Advogados autônomos e escritórios de advocacia têm se beneficiado do uso de legaltech no Brasil.
Focadas em inovações, essas empresas transformam o atendimento, pesquisas, organização e outros serviços, aumentando a produtividade de negócios que atuam na área jurídica.
Tudo isso é possível através de tecnologias, que vão desde as mais simples até as complexas, utilizando conceitos modernos como inteligência artificial, algoritmos e machine learning para facilitar a vida de profissionais e clientes.
Neste artigo, trazemos um panorama completo sobre as legaltechs no Brasil, com vantagens e exemplos de startups relevantes nesse meio.
Se o assunto interessa, confira os tópicos abordados:
Siga em frente e boa leitura!
Legaltech é uma palavra criada para designar as startups do setor jurídico.
Como os demais termos que expressam a disrupção em outros setores econômicos, legaltech foi emprestado do inglês e representa a junção de duas expressões:
Então, legaltech se refere a empresas de tecnologia voltadas para o atendimento de demandas jurídicas.
Normalmente, essas organizações são startups, ou seja, começam enxutas e com altas oportunidades de crescimento por adotarem um modelo de negócio escalável rapidamente.
Algumas delas oferecem softwares específicos, bancos de dados e buscadores inteligentes, criando inovações disruptivas que transformam o mercado.
Outras apostam em mudanças básicas na rotina, mas que fazem a diferença ao conferir maior autonomia aos colaboradores ou ajudar na gestão do tempo.
É o caso da automação de processos e da digitalização de documentos, que ajudam a organizar o dia a dia nos escritórios de advocacia.
Seguindo o raciocínio do nome legaltech, a expressão lawtech pode ser desmembrada em law (do inglês, lei) e tech (technology ou tecnologia), descrevendo as startups que se ocupam com questões referentes ao cumprimento da lei.
Assim, quem observar apenas as nomenclaturas, tem grandes chances de usar os termos como sinônimos.
Contudo, existe uma razão para que ambas as palavras existam: elas designam qual o cliente final da startup atuante no meio jurídico.
Enquanto as legaltechs se dedicam a atender necessidades e desejos dos profissionais do setor – tanto advogados como empresas de advocacia -, as lawtechs oferecem opções para o consumidor final: o cidadão.
Porém, no Brasil, tanto legaltech quanto lawtech costumam ser usadas para descrever as empresas que partem da tecnologia para resolver problemas da área jurídica, sem dar muita atenção para seu target.
Afinal, um mesmo produto ou serviço pode atender tanto aos profissionais quanto ao público em geral.
O mercado de legaltechs no Brasil está aquecido, apesar de ainda ter espaço para crescimento.
Dados da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L) mostram que o número de startups jurídicas no país aumentou 300% entre 2017 e 2019, quando as legaltechs registradas eram quase 150.
E isso não acontece à toa.
Afinal, o acumulado de processos no Brasil ultrapassa os 77 milhões, de acordo com o relatório Justiça em Números, divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2020.
Diante do alto volume de trabalho, juristas e advogados vêm recorrendo a soluções tecnológicas que simplifiquem as consultas à legislação, a organização de documentos, a captação de clientes, etc.
É aí que entra o trabalho das legaltechs.
Podemos resumir os objetivos da legaltech em uma frase: promover transformações na rotina jurídica através da tecnologia.
A forma como essa mudança será realizada depende do segmento, tipo de ferramenta digital e aplicação dela no contexto das organizações e no trabalho dos profissionais liberais.
Mas podemos apontar alguns propósitos comuns, segundo este artigo assinado pela redatora e bacharel em Direito Sâmia Frantz:
Uma legaltech funciona como solução para otimizar recursos como tempo, mão de obra e materiais, resultando no enxugamento de despesas e aumento da produtividade.
Há, por exemplo, serviços que servem como mediadores entre profissionais e clientes que buscam por advogados especializados em alguns tipos de causas, conectando-os de forma ágil em uma relação ganha-ganha.
Assim, o cliente não precisa investir muito tempo procurando pelo profissional, além de conversar com uma pessoa especializada, que tem mais chances de vencer seu pleito.
O advogado, por sua vez, ganha por não precisar de grande divulgação para alcançar um cliente interessado em seu trabalho.
Existem, ainda, softwares de gestão que ajudam a digitalizar escritórios de advocacia, ferramentas de pesquisa que facilitam o acesso a diferentes leis, redes sociais, entre outras modalidades de legaltech.
Vamos falar mais delas nos próximos tópicos.
Contar com o apoio da tecnologia faz a diferença na rotina das empresas do setor jurídico.
Conheça, a seguir, os principais tipos de serviço prestados pelas legaltechs em território nacional.
Em que você pensa ao ler sobre a rotina em escritórios jurídicos?
Provavelmente, as pilhas de documentos impressos, preenchidos, protocolados e assinados estão entre as três primeiras coisas que lhe vêm à mente.
Mas essa imagem está prestes a ficar no passado, sendo superada por plataformas e sistemas que oferecem automação e gestão dos documentos.
O modelo acaba com a papelada, mantendo os arquivos em formato digital desde a sua criação até o armazenamento que, geralmente, está disponível na nuvem.
Lembrando que a nuvem é o local de arquivamento da internet, que pode ter senhas e outros mecanismos de proteção para preservar as informações da empresa e dos clientes.
Há, ainda, legaltechs que empregam machine learning e algoritmos próprios para fazer análises e pesquisas com simplicidade.
Compliance se refere à conformidade em relação às normas de um território, e é essa a proposta das startups que atuam no segmento.
Elas combinam informação e orientações sobre legislações nacionais e internacionais, a fim de indicar como podem ser cumpridas de modo completo e seguro.
O resultado são profissionais e companhias jurídicas livres de irregularidades e suas respectivas penalizações.
Gerenciar o departamento jurídico é um desafio para a maioria das empresas, mesmo entre as grandes companhias.
É preciso manter um time atento e focado a cada requisito legal, documentação e pedidos de clientes, o que demanda tempo e organização.
A tarefa se torna ainda mais árdua para micro e pequenas empresas ou profissionais liberais, que precisam lidar com toda a rotina sozinhos.
Pensando nisso, foram fundadas legaltechs que visam facilitar o dia a dia, dando suporte para o controle financeiro, de recursos materiais e processos.
A gestão de dados tem aumentado a previsibilidade em uma série de setores, incluindo o jurídico, permitindo a antecipação de possíveis sentenças judiciais.
Com base em analytics, jurisprudência e linha decisória dos magistrados, startups formularam algoritmos capazes de apontar qual a sentença mais provável em determinado processo.
Esse é um exemplo do uso de big data e inteligência artificial no direito.
Seguindo a lógica de plataformas como o LinkedIn, existem legaltechs que criaram verdadeiros canais de troca de conhecimento, publicação de artigos técnicos e conexão entre profissionais da área.
Nessas redes sociais, as pessoas esclarecem dúvidas, aprendem sobre novos temas, acompanham atualidades e podem até encontrar clientes em potencial.
Taxtech são legaltechs que se dedicam ao universo tributário, facilitando consultas, identificação de impostos e outras taxas pertinentes a um serviço ou produto.
Elas podem, também, oferecer canais de compartilhamento de dúvidas e disseminação de conhecimentos sobre o setor.
Fornecem programas e sistemas capazes de verificar e solucionar problemas relativos à regulamentação.
Ao regularizar suas atividades, processos e registros, as empresas aumentam seu nível de confiabilidade e qualidade perante o mercado, ou seja, a regulamentação favorece a construção de uma imagem institucional positiva.
Ao longo deste texto, já mencionamos alguns usos da inteligência artificial pela legaltech.
Mas cabe destacar seu poder de comparação e busca por artigos no arcabouço legal, que é bastante extenso no Brasil.
Apesar da massa de processos que vão parar na Justiça brasileira, muitos não precisavam chegar a essa esfera, desde que fossem solucionados em etapas anteriores.
Com o auxílio da internet, essa tarefa ficou simples, impulsionando o surgimento de legaltechs dedicadas a conectar as partes envolvidas.
Esses sistemas permitem que os advogados debatam e encontrem respostas satisfatórias para os impasses, evitando a judicialização.
Abaixo, veja alguns benefícios promovidos pelas startups jurídicas.
Seja pela economia de tempo ou de recursos materiais e financeiros, essa é uma das principais vantagens de apostar nos serviços das legaltechs.
Seus sistemas são otimizados e pensados para diminuir os gastos de advogados e escritórios de advocacia, começando pela substituição de papel por documentos digitais.
Inclusive, a digitalização é uma tendência que já alcançou diversos tribunais e órgãos do Poder Judiciário, o que pede essa atualização por parte dos profissionais do setor.
Softwares voltados para escritórios também permitem maior controle das ações, planejamento e manutenção que, no fim do mês, representam uma economia considerável.
A maioria das ferramentas desenvolvidas por legaltechs ajuda a gerir o tempo, eliminando tarefas operacionais, repetitivas e enfadonhas e abrindo espaço para as atividades que agregam valor ao negócio.
Dessa forma, profissionais do ramo jurídico, assistentes e secretários não precisam passar horas digitando contatos, listando clientes ou lendo várias leis para encontrar trechos relevantes.
Essas tarefas são executadas de modo automático com o suporte da inteligência artificial, machine learning e outros mecanismos, deixando mais tempo para a prospecção, atendimento e fidelização de clientes, além da dedicação aos processos.
O resultado são equipes mais bem treinadas, motivadas e produtivas, capazes de aumentar a lucratividade da empresa.
Muitas vezes, a baixa produtividade tem raiz na falta de organização e clareza sobre as prioridades da companhia.
Essa desorganização se traduz em papelada, mesas bagunçadas e indisposição, pois os funcionários não sabem nem por onde começar para colocar tudo em ordem.
Mas essa realidade muda com o auxílio de soluções que permitem estabelecer listas de tarefas e prioridades, diminuir ou eliminar arquivos impressos e montar diretórios digitais de maneira simples.
Assim, a rotina de atividades administrativas, contábeis e jurídicas se torna bem estruturada para evitar o desperdício de recursos.
Por mais qualificado que um profissional seja, cedo ou tarde ele irá cometer erros.
Cansaço, rotina estressante, alto volume de informações e documentos visualizados em um só dia agravam esse quadro, tornando os advogados e assistentes sujeitos a pequenas e grandes falhas.
Daí a importância de contar com plataformas automatizadas para lidar com números, contas e outras operações matemáticas, e para confirmar trechos de legislações, evitando equívocos nos processos.
Desse modo, profissionais e empresas reduzem as chances de ocorrência de falhas, ganham tempo e assertividade nas decisões tomadas.
Ser eficiente significa fazer mais com menos recursos, o que se torna viável com as tecnologias certas.
Planilhas e relatórios atualizados automaticamente, mensuração de riscos e antecipação de cenários são algumas das opções fornecidas por sistemas criados para a área jurídica, que simplificam a gestão de negócios, insumos e pessoas.
Ofertar serviços de qualidade é obrigatório para companhias de qualquer segmento que desejem fidelizar clientes, mas se torna crítico para a área jurídica.
Afinal, as soluções podem fazer a diferença entre ganhar ou perder uma causa, com impactos sobre a imagem, finanças e até para a saúde dos envolvidos.
Nesse contexto, dispor de serviços como a previsão de sentenças é um diferencial interessante para advogados e escritórios.
Agora que já conhece as vantagens e soluções dessas startups, confira detalhes sobre legaltechs populares no país.
“Conectando pessoas à justiça através de advogados e informação jurídica.”
É com o slogan acima que a plataforma se apresenta, resumindo as opções disponíveis para o consumidor, advogados, estudantes e empresas.
A ideia do Jusbrasil é oferecer informação qualificada, em formato de artigos, notícias e legislação, além de consulta para acompanhamento de processos.
O site também funciona como uma grande rede social do setor jurídico, conectando prestadores de serviço a clientes interessados, colegas, autoridades e especialistas por meio de espaços de debate e reflexão.
Especializada em softwares de gestão jurídica, a Aurum fornece opções para escritórios e profissionais liberais.
Integração de tarefas, automação e reforço para a colaboração dos usuários são marcas dos sistemas disponibilizados pela empresa, que tem duas décadas de experiência nesse mercado.
Os serviços permitem profissionalizar tarefas e processos, incluindo a prospecção de clientes, reuniões, contratos, documentações e prestação de contas.
A companhia oferta serviços essenciais para a gestão de risco político e regulatório das empresas, avaliando variáveis, construindo cenários possíveis e disseminando informações relevantes para as equipes.
Conforme o site da SigaLei, seu sistema trabalha a inteligência política e regulatória a partir de 4 etapas:
Voltada para aspectos legais de imóveis, a LegAut utiliza inteligência de dados, IA e análises para oferecer detalhes sobre a situação das edificações, evitando dores de cabeça após fechar uma transação.
Dados do imóvel, seus proprietários, ônus e gravames, certidões e consulta a processos judiciais em que a edificação apareça são exemplos de informações levantadas pela plataforma, que promete entrega rápida para ajudar na tomada de decisões corretas.
Com os dados em mãos, interessados em casas, apartamentos e outros locais podem concluir sua compra sem sustos ou custos posteriores, garantindo bons negócios.
Big Data e Computação na Nuvem são os pilares dos serviços dessa startup focada na pesquisa e compilação de dados.
Depois de coletar, indexar e analisar os dados, a Digesto os apresenta em um formato integrado, permitindo pesquisas por eventos, por processos, acompanhamento de atualizações e resumos sobre atividades de tribunais de todo o país.
Tem como diferenciais o formato intuitivo, gráficos e um banco de dados imenso, contemplando 230 milhões de processos.
Plataforma de negociação online, a Sem Processo conecta as partes envolvidas em um conflito via chat, a fim de que possam encontrar uma solução simples para seu impasse.
O serviço funciona gratuitamente para advogados, que podem inserir casos não ajuizados e/ou contactar a outra parte para tentar uma resolução pacífica, que não prejudique seus clientes.
O sistema contempla toda a cadeia de tratativas, dando oportunidades para que acordos sejam firmados.
Gostou de saber mais sobre legaltechs e seus impactos no setor jurídico brasileiro?
Mais que uma tendência, essas startups vieram para ficar e deverão conquistar fatias cada vez maiores do mercado, com benefícios para profissionais, empresas e consumidores.
Se você tem algum questionamento ou sugestão, escreva um comentário a seguir.
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