A revolução tecnológica também chegou ao agronegócio, e o conceito de agrotech tem tudo a ver com isso.
As atividades agropecuárias estão entre as mais antigas do mundo, mas isso não significa que elas não possam se atualizar e se modernizar, muito pelo contrário.
A substituição de métodos ultrapassados por atividades produtivas que otimizam a cadeia de suprimentos é uma necessidade cada vez mais urgente.
Uma demonstração de como esse tipo de movimentação tem se mostrado uma tendência é este relatório da AgTech Garage (em inglês), um dos principais hubs de inovação do agronegócio mundial.
Segundo o levantamento, são mais de 800 startups atuando no setor para trazer soluções como cultivo protegido, verticalização, fazendas urbanas, controle de pragas, drones e aeronaves tripuladas, previsão climática e muitas outras.
Você se interessa em saber mais sobre agrotech e a sua importância?
Ao longo deste artigo, vamos abordar o mercado de atuação dessas startups, as principais tendências e novidades do setor e também alguns exemplos de empresas do ramo.
Estes serão os tópicos tratados:
Agrotech é o termo usado para designar startups voltadas especificamente ao agronegócio, assim como também existem as fintechs, que otimizam serviços da área financeira através da tecnologia, por exemplo.
O nome agrotech é a fusão de duas palavras inglesas: agronomy (agronomia) e technology (tecnologia).
A ideia, portanto, é se valer de inovações para desenvolver métodos mais modernos e produtivos, facilitando e agilizando toda a cadeia de suprimentos do agronegócio.
Quando você garante maior produtividade em menor espaço físico e tempo e gastando menos, está não apenas tendo uma vantagem competitiva e sobrevivendo no mercado, mas também atendendo uma demanda que não para de crescer.
Afinal, até 2050, a tendência é que a população mundial seja de 10 bilhões de pessoas e a área de produção agrícola para atender toda essa gente seja de apenas 40% da extensão terrestre.
Ou seja, é preciso fazer mais com menos.
Agora que você já sabe o que é agrotech, talvez esteja se perguntando: o que essas startups têm feito de tão especial?
Listamos abaixo algumas soluções que essas empresas estão implementado no agronegócio, revolucionando o setor.
A robótica é uma das implementações que traz mais benefícios ao produtor, uma vez que barateia a mão de obra e garante maior rapidez na produção.
De quebra, há um aumento no rendimento operacional, sobretudo nas tarefas mais mecânicas e repetitivas.
O controle biológico é outro mecanismo muito utilizado no campo.
O método consiste em um de manejo de pragas a partir do uso de organismos vivos (micro ou macrobiológicos) como defensivos agrícolas.
Ou seja, a ideia é utilizar predadores naturais para exterminar populações que fazem mal aos vegetais.
As agrotechs fazem estudos de casos muito mais aprofundados e embasados para encontrar os organismos vivos ideais para acabar com cada tipo de praga.
A IoT, aliada ao Big Data, talvez seja a solução que mais traz resultados práticos para as lavouras.
Graças a ela, é possível tomar decisões mais assertivas, garantir maior eficiência na solução de problemas, reduzir custos e desperdício e ainda gerenciar um grande volume de dados.
Uma aplicação prática e bem conhecida de Internet das Coisas é a colocação de sensores meteorológicos em sistemas de irrigação para trazer informações sobre a previsão do tempo.
Os softwares de gestão agrícola disponíveis no mercado trazem duas soluções principais: a telemetria e o monitoramento em tempo real.
Com o suporte das agrotechs, essas ferramentas estão cada vez mais sofisticadas, ajudando no gerenciamento de frotas e equipamentos, na resposta mais rápida a emergências, no aumento da produtividade e na melhora da segurança como um todo.
Por exemplo, você pode coletar dados das condições do solo ou mesmo do seu maquinário a partir de sensores que enviam informações para uma central e as armazena na nuvem.
Segundo o relatório da AgTech Garage que já mencionamos, 16,74% das soluções implementadas por startups do agronegócio são na área de agricultura de precisão.
Aqui, diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas para que se diminua o desperdício, aumente a produtividade e tenha um maior controle de todos os processos.
A tecnologia tem um papel fundamental nesse sentido.
A inteligência artificial, por exemplo, tem sido muito útil no controle do uso de agroquímicos nos sistemas de pulverização de lavouras.
Com o uso de metodologias inteligentes, é possível analisar imagens e mensurar a quantidade exata de produto necessária para pulverizar uma área.
Assim, o produtor corta gastos e ainda ajuda a proteger a natureza, diminuindo a dispersão de herbicidas e fungicidas no meio ambiente.
Com a ajuda da agrotech, é possível ir muito mais a fundo nas análises laboratoriais de solos, espécies de vegetais, tipos de adubos e sementes e diferentes métodos de produção à colheita.
Afinal, a tecnologia oferece inúmeras possibilidades de testagem em ambiente controlado, similar ao externo, trazendo assim resultados mais condizentes com a realidade.
Para finalizar o mercado de atuação das agrotechs, vem a área de consultoria.
Aqui, especialistas realizam um trabalho personalizado, mapeando todos os processos do negócio do cliente e identificando os gargalos que podem estar prejudicando o melhor desempenho do objeto de estudo.
Um trabalho de consultoria conta basicamente com cinco etapas:
O tempo em que a zona rural e as plantações eram vistas como regiões atrasadas, onde o progresso não chegava, ficou para trás – ou, ao menos, deveria ter ficado.
A tecnologia está à disposição.
Basta buscar conhecimento e permitir que essas inovações façam parte da sua rotina produtiva.
Um dos papéis das agrotechs é justamente esse: facilitar o acesso à informatização de processos dentro da cadeia de suprimentos do agronegócio.
No tópico anterior, você teve uma prévia das soluções que essas startups desenvolvem e os impactos positivos que elas trazem.
Portanto, é impossível desassociar o progresso tecnológico dentro do agribusiness e o aumento da produtividade.
As agrotechs no Brasil não param de crescer, atuam nos mais diversos setores, implementam melhorias em diferentes setores e injetam cada vez mais dinheiro no agronegócio.
Só para ter uma ideia, segundo o Distrito Mining Report – Agtech 2021, o investimento em agrotechs brasileiras ultrapassou os US$ 160 milhões em 2021, e o número vem crescendo a cada ano.
Outros números interessantes do AgTech Garage ajudam a traçar um panorama das startups voltadas ao agronegócio no Brasil:
O “Vale do Silício brasileiro” em termos de agrotechs fica em Piracicaba, no estado de São Paulo.
A região Sudeste, como um todo, é o principal polo tecnológico de startups voltadas ao agronegócio, com cerca de 62% do total de empresas do segmento no território nacional.
Já falamos bastante sobre o mercado de atuação das agrotechs e o panorama delas no Brasil.
Vamos conhecer algumas empresas de destaque do agronegócio?
Separamos cinco cases de sucesso para você se inspirar com suas histórias e iniciativas:
Considerada a maior rede de agdata (dados sobre agricultura) da América Latina, a Agrosmart está presente em nove países, cobre mais de 48 milhões de hectares, com mais de 90 culturas diferentes e atende mais de 100 mil produtores.
Esta startup oferece como solução uma plataforma digital integrada que, entre outros objetivos, ajuda na resiliência climática e na prática de uma agricultura mais sustentável.
Na prática, funciona assim:
Além do software, a empresa também oferece outras soluções, como pluviômetro digital e sensor de umidade de solo, por exemplo.
Considerada por quatro anos consecutivos (de 2018 a 2021) uma das 100 startups para ficar de olho no Brasil, segundo a Startup to Watch, a Grão Direto é uma plataforma de compra e venda que reinventou a forma de negociar grãos.
Quem vende, pode acessar um índice exclusivo com o preço médio dos grãos na sua região, com estatísticas em tempo real e as principais notícias do mercado.
Além disso, o vendedor conta com muito mais oportunidades de mercado, uma vez que ele tem acesso a inúmeros contatos de compradores.
A plataforma disponibiliza ainda diferentes modalidades de negociação.
É possível fazer barter (pagamento pelo insumo através da entrega do grão na pós-colheita, sem a intermediação monetária) ou travamento futuro (o produtor trava o preço de custo mediante a realização de um contrato futuro), por exemplo, e também contar múltiplas condições de pagamento e frete.
E para quem compra grãos, quais as vantagens?
Sistemas e contratos digitais, uma equipe de suporte disponível para ajudar a fechar negócios e uma inteligência de mercado superior são alguns dos principais benefícios.
Vale lembrar que a plataforma é 100% virtual e você não gasta nada para negociar nela.
A plataforma Cropwise da Syngenta Digital já transformou mais de 4 milhões de hectares ao redor do mundo, sobretudo no continente americano.
Com o objetivo de proporcionar ao produtor um controle total da sua lavoura, a ferramenta de inteligência artificial agiliza e simplifica a sua tomada de decisão, monitora a saúde da sua lavoura de maneira remota e cria zonas de manejo de forma rápida e intuitiva.
O grande diferencial do software são os recursos imagéticos.
Você consegue, por exemplo, acompanhar o desenvolvimento de plantas a partir de imagens de satélites, drones ou aviões, otimizar o uso de insumos, por meio de mapas para aplicação localizada, e ter uma visão periódica da propriedade para ter um controle dos processos mais de perto.
A BovControl é uma plataforma de geração de dados agropecuários que ajuda a garantir aos produtores digitalizados uma fonte extra de renda e, de quebra, ainda colabora com o meio ambiente com ações de neutralização de carbono.
No site da empresa, você consegue acompanhar em tempo real o impacto positivo que as soluções têm causado, como, por exemplo, o número de pessoas alimentadas e de carbono removido no último ano.
Focado na gestão de fazenda, o BovControl tem três funções principais:
O software Aegro conta com mais de 5 mil usuários mensais e já ajudou mais de 4,7 mil fazendas em cerca de 2 milhões de hectares.
Com o compromisso de ajudar o negócio rural de ponta a ponta, a agrotech une as áreas financeira e operacional, dando maior controle ao produtor.
Entre as funções da plataforma estão:
Tudo isso em um só lugar e de forma 100% digital.
A Solinftec é uma agrotech 100% brasileira e que está entre as cinquenta maiores startups do segmento.
Por meio de sua plataforma Alice AI, a empresa coleta cerca de 3,7 trilhões de dados por ano, gerencia mais de 11 milhões de hectares em tempo real, recebe mais de 6 mil transações por segundo e reduz a emissão de aproximadamente 326 toneladas de gases do efeito estufa.
Como o nome da solução indica, a inteligência artificial de última geração é um dos seus principais diferenciais.
Com o slogan de ser o encontro do machine learning com a experiência de uma vida inteira no agro, a Alice AI recebe mais de 10 bilhões de informações do campo por dia.
É uma quantidade muito grande de informações para ajudar o produtor a tomar as melhores decisões, ainda que o cenário mude de hora em hora.
Isso garante menor risco, custos mais baixos e, consequentemente, maior produtividade.
Por se tratar de uma plataforma integrada, a Alice AI consegue concentrar todos os processos, do pré-plantio ao pós-colheita, em um só lugar.
Assim, é possível direcionar mão de obra, equipamentos, insumos e maquinário no momento certo e com o máximo de autonomia, entre diversas outras atividades.
A tecnologia é tão dinâmica que, às vezes, é difícil prever o que o futuro reserva para o setor das agrotechs.
Ao longo deste artigo, trouxemos uma série de novidades e tendências do agronegócio no que diz respeito à inovação, mas o que ainda está por vir?
Uma tecnologia bastante interessante, que já está sendo implementada em algumas fazendas, ainda em fase de testes e com um nível de excelência abaixo do desejado, é uma espécie de reconhecimento facial para animais.
Os dias das marcações rudimentares do gado estão contados.
A ideia é utilizar imagens de drones para identificar mais rapidamente o animal, sem a necessidade de realizar qualquer prática que prejudique o bem-estar dos rebanhos.
O setor de maquinários autônomos controlados remotamente e a urbanização das fazendas também são situações para ficar de olho.
Faz tempo que as fazendas eram sinônimo de ausência de tecnologia.
O agronegócio se reinventou e não ficou parado no tempo.
Com a ajuda das agrotechs, cresceu muito a importância da tecnologia no contexto da produção para aumentar a produtividade e diminuir custos.
Sobretudo no Brasil, em que a agricultura e a pecuária têm tanta força na economia nacional, é preciso prestar ainda mais atenção às atividades desempenhadas por essas startups do agronegócio.
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