Estratégia e Organizações

Código de conduta: o que é, objetivo e exemplos nas empresas

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Sua empresa tem um código de conduta?

Esse é um instrumento que reúne os preceitos necessários para embasar comportamentos éticos, estabelecendo os parâmetros para bons relacionamentos entre organizações e seus stakeholders (as partes interessadas nelas).

É nesse documento que se encontram as regras do dia a dia, que orientam lideranças, funcionários e parceiros no trato com clientes, fornecedores, sócios minoritários e outros players do mercado.

Daí a importância de desenvolver um código completo e eficiente, devidamente comunicado para preservar a boa imagem e reputação empresarial.

Quando bem construído, o instrumento favorece a cultura organizacional, com boas práticas difundidas em cada departamento, matriz e filiais da companhia.

Quer saber mais sobre os benefícios do código de conduta, como elaborar o seu utilizá-lo para uma gestão de sucesso?

Então, você veio ao lugar certo.

A partir de agora, vamos nos aprofundar nos objetivos e detalhes do documento, incluindo exemplos reais para você se inspirar.

Veja os tópicos que serão abordados no conteúdo:

  • O que é o código de conduta?
  • Para que serve o código de conduta em uma empresa?
  • Qual a importância do código de conduta e ética nas empresas
  • Quais são os benefícios do código de conduta nas empresas
  • Como criar o código de conduta em uma empresa
  • As empresas pequenas também precisam de código de conduta?
  • 4 exemplos de código de conduta em empresas.

Se deseja aprender mais sobre o código de conduta, siga a leitura.

O que é o código de conduta?

Código de conduta ou de ética é um documento que reúne os princípios e valores adotados por uma organização, classe profissional ou nação. Ele serve como regimento interno, tendo como objetivo central promover uma postura homogênea entre todos os integrantes do grupo que o formou.

Dependendo da cultura da organização, ele pode ser chamado de:

  • Código de Conduta Ética
  • Código de Conduta Moral
  • Código de Ética.

A variedade de nomes evidencia a proximidade entre os conceitos de moral e ética, uma vez que ambas as palavras se referem aos valores e procedimentos aprendidos na convivência com um grupo.

Contudo, o código de conduta mantém laços mais estreitos com a ética empresarial – disciplina que está na base da governança corporativa, contemplando premissas como justiça, honradez e clareza de propósitos.

Segundo reflete a tese “Código de Conduta”, escrita pelo administrador Hudson de Azevedo:

“Não é por coincidência que a base ética da governança corporativa se funda em princípios básicos e de caráter universal dentre os quais se destacam: fairness (justiça), disclosure (transparência) accountability (prestação responsável de contas) e compliance (conformidade). Assim, da mesma forma que as práticas de governança corporativa são um bom caminho para a organização atingir o status de ‘empresa ética’, é impensável que uma empresa possa praticar a boa governança sem a aplicação dos princípios éticos.”

Nesse contexto, o código de conduta rege, em especial, questões de ordem moral, ou seja, que dizem respeito aos costumes e à cultura da organização.

Muitas dessas questões surgem na prática diária, quando os profissionais desenvolvem suas tarefas, e podem não encontrar subsídio na legislação.

Obviamente, existem posturas mais graves ou até criminosas, para as quais existe descrição em leis como o Código Penal Brasileiro.

É o caso de furto, roubo ou crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria), todos passíveis de punições segundo a legislação.

Mas é comum que, ao começar em um novo emprego, o funcionário tenha dúvidas quanto à indicação de familiares para trabalhar no mesmo local, vestimenta ou a possibilidade de usar as dependências da empresa para fazer uma refeição.

Essas e outras respostas devem estar no código de conduta, de um jeito claro e direto para simplificar seu entendimento e adoção.

Para que serve o código de conduta em uma empresa?

Para que serve o código de conduta em uma empresa?

Quem nunca se deparou com uma questão controversa ou uma dúvida pontual, mas que poderia prejudicar o relacionamento com clientes e parceiros?

Um bom exemplo é aceitar, ou não, um presente enviado por um fornecedor.

Não estamos falando de brindes como chaveiros e canetas, e, sim, de um presente mais caro e significativo.

Essa dúvida precisa ser abordada no regimento da empresa, a fim de evitar qualquer mal-entendido ou a formação de uma política de troca de favores – que pode ser bastante prejudicial e ainda facilitar a corrupção.

O código de conduta fortalece, ainda, relações éticas internamente, prevenindo que indivíduos ou grupos desfrutem de privilégios que seus pares não têm.

Afinal, com regras claras e firmes, fica complicado que um ou mais líderes encubram comportamentos inadequados, como faltas e atrasos injustificados.

Ou seja, esse conjunto de normas ajuda na manutenção da equidade entre os colaboradores, sustentando padrões de comportamento ao mostrar o que é e o que não é permitido.

Por fim, mas não menos importante, as regras internas auxiliam os gestores e demais lideranças que precisem lidar com situações desconfortáveis ou extremas, pois determinam quais delas provocam punições e que medidas serão tomadas.

Por isso, algumas organizações usam leis vigentes no país ou território em que se encontram para apoiar seu código de conduta, mantendo as medidas alinhadas e com respaldo legal.

Qual a importância do código de conduta e ética nas empresas?

Como explicamos acima, quando não existe código de conduta, fica difícil existir coerência no posicionamento dos colaboradores, principalmente diante de questões complexas.

Usando o exemplo já mencionado, em uma companhia que não tenha um regimento próprio, alguns funcionários poderiam aceitar o presente do fornecedor, enquanto outros o recusariam.

Isso dependeria totalmente daquilo que consideram mais correto e benéfico no momento, entretanto, teria impacto sobre a imagem e a reputação da organização.

Um órgão investigativo, por exemplo, teria a sua reputação prejudicada nesse caso, ganhando a fama de aceitar presentes de empresas, sob o risco de comprometer futuras investigações ou denúncias a respeito dessas empresas.

Atualmente, vivemos em uma era de superexposição de indivíduos e companhias, onde é preciso cautela para evitar manchas na imagem ou escândalos que tenham efeitos negativos junto a parceiros e ao público-alvo.

É cada vez mais comum que o consumidor evite e até chegue a boicotar empresas envolvidas em esquemas, fraudes, contrárias a causas humanitárias ou que desrespeitem seus empregados e clientes.

Quem não se lembra dos escândalos ligando grandes lojas de roupas, como a Zara, ao trabalho análogo à escravidão, realizado em suas oficinas de costura?

Esse foi um caso extremo, no entanto, mesmo em situações pontuais, a orientação de um código interno pode ajudar.

Empregados que lidam diretamente com o atendimento ao público, por exemplo, podem ser direcionados a um trato mais gentil e inclusivo, evitando problemas como o relatado pela fotógrafa Mariana Hart.

Em 2015, ela postou uma denúncia no Facebook, relatando a postura preconceituosa de um atendente da Pizza Hut, no Rio de Janeiro, diante de seu filho Leo, que tem paralisia cerebral.

Mariana conseguiu mobilizar milhares de pessoas na rede social, que se indignaram com a postura do colaborador.

Fatos como esse podem desencadear ondas de comentários negativos, boicotes e até motivar processos judiciais.

Portanto, investir em programas de orientação, códigos de ética e conduta é uma boa ideia para qualquer organização que deseja construir uma boa reputação digital e no mundo offline.

Quais são os benefícios do código de conduta nas empresas?

Quais são os benefícios do código de conduta nas empresas?

Quando aplicado e validado junto aos colaboradores, o código de conduta oferece diretrizes que dão suporte à cultura e melhoram o clima organizacional, pois todos podem esperar o mesmo tratamento e regras de gestão.

Assim, tanto os funcionários quanto as empresas saem ganhando.

Confira, a seguir, detalhes sobre as principais vantagens na adoção do código de conduta.

Mais profissionalismo

Seguir um código de ética tira das mãos dos colaboradores uma série de decisões de natureza moral, agregando profissionalismo para a empresa.

Confere, ainda, maior padronização no dia a dia, beneficiando áreas como o atendimento ao cliente e Recursos Humanos.

Eleva a segurança

Quando todos sabem o que é, ou não, tolerado pela companhia, podem adaptar suas ações, diminuindo a insegurança no trato com outras pessoas e situações.

O resultado é um ambiente mais tranquilo e harmônico, com impacto positivo sobre o clima organizacional.

Os líderes também dispõem de um suporte para tomar decisões a respeito de comportamentos antiéticos ou que estejam em desacordo com a conduta esperada.

Melhora a imagem e reputação

Comentamos esse benefício em tópicos anteriores, mas vale frisar a relevância de regras claras para uma imagem positiva perante o consumidor.

Organizações que não se atentam a isso correm o risco de perder seus clientes por causa de comportamentos agressivos, preconceituosos ou desrespeitosos.

Simplifica a gestão do capital humano

Foi-se o tempo em que os empregados eram vistos como simples peças ou extensões das máquinas, que só estavam ali para seguir ordens.

Nos tempos atuais, muitos gestores entenderam que seus recursos humanos são o ativo mais importante da companhia, portanto, precisam ser geridos com qualidade.

Sem o suporte de códigos e políticas, fica difícil estabelecer parâmetros que mantenham a satisfação dos colaboradores, como a valorização da equidade, combate ao assédio moral e bullying.

Com a ajuda de regras claras, os líderes podem gerenciar a rotina e os conflitos de forma mais justa e assertiva.

Como criar o código de conduta em uma empresa

Como criar o código de conduta em uma empresa

Agora que você já conhece os benefícios de contar com um código de conduta e ética, deve estar pensando em montar ou aprimorar o seu.

Pode parecer complicado, mas não é.

Siga nossas dicas abaixo e, rapidamente, você e sua equipe vão conseguir estruturar um regimento.

Selecione o time responsável

Como em muitos processos, o primeiro passo é reunir as pessoas que vão participar da elaboração do código de conduta.

Embora seja interessante dispor de alguns talentos, o ideal é que a equipe não seja muito grande, pois ouvir várias opiniões vai demandar tempo e esforço extras.

Uma boa pedida é eleger colaboradores que servem como modelo para os demais, seja por sua postura ética ou por disseminar valores positivoscolaboração, dedicação, respeito, etc.

Lideranças de áreas estratégicas também devem estar presentes, porque vão ajudar a definir prioridades para orientar os funcionários.

Se possível, tenha, ainda, o suporte de um advogado para abordar questões trabalhistas e outros pontos exigidos em lei.

Colha ideias da equipe

Faça reuniões iniciais livres, pedindo que todo o grupo se manifeste sobre os temas que não podem faltar no código.

Designe um secretário para anotar tudo e, ao final, incorpore as melhores sugestões ao documento.

Para mais dicas, leia nosso artigo sobre como fazer um brainstorm.

Consulte referências

Não significa que você vá copiar o regimento de uma organização, entretanto, é útil contar com materiais para consulta.

Assim, o time responsável terá uma ideia melhor sobre os tipos de código de ética que existem e quais questões são comuns a eles para selecionar os assuntos relevantes para sua empresa.

Legislações setoriais e outras regras que companhia tenha também podem dar suporte na construção do regimento interno.

Monte o código de conduta

Uma vez que os temas tenham sido escolhidos e analisados, a equipe estará pronta para redigir o documento em si.

Nesta etapa, não se preocupe tanto com o formato, adaptações ou erros de linguagem. Eles poderão ser corrigidos mais à frente.

Revise o conteúdo

Ainda que seja utilizado só internamente, o código merece uma revisão crítica, feita por um advogado e lideranças, e uma adaptação de linguagem, que pode ser conduzida por um revisor.

Decida onde publicar

Com o documento pronto, é hora de optar pela publicação restrita a canais internos, como a intranet, ou aberta a canais externos.

Grandes corporações e companhias que valorizam a transparência têm adotado o hábito de compartilhar seu código de conduta e ética no site oficial, a fim de manifestar seus preceitos ao público.

Essa é uma decisão estratégica, por isso, escolha com sabedoria.

Comunique para toda a empresa

Depois de publicar, divulgue seu código de conduta para os funcionários.

Esta fase é extremamente importante, pois de nada adianta construir o regimento se ninguém o consultar ou se orientar através dele.

Portanto, espalhe a notícia nos canais de comunicação interna, apostando em endomarketing para potencializar o compartilhamento das regras e sua função.

As empresas pequenas também precisam de código de conduta?

O código de ética não é um item obrigatório para as empresas, sejam elas grandes ou pequenas.

Porém, já mostramos que ele acrescenta vantagens ao facilitar a gestão, padronizar o atendimento e aumentar a clareza quanto à postura esperada pelos líderes.

Então, o código é uma ferramenta útil para pequenas, médias e grandes empresas.

4 exemplos de código de conduta em empresas

4 exemplos de código de conduta em empresas

Acompanhe, neste tópico, uma seleção de exemplos de código de conduta de empresas inovadoras, com ênfase para as bases de cada um.

1. Apple

Reconhecida pela qualidade e personalização de seus produtos e serviços, a Apple utiliza fornecedores de diferentes países para compor suas soluções.

Visando padronizar as condições de trabalho e os direitos que os funcionários dessas empresas desfrutam, a gigante da tecnologia aposta num regimento que serve como guia ético, junto a avaliações feitas todos os anos.

Em seu site, a companhia explica que:

“A base do Código de Conduta dos Fornecedores são as proteções aos direitos humanos e trabalhistas e ao meio ambiente. E vamos ainda mais longe para capacitar os trabalhadores em nossa cadeia de fornecimento e deixar o mundo melhor do que encontramos.”

2. Google

Quando fundada, a empresa criou um código de conduta que se tornou famoso pela frase “não seja mau”.

A recomendação teria partido dos próprios funcionários que trabalhavam na Google nos anos 2000, quando tentaram definir os princípios da organização em tom pouco formal.

Mais tarde, a Google passou a integrar a corporação Alphabet, que substituiu “não seja mau” por “faça a coisa certa” em seu regimento.

Em 2018, a própria Google também atenuou o destaque da famosa afirmação, removendo-a sutilmente do prefácio de seu código de conduta.

Porém, ao final do documento, os funcionários ainda podem ler:

“E lembre-se… não seja mau, e se você encontrar algo que você acha que não está certo – fale!”

3. Uber

Focado em padrões de segurança e respeito, o código de conduta da Uber é direcionado a todos os membros de sua comunidade, englobando funcionários internos, motoristas, entregadores da Uber Eats, estabelecimentos parceiros e passageiros.

Há, por exemplo, proibições quanto à discriminação, “especialmente com base em características como idade, cor da pele, deficiência, identidade de gênero, estado civil, nacionalidade, cor/raça, religião, orientação sexual ou outra característica que seja protegida por lei.”

“Por exemplo, é inaceitável se recusar a prestar serviços ou avaliar outro usuário, seja do Uber Eats, motorista ou entregador parceiro, restaurante ou outro estabelecimento, com base nessas características. Além disso, não é permitido discriminar nenhum usuário do app da Uber ou do Uber Eats com base no seu destino ou local de entrega.”

4. Cielo

Fornecedora de serviços financeiros, a Cielo mantém uma estrutura interessante de código de conduta e ética, disponível em página de seu site.

Dividido em 9 seções, o documento aborda a abrangência, objetivo, cultura e visão da empresa, conformidade, gestão e orientações gerais.

Ali, estão previstas situações delicadas, como o conflito de interesses, junto ao comportamento que o funcionário ou parceiro deve ter nesses casos.

Conclusão

O código de conduta estabelece e disciplina os padrões éticos e morais recomendados aos colaboradores, sócios e parceiros das empresas.

Dependendo das soluções ofertadas, o documento pode se direcionar ao público que as utiliza, como no caso da Uber, para orientar sobre os comportamentos que são, ou não, tolerados.

Investir nesse regimento contribui para construir e manter uma boa reputação, em especial diante da grande exposição promovida pela era digital.

Então, se ainda não possui um código, vale começar o quanto antes.

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