A rapidez dos meios de comunicação introduz e faz circular palavras novas em nossas vidas como se fossem frutas batidas num liquidificador: conseguimos entender a finalidade delas e como elas interagem, mas muitas vezes elas se confundem e é difícil dizer onde começa uma coisa e acaba outra.
Você sabe o que é uma startup? Muita gente toma a palavra por sinônimo de uma empresa pequena de serviços digitais – no entanto, nem sempre isso é verdade.
Este artigo tem como objetivo ser uma referência sobre o universo das startups. Ao final da leitura, você saberá exatamente o que é uma startup, o que são aceleradoras, unicórnios, investidores-anjos e outras criaturas míticas dessa cultura empreendedora altamente influente.
Sua Majestade, a startup
Comecemos entendendo a startup em si. Há cinco bons critérios para separar startups de outras empresas pequenas: solução de problemas, disrupção de mercado, alto risco, ligação à tecnologia e potencial de ganho de escala.
A empresa escalável é aquela que pode começar pequena, mas atingir grandes públicos e nichos, adaptando-se a diversas necessidades de consumo. A agilidade dos meios digitais contribui muito com esse fator.
Além disso, uma startup é um negócio que visa a solucionar um problema existente na sociedade. O Uber, por exemplo, identificou um problema de mobilidade e elaborou uma maneira de clientes se locomoverem pagando menos e pessoas comuns lucrarem dirigindo, sem arcar com os ônus de um táxi.
Curiosamente, o problema a ser solucionado nem sempre é algo gritante. A conveniência surpreendente do Uber é um exemplo. O iFood é outro exemplo: entregas em domicílio são realidade há anos e nunca foi realmente penoso pedir comida por telefone ou buscá-la – mas ninguém reclamou da praticidade do aplicativo.
Por fim, a disrupção é a grande “chave” diferencial das startups. É isso o que uma startup faz com o mercado em que se insere: ele é completamente alterado, alterando padrões e comportamentos. A verdade é que tudo muda depois que aquela empresa entra no jogo.
Com um potencial desses, não é à toa que essas empresas se valorizem tanto e tão rápido. Muita gente cresce os olhos e investe nos negócios para obter ganhos futuros. Mas o investimento é de risco: inovar não é simples. De fato, é muito arriscado e há uma grande taxa de falências em startups.
Por fim, a tecnologia geralmente é um componente fundamental de startups. A digitalização permite a penetração do serviço em vários países e investindo pouco, permite inovar e até mesmo tornar o produto em questão maleável. É possível testar diferentes versões do produto e legitimar o modelo que melhor funciona.
Unicórnio
Este é um dos termos mais engraçados da cultura das startups. Apesar de ser estapafúrdio, o nome “unicórnio” é usado para denominar empresas que são avaliadas em pelo menos US$1 bilhão.
Unicórnios são mitológicos, são brilhantes, juntam um cavalo com um chifre… É um ser impossível. Enfim, é um bom nome para uma empresa que parecia impossível existir. No Brasil, já há alguns unicórnios: PagSeguro, a 99 (ex-99 Taxis), Nubank, Loggi, iFood, Loft e QuintoAndar são os principais exemplos.
A validação de startups
Alguns unicórnios, infelizmente, morrem. Outros, amadurecem. As empresas pequenas eventualmente têm que crescer e, no entanto, a titânica Apple se definia como “a maior startup do mundo” em 2010 – quase 30 anos depois de sua fundação.
Então, quando uma startup vira uma empresa “normal”? O CEO da Invento Robotics, Balaji Viswanathan, sintetizou com maestria o que define esse passo fundamental na evolução da firma:
“Quando uma startup acha seu modelo de negócios e o produto que é certo para o mercado em que ela se insere, ela deixa de ser uma startup e se gradua como empresa”.
Investidor-anjo
O termo investidor-anjo era usado no começo do século XIX para se referir a mecenas de peças de teatro da Broadway. Com seus investimentos, eles impediam que as produções cessassem suas atividades.
No contexto das startups, o investidor-anjo é o primeiro a aportar dinheiro num projeto. Claramente, espera-se retorno, que pode vir na forma de pagamentos futuros (como num empréstimo) ou como participação minoritária na empresa.
Esse tipo de investidor também pode cumprir um papel de apontar caminhos novos aos donos da empresa ou promover contatos com novos possíveis interessados em investir ou em consumir o produto da empresa.
Acelerar ou incubar?
Processos de aceleração e incubação são termos usuais na cultura de startups. Tanto incubadoras quanto aceleradoras conectam novos empreendedores com outros mais experientes, mas com objetivos diferentes.
Incubadoras de negócios são estruturas que auxiliam startups com assuntos extraeconômicos: consultorias, auxílio com pessoal, ajuda jurídica, estrutural, trabalho contábil, por exemplo.
No Brasil, uma incubadora famosa é o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), localizado na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo. Ela conta com um currículo de mais de 500 empresas incubadas.
Por outro lado, aceleradoras têm uma atuação mais específica: elas fornecem mentoria e desenvolvimento do potencial de crescimento da startup.
Ecossistema de startups no Brasil
O Brasil já conta com um “ecossistema” de startups, com direito a esforços de mapeamento das iniciativas, e estruturas para fomentar esses empreendimentos, como as seguintes:
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- Cubo – o Itaú criou o espaço Cubo em 2015 para conectar empreendedores, grandes empresas, investidores e universidades. Os resultados dessas interações são traduzidos em inovação e novos modelos de negócio.
- inovaBra – essa estrutura do Bradesco reúne palestras, eventos e espaços de coworking. Assim, promove interação de empresas, investidores, mentores e equipes internas.
- StartUp Brasil – o StartUp Brasil é um programa do Governo Federal para estimular a aceleração de startups, incluindo a internacionalização das marcas.
- InovAtiva Brasil – essa iniciativa conjunta do SEBRAE com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) oferece um programa de aceleração gratuito a startups.
Regulação e desenvolvimento
Convenhamos que os modelos de negócios das startups são muito diferentes do empreendedorismo tradicional. As perspectivas de crescimento das empresas não têm precedentes, e isso poderia gerar problemas num ambiente de negócios tradicional.
Mesmo com conhecidos entraves ao empreendedorismo, o Brasil tem se adaptado para elaborar as “regras do jogo” para startups. A Lei Complementar 155/2016 estabelece as regras de funcionamento para investimentos anjo, por exemplo.
O Ministério da Ciência e Tecnologia tem como uma prioridade avançar na regulamentação de fundos de investimentos e desenvolver programas de incentivo à criação e apoio a startups e negócios tecnológicos.
Além do poder público, as instituições de ensino também estão atentas às mudanças e às oportunidades trazidas por essas revoluções no mercado.
Há um movimento de modernização de muitos cursos, incluindo o ensino de novos métodos organizacionais, formação de lideranças, estudos direcionados em marketing, finanças e muito mais.
A FIA está em linha com esse processo de constante evolução, oferecendo as ferramentas necessárias para dar os primeiros passos rumo à estruturação de grandes negócios em seus cursos de Graduação.
Para se inteirar ainda mais a respeito de empreendedorismo e tecnologia, continue a explorar as publicações do blog da Graduação da FIA!