Private equity são investimentos em empresas não listadas em bolsas de valores, realizados por fundos especializados, com o objetivo de reestruturação, crescimento ou venda futura do negócio para gerar lucro.
À primeira vista, pode parecer algo técnico demais, porém vale a pena entender o assunto para avaliar as oportunidades dessa estratégia.
Até porque, embora em queda no Brasil, investir em private equity ainda pode ser um bom negócio.
Segundo a TTR Data, entre janeiro e março de 2023, o volume de investimentos foi de R$ 600 milhões, 84% menor que o mesmo período do ano anterior.
Uma queda brusca, mas que não compromete a continuidade dessa modalidade de investimento que tem projeção de crescimento para os próximos anos.
Esse movimento é até compreensível, considerando se tratar de um investimento de alto risco, mais do que a negociação de ações na bolsa de valores.
Se investir em ações, com todas as regras estabelecidas, já traz riscos, no private equity, as incertezas são ainda maiores.
As aplicações em papéis na bolsa já são para investidores arrojados, mas as de private equity demandam ainda mais ousadia e disposição para assumir perdas.
Neste texto, vamos explicar o que é private equity e abordar os mecanismos por trás dos investimentos na modalidade. Saiba tudo sobre esse investimento a partir de agora.
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O que é o private equity?
Private equity é um tipo de investimento em que se compra participações em empresas que não estão listadas na bolsa de valores.
Os fundos de private equity captam recursos de investidores, como pessoas físicas, fundos de pensão e seguradoras.
E assim o fazem para investir em empresas privadas.
O objetivo da estratégia é gerar retornos financeiros por meio do crescimento e valorização dessas empresas.
Para isso, há participação ativa da gestão, provendo capital, expertise e apoio estratégico.
Vale dizer ainda que os fundos de private equity podem investir em negócios de diversos setores e tamanhos.
No entanto, costumam se concentrar em setores com potencial de crescimento, como tecnologia, saúde ou consumo.
Como já destacado, este tipo de investimento pode ser de alto risco, uma vez que se compra participações em empresas privadas que não são negociadas publicamente.
Em contrapartida, podem gerar retornos financeiros expressivos, principalmente no longo prazo e dependendo do tipo de private equity.
Agora que entendemos o que é private equity, veja a forma de atuação de alguns dos mais conhecidos no mercado:
- Buyout: o fundo de private equity compra a totalidade ou a maioria das ações de uma empresa
- Leveraged buyout: modalidade que usa alavancagem financeira para adquirir uma empresa
- Growth equity: investe em empresas em crescimento, aplicando capital e dando apoio estratégico
- Distressed debt: aplica em empresas em dificuldades financeiras, comprando sua dívida.
Com tantas opções, não se pode investir sem saber antes como é a dinâmica nesse mercado.
Veja a seguir como se opera no private equity e outros detalhes dessa modalidade.
Como o private equity funciona?
O investimento em private equity segue várias etapas, desde a captação de fundos até a saída do investimento.
Confira na sequência como cada uma delas se desenrola.
- Captação de fundos: as firmas de private equity levantam recursos com investidores, como fundos de pensão, fundos de investimento, instituições financeiras e indivíduos
- Identificação de oportunidades: busca-se oportunidades de investimento em empresas que apresentem potencial de crescimento sustentável, reestruturação ou melhoria de desempenho – podem ser empresas inteiras ou participações
- Aquisição e reestruturação: após identificar uma oportunidade, a firma de private equity adquire a empresa-alvo. Busca-se reestruturar a empresa para melhorar sua eficiência operacional, gestão e, consequentemente, seu valor
- Aporte de capital e suporte gerencial: ao tomar posse da empresa, os investidores desta modalidade fazem aportes de capital para financiar projetos de expansão, melhorias operacionais ou redução de dívidas
- Criação de valor: o objetivo principal é criar valor para a empresa, aumentando a eficiência operacional, pela expansão geográfica, desenvolvimento de novos produtos ou outras estratégias que impulsionem o crescimento e a lucratividade
- Saída do investimento: a fase final é a saída estratégica do investimento. Isso pode ser feito pela venda para outra empresa, oferta pública inicial (IPO) ou outras formas de desinvestimento que maximizem o retorno para os investidores
- Distribuição do retorno: os lucros obtidos com a venda da empresa são distribuídos aos investidores da modalidade de acordo com os termos do acordo de fundo.
Quem pode investir em private equity?
Investir em private equity é uma estratégia reservada a investidores institucionais, como bancos, seguradoras e fundos de pensão.
Pessoas físicas também podem investir, desde que tenham rendimentos de pelo menos R$ 300 mil anuais e patrimônio milionário.
Esses investidores, que incluem family offices e fundos de fundos, alocam uma parte significativa de seus portfólios para investimentos em private equity, buscando aproveitar o potencial de retorno elevado e a diversificação que essa classe de ativos oferece.
Para participar desses investimentos, os indivíduos precisam atender a critérios rigorosos.
Além disso, é fundamental ter conhecimento financeiro e de mercado para avaliar o desempenho potencial das empresas investidas.
A margem para erro é mínima, tendo em conta o volume de dinheiro a ser aplicado.
A tolerância ao risco a longo prazo também conta muito, já que os investimentos neste tipo de modalidade geralmente têm horizontes temporais mais longos e menor liquidez em comparação com outras opções de investimento.
Lembrando que, a exemplo de outros mercados, o de private equity é controlado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia ligada ao Ministério da Fazenda.
Private equity e outras opções de investimento
Considerando os muitos riscos envolvidos, é natural que haja dúvidas sobre a viabilidade de investir nele.
Para alguns investidores, em certos casos, os riscos são tantos que vale mais a pena aplicar em ações negociadas na bolsa ou mesmo em ETFs.
Essas pessoas (físicas e jurídicas) preferem colocar seus recursos em ativos mais protegidos, mesmo que haja riscos.
Seria o caso, por exemplo, dos que investem com o intuito de fazer hedge ou mesmo quem realiza operações mais arrojadas, como scalping.
Por outro lado, o private equity pode ser mais interessante para quem tem experiência em certos perfis de negócio e quer investir, mas sem deixar de colocar “a mão na massa”.
Em ações, esse tipo de iniciativa já não é possível, ainda que todo acionista possa participar das decisões da empresa da qual detém parte do patrimônio.
Esta modalidade, portanto, dá um poder de decisão maior e uma capacidade de intervir na parte estratégica e operacional de uma empresa como nenhum outro tipo de investimento.
Vamos ver então quais diferenças existem entre o private equity e os outros ativos financeiros de risco congêneres.
Private equity X venture capital
Private equity e venture capital são duas formas distintas de investimento que compartilham semelhanças, mas têm focos e abordagens diferentes no financiamento de empresas.
Ao respondermos o que é private equity, usamos um termo amplo que abrange investimentos em empresas maduras, seja para reestruturação, expansão ou aquisição.
Geralmente, esse tipo de fundo adquire participações em empresas estabelecidas, visando melhorar seu desempenho operacional e maximizar o retorno do investimento.
Logo, são transações que frequentemente envolvem empresas que já têm um histórico estabelecido no mercado.
Por outro lado, o venture capital concentra-se em investir em empresas em estágios iniciais ou startups, especialmente aquelas com potencial de crescimento rápido.
Os investidores assumem um risco mais elevado, uma vez que as startups podem ainda não ter receitas substanciais ou lucros consistentes.
É uma modalidade que não apenas provê financiamento, mas agrega experiência, networking e suporte estratégico para ajudar a empresa a crescer.
Private equity X buyout
Private equity, como vimos, abrange estratégias de investimento em empresas não listadas em bolsa.
Dentro desse espectro, o buyout é uma subcategoria específica, que se refere à aquisição de empresas, resultando frequentemente na aquisição da empresa alvo por grupos privados.
Existem duas principais formas de buyouts: leveraged buyouts (LBOs) e management buyouts (MBOs).
Nos LBOs, a aquisição é financiada principalmente por dívida, utilizando os próprios ativos da empresa adquirida como garantia.
Já nos MBOs, os gestores buscam comprar a empresa em que trabalham, muitas vezes com o suporte financeiro de investidores de private equity.
O objetivo principal do private equity, incluindo buyouts, é investir capital em empresas com potencial de crescimento escalável, reestruturá-las para otimizar seu desempenho e, finalmente, obter retornos dentro de uma margem considerada ótima.
Ambas estratégias focam no ciclo de vida das empresas, contribuindo para o seu desenvolvimento ao abrir oportunidades de crescimento e de aumentar a eficiência operacional.
Como funcionam os fundos de private equity?
Agora, você já sabe que os fundos de private equity operam mediante o aporte de capital por investidores institucionais e indivíduos de alta renda.
Esse capital é utilizado para adquirir participações em empresas privadas, visando crescimento ou reestruturação.
Durante o período de posse, a firma de private equity adota uma abordagem de gestão ativa para otimizar o desempenho das empresas.
A rentabilidade do fundo provém das vendas lucrativas das participações, com os retornos distribuídos aos investidores conforme as regras estabelecidas no contrato do fundo.
Seus fundos têm horizontes temporais mais longos, geralmente de cinco a dez anos, refletindo o tempo necessário para implementar estratégias de melhoria.
A liquidez é limitada durante o período ativo, com resgates permitidos apenas no final do ciclo de vida do fundo, quando as empresas são vendidas.
As regras, incluindo taxas, participação nos lucros e outros termos, são detalhadas no contrato, delimitando as responsabilidades da firma de private equity e dos investidores.
Como o retorno é maximizado por meio da gestão e da valorização, espera-se que a administração seja tão competente quanto uma gestão convencional.
Como as empresas se beneficiam com o private equity?
Empresas que buscam financiamento e orientação estratégica muitas vezes encontram neste tipo de investimento a oportunidade para se desenvolverem.
Ao optarem por esse modelo de investimento, elas recebem injeções de capital, permitindo a realização de investimentos em expansão, desenvolvimento de novos produtos e melhorias na parte operacional.
Além do capital, a experiência e conhecimento gerencial trazidos pelos investidores da modalidade podem ser decisivos, orientando a empresa em suas rotinas.
Afinal, a gestão ativa promovida pelo private equity tem como um dos focos a implementação de estratégias de crescimento, reestruturação e otimização de operações.
Essas ações, como vimos, visam aumentar o valor da empresa, preparando-a para uma futura saída lucrativa dos investidores.
Além disso, o envolvimento do private equity muitas vezes traz disciplina financeira e governança corporativa, melhorando a transparência e a eficácia na tomada de decisões.
Portanto, as empresas que optam por parcerias com investidores de private equity não apenas obtêm financiamento, mas também acesso a conhecimento estratégico e recursos humanos de grande valor.
Como investir em private equity?
Investir em private equity é um processo específico, que começa pela atração de indivíduos de alta renda, instituições financeiras ou family offices.
Primeiramente, é necessário identificar oportunidades por meio de seus fundos, que são geridos por firmas especializadas.
Os investidores aportam capital nesses fundos, formando um pool para adquirir participações em empresas privadas.
Cabe lembrar que seus investimentos têm horizontes temporais mais longos, podendo durar até uma década.
Durante esse período, a liquidez é limitada, e os resgates só são permitidos no final do ciclo de vida do fundo.
Assim, a decisão do investimento requer avaliação cuidadosa dos riscos, estratégias do fundo e histórico da firma gestora.
Conclusão
Por tudo que foi exposto neste artigo, fica claro que private equity não é para iniciantes.
Por se tratar de uma modalidade de alto risco, na qual o fundo se envolve diretamente na gestão do negócio, é preciso ter conhecimento não só do mercado, mas do segmento da empresa em que se pretende investir.
Continue lendo os textos que publicamos aqui, no blog da FIA, e aprenda mais sobre investimentos, negócios e empreendedorismo.
Referências:
https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/tipos-de-funding-para-o-seu-negocio-private-equity,45ef7dbffc9a4810VgnVCM100000d701210aRCRD
https://invest.mcti.gov.br/blog/private-equity-encanta-bilionarios-cada-vez-mais/
https://www.scielo.br/j/gp/a/hsngkDHTxbMkX96TwZFfZNF/?format=pdf&lang=pt
https://pt.linkedin.com/pulse/private-equity-o-que-%C3%A9-e-como-funciona-esse-tipo-de-investimento
https://startups.com.br/artigo/artigo-venture-capital-nao-e-private-equity/
https://www.direitoempresarial.com.br/como-o-private-equity-pode-ajudar-no-crescimento-das-empresas