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Qual é a inovação possível na sala de aula?

25 de novembro 2020, 10:00

Qual é a inovação possível na sala de aula?

Num contexto em que pelo menos 116 milhões de brasileiros e mais da metade da população mundial têm acesso à internet, as possibilidades pedagógicas inovadoras não são mais apenas um complemento interessante, mas sim uma necessidade educacional.

A inovação em sala de aula pode assumir dois aspectos. O primeiro deles tem a ver com o desafio dos professores de surpreender os alunos e prender sua atenção. Nesse sentido, as novidades tecnológicas fazem parte do processo inovativo, materializando-se em produtos, processos e serviços.

O segundo aspecto inovador possível está ligado à maneira de professores e alunos se relacionarem em sala, a fim de lecionar o conteúdo programático com a devida eficiência. A elaboração de métodos pedagógicos está ligada a esse segundo aspecto, e são esses métodos que permitem o uso ideal das tecnologias (contidas no primeiro aspecto) em prol do ensino.

No entanto, métodos tão inovadores quanto as possibilidades tecnológicas só podem ser geradas por meio de grandes rupturas com modelos e linhas de pensamento utilizados hoje. Este artigo explica como a inovação disruptiva impacta no ensino e possíveis caminhos para alcançá-la.

A inovação disruptiva nas classes

O conceito de inovação disruptiva é bastante presente no contexto do empreendedorismo e de pesquisa e desenvolvimento, em especial quando se fala em startups. Mas o termo também pode ser empregado no contexto educacional.

O professor de Harvard Clayton M. Christensen cunhou a ideia de “tecnologias disruptivas” em 1995, no artigo “Disruptive Technologies: Catching the Wave”, com coautoria de Joseph Bower. Posteriormente, remodelou a ideia com o nome de “inovação disruptiva”, reconhecendo que poucas tecnologias são disruptivas em si: são os modelos de negócio que elas permitem gerar que são disruptivos.

Disrupção é sinônimo de ruptura. No contexto empresarial, a ruptura é o produto ou serviço que muda as “regras do jogo”, muitas vezes destruindo tudo o que havia sido construindo até então, mas gerando novas oportunidades.

No contexto educacional, os “modelos de negócio” seriam os novos métodos, compostos por novas dinâmicas em sala de aula que se mostrem eficazes para potencializar o aprendizado.

Diferentes potenciais para diversos ensinos

Embora possamos pensar no ensino como o ato genérico de transferir conhecimento de uma pessoa para outra, esse processo varia muito conforme seja seu objetivo e a faixa etária dos participantes. Da mesma forma, as rupturas metodológicas podem variar conforme o nível do ensino e da faixa etária em questão.

Entre crianças e adolescentes, há os desafios de conciliar o ensino em disciplinas estruturadas com a socialização dos alunos e sua formação da personalidade. Além disso, pode ser muito difícil capturar a atenção dos alunos e até mesmo convencê-los da necessidade de assistir às aulas.

Na faculdade e nos cursos de extensão e de pós-graduação, a autonomia dos alunos é maior do que nos anos escolares. Para estimular essa busca pelo conhecimento com autonomia e baseada na aplicação prática, as abordagens da Andragogia vêm ganhando espaço.

Os cursos de pós-graduação e extensão têm caráter menos generalista e mais profissionalizante do que os de graduação e, portanto, podem ter maior liberdade para experimentar em seu formato – o que pode colocá-los, inclusive, mais em linha com as inovações praticadas do mercado de trabalho.

Algumas tendências de inovação

As práticas contemporâneas de educação são muito ultrapassadas. É o que diagnostica a professora e pesquisadora María Acaso, de Madrid, em seus estudos.

Em vídeo para a Fundación Telefónica, a espanhola defende a persecução das cinco seguintes diretrizes para renovar as metodologias de educação:

Autoridade – A autoridade dos professores deve ser compartilhada com os estudantes. Assim, os alunos podem assumir uma posição mais ativa sobre a própria educação.

Sensibilidade – O trabalho reflexivo em sala de aula, valorizando o contexto social invisível aos olhos, deve substituir uma forma de trabalho “automática”.

Flexibilização – As possibilidades de aprender remotamente e em horários alternativos devem ser aproveitadas. O processo educacional pode ser flexibilizado em seus tempos e para além do espaço da sala de aula.

Informação – Introduzir referências diversas ao ensino pode ampliar o alcance dos estudantes das matérias ensinadas. As informações de aula podem se beneficiar de paralelos e referência da cultura pop, do universo audiovisual, da gastronomia, das artes, por exemplo.

Organização do conhecimento – É o preceito de que o aprendizado não se baseia mais exclusivamente em receber conhecimento. Alunos assumem cada vez mais o papel de produtores de conhecimento, também capazes de ensinar.

Conclusão

As diversas fontes de informação disponíveis e a relativa maior independência de alunos são exemplos de aspectos que devem ser levados em conta por novos métodos educacionais. Se esse potencial não for aproveitado por novas dinâmicas, pode não só ser desperdiçado como também tornar-se contraproducente.

Portanto, o desafio de incorporar mudanças às práticas de educação deve ser encarado diariamente. Atualizar-se com as principais tendências metodológicas e tecnológicas é fundamental para desempenhar essa tarefa – e o blog da graduação da FIA seguirá fornecendo esses preciosos insumos a você.

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