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Ensino a distância: reaprendendo a aprender

02 de dezembro 2020, 10:00

Ensino a distância: reaprendendo a aprender

O ensino a distância (EaD) é um conceito que já vinha ganhando proeminência nos anos recentes, mas que se disseminou de maneira inédita no ano de 2020.

A urgência de encontrar soluções produtivas de ensino diante de uma epidemia global levou instituições educadoras dos mais variados perfis a adotar ferramentas de ensino a distância, com níveis heterogêneos de desenvoltura e sucesso.

A adesão ao ensino a distância tem levantado novas oportunidades de ensino e ventilado discussões sobre benefícios e desvantagens desses arranjos. De fato, a educação remota tem hora, lugar e maneira apropriados de aplicação – que são os enfoques deste artigo.

Diferentes modelos de EaD

O uso do EaD é dependente de tecnologias de comunicação sofisticadas. Seu uso vem se ampliando conforme os avanços técnicos progridem. No começo, o ensino remoto era mais utilizado como ferramenta suplementar ou em cursos livres.

Instituições de ensino superior passaram a aderir e confiar nas possibilidades desse jeito de ensinar por volta do começo dos anos 2010, quando passaram a surgir plataformas digitais como Coursera, Udemy, entre outras.

Hoje, essa possibilidade é adaptada para vários contextos e necessidades de aprendizado, como os seguintes:

Cursos livres: geralmente não dependem de regulamentação governamental ou legal e não emitem certificados. Têm formato de aula e amplitude de temas muito variáveis. Exemplos: História da Arte, maquiagem, culinária, finanças pessoais.

Cursos preparatórios: são os “cursinhos”, instruções estudadas com fins de obter uma conquista específica. Exemplo: curso para vestibular, Enem, prova do OAB, concurso para carreiras públicas.

Cursos técnicos: cursos formadores para ingresso no mercado de trabalho ou recolocação profissional. Devem seguir pré-requisitos e serem aprovados pelo Ministério da Educação para serem válidos.

Cursos profissionalizantes: similares ao curso técnico em objetivo, mas sem pré-requisitos de órgãos federais.

Cursos universitários: cursos variados de graduação e pós-graduação que cumprem com os critérios fixados pelo Ministério da Educação.

Cursos de extensão: direcionados a instruir jovens formandos em conhecimentos específicos.

Cursos corporativos: instrução de profissionais para obter melhores resultados ou habilidades especializadas num contexto empresarial.

Desde o contexto da pandemia de 2020, essa gama de possibilidades vem se expandindo – em especial no âmbito da educação infanto-juvenil.

Com a superação da crise, a tendência é que fique mais claro quais tipos de cursos realmente fazem sentido e quais foram aceitáveis apenas por força da necessidade.

Vantagens e desvantagens do EaD

Sem mencionar a qualidade de aulas ou de educadores envolvidos num curso remoto, há vantagens e desvantagens estruturais no formato digital.

Em primeiro lugar, os cursos a distância são mais comuns para a educação superior porque a ausência da dinâmica social não é um atrativo para formar crianças e adolescentes. Com a personalidade em formação, a integração e a interação social são parte fundamental da educação escolar, juntamente com o ensino do conteúdo.

Custos

Além disso, é necessário ter a estrutura mínima e estável para acessar a internet e interagir na aula. Os valores investidos na educação a distância geralmente são bastante inferiores à presencial (incluindo gastos com transporte e alimentação), mas é necessário garantir ao menos o acesso ao ambiente de aula.

Se o curso tiver o reconhecimento do MEC, uma vantagem adicional é ter acesso ao mesmo diploma ou certificação que um curso presencial proveria, mas a um custo total mais baixo.

Flexibilidade

Por outro lado, cursos remotos tendem a ser mais flexíveis do que a educação presencial. Muitos conteúdos são estruturados de maneira a permitir que cada aluno cumpra sua própria grade horária com conteúdo pré-gravado. Nesses casos, pode faltar a interação real professor-aluno.

Adicionalmente, a vantagem óbvia é a superação de barreiras físicas e geográficas para ter acesso a algum conhecimento. Da capacitação rural à formação financeira, as possibilidades são imensas para áreas variadas de aprendizado.

Organização

Por fim, é possível citar outra desvantagem relativa do EaD: exige mais disciplina. Aprender em ambiente doméstico traz distrações e interrupções ausentes em ambientes dedicados exclusivamente ao ensino. Felizmente, esse é um obstáculo transponível na maior parte dos casos.

Possibilidades variadas e modelo híbrido

O ensino a distância é uma possibilidade dependente da tecnologia digital. A partir de um computador, tablet ou celular com acesso à internet, é possível estabelecer a comunicação entre alunos e professores.

Porém, essa descrição genérica ganha moldes mais particularizados a depender da ferramenta de comunicação e do modelo de aula escolhido para o ensino.

Atualmente, pedagogos adaptam-se às possibilidades das ferramentas de comunicação interativa em tempo real, que são diferentes entre si. Podemos citar:

    • Zoom
    • Microsoft Team
    • Google Meets
    • Google Classroom
    • Skype.

    Essas são apenas algumas das possibilidades existentes. Há também plataformas específicas, aulas pré-gravadas e outras maneiras de apresentar conteúdo e interagir. A FIA, por exemplo, mantém uma seção de cursos de EaD em seu site, além de manter uma parceria com a plataforma Coursera, especializada em educação formal digital.

    O acesso digital imediato a conteúdos facilita a tarefa de oferecer material de apoio nas aulas. Mas até a forma com que isso é feito pode variar.

    Muitas escolas e faculdades mantêm diretórios com esse tipo de material. Eles podem assumir formas mais básicas, como pastas compartilhadas ou links para sites (YouTube, por exemplo), ou mais sofisticadas, como portais interativos.

    A vantagem de cursos com portais interativos é a possibilidade de agregar mais do que arquivos para consulta ou referência didática de maneira intuitiva. Ambientes de grupo de discussão, calendários, sistemas de notas e ambientes de exercícios e avaliações adaptados para o meio digital são recursos muitas vezes presentes nesses portais e que fazem a diferença em trazer a experiência do ambiente escolar para o conforto do lar de cada aluno.

    Por fim, os cursos remotos podem assumir forma integralmente digital ou formatos híbridos. Os cursos semi-presenciais podem combinar exposição e exercícios assistidos e feitos remotamente com encontros de grupo.

    Atividades em conjunto, apresentação de projetos e a realização de provas são algumas ocasiões em que um encontro presencial pode ajudar a trabalhar elementos de socialização, exposição retórica ou comprovação de conhecimento difíceis de reproduzir digitalmente.

    Conclusão

    A oferta dos cursos de EaD não para de crescer a cada dia e é necessário escolher criteriosamente a ementa, os professores e o método didático usados antes de adquirir acesso às aulas – por mais baratas que possam ser.

    Conforme apresentado acima, o formato de aulas remotas pode ser bem-aproveitado em diversas ocasiões. Ainda é incerto o potencial real que o EaD terá nos anos vindouros, mas essa é uma revolução nas oportunidades de ensino, que merece muita atenção dos corpos discente, docente e dos entes reguladores.

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