Em um contexto em que o ensino a distância (EaD) parece ter se transformado de uma tendência em uma necessidade, um currículo de conteúdo sólido e uma boa conexão de internet podem se mostrar insuficientes para um bom aprendizado.
O ensino híbrido (ou blended learning) é um método de aprendizado que mistura atividades presenciais e virtuais de ensino – para facilitar a troca de experiências – com o engajamento e o desenvolvimento de competências.
É uma metodologia ativa de aprendizagem, que objetiva estimular a proatividade dos alunos de maneira mais intensa do que no modelo presencial expositivo, que é o convencional.
Como funciona o blended learning?
Mais do que cumprir um calendário de conteúdos fundamentais, a ênfase da aprendizagem mista é em os estudantes adquirirem competências. Os requisitos para desenvolver competência numa área de investigação, de acordo com os pesquisadores Bransford, Brown e Cocking são:
- Ter uma base profunda de conhecimento factual
- Compreender fatos e ideias no contexto de um quadro conceitual
- Organizar o conhecimento a fim de facilitar sua recuperação e aplicação.
Esse paradigma leva em conta que nem todos os alunos têm bom aproveitamento do formato expositivo de aulas, e que a dinâmica e os materiais de aula podem se adequar às particularidades individuais.
Portanto, na aprendizagem mista, a maioria das atividades são ministradas de maneira remota, com grande flexibilidade para horários, local e companhia de estudos.
Abordagem presencial
A abordagem presencial é empenhada principalmente para trocar informações e promover debates sobre temas estudados. Metodologias de aprendizagem ativa, como a sala de aula invertida, podem ser usadas para garantir a preparação prévia dos estudantes antes dos encontros ao vivo.
Os encontros presenciais também são ideias para fortalecer a criatividade e as habilidades interpessoais em experimentos, na forma de testes, laboratórios, tarefas em grupo e da resolução prática de um problema.
Abordagem remota
O uso de dispositivos e equipamentos eletrônicos é essencial para que o aprendizado seja eficaz e aconteça no ritmo de cada aluno. Materiais e jogos interativos, imersão de realidade virtual e testes estilo quiz de múltipla escolha, entre outras ferramentas são alguns elementos digitais usados nessa prática.
Na conjuntura da pandemia, a parte presencial do blended learning tem sido provisoriamente suprido com a ajuda de utilitários digitais como salas de aulas virtuais e plantões de dúvidas remotos com tutores.
Diferentemente do ensino presencial tradicional, professores e tutores deixam a exposição de conteúdos em segundo plano e dão prioridade a guiar e ajudar a fixar conteúdo. Também assumem a grande responsabilidade de combinar de maneira eficaz essas e outras ferramentas e processos didáticos – que podem ser bastante complexos.
Histórico do blended learning
Embora o uso amplo de recursos eletrônicos, ensino remoto e uma visão de maior autonomia sejam bastante recentes, o desenvolvimento da aprendizagem mista (ou ensino híbrido) data desde o final dos anos 90.
Já naquele momento, as tecnologias da informação e comunicação (TIC) alteravam a dinâmica do funcionamento da sociedade, inclusive da educação. A noção inovadora de que o processo de aprendizagem poderia ser totalmente mediado pelo ambiente virtual – chamada de e-learning – motivou várias iniciativas pedagógicas.
Algumas instituições de ensino superior norte-americanas incentivaram seus docentes a construir modelos híbridos de cursos para contrapor-se ao modelo expositor-ouvinte convencional. Uma dessas instituições foi a Universidade de Wisconsin-Milwaukee.
A flexibilização das aulas e as vantagens de ensino foram se popularizando no decorrer dos anos 2000, primeiramente no ensino superior, e depois implementado o ensino híbrido nos ensinos infantil e fundamental.
Em alguns países, o Estado enxergou potencial nos novos arranjos, estimulando o blended learning – é o caso de México, Austrália, Cingapura, Coreia do Sul e Turquia.
Atualmente, a metodologia de ensino híbrido é usada também para capacitação profissional, universidades corporativas e outros formatos de aprendizado. A McDonald’s University, por exemplo, é um projeto que utiliza o ensino híbrido para tornar a capacitação profissional a distância mais atraente.
Qual é a diferença entre EaD e blended learning?
Embora tanto o EaD quanto o ensino híbrido sirvam-se de tecnologias de transmissão de conteúdo remotas, esses modelos trazem ênfases diferentes: o blended learning se refere aos formatos mistos, ao passo que a educação a distância emprega exclusivamente as opções remotas de ensino.
O uso de internet por ambos os modelos na atualidade pode confundir as fronteiras entre eles. No entanto, ajuda a esclarecer essa confusão o fato de que cursos por correspondência são uma modalidade da educação a distância e existem desde o começo do século 20 no Brasil. Os telecursos veiculados em mídias eletrônicas de massa também se enquadram nessa categoria.
Por outro lado, o ensino híbrido só passaria a ser possível com a adoção das tecnologias de informação e comunicação na educação – como a internet. Essa inovação, chamada e-learning, levou para o ambiente virtual não apenas as aulas, mas também os vestibulares, diplomas, pesquisas escolares e outros elementos pedagógicos. Por isso, a componente remota do ensino híbrido tornou-se viável.
Conclusão
Num momento em que a digitalização atinge múltiplos aspectos da vida humana, o modelo de ensino híbrido adapta ferramentas e dinâmicas de pedagogia aos usos e hábitos dos alunos, inserindo utilitários tecnológicos na sala de aula.
Além de desenvolver as competências de conhecimento necessárias, o ensino híbrido traz como vantagens adicionais a educação digital e o fomento à autonomia e à inovação dos alunos – pelo gerenciamento de tempo, escolha de recursos adequados e capacidade de utilizar e criar com novas tecnologias.
A aprendizagem mista é uma das várias empolgantes novidades em métodos educacionais da atualidade. Ao visitar o Blog da Graduação da FIA, você continua sua jornada de conhecimento sobre educação, tecnologia, administração e carreira.
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