Se você cursa ou pretende cursar alguma graduação, precisa conhecer o termo empresa júnior: um dos maiores movimentos empreendedores da atualidade, que reúne alunos de diversas áreas e interesses. Por meio da vivência empresarial, ele procura melhorar habilidades de comunicação, liderança e trabalho em equipe dos seus membros.
Os estudantes universitários participantes têm a oportunidade de aplicar o conteúdo aprendido na sala de aula na prática. Isso ocorre por meio de projetos, como os de consultoria. O objetivo é formar profissionais responsáveis e capazes de transformar o Brasil.
Para isso, as empresas juniores (EJs) promovem uma ampla formação pela experiência em administrar uma empresa de verdade, realizando projetos que geram os melhores resultados para os clientes e muito aprendizado para os estudantes.
Pensando nisso, preparamos este artigo para você entender o que é uma empresa júnior e como ela pode ajudar na sua formação. Boa leitura!
O que é uma empresa júnior?
Um dos maiores desafios que muitos alunos universitários passam quando concorrem a vagas de estágio ou oportunidades de trabalho é a falta de experiência. Apenas a universidade não é capaz de oferecer um conhecimento completo acerca do mercado de trabalho, sobre como se relacionar com clientes ou superar momentos de dificuldades na carreira.
Alguns progressos só acontecem quando temos a oportunidade de aprender com nossos erros. Nesse contexto, surgiram as empresas juniores — associações sem fins lucrativos constituídas por estudantes do ensino superior e representantes de um ou mais cursos de graduação.
Essas organizações prestam serviços com valores abaixo do mercado e investem todo o faturamento na capacitação dos membros voluntários. Elas têm o objetivo de promover o conhecimento e fomentar o crescimento pessoal e profissional dos jovens, por meio de uma experiência empresarial.
Além disso, elas interligam o mercado de trabalho às instituições acadêmicas e oferecem projetos de consultoria ao público. Assim, os membros têm a oportunidade de transmitir para a sociedade um pouco do que aprenderam na universidade.
Origem das empresas juniores
Em 1988, surgiu a primeira empresa júnior do Brasil, a EJFGV. Ela foi fundada na Faculdade Getúlio Vargas, em São Paulo. Em pouco tempo, a ideia se difundiu entre os graduandos da época e resultou no aparecimento de inúmeras empresas juniores em todo o país.
Cada vez mais, essas organizações são reconhecidas pela sua grande importância para o país. O movimento promove benefícios econômicos, pois movimenta a economia e o Produto Interno Bruto (PIB) por meio dos projetos executados. Além disso, aumenta a percepção de valor do aluno, que passa a ter a oportunidade de aplicar os conceitos aprendidos em sala de aula e se preparar com antecedência para o mercado de trabalho.
Para que as EJs possam cumprir seu objetivo de intensificar o aprendizado dos alunos por meio da realização de projetos, da cultura organizacional e da gestão interna autônoma, elas são amparadas por professores e instâncias nacionais e estaduais. O resultado é a maior educação empreendedora, que aumenta a participação no mercado e atrai mais futuros profissionais de qualidade.
Um dos princípios essenciais das empresas juniores é que os seus membros não podem receber salários ou bolsas em dinheiro. Todo o lucro da organização deve ser revertido em capacitações, treinamentos e manutenção da empresa. O que move o aluno no trabalho é a vontade de aprender e se desenvolver como profissional.
O que significa o Movimento Empresa Júnior (MEJ)?
O Movimento Empresa Júnior (MEJ) teve início em 1967, na Escola Superior de Ciências Econômicas e Comerciais de Paris. Hoje, ele está presente em todos os continentes e forma uma grande rede de empreendedorismo no mundo.
Em 1987, uma convocação da Câmara de Comércio França-Brasil trouxe o movimento para o território nacional. Em 2016, o Brasil ultrapassou a Europa e tornou-se líder em empresas juniores no mundo.
O último levantamento apontou 311 empresas e mais de 11 mil empresários juniores em todo o país. Juntos, realizam quase 3 mil projetos por ano, em todas as áreas. Todos esses números revelam o grande esforço conjunto e são consequência de uma corrente de valor estabelecida pelo MEJ.
Outro ponto importante é a Lei 13.267/2016, que reconhece e regulamenta as EJs e autoriza seu funcionamento em instituições de ensino superior. Para isso, a organização deverá ser uma associação civil integrada e gerida por estudantes matriculados em cursos de graduação, com foco na promoção de desenvolvimento acadêmico e profissional dos membros.
Suporte aos envolvidos
A Brasil Júnior fornece suporte às federações e cada uma delas é responsável pelas suas empresas juniores federadas. Todos trabalham juntos com o objetivo de impulsionar os resultados e expandir o movimento no país.
Esse apoio visa promover oportunidades, investimentos e networking que resultam em profissionais diferenciados. Para isso, as federações representam o MEJ diante do mercado, promovendo parcerias que permitem a geração de oportunidades por meio de investimentos.
Dessa forma, os resultados são alavancados e, consequentemente, o movimento amplia. Com isso, chegamos ao topo da cadeia de valor proposta pelo MEJ: empreendedores cada vez mais diferenciados e preparados no mercado de trabalho.
Impacto profissional
O valor entregue por uma empresa júnior está além dos projetos abaixo do preço médio do mercado. De um lado, temos clientes que passam por problemas diversos e não têm conhecimento técnico para solucioná-los. Muitas vezes, são empreendedores que desejam começar seu negócio ou proprietários de organizações de pequeno porte que querem otimizar seus processos.
Por outro lado, estão os responsável por fazer os projetos acontecerem. Alunos de graduação, de diversas áreas e cursos, que apresentam vontade de transformar, se diferenciar e impactar a sociedade de forma positiva. Ao ingressar no MEJ, recebem uma incrível oportunidade de se diferenciar.
As reuniões e encontros também são uma excelente oportunidade para lidar com empresários, pequenas empresas e jovens empreendedores. Além de crescer profissionalmente, os membros das empresas juniores ajudam a solucionar problemas coletivos.
Quais são as principais instâncias do MEJ?
As instâncias do Movimento Empresa Júnior brasileiro são entidades que agem em instituições de ensino e cidades, estados e até mesmo no país inteiro. Cada núcleo, federação ou confederação são formados por membros de empresas juniores ou pós-juniores daquela região.
Os três principais objetivos das instâncias do MEJ são:
- ampliar a rede, por meio da formação de novas empresas juniores, núcleos e federações;
- desenvolver o movimento, possibilitando uma experiência empresarial mais ativa e uma melhor formação de líderes eficazes e comprometidos;
- ser referência para todos os stakeholders.
Atualmente, o MEJ progride no sentido de uma atuação cada vez mais ligada às instâncias. Um exemplo é a construção de um Sistema MEJ, no qual todos os trabalhos são unidos em favor do alcance de sonhos e objetivos compartilhados.
Conheça melhor cada uma das instâncias a seguir:
Brasil Júnior
A Brasil Júnior atua em âmbito nacional e representa todas as empresas juniores do país. Sua principal missão é formar, por meio da vivência empresarial, profissionais comprometidos. Ela propõe e transmite as regras nacionais que devem ser colocadas em prática pelas federações estaduais, de forma a regulamentar a atividade das EJs em contexto nacional.
Federações estaduais
As 27 federações brasileiras — representadas pelo Distrito Federal e por 26 estados — têm função similar à da confederação. No entanto, elas atuam em domínio estadual. Nesse contexto está a Federação das Empresas Juniores de Minas Gerais (FEJEMG), a maior federação do mundo.
Núcleos
Os núcleos são instituições regionais que representam as EJs de uma cidade ou universidade. Cada estado tem suas associações que estão alinhadas pela Fundação, conforme as diretrizes apresentadas pela Brasil Júnior. Esses núcleos desempenham funções similares à federação em âmbito regional.
Como funciona o processo seletivo de uma empresa júnior?
Qualquer aluno de graduação que deseja participar de uma empresa júnior e conhecer o ambiente empreendedor durante a faculdade, de forma a ganhar credibilidade e se preparar para o mercado de trabalho, deve passar por um processo seletivo.
Essa seleção pode variar de acordo com as regras de cada empresa júnior e universidades envolvidas. De maneira geral, a entrada acontece como em uma organização tradicional, com a realização de testes, entrevistas e dinâmicas de grupo.
Veja como funciona cada uma dessas etapas e como você pode se preparar:
Testes e avaliações
Os testes e avaliações são usados como ferramenta de apoio para a tomada de decisão final de escolha entre os candidatos. As empresas usam esses instrumentos como forma de recrutamento para aumentar as chances de escolher alguém que permaneça na função por mais tempo.
Além de eficientes, essas avaliações transmitem confiança e credibilidade aos participantes. Por isso, o setor de recursos humanos das empresas juniores investem em transparência, feedback e inovação durante o processo de seleção de talentos. Isso faz com que a experiência seja prazerosa para todos os envolvidos.
Nessa etapa, é importante estar atento e fazer tudo o que for solicitado. Algumas recomendações são:
- não se atrase;
- demonstre interesse;
- seja participativo, solidário e solícito com o que for proposto.
Entrevistas
Nessa etapa, os bons recrutadores fazem de tudo para deixar os candidatos à vontade. A ideia é conhecer o aspirante à vaga por meio de uma boa conversa, com perguntas preparadas para entender o que o estudante tem e faz de melhor, e em qual setor ele pretende trabalhar.
O aspecto cultural também é outro fator analisado durante as entrevistas. O recrutador precisa garantir que o candidato vai se adaptar bem aos interesses, valores, crenças e missão da empresa júnior.
A dica aqui é estudar sobre a empresa. Para isso, converse com membros atuais e antigos e entenda o que eles procuram em um profissional. Conheça também os setores e entenda como é o trabalho. Responda às perguntas de forma completa e aproveite para tirar suas dúvidas.
Dinâmica de grupo
A dinâmica em grupo é composta por diversas atividades aplicadas com o objetivo de avaliar o comportamento dos candidatos em equipe e identificar competências compatíveis com a empresa. Durante os exercícios, os recrutadores observam atentamente o desempenho de cada participante.
Procure participar de forma ativa de todas as atividades e não crie um personagem. Ser você mesmo é fundamental para que você possa fazer uma autoavaliação depois. Lembre-se de que esse momento é importante para desenvolver novas habilidades.
Como a empresa júnior impacta na sua carreira?
A experiência de fazer parte de uma empresa júnior durante a graduação é uma das melhores escolhas que você pode ter na faculdade. Como mostramos, essa oportunidade permite que você enfrente desafios do mundo corporativo e aprenda como lidar com eles.
Em geral, não existe uma época ideal para entrar no movimento. Porém, a partir do terceiro período você já acumula conhecimento suficiente da área para colocá-lo em prática. Lembre-se de que você não precisa ter nenhuma experiência no mercado para participar de uma EJs — elas servem, justamente, para adquirir know-how.
Veja de que forma esse ofício voluntário impacta a sua carreira:
- cria o hábito da rotina de trabalho, o que faz com que você se sinta muito mais acostumado com o cotidiano de estudo e trabalho, principalmente quando estiver estagiando;
- promove a oportunidade de aperfeiçoamento, pois você pode se desenvolver em diversos aspectos. Comunicação, organização e capacidade de resolver problemas rapidamente são algumas habilidades adquiridas, que ajudam no contato com o cliente, no acompanhamento e na execução de projetos em trabalhos formais;
- proporciona treinamento para enfrentar processos seletivos em grandes empresas, pois você desenvolve uma postura que o diferenciará nas dinâmicas, além de ter muito mais o que contar nas entrevistas de emprego. Os candidatos se sobressaem quando mostram que têm experiências extracurriculares;
- por passar, em média, 4 horas diárias na empresa júnior, a tendência é que seus membros formem uma família. Por isso, essa é uma ótima oportunidade para conhecer pessoas de outros cursos e períodos.
Como indicar a empresa júnior no seu currículo e por que isso importa?
Ter uma passagem pelo Movimento Empresa Júnior no currículo é fundamental para contar pontos em um processo de seleção, embora ainda não seja garantia de conquistar a vaga. O movimento é uma oportunidade de crescimento e deve ser aproveitado da melhor forma para se tornar um diferencial.
No entanto, não basta apenas passar por uma empresa júnior. As grandes organizações, quando buscam jovens profissionais — geralmente sem experiência — querem alguém responsável e comprometido com o trabalho. Para tomar essa decisão, elas avaliam o que o candidato realizou em sua vida.
Se você não tiver o que dizer sobre os seus aprendizados na empresa júnior, como planos que participou e projetos que realizou, de nada vai valer a sua passagem pelo MEJ. Por isso, além de entrar no movimento, é fundamental se destacar.
Quem sai do MEJ costuma ter muitas dúvidas com relação ao que é válido colocar no currículo. Para isso, vamos entender como estruturar e apresentar seus diferenciais nesse documento.
Informações básicas
Primeiro, apresente seus dados pessoais, depois a vaga pretendida e as atividades realizadas. Lembre-se de colocar seus trabalhos em ordem cronológica, ou seja, primeiro os mais recentes e, por fim, os mais antigos.
Atividades realizadas
Cite apenas as atividades relevantes para a vaga. Apresente, também, os cursos e capacitações extras que você fez durante a graduação. Uma dica é destacar o conhecimento adquirido na empresa júnior.
Descrições
Caso você nunca tenha tido um estágio ou emprego, invista em descrições mais detalhadas. Quem não tem muita experiência de mercado pode apresentar suas participações em cursos online ou presenciais, intercâmbios, palestras, trabalhos voluntários, entre outros.
Nesse momento, é essencial focar nos resultados que você alcançou, e não apenas na explicação das suas responsabilidades. Coloque o que você desenvolveu, as parcerias que fechou, os projetos que concluiu e suas consequências.
Dessa forma, os avaliadores podem entender o que você é capaz de produzir dentro de uma empresa. Portanto, não se esqueça de enumerar as situações, tarefas, ações e resultados.
Participação no MEJ
A atuação dentro de uma empresa júnior pode ser considerada a mesma de um trabalho remunerado. Afinal, ambos garantem experiência prática de gestão e projetos. Além disso, quanto mais você participar de eventos, mais conhecimento terá em diversas áreas.
Tudo isso pode ser colocado no currículo. Por isso, quem participa do MEJ nunca sai da faculdade sem experiência. Quanto mais atividades você desenvolver e se dedicar, melhor e mais completo será o seu currículo.
Muitos selecionadores até preferem pessoas que vieram de empresas juniores. Hoje, o movimento é muito respeitado no mercado e as grandes companhias já conhecem a formação completa e variada que ele proporciona.
Quais são as 6 principais razões para participar de uma empresa júnior?
Além de desenvolvimento profissional, as empresas juniores promovem grande crescimento pessoal e são fundamentais para o início da sua carreira. Conheça outras vantagens de participar desse movimento.
1. Ganho de experiência
Conquistar experiência antes de entrar no mercado de trabalho é um diferencial importante na hora de conseguir o primeiro emprego. Empresários juniores adquirem essa vivência de duas maneiras:
- por meio da realização de projetos, nos quais os alunos têm a oportunidade de colocar em prática todo o conhecimento adquirido na sala de aula;
- por meio da vivência empresarial, desenvolvendo habilidades importantes, como análise crítica, trabalho em equipe, oratória, proatividade, profissionalismo, liderança e feedback.
O crescimento pessoal também é um grande diferencial, uma vez que é necessário trabalhar com pessoas e ambientes diferentes.
2. Desenvolvimento de liderança
A liderança vai além da habilidade em concretizar tarefas corretamente. Liderar é todo o processo de influência que se tem sobre uma equipe, incentivando-a de modo que as pessoas trabalhem com entusiasmo visando um objetivo comum.
Em uma empresa júnior, você poderá desenvolver competências como: gestão de tempo e recursos, motivação, produtividade e delegação de tarefas. Tudo para que seus colegas possam atingir os objetivos com mais qualidade e da melhor maneira possível.
3. Aumento do networking
O networking é uma rede de contatos muito importante para qualquer profissional. No entanto, para desenvolver e administrar uma boa rede, não basta apenas acumular um grande número de interações.
Uma boa rede deve facilitar a troca de ideias, experiências e informações. Isso é muito útil para manter o empresário júnior motivado e também é importante para conseguir projetos para a empresa.
Nesse sentido, o MEJ pode proporcionar uma ampla rede de contatos profissionais por meio de eventos, que é o principal meio de contato com clientes e outras empresas juniores. Esse contato com o mercado de trabalho também pode facilitar a sua inserção no futuro.
4. Autoconhecimento
Conhecer seus sonhos, objetivos, forma de tomar decisões em certas situações e comportamentos faz muita diferença em seleções, seja para o primeiro estágio ou emprego. Por isso, descobrir suas principais capacidades e qualidades, assim como seus defeitos e pontos de melhoria, é fundamental para saber lidar com desafios e encontrar oportunidades para se autodesenvolver.
Quando sabemos explorar nossos pontos fortes, isso se torna um grande potencial e diferencial. O MEJ ajuda nessa descoberta e, ao acontecer esse entendimento, ficamos mais próximos de encontrar nosso plano de vida.
5. Possibilidade de empreender
Podemos entender como empreendedor aquele profissional que decide sair da zona de conforto e parte para a ação. Nesse sentido, participar de empresas juniores é o primeiro passo para o empreendedorismo.
A cada grupo de empresários juniores que saem do MEJ, surgem novos profissionais que criam startups, empresas e projetos em diversas áreas, como tecnologia, educação e política. Durante o trabalho voluntário, os estudantes participam de oficinas e cursos sobre gestão, trabalho em equipe, organização empresarial e cultura empreendedora.
6. Convivência com novos desafios
Atuar em uma empresa júnior tem diversos desafios, uma vez que você deve sair da sua zona de conforto com frequência, tanto no âmbito pessoal quanto profissional. Ser um empresário júnior significa desenvolver autonomia na tomada de decisão e precisar exercer tarefas e funções que ainda são desconhecidas.
Apresentar novas ideias e colocá-las em prática não é fácil, assim como conviver com outras pessoas e estar aberto a novas opiniões e ideias. Porém, todas as dificuldades surgem para o seu desenvolvimento.
A empresa júnior é um ambiente que contribui para a formação e o amadurecimento de profissionais. Ao participar do movimento, o estudante universitário tem a oportunidade de se espelhar em colegas e se motivar. A contribuição do empresário júnior faz com que ele adquira experiência e conhecimento.
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