Você sabe o que são insurtechs?
Essas startups vieram para revolucionar o mercado de seguros, com uma proposta parecida com a das edtechs (educação), healthtechs (saúde) e fintechs (mercado financeiro).
Atendendo à demanda pela desburocratização no segmento, muitas insurtechs trabalham lado a lado com seguradoras tradicionais, a fim de fornecer serviços mais simples e a custos menores.
O resultado são modelos inovadores como planos de saúde sob demanda e pay per use, atendendo a seguros de vida, saúde e diversos tipos de bens materiais.
Se quer saber mais sobre quando surgiram, como funcionam essas startups e o impacto de suas ações para o mercado, este artigo é para você.
Veja os tópicos que vamos comentar a partir de agora:
Caso tenha interesse pelas insurtechs, não deixe de acompanhar este texto até o final.
Insurtechs são startups voltadas ao mercado de seguros que, em geral, atuam na oferta de soluções de aprimoramento para a experiência dos clientes.
A palavra insurtech foi construída a partir da combinação entre duas palavras em inglês:
Adicionar o sufixo tech também indica que o grupo pertence às empresas inovadoras, já que startup pode ser definida como:
“Um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.”
Se você já contratou uma seguradora de modo convencional, conhece a necessidade de descomplicar o processo.
Normalmente, ele é repleto de documentos, termos complexos, assinaturas e condições difíceis de serem compreendidas por quem não tem familiaridade com a dinâmica da proteção de bens, o que pode levar a equívocos e problemas na hora de utilizar o serviço.
Também costuma impactar em atividades relativamente simples, como o cancelamento do serviço ou a consulta às condições contratuais.
De olho nessas questões, empreendedores brasileiros e estrangeiros encontraram formatos para acabar com a burocracia no atendimento prestado por empresas do mercado de seguros: a criação de startups focadas nessa demanda.
Usando criatividade e flexibilidade, esses empresários têm conseguido promover mudanças significativas no setor, conferindo agilidade aos processos e trabalhando em modelagens centradas no cliente.
Não há um registro específico que aponte para o surgimento das insurtechs.
Até porque elas representam um movimento rumo à inovação de um setor que, até poucos anos atrás, seguia restrito a processos tradicionais e burocráticos, com quase nenhuma novidade em relação aos produtos e atendimento ao consumidor.
Contudo, a era digital desencadeou transformações em todos os setores de mercado e, mais cedo ou mais tarde, chegaria ao securitário.
Um dos maiores sinais foi a disrupção experimentada pelo mercado financeiro, outro campo bastante tradicional e, até então, dominado por grandes bancos e entidades financeiras.
Com poucas opções para otimizar processos e agregar benefícios aos clientes, a área carecia de uma remodelagem, que vem sendo conduzida com sucesso por fintechs como a Nubank.
Todas essas mudanças se tornaram evidentes na década de 2010, tanto na área financeira quanto no mercado de seguros, fortemente influenciado pelo sucesso das fintechs.
A maioria das insurtechs funciona conectando seguradora, tecnologia e consumidor através de ferramentas tecnológicas como inteligência artificial, machine learning e blockchain.
Normalmente, seus serviços ficam concentrados em plataformas digitais, como aplicativos e sites que dispõem de uma interface amigável, ou seja, simples de ser usada, mesmo por pessoas leigas.
Além das apólices de seguro, as insurtechs oferecem serviços agregados, priorizando a experiência do cliente para ganhar sua lealdade e manter uma boa rentabilidade.
O intermédio por parte dessas startups confere agilidade, praticidade e facilidade para o uso de produtos securitários, permitindo, por exemplo, que o próprio usuário faça a contratação do pacote que mais lhe agrada, mude de pacote ou faça o cancelamento.
O mercado de insurtechs no Brasil está em franca expansão, sendo que o número de empresas do segmento aumentou 47% entre 2018 e 2019, conforme revela levantamento feito pela KPMG em parceria com a Distrito.
Divulgado em março de 2020, o estudo contabilizou 113 startups do mercado de seguros no país, que atuam em 4 frentes principais:
A Região Sudeste concentra a maioria das insurtechs (74,3%), sendo que 52% se localizam no estado de São Paulo.
Em seguida, vêm as regiões Sul com 17,7%; Centro-Oeste com 4,45%; Nordeste com 2,7%; e Norte com 0,9%.
Mais da metade delas (66%) ainda se encontra nas etapas iniciais, tendo faturamento presumido de até R$ 5 milhões.
Somente 15 das 113 insurtechs alcançam R$ 25 milhões em faturamento.
Dominado por pequenas empresas, 70% do setor é formado por organizações com menos de 20 funcionários.
Quanto à representatividade das insurtechs brasileiras no exterior, um estudo da Digital Insurance LatAm mostrou que o ecossistema brasileiro corresponde a 37% do mercado da América Latina.
O levantamento verificou, ainda, que 56% das insurtechs nacionais trabalham sob uma dinâmica de colaboração com seguradoras tradicionais, melhorando seus serviços.
As insurtechs proporcionam flexibilidade e praticidade para os clientes, que recebem autonomia para controlar os serviços contratados.
Em vez de precisarem contratar um corretor para executar ações simples, eles mesmos podem acessar um app ou plataforma, através de login e senha, para monitorar sua apólice e serviços agregados, fazer mudanças, esclarecer dúvidas ou solicitar suporte.
Essa digitalização dos processos, comum em outras áreas, vem revolucionando o relacionamento entre seguradoras e consumidores, com ganhos para ambos.
Afinal, as seguradoras passam a fornecer um atendimento mais humanizado e personalizado para corresponder aos principais desejos e necessidades dos clientes, sejam pessoas físicas ou jurídicas.
Aderem, também, à inteligência de dados para coletar, compilar, armazenar e comparar números extraídos de atividades dos clientes, utilizando a automatização para tirar insights e transformar os dados em informações estratégicas para a companhia.
Mas nem tudo são flores.
Um efeito não tão positivo para seguradoras e corretores são as mudanças velozes encabeçadas pelas insurtechs, que exigem adaptações rápidas para impedir que negócios e serviços se tornem obsoletos.
Nesse cenário, quem não priorizar a transformação digital, que coloca a tecnologia no centro das operações da empresa, pode ser prejudicado e ficar fora do mercado na próxima década.
Nos tópicos anteriores, mencionamos algumas vantagens proporcionadas pelas insurtechs e sua busca pela simplificação no mercado de seguros.
Agora, detalhamos os principais benefícios dessas startups. Acompanhe!
Antes das insurtechs, o processo de escolha de um seguro era padronizado.
O consumidor solicitava os planos ou pacotes disponíveis à seguradora ou corretor, a fim de que pudesse comparar sua cobertura, pontos fortes e fracos para verificar qual deles era mais adequado às suas necessidades.
Claro que muitos corretores se dedicavam a facilitar essa dinâmica, resumindo os serviços disponíveis e os destaques de cada opção, contudo, não tinham liberdade para mudar as regras definidas previamente pelas seguradoras.
Já com as insurtechs, o cenário está se modificando.
Percebendo a existência de perfis distintos entre os consumidores interessados em seguros, essas startups prezam pela construção e oferta de produtos personalizáveis, a fim de que atendam todos os requisitos desejados pelo cliente, sem aumentar os custos.
O aumento da eficiência, área em que a maior parte das insurtechs brasileiras atua, pede uma desburocratização consistente para facilitar a vida do consumidor.
Assim, contratos são simplificados, menos documentos são exigidos e multas e punições, diminuídas para aumentar a aderência aos seguros.
Um exemplo da redução de burocracias é a isenção de taxas caso o cliente precise ou queira cancelar o serviço.
Partindo da valorização de pessoas (funcionários e consumidores), as startups do mercado de seguros aproveitam o churn (cancelamento) para colher dados importantes, começando com o motivo para a desistência do serviço.
Dessa forma, a situação aparentemente ruim se torna fonte de informações para aperfeiçoar as soluções ofertadas pela empresa.
A natureza dos serviços fornecidos por insurtechs, que priorizam a flexibilidade, possibilita menores investimentos por meio da contratação de pacotes personalizados.
Em vez de arcar com custos de uma série de itens, o cliente tem a opção de montar sua própria versão e pagar apenas pelo que contratou.
Outra característica que leva ao enxugamento de despesas é a digitalização das startups, que eliminam custos com deslocamento, viagens, hospedagens e alimentação de colaboradores que tenham se movido até os clientes.
Aquelas que possuem sedes pequenas ou baseiam toda a operação no online têm ainda menos gastos, pois não precisam arcar com aluguel, contas de água, energia e telefone, mantendo seus empregados em regime de home office.
Basta alguns cliques para contratar uma série de serviços disponibilizados pelas insurtechs.
Caso seja preciso esclarecer dúvidas, muitas contam com assistentes prontos para atender via chat, apps de mensagem ou telefone, conferindo agilidade aos contatos com clientes em potencial.
A atuação de insurtechs é contemplada pela legislação nacional, em documentos como a Resolução nº 359/2017, aprovada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados.
A norma alterou a Resolução CNSP nº 294/2013, estabelecendo novas regras para a comercialização de seguros privados.
Em seu Art. 4º, a norma afirma que:
“Fica autorizada a emissão de bilhetes, de apólices, de certificados individuais, de contratos coletivos e de endossos com a utilização de meios remotos.”
Como citamos antes, o país já ultrapassou a marca de 100 startups do mercado securitário, e a estimativa é que o setor siga em crescimento pelos próximos anos.
Isso porque ainda há espaço para modernizar os serviços ofertados e conquistar clientes que, no momento, não possuem apólices contratadas.
De qualquer forma, o Brasil dispõe de soluções variadas no ramo das insurtechs.
A seguir, falamos sobre algumas das empresas mais populares nessa área.
A Minuto é uma corretora online que realiza cotações e venda de seguros pela internet.
Em seu site, a empresa ressalta a parceria com as 16 maiores seguradoras do país, assim como a flexibilidade para personalizar produtos e o atendimento humanizado.
Certificada pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), órgão federal responsável pela regulação do setor securitário, a Minuto age como intermediadora na contratação, inclusão ou exclusão de coberturas pela apólice e negociações complementares.
Seus serviços incluem apólices para:
Insurtech inspirada na economia colaborativa, a Segurize atua como uma corretora online, com o diferencial de que os clientes podem usar a plataforma para aumentar suas receitas, indicando a empresa para conhecidos.
A empresa existe desde 2016 e sua ideia teve boa aderência no mercado já na época da fundação, pois aposta em indicações feitas boca a boca.
Keyton Pedreira, CEO e um dos fundadores da companhia, enxerga a empresa como fruto da ideia de corretores que encontraram novas maneiras de atrair e reter clientes, pautados por uma relação ganha-ganha para garantir sua sustentabilidade.
Plataforma de vendas de seguros online da Caixa Seguradora, a Youse oferta produtos do tipo seguro auto, residencial e seguro de vida.
Uma das premissas da insurtech é a simplicidade, que está presente desde a linguagem utilizada até o formato das cotações.
Outro ponto de interesse são os produtos personalizáveis, que podem gerar mais de mil combinações diferentes para que o consumidor escolha e pague somente pelo que vai utilizar.
Ao baixar e se logar no app da empresa, o cliente pode simular a inclusão e retirada das coberturas, conferindo, em tempo real, o preço atualizado conforme os itens selecionados.
Inteligência artificial, chatbot e big data analytics estão por trás da dinâmica inovadora dessa insurtech, que desenvolveu um formato de apólice de seguro que pode ser utilizado durante toda a vida útil.
Ao contrário do que ocorre com apólices tradicionais, as oferecidas pela TôGarantido não se restringem à cobertura de sinistros ou acidentes.
Elas agregam serviços úteis para pessoas de baixa renda, com descontos em consultas, exames e medicamentos, além da cobertura funeral – válida para o titular e familiares.
Criada em 2014 com a proposta de entregar qualidade de vida a indivíduos que, em geral, não se atentariam para a contratação de planos de saúde, a startup foi premiada, em 2017, como Insurtech mais inovadora pela Munich RE, grande resseguradora mundial.
A startup nasceu em 2016, por meio da união entre pessoas que trabalhavam no ramo de seguros e, ao entrar em contato com o modelo de negócio dos serviços de streaming, como a Netflix e o Spotify, perceberam a necessidade de modernizar o setor.
Assim, tomou por base o pagamento de acordo com o uso (pay per use), focando em seguros para automóveis.
Os sócios construíram produtos adaptados ao estilo de vida dos clientes, contratados a partir do pagamento de uma assinatura mensal fixa acrescida de alguns centavos por quilômetro rodado.
A plataforma da Thinkseg é totalmente digital.
Respaldada por acionistas do BB Seguros, a Ciclic foi fundada em 2017 com o propósito de descomplicar a disponibilidade de apólices que cobrem residência, celular, saúde e viagem.
A empresa também oferece opções personalizadas de empréstimos e previdência privada.
Facilidades na contratação, atendimento online e cancelamento a qualquer hora, sem multa, são vantagens apresentadas aos clientes da startup.
Com foco na economia e democratização de apólices, a 88 InsurTech fornece proteção ao ecossistema de mobilidade urbana das grandes cidades, através de seguros para celular, acidentes pessoais, bagagem, automóvel e impedimento ao trabalho.
A fim de conferir segurança e transparência a seus processos, a startup utiliza tecnologia blockchain no armazenamento de informações, conferindo diversas camadas de segurança para os dados.
Atua, ainda, na economia colaborativa, permitindo que os clientes sejam recompensados por recomendar o serviço para conhecidos, ganhando desconto no valor do seguro ou recebendo cashback.
Com a solidificação das insurtechs, as tendências para todo o mercado de seguros deverão contemplar as atividades e propostas dessas startups.
Listamos, abaixo, 5 principais inovações que têm grandes chances de permanecer nos próximos anos:
Falamos, neste artigo, sobre a atuação, serviços, tendências e exemplos de insurtechs que estão desencadeando mudanças significativas no ecossistema de seguros.
Ao colocar as necessidades do cliente no centro de seu negócio, elas têm conquistado cada vez mais pessoas e até promovido impacto social por ampliar o acesso a apólices para pessoas de baixa renda.
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