Fruto da quarta revolução industrial, o uso de tecnologia na construção civil é capaz de elevar a produtividade e competitividade do setor.
Seguindo o conceito de indústria 4.0, essa tendência incorpora inovações no dia a dia dos trabalhadores, que passam a lidar com novos conceitos.
Entre eles, inteligência artificial, automação e uma grande quantidade de dados (big data).
Mas a evolução não se restringe a essas novidades.
Ela chega até a estrutura das edificações, repensando os materiais e processos empregados.
Essas são as tendências que estão impactando o segmento e devem ser conhecidas pelos profissionais que desejam atuar na construção civil.
Neste texto, comentamos as principais tecnologias, sua importância e os detalhes sobre cursos focados nesse campo.
Veja os tópicos que serão abordados a partir de agora:
Tem interesse pelo tema? Então, continue lendo.
A tecnologia na construção pode ser definida como o estudo e aplicação de técnicas, métodos e ferramentas utilizadas na indústria da construção civil.
Como esse segmento pertence ao ramo da engenharia, é natural que seja bastante influenciado por invenções e inovações tecnológicas.
Inclusive, essas novidades viabilizaram e continuam gerando progressos na construção.
Em geral, a evolução tecnológica ocorre em resposta à busca por maior produtividade e lucros – objetivos de indústrias de todas as áreas.
Para alcançar tais metas, muitas organizações investem em pesquisa e desenvolvimento, além de se manterem atualizadas sobre os instrumentos e novas teorias disponíveis no mercado.
Essa prática é comum desde o surgimento dessas instituições, mas ganhou velocidade com a era da globalização e, mais recentemente, com a quarta revolução industrial.
Responsável pelo surgimento da indústria 4.0, a quarta revolução industrial nada mais é do que a continuação de um processo de aprimoramento da tecnologia ou, especificamente, das máquinas.
Para explicar melhor, vale recapitular as transformações que marcaram cada etapa dessa trajetória, conforme listamos a seguir:
O uso da tecnologia é um fator essencial para conferir eficiência às atividades de produção na construção civil.
Em outras palavras, as inovações tecnológicas são aliadas importantes na redução, ou até eliminação de um dos maiores problemas do setor: o desperdício.
A complexidade e multidisciplinaridade dos projetos na construção acabam dificultando a gestão de todo tipo de recursos – materiais, humanos, financeiros -, o que pode acarretar grandes desperdícios.
Além dos recursos mais evidentes, o tempo é outro item escasso durante a execução dos projetos, que costumam resultar em pressão sobre as construtoras para entregar edificações em prazos cada vez mais apertados.
Sem reforços da tecnologia, fica difícil cumprir as metas, resultando em atrasos na entrega, que são relativamente comuns quando se fala em construção civil.
De acordo com estudos, desde o início do século 21, empresas desse setor enfrentam um momento de transição, evidenciado por consumidores mais exigentes, maior concorrência e descrédito de organizações.
Nesse cenário, as instituições necessitam priorizar a melhoria na qualidade das edificações, racionalização (modernização) de processos e na inovação, que leva ao desenvolvimento de novos produtos.
Investir em tecnologia é essencial para esses três quesitos, pois viabiliza o desenvolvimento e emprego de materiais e processos modernos e inovadores.
Isso gera construções de maior qualidade, erguidas através de projetos ágeis e com custo reduzido.
Apostar no monitoramento de processos utilizando o BIM (Building Information Modeling), por exemplo, representa vantagens como:
No próximo tópico, vamos detalhar o funcionamento e impactos de outras inovações tecnológicas.
Como destacamos acima, as tecnologias têm o potencial de transformar cada segmento de um projeto de construção.
Nas etapas de planejamento e execução, explicamos os benefícios de se utilizar o BIM, forma de modelagem que simplifica o gerenciamento dos projetos.
Dentro dessa plataforma, é possível criar os digital twins, primeiro exemplo que vamos citar a partir de agora.
Conhecer o comportamento de materiais e possíveis falhas em uma construção, antes mesmo que o projeto saia do papel. Isso já é possível, graças aos gêmeos digitais.
Desenvolvidos no ambiente do processo de modelagem BIM, os digital twins correspondem a representações virtuais de itens reais, sendo criados a partir dos dados desse objeto ou sistema.
Uma de suas grandes vantagens é que esses dados podem ser inspirados em padrões similares para simular o desempenho de uma edificação que está sendo planejada.
Com base em informações de outras construções parecidas, arquitetos, engenheiros e técnicos podem prever e avaliar as funcionalidades da estrutura, adaptando planta, materiais e processos para obter o máximo de eficiência.
Em fevereiro de 2020, um prédio construído em Dubai chamou a atenção do mundo.
Com dois andares, a edificação é a maior já feita com impressora 3D, gerando uma economia de US$ 400 mil em mão de obra, já que foi necessário contar com apenas três funcionários no canteiro.
Paredes e teto foram impressos por meio de prototipagem rápida e, em seguida, movidos por um guindaste para erguer o edifício, que tem 640 metros quadrados de área e 9,5 metros de altura.
Com exceção das fundações, o prédio foi construído com uma mistura de compostos reciclados, cimento e gesso.
Dentre os materiais capazes de revolucionar as edificações, cabe destacar o bioconcreto.
Também conhecido como concreto inteligente ou concreto vivo, o item foi pensado como solução para as rachaduras no concreto, comuns depois de algum tempo de uso.
Questionado sobre a possibilidade de utilizar bactérias que consertassem o concreto, o professor Henk Jonkers, da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, iniciou pesquisas a respeito, em 2006.
Três anos mais tarde, Jonkers e sua equipe apresentaram o bioconcreto, que consiste em uma mistura bastante parecida com o material convencional, porém, com agentes de cura.
Esses elementos são bactérias que ficam adormecidas junto a uma fonte de alimento (lactato de cálcio), dentro de uma cápsula de plástico biodegradável.
Quando o concreto sofre infiltrações, a água que entra por rachaduras desperta esses microrganismos, que se alimentam com o lactato e produzem calcário, preenchendo os buracos no concreto.
Apesar de, muitas vezes, remeter a invenções futuristas, há tecnologias que já estão em uso nas construções de todo o mundo, conferindo maior agilidade e enxugando gastos.
No campo dos materiais, este artigo do Sebrae destaca as terras soldadas, monoforte, lajes mistas, painéis de EPS e microconcreto de alto desempenho para agregar qualidade e praticidade à obra.
Populares nos últimos anos, esses itens proporcionam economia de dinheiro e tempo, pois são produzidos fora do canteiro de obras.
Estruturas em concreto para diferentes finalidades são exemplos de produtos pré-fabricados, que são adquiridos e instalados com agilidade.
Já o drywall, nome dado às divisórias feitas de gesso acartonado, é leve e versátil, prevenindo a sobrecarga na estrutura da construção.
O drywall simplifica, ainda, obras, reformas e adequações após o término da obra, pois pode ser facilmente transportado ou removido.
Nuvem é o local de armazenamento na internet, que pode ser acessado a partir de qualquer dispositivo conectado à rede.
Atualmente, a nuvem vem sendo bastante utilizada por empresas de todos os setores, que inserem mecanismos de proteção em seus espaços, garantindo que apenas funcionários visualizem as informações salvas ali.
Assim, empregados de diferentes filiais ou que estejam em canteiros de obras podem colaborar com o projeto simultaneamente, de maneira simples e rápida.
Basta que façam modificações no sistema em nuvem para que os colegas, gestores e até o cliente final sejam informados sobre essas mudanças.
Outro uso da nuvem em projetos de construção civil é para simplificar e tornar a comunicação mais segura.
Visando evitar acidentes de trabalho, há empresas que proíbem o uso de celulares em algumas áreas do canteiro de obras, mas disponibilizam tablets conectados à nuvem em pontos selecionados.
Dessa forma, os trabalhadores podem se comunicar com centrais, escritórios ou colegas que estejam em outros ambientes do próprio canteiro.
Smartphones, tablets e notebooks também são relevantes para a comunicação dentro do canteiro de obras, além de organizar os dados com eficiência.
Munidos de aplicativos e outros sistemas digitais, esses aparelhos diminuem a burocracia ao viabilizar a edição e compartilhamento de arquivos a partir de qualquer local, sem que seja preciso ir até o escritório da empresa.
Controlados a distância por funcionários qualificados, esses equipamentos agregam agilidade e segurança aos processos, produzindo itens em grande escala.
Um exemplo clássico é a substituição de mão de obra por robôs nas tarefas operacionais repetitivas, como apertar parafusos.
Atividades perigosas, a exemplo da soldagem de peças, também se beneficiam com as máquinas automatizadas, evitando a exposição de empregados a riscos.
Atualmente, os robôs usados em diferentes indústrias são cada vez mais sofisticados.
Alguns possuem a capacidade de tomar decisões de modo autônomo e até aprender as tarefas, através do processo chamado machine learning.
É por isso que a inteligência artificial é uma das grandes tendências dentro dos canteiros de obras, seja para a comunicação, execução de tarefas, coleta ou análise de dados.
O emprego da realidade aumentada na construção civil faz a diferença nos projetos, que podem ser demonstrados com facilidade por meio dessa tecnologia imersiva.
Basta que os arquitetos usem softwares que expressem desenhos nesse formato, permitindo, inclusive, a correção de possíveis erros – e economia – antes que a edificação seja erguida.
Outro uso para os óculos de RA é na identificação de defeitos em uma construção já pronta, ou seja, na sua manutenção.
Sem essa tecnologia, pequenas rachaduras, por exemplo, dificilmente seriam vistas antes que comprometessem parte da estrutura, exigindo grandes reformas.
Por fim, é interessante lembrar que existem inovações simplificadas, que vêm diminuindo os erros em uma série de projetos executados por companhias de todos os portes.
Já falamos sobre os produtos pré-fabricados, mas há outros tipos, a exemplo de:
O concreto é o material construtivo mais utilizado no planeta.
No final da década de 2010, entidades produtoras desse item estimavam o consumo anual de 11 bilhões de toneladas de concreto por ano.
No Brasil, uma pesquisa realizada em parceria entre a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), e8 inteligência e UBM Brazil revelou a produção de 51 milhões de metros quadrados do produto apenas em 2012.
Resumidamente, o concreto é uma mistura de cimento, água, areia e pedra que, nas proporções ideais, formam uma pasta que endurece com o tempo.
Tecnólogo em construção civil é um profissional que concluiu o curso superior correspondente, que dura entre três e quatro anos.
Geralmente, ele se especializa na construção de edifícios ou estradas, contando com disciplinas específicas para cada modalidade do curso.
Uma vez formado, desenvolve atividades de gestão da obra, colaborando para diminuir o desperdício, acompanhar as equipes de trabalhadores e, em alguns casos, auxiliar o engenheiro responsável.
A carreira do tecnólogo em construção civil é regida por normas do Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), a exemplo da Resolução n° 313.
O documento discrimina as atribuições do profissional, que fica responsável pela:
Se estiver atuando sob a supervisão de um arquiteto ou engenheiro, ele também pode realizar a:
A remuneração para um técnico da área (técnico em edificações) é variável no Brasil.
Segundo dados da empresa de recrutamento Catho, a média nacional corresponde a R$ 2.480,01, mas o valor é superior em estados como Rio de Janeiro, Amazonas e São Paulo.
Diferentemente do tecnólogo, o técnico em edificações não tem formação em curso superior e, portanto, suas atribuições são mais restritas.
Geralmente, esse profissional alterna entre atividades desempenhadas no canteiro de obras e no escritório, como o desenho de projetos e distribuição dos trabalhadores em equipes.
No canteiro, costuma ficar responsável pelo controle de materiais, registrando sua chegada e monitorando seu destino, seja para uso imediato ou armazenamento.
Deve, ainda, zelar pela qualidade da construção, testando materiais, e pela segurança e saúde dos trabalhadores, acompanhando a adoção de medidas de proteção determinadas pelas Normas Regulamentadoras da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.
Os principais cursos nesse segmento são o tecnólogo em construção civil, técnico em edificações (que comentamos acima) e superior em Engenharia Civil.
Conforme explicamos nos tópicos anteriores, o tecnólogo é dividido em construção de edifícios e construção de estradas.
Ambos duram de três a quatro anos e têm matérias básicas e de gestão em comum.
Porém, há disciplinas práticas diferenciadas, sendo que algumas devem ser aprendidas em laboratórios de materiais, de topografia, entre outros.
Solos, topografia e hidráulica são algumas das matérias específicas para quem opta pela subárea de construção de edifícios.
Já aqueles que escolhem a construção de estradas estudam pavimentação, tráfego, movimento de terra, etc.
Abrangente, a formação superior em Engenharia Civil é destinada a profissionais que serão os principais responsáveis pela obra, conhecendo todas as etapas de construção, desde o projeto.
A graduação nesse segmento inclui conhecimentos mais aprofundados sobre topografia, projetos, eletricidade, mecânica dos solos, materiais e sua resistência, estruturas.
Além disso, o engenheiro aprimora o saber com disciplinas tradicionais no campo das Ciências Exatas, como Matemática, Física e Química, pois precisará fazer muitos cálculos.
Neste artigo, falamos sobre as contribuições da tecnologia na construção civil, ferramenta fundamental para a evolução do setor.
Materiais, projetos, comunicação e até a manutenção das edificações são aprimoradas através de inovações tecnológicas, que podem ser simples ou complexas.
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