais e de conduta no ambiente de trabalho, antes restritas às mulheres.
A noção de liderança feminina também está ligada à ocupação de posições estratégicas em organizações ou à frente de seus próprios negócios. Historicamente, a liderança feminina é um fenômeno recente, derivado de mudanças fundamentais da sociedade e mobilização de grupos dedicados à busca de igualdade entre homens e mulheres.
Mudança gradual da desigualdade
A imposição de restrições profissionais a mulheres está ligada a uma antiga determinação de função social por gênero. Até o século 20, os deveres e limitações de homens e mulheres eram profundamente diferentes, devido à organização das sociedades de então.
Desde cedo, garotas eram ensinadas a atuar no ambiente doméstico e na criação da família, enquanto garotos eram estimulados a praticar atividades relacionadas à força e a estudar, para serem futuros provedores de suas famílias.
Algumas das consequências negativas desse arranjo para as mulheres eram o isolamento, a dependência econômica, por desempenhar tarefas não remuneradas, e a limitação de participação no mundo exterior, em decisões políticas.
A incorporação feminina gradual na força de trabalho, com a expansão industrial do século 20, não foi suficiente para fornecer à maioria das mulheres posições profissionais de protagonismo.
Transportando para os dias de hoje, as mulheres que têm acesso à educação formal ficam em média mais tempo nas instituições de ensino que os homens e conseguem com maior facilidade desenvolver “soft skills” e liderar pelo exemplo.
Ainda assim, a Organização Internacional do Trabalho informa que os salários femininos são 14% inferiores aos masculinos, em comparação entre 115 países feita em 2020.
Os benefícios da liderança feminina
O argumento econômico
Para além do sentimento de civilidade e justiça, a equidade de condições de trabalho entre gêneros também encontra argumentos econômicos convincentes.
No Brasil, 45% das famílias brasileiras são sustentadas financeiramente por mulheres. Os ganhos em bem-estar com aumento de renda, decorrente da equidade salarial, geraria ganho social considerável.
Essa ação positiva foi monitorada em âmbito global pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que calculou um acréscimo do Produto Interno Bruto (PIB) internacional na casa dos US$ 6 trilhões mediante garantia de paridade nas remunerações.
Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula um crescimento do PIB global de 35% com a igualdade de gênero nas relações de trabalho.
Por outro lado, empresas que contam com equipes executivas com equidade de gênero têm 14% mais chances de superar o desempenho de concorrentes, informa a edição de 2020 do estudo “Diversity Matters”, da consultoria McKinsey.
Já a chance de obter desempenho financeiro maior em relação à concorrência em empresas com igualdade de oportunidades entre funcionários homens e mulheres é de 93%.
A diversidade de ideias sobre as mesmas situações fomenta a sustentabilidade a longo prazo, conforme justifica a executiva Nelcina Tropardi em texto.
O argumento administrativo
Embora a liderança feminina carregue estereótipos sobre comandar com emoção e com menor racionalidade, alguns traços diferenciais positivos realmente tendem a ser percebidos na gestão por mulheres.
Tendência à cooperação
A divisão de demandas múltiplas, pedindo auxílio à equipe de trabalho, é outro traço observado.
Essa cooperação favorece o compartilhamento de problemas e soluções também entre os liderados, que passam a construir soluções originais a partir da colaboração.
Maior flexibilização
Líderes femininas ganham vantagem na hora de enxergar respostas alternativas, modificar, contornar ou romper padrões e processos rígidos. Dessa forma, é possível obter resultados eficientes impossíveis sob arranjos antigos.
Empatia
A capacidade de compreender dificuldades, necessidades e dores alheias enseja pensar em oportunidades de satisfazer essas demandas.
Maior desenvoltura no relacionamento interpessoal
A vantagem competitiva da desenvoltura no trato pessoal pode beneficiar tanto a negociação com outras organizações, fornecedores e parceiros quanto a própria equipe da gestora.
Aspectos que favorecem essa desenvoltura são a escuta ativa, a comunicação não violenta e a flexibilidade.
Clima organizacional leve
A flexibilidade e a cooperação mencionadas acima fomentam ambientes mais acolhedores entre empregados de uma empresa e auxiliam na retenção de talentos. Uma gestão pouco autoritária e agressiva pode levar a uma maior harmonia e produtividade no trabalho.
Mulheres na administração no Brasil e no mundo
O Brasil é um país que ainda pode se beneficiar muito da redução da disparidade de gêneros. A pesquisa “Sem atalhos: transformando o discurso em ações efetivas para promover a liderança feminina”, desenvolvida pela consultoria Bain & Company e o LinkedIn em 2019, indica que apenas 3% dos cargos mais altos no país eram preenchidos por mulheres.
Já um levantamento do IBGE aponta que apenas 38% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres em 2018. Um estudo da Catho publicado em outubro de 2020 constatou ganhos de mulheres em posições de liderança como 23% inferiores, em média, aos de homens nos mesmos postos.
No mundo, uma pesquisa conduzida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) também indica haver ainda necessidade de grandes mudanças.
O documento “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências para Mulheres 2018” estima que administradoras de empresas são em número quatro vezes menor que suas contrapartes masculinas.
As atividades familiares não remuneradas em países em desenvolvimento, por outro lado, são assumidas em maior número pelas mulheres: 42% delas assume essas incumbências, comparado a 20% dos homens.
Por fim, o estudo da OIT quantifica a participação das mulheres na força de trabalho em 48,5% – 26,5 pontos abaixo da masculina.
Conclusão
A promoção da liderança feminina tem crescido e traz benefícios de bem-estar social, econômicos e civis. No entanto, a mudança dessa situação ainda depende da superação de certas posturas discriminatórias e outros obstáculos.
Para conhecer os principais desafios à liderança feminina e os fatos que impulsionaram o crescimento das mulheres em cargos de gestão, não deixe de ler o texto sobre liderança feminina do blog da FIA.
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