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O que é o empreendedorismo feminino e por que é importante?

21 de outubro 2020, 10:00

O que é o empreendedorismo feminino e por que é importante?

A necessidade de empreender tem sido afirmada de maneira crescente na sociedade brasileira nos últimos anos. A capacidade de gerar riqueza e impactos sociais positivos com empreendimentos é um motor da inovação econômica e, portanto, do bem-estar.

Pelo bem ou pelo mal, tomar riscos e montar o próprio negócio é uma atitude em alta. O empreendedorismo feminino pertence a essa tendência. O presente artigo apresenta os principais conceitos e ideias ligados a esse tema, de maneira ricamente embasada.

Definição do empreendedorismo feminino

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) define que ser empreendedor é “ser um realizador, que produz novas ideias através de congruência entre criatividade e imaginação.”

O papel central do empreendedor como inovador, como conhecemos hoje, foi cunhado por Joseph Schumpeter. Esse economista austríaco descreveu no livro “Capitalismo, socialismo e democracia” (1942) o processo de destruição criativa como uma força que extingue velhos produtos, métodos e mercados por novidades mais eficientes.

O empreendedorismo feminino consiste em transpor para o universo feminino a capacidade de combinar criatividade e imaginação a fim de produzir resultados práticos tão importantes. Essa transposição pressupõe uma presença reduzida de mulheres em posições de liderança ou à frente de seus próprios negócios. Mas será que dados objetivos corroboram essa suposição?

Empreendedorismo feminino no Brasil

Levando em conta dados da consultoria McKinsey, de 2019, e a pesquisa do Sebrae “Empreendedorismo no Brasil – Relatório executivo 2018”, é possível estimar que 38% a 39% da população brasileira economicamente ativa é empreendedora.

Em termos absolutos, são 52 milhões de pessoas à frente de seus próprios negócios, de acordo com levantamento do Global Entrepeneurship Monitor (GEM), juntamente de Sebrae, Universidade Federal do Paraná e o Instituo Brasileiro de Qualificação Profissional.

Quanto à participação feminina nessa grande quantidade de pessoas, o relatório da empresa de pesquisa digital MindMiners estima que 41% de quem empreende no Brasil são mulheres.

Um quinto dos negócios femininos é exclusivamente virtual. Porém, a maioria dos negócios femininos tem presença tanto no mundo virtual quanto no mundo offline: são 42% dos empreendimentos. Por fim, 38% somente têm presença física.

As novas gerações de mulheres empreendem mais que as mais antigas: 62% estão entre os 18 e 30 anos de idade, 27% entre os 31 e 40 anos e 11% têm 41 anos ou mais.

Comparação global

Embora o montante crescente pareça representar um avanço, o Brasil pertence a um grupo de países em que a motivação de 4 entre 10 mulheres para começar negócios é a necessidade. Ainda assim, as mulheres brasileiras conseguem prosperar mesmo em ambientes em que os negócios femininos não são encorajados ou francamente estigmatizados.

Esse comparativo entre nações foi promovido pela Mastercard, no relatório “Index of Women Entrepeneurs”. O documento compara condições para mulheres empresárias nos 58 mercados mais representativos do mundo, em termos de mão de obra. O Brasil assume a 12ª posição em quantidade de negócios conduzidos por mulheres, mas a 32ª colocação no índice geral, que analisa as condições de maneira abrangente.

Alguns dos maiores entraves para o avanço do empreendedorismo feminino brasileiro são a governança de má qualidade e a presença de barreiras para fazer negócios, de acordo com o relatório. Os países mais bem-colocados no índice foram os Estados Unidos e o Canadá. Na América Latina, a Colômbia foi o país mais bem-colocado, em 20º lugar.

Por isso, preparação formal – via educação – e planejamento são vitais para aumentar as chances de o negócio ser bem-sucedido.  Afinal, a administração de pequenas empresas traz desafios únicos.

A importância do empreendedorismo feminino

O aumento na geração de oportunidades e a construção de uma sociedade mais justa são os principais argumentos pela importância do empreendedorismo das mulheres.

Essencialmente, um incremento de oportunidades e igualdade de condições para mulheres tendem a gerar maior bem-estar pessoal, profissional e social. A conquista da independência financeira também é uma motivação percebida empiricamente, conforme constatado pelo Sebrae em levantamento recente.

Sob esse ponto de vista, os benefícios para mulheres trazidos pelo empreendedorismo feminino são claros. No entanto, também podem ser trazidos ganhos sociais gerais como fortalecimento dessas práticas.

Em primeiro lugar, a presença de mulheres como inovadoras tende a trazer diversificação nos negócios. A empresa Lady Driver, conduzida pela empresária Gabryella Correa, é exemplo de um olhar especificamente feminino identificando uma oportunidade de mercado específica.

Assediada por um motorista de aplicativo, Correa lançou seu serviço, desenvolvido especialmente para mulheres: o Lady Driver reuniu mais de 50 mil de motoristas até 2019, sem nenhum registro de caso de assédio.

Liderança feminina

Ao lado da promoção do empreendedorismo feminino, há também o argumento a favor da inclusão de mais mulheres em cargos de liderança em empresas. A redução dessa diferença de gênero aumentaria o potencial de desenvolver ideias, serviços e produtos inovadores.

Essas inovações têm potencial para refletir na elevação da produção de riqueza global, conforme argumenta o estudo divulgado em 2019 pelo Boston Consulting Group: o Produto Interno Bruto global poderia crescer entre US$2,5 trilhões e US$5 trilhões se houvesse redução de diferença de gênero em altos cargos executivos.

O PIB global de 2019 foi de US$87,6 trilhões, segundo dados do Banco Mundial.

Principais obstáculos das mulheres para empreender

Tomar a decisão de começar um negócio por necessidade é uma característica representativa das empreendedoras brasileiras, muitas das quais empreendem para complementar a renda doméstica ou alcançar a independência financeira.

O Sebrae informou no relatório “Empreendedorismo feminino no Brasil”, de 2019, que mulheres brasileiras estão à frente de negócios menores, com menor investimento e menor acesso a linhas de crédito mais vantajosas do que homens.

Adicionalmente, 53% das empresárias brasileiras são mães. Essa condição exige que muitas delas busquem horários flexíveis de trabalho para conciliar as tarefas domésticas e a vida profissional. Os dados são da Rede Mulher Empreendedora (RME).

Por fim, as mulheres também encontram empecilhos para assumir posições de liderança no meio corporativo. O estudo “Women in the Boardroom – Uma perspectiva global” expõe que mulheres estão presentes em apenas 16,9% dos assentos de conselhos de empresas grandes pelo mundo. No Brasil, o número cai para 8,6%.

Felizmente, iniciativas de visibilidade e de mudanças de governança vêm assimilando noções de estímulo à diversidade tanto por parte de administradores públicos quanto na cultura de empresas.

Negócios de impacto social e a livre iniciativa de muitas mulheres também têm cumprido papel relevante rumo a um mundo mais inclusivo e inovador.

Nesse contexto, uma boa formação em administração é um grande diferencial para atingir o sucesso profissional e, consequentemente, pessoal. Somente um indivíduo que aprende a liderar com base na solução de problemas e na elaboração de projetos tem condições de atuar transpondo dificuldades corriqueiras – e, quem sabe, ser capaz de reescrever as regras do jogo no dia a dia.

A graduação Faculdade Instituto de Administração coloca alunos e alunas em contato com um currículo expositivo e prático, que está em linha com as práticas mais inovadoras e eficientes da Administração.

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