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Sucessão empresarial: entenda o processo e como garantir a continuidade do seu negócio

17 de março 2025, 16:00

A sucessão empresarial é um processo de transferência da gestão e propriedade de uma empresa para novos responsáveis, seja por herança, venda ou mudança de liderança.

Por suas características, serve para garantir continuidade, estabilidade e crescimento do negócio.

Uma estratégia fundamental, portanto, mas que nem toda organização adota (e muitas vezes paga caro pela negligência).

Conforme um estudo publicado na Harvard Business Review (em inglês), a falta de mecanismos de sucessão e pipelines de liderança pode custar até US$ 1 trilhão, considerando as empresas listadas no índice S&P 1500.

Se até organizações com orçamentos bilionários e trilionários podem sentir os efeitos disso, o que dizer então das empresas de médio ou pequeno porte?

Por isso, desconhecer os tipos de sucessão empresarial é um erro do qual você se afasta lendo este texto, que traz os seguintes tópicos:

  • O que é sucessão empresarial?
  • Principais aspectos envolvidos na sucessão empresarial
    • Aspectos legais e financeiros
    • Aspectos emocionais e familiares
    • Aspectos de gestão e governança
  • Tipos de sucessão empresarial
    • Sucessão familiar
    • Sucessão profissional
    • Sucessão por venda ou fusão
  • Características de uma sucessão empresarial bem-sucedida
  • Inovação no processo de sucessão empresarial.

Continue lendo e entenda como funciona a sucessão empresarial.

O que é sucessão empresarial?

Sucessão empresarial é a passagem de responsabilidades de liderança e comando, bem como das prerrogativas inerentes aos altos cargos de chefia em uma empresa.

O processo sucessório se refere em geral aos CEOs, presidentes e executivos sênior, mas pode se aplicar a outros cargos de alto escalão.

Tanto que um dos termos usados para se referir a esse processo é sucessão de empregadores, o que faz muito sentido.

De qualquer forma, o ponto mais crítico da sucessão empresarial se refere à “passagem de bastão” de um dono para outro.

Se mal planejada, uma sucessão pode decretar até mesmo o fim de uma empresa, como mostra o triste caso da família Gucci, contado em matéria da Exame.

É verdade que essa é uma questão ainda mais delicada quando se trata de empresas familiares, embora possa atingir qualquer tipo de organização.

Por isso, a melhor forma de evitar os contratempos e consequências negativas da falta de um planejamento sucessório é conhecer os aspectos envolvidos nesse processo, como veremos a seguir.

Principais aspectos envolvidos na sucessão empresarial

A já citada matéria do caso Gucci traz dados preocupantes.

Das empresas familiares brasileiras, 70% chegam à segunda geração, somente 10% alcançam a terceira geração e ínfimos 3% sobrevivem até a quarta geração.

Provavelmente esses 3% são a minoria das empresas que cuidaram de desenvolver um plano de sucessão empresarial.

Mas em que consiste esse tipo de planejamento, exatamente?

Gerir uma empresa requer uma série de cuidados nos níveis administrativo, legal, econômico e de governança.

Sem mecanismos bem definidos de sucessão, o risco de uma empresa perder o rumo é alto, considerando que novas lideranças nem sempre estão alinhadas à missão, visão e valores.

Portanto, é preciso proteger a empresa da ação muitas das vezes predatória de pessoas que só estão interessadas em seu próprio sucesso.

Entenda como isso funciona conhecendo três dos principais aspectos envolvidos em uma sucessão.

Aspectos legais e financeiros

Das muitas questões a serem tratadas na sucessão empresarial, talvez as que mais exijam cuidado sejam as de cunho legal e financeiro/patrimonial.

A transferência de propriedade de ativos, nesse caso, pode ocorrer de diferentes formas, como compra e venda, doação ou fusão.

Para os bens imóveis, a formalização do processo requer escritura pública e registro no cartório competente, enquanto a transferência de bens móveis pode ser feita por contrato particular.

Os novos donos precisarão ainda verificar a existência de dívidas ou ônus associados aos bens adquiridos, bem como a incidência de tributos, como o ITBI (para bens imóveis) ou o ITCMD (em casos de doação).

Há ainda os acordos societários, que desempenham um papel estratégico na regulamentação das relações entre sócios e acionistas.

Esse tipo de instrumento pode estabelecer regras para entrada e saída de participantes e definir critérios para a distribuição de lucros.

Além de prever cláusulas como a de preferência e o tag along, que protegem os interesses dos minoritários em caso de venda da empresa.

Lembrando que, no Brasil, a sucessão deve respeitar os herdeiros necessários, que têm direito a pelo menos 50% do patrimônio.

Por isso, para evitar conflitos e facilitar a transição, há empresários que optam por estruturar holdings familiares ou utilizar testamentos para definir previamente a divisão do patrimônio.

Aspectos emocionais e familiares

A sucessão empresarial envolve desafios emocionais e familiares que podem impactar a continuidade do negócio.

Para fundadores, deixar o controle pode gerar resistência e insegurança.

Para herdeiros ou sucessores, há a pressão de corresponder às expectativas e preservar o legado.

Um processo mal conduzido ou sem planejamento na sucessão de empregadores pode ser extremamente danoso.

É o caso da LG, que se viu enredada em uma série de problemas desde o falecimento do seu líder e presidente Koo Bon-moo em 2018.

Com uma fortuna estimada em mais de US$ 1,5 bilhão, Bon-moo não deixou testamento, abrindo caminho para intensas disputas familiares pelo espólio.

Nesse conflito, os filhos do magnata falecido vieram a processar os primos (que também são executivos da empresa), acusados de se apropriar indevidamente da herança.

Para evitar situações como essa, um planejamento sucessório bem estruturado é essencial, com comunicação clara e mediação profissional.

Além de aspectos técnicos, é preciso considerar os laços afetivos e os valores da empresa para manter a unidade familiar e a sustentabilidade do negócio.

Aspectos de gestão e governança

Casos como os da LG e da Gucci mostram que uma estrutura de governança sólida, com processos transparentes e liderança capacitada, é fundamental para garantir a continuidade e a estabilidade da empresa em processos sucessórios.

Isso porque a governança bem estruturada define regras claras para a tomada de decisões, reduzindo conflitos entre herdeiros e sócios.

Quando a empresa conta com processos transparentes, aumenta a confiança dos stakeholders, assegurando que a sucessão ocorra de forma justa.

Sem contar que uma liderança preparada preserva a cultura organizacional, mantendo sua estrutura de governança intacta no longo prazo.

É por isso que a sucessão planejada evita instabilidades e protege o legado empresarial, garantindo sua sustentabilidade e crescimento futuro.

Tipos de sucessão empresarial

Consultor discute plano de sucessão empresarial com cliente, analisando estratégias e tomada de decisões.
Sucessão empresarial bem planejada garante continuidade, estabilidade e crescimento sustentável para qualquer negócio.

Uma empresa nunca é igual a outra, logo, cada uma demanda um plano de sucessão empresarial específico.

Para empresas familiares, as estratégias e mecanismos terão que ser diferentes das adotadas em uma empresa composta por sócios.

Vamos ver, então, como funciona cada um dos tipos de sucessão empresarial conhecidos e em que casos eles se aplicam.

Sucessão familiar

A sucessão familiar ocorre quando a propriedade e a gestão de uma empresa passam de uma geração para outra dentro da mesma família.

Esse processo pode envolver diferentes estruturas jurídicas, como sociedades limitadas ou anônimas, dependendo do tipo de empresa e do planejamento sucessório adotado.

No Brasil, a sucessão empresarial deve seguir as regras do Código Civil, especialmente nos artigos relacionados ao direito de herança e contratos sociais.

A Lei das Sociedades por Ações também traz diretrizes para sucessão em empresas desse tipo.

Há ainda a Lei da Liberdade Econômica, que impacta a governança e a proteção dos herdeiros em casos de transferência empresarial​.

Nesse tipo de sucessão, o planejamento pode ser formalizado por meio de testamentos, acordos de sócios e holdings familiares, mecanismos que ajudam a evitar conflitos entre herdeiros e manter a continuidade da empresa.

Lembrando que a legislação prevê regras para a proteção dos herdeiros necessários e a possibilidade de doações em vida, que podem ser feitas com reserva de usufruto para garantir a estabilidade da transição.

Sucessão profissional

Já a sucessão profissional trata da transição de liderança dentro de uma organização, seja por aposentadoria, desligamento ou reestruturação.

Como não há herdeiros, o processo exige planejamento para garantir continuidade nas operações e estabilidade para funcionários, acionistas e parceiros comerciais.

Esse tipo de sucessão é respaldado pela Lei das Sociedades por Ações, que regula a substituição de administradores em empresas de capital aberto, e o Código Civil, que disciplina a sucessão em sociedades limitadas.

Algumas normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e diretrizes de governança corporativa também são aplicáveis, dependendo do setor da empresa​.

Considerando a eventualidade de uma sucessão imediata, as empresas sujeitas a esse modelo precisam estar sempre um passo à frente.

Sendo assim, seus planejamentos sucessórios devem abranger programas de desenvolvimento de lideranças internas, com contratação de consultorias e adoção de regras de transição que minimizem possíveis impactos negativos.

A governança corporativa tem um papel especialmente relevante, já que são estruturas como conselhos de administração que ajudam a organizar e validar os processos de substituição de executivos.

Sucessão por venda ou fusão

Um dos tipos de sucessão empresarial mais complexos é o que se origina de uma venda ou fusão.

Isso porque a sucessão nesse caso ocorre quando uma empresa é transferida para outra por meio da aquisição de suas ações, incorporação ou fusão de ativos.

Trata-se de um processo que exige análise jurídica, tributária e regulatória para garantir conformidade com as normas aplicáveis.

Uma das leis que regulamentam esse processo é a Lei nº 12.529/11, que regula atos de concentração econômica e fusões, exigindo análise prévia pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para evitar práticas anticompetitivas.

O órgão pode aprovar, reprovar ou impor restrições ao negócio, com prazo de até 240 dias para análise, prorrogáveis por mais 90 dias​.

Características de uma sucessão empresarial bem-sucedida

Um processo de sucessão de empregadores bem feito faz toda a diferença porque garante a continuidade das operações empresariais, com impactos mínimos sobre suas receitas e rotinas.

Empresa que se planeja para isso se expõe menos e evita dissensões entre sócios, sejam eles familiares ou não.

Ainda que cada organização defina sua própria história, existem características comuns àquelas que conduzem bem a sucessão empresarial.

Confira a seguir.

Planejamento estratégico

Um plano de sucessão empresarial é parte integrante de uma transição segura.

Como vimos, para cada tipo de sucessão aplicam-se leis e regras distintas que, se não forem observadas, podem gerar sanções e penalidades.

O planejamento estratégico aplicado aos processos sucessórios serve para contemplar o cumprimento dessas leis e a conformidade em todas as etapas.

Mas nem só de leis vive uma sucessão empresarial.

Tão importante quanto pensar essa questão, está a necessidade de gerir os ativos da empresa em meio às mudanças.

O planejamento serve, nesse caso, como uma garantia de que os recursos da empresa serão preservados, sem prejuízo para suas atividades.

Capacitação e desenvolvimento de lideranças

Reunião corporativa sobre sucessão empresarial, com líder orientando equipe em ambiente moderno e colaborativo.
Ignorar a sucessão empresarial pode custar caro – planeje e proteja o futuro da sua empresa!

Empresas que conduzem bem uma sucessão são necessariamente aquelas que contam com líderes preparados.

Sem pessoas capazes de tomar decisões e orientar em observância às regras, é grande o risco de que alguém saia com os direitos lesados.

Nas empresas familiares, os líderes são fundamentais para apaziguar ânimos e garantir que os eventuais herdeiros recebam o que lhes é devido.

Cultura organizacional e inovação

Nem toda inovação implica uma sucessão, mas toda sucessão é uma inovação.

Partindo dessa premissa, as empresas onde existe uma cultura forte voltada para a inovação sentem menos os impactos de um processo sucessório.

Como nessas organizações a inovação faz parte do dia a dia e é algo sempre esperado, quando elas precisam mudar de comando, a tendência é que haja menos resistência.

Inovação no processo de sucessão empresarial

Empresa que tem a inovação em seu DNA é mais preparada para lidar com as mudanças de uma sucessão em seus quadros.

Nas empresas familiares, as tecnologias digitais e as metodologias ágeis ajudam a evitar a estagnação e a perigosa zona de conforto, principalmente quando os negócios vão bem.

Algo parecido acontece em processos de sucessão profissional, nos quais o mentorship e a capacitação garantem uma transição bem estruturada.

Isso sem contar que as empresas inovadoras atraem mais investidores e se integram com mais facilidade.

São motivos que fazem com que a inovação seja um verdadeiro pilar de sustentação de um processo sucessório, independentemente do tipo e tamanho da empresa.

Conclusão

A sucessão empresarial é, a partir do que vimos, um processo que só pode ter êxito quando todos participam.

Não há espaço para o time do “eu sozinho”.

Por se tratar de um momento único, as decisões precisam ser tomadas com muito cuidado e planejamento, além da transparência na comunicação entre os envolvidos.

No mundo dos negócios e empreendedorismo, informação útil sempre faz a diferença.

É o que você encontra no blog da FIA, em que os temas mais relevantes são abordados.

Referências:

https://hbr.org/2021/05/the-high-cost-of-poor-succession-planning
https://exame.com/colunistas/panorama-economico/o-fracasso-da-sucessao-da-familia-gucci/
https://www.fernandeslunardi.com.br/problemas-na-sucessao-empresarial-o-caso-da-lg/
https://www.migalhas.com.br/depeso/416501/governanca-familiar-pilar-para-a-sucessao-em-empresas-familiares

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