A Taxa da Blusinha é uma das medidas mais comentadas no cenário econômico atual e já impacta consumidores que realizam compras internacionais.
Desde que entrou em vigor, tornou-se alvo de debates entre consumidores, empresários e representantes do governo.
Seu objetivo declarado é equilibrar a competitividade entre o comércio nacional e os produtos importados, especialmente os de baixo valor que entram no país sem tributação adequada.
A medida afeta diretamente os consumidores que fazem compras em plataformas estrangeiras populares, como Shein, Shopee e AliExpress, o que ajuda a explicar a mobilização em torno do tema.
Para muitos, a Taxa da Blusinha representa aumento de custos e limitação de acesso a produtos mais baratos.
Por outro lado, há quem defenda que ela corrige distorções no sistema de arrecadação e protege a indústria nacional.
Este conteúdo explica o que é a Taxa da Blusinha, por que ela foi criada, como funciona, quem será mais impactado e o que muda para o varejo digital.
Confira os tópicos abordados a partir de agora:
- O que é a Taxa da Blusinha e por que ela foi criada?
- Como funciona a taxação de compras internacionais?
- Quem será mais impactado pela Taxa da Blusinha?
- Quais são os argumentos a favor e contra a medida?
- Quais os impactos para o e-commerce e as empresas brasileiras?
- Como se preparar para mudanças regulatórias no comércio e nos negócios?
Acompanhe até o final para entender também como empresas e consumidores podem se preparar para mudanças regulatórias como essa.
O que é a Taxa da Blusinha e por que ela foi criada?
A Taxa da Blusinha é um imposto federal criado pela Lei 14.902/2024, que estabelece a cobrança de uma alíquota de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50 realizadas por pessoas físicas.
A medida passou a valer no Brasil em junho de 2024, com impacto direto sobre plataformas de e-commerce internacionais.
A criação da Taxa da Blusinha teve como motivação a crescente entrada de produtos importados de baixo valor no país, especialmente itens de vestuário, acessórios e eletrônicos comercializados por grandes marketplaces estrangeiros.
Esses produtos, muitas vezes, chegavam ao consumidor final sem qualquer tributação federal, o que gerava uma concorrência desleal com o comércio nacional.
O objetivo declarado da criação da taxa é restabelecer o equilíbrio competitivo e ampliar a arrecadação fiscal, compensando perdas geradas pela isenção anterior.
Segundo dados da Receita Federal, o volume de compras internacionais por pessoas físicas disparou nos últimos anos, enquanto o recolhimento de impostos sobre essas transações permaneceu baixo.
A proposta da nova lei surgiu no Congresso Nacional como parte de um pacote mais amplo de medidas voltadas à reforma tributária e à modernização do sistema de cobrança.
A tramitação foi acelerada diante da pressão de entidades do varejo nacional e do crescimento das importações em plataformas como Shein, Shopee e AliExpress.
Possíveis mudanças na Taxa da Blusinha
Atualmente, a Taxa da Blusinha já está em vigor, mas continua gerando polêmica.
No Congresso, há movimentos de parlamentares que articulam a revisão da medida, especialmente diante da insatisfação popular e da percepção de que a taxa penaliza consumidores de baixa renda.
Alguns projetos de lei tentam alterar o valor da alíquota, estabelecer novas faixas de isenção ou até sugerem a sua revogação.
Além disso, há discussões sobre mecanismos de compensação e alternativas para preservar o poder de compra dos consumidores sem prejudicar a arrecadação.
Enquanto essas propostas tramitam, a regra atual segue válida e deve ser observada por todos os consumidores que realizam compras internacionais.
Nos próximos tópicos, vamos detalhar o funcionamento da Taxa da Blusinha, seus impactos e os caminhos possíveis para lidar com ela.
Como funciona a taxação de compras internacionais?

A taxação de compras internacionais no Brasil segue regras específicas, e a Taxa da Blusinha representa uma das mais recentes mudanças nesse cenário.
A regra geral estabelece que todas as compras feitas no exterior estão sujeitas à tributação, independentemente do valor.
No entanto, antes da Lei 14.902/2024, existia uma isenção para remessas de até US$ 50 entre pessoas físicas.
Com a nova legislação, essa isenção foi retirada para compras feitas por consumidores em plataformas estrangeiras.
Agora, mesmo compras de pequeno valor estão sujeitas à cobrança de 20% de imposto federal.
Por exemplo, se um consumidor adquire um produto de US$ 40 em um marketplace internacional, ele pagará 20% sobre esse valor, o que corresponde a US$ 8 adicionais.
Esse valor é convertido em reais com base na cotação do dia e somado ao custo total da compra.
Além do imposto federal, o comprador ainda pode ser cobrado pelo ICMS, que varia de acordo com o estado, e por taxas de importação que eventualmente incidam em produtos acima de determinados valores.
Algumas exceções se aplicam, como remessas entre pessoas físicas com fins não comerciais, que ainda podem ter tratamento diferenciado, desde que respeitem as exigências da Receita Federal e as regras do Remessa Conforme.
Plataformas que aderem ao programa Remessa Conforme também cumprem obrigações fiscais e de transparência, facilitando o processo para o consumidor e garantindo maior previsibilidade nos custos.
Quem será mais impactado pela Taxa da Blusinha?
A Taxa da Blusinha afeta principalmente os consumidores que realizam compras internacionais de baixo valor, especialmente em sites populares como Shein, Shopee e AliExpress.
Esses consumidores, em sua maioria, pertencem às classes C e D, que buscam produtos mais baratos, como roupas, acessórios, utensílios domésticos e eletrônicos de pequeno porte.
Segundo dados da Receita Federal e reportagem do jornal O Globo, mesmo com a queda no volume de compras internacionais em 2024, a arrecadação com impostos sobre essas transações cresceu 40%, atingindo um recorde histórico.
Isso mostra que, embora algumas pessoas tenham reduzido a frequência de compras, o governo conseguiu ampliar significativamente sua receita com a nova medida.
Para o comércio nacional, especialmente pequenos varejistas e fabricantes, a Taxa da Blusinha representa uma vantagem competitiva, pois reduz a entrada de produtos estrangeiros com preços abaixo do praticado internamente.
Já para os marketplaces estrangeiros, a medida tende a reduzir o volume de vendas e pressionar margens de lucro, além de aumentar a complexidade logística e tributária.
Empreendedores que utilizam plataformas internacionais para revender produtos no Brasil também sentem os efeitos da taxação, enfrentando novos custos e restrições operacionais.
Grupos organizados de consumidores, influenciadores digitais e defensores de direitos do consumidor continuam mobilizados contra a medida, alegando que ela compromete o acesso a produtos acessíveis e amplia a desigualdade no consumo.
A médio prazo, o impacto da Taxa da Blusinha dependerá do comportamento do consumidor, das estratégias dos marketplaces e das possíveis alterações legislativas em discussão.
Quais são os argumentos a favor e contra a medida?
A criação da Taxa da Blusinha gerou uma intensa polarização entre defensores da medida e seus críticos.
De um lado, há argumentos econômicos e fiscais que justificam sua existência; de outro, há críticas relacionadas ao impacto social, à liberdade de escolha do consumidor e à inflação dos preços finais.
A seguir, apresentamos um resumo dos principais argumentos de cada lado.
Argumentos a favor da Taxa da Blusinha
- Proteção da indústria nacional: evita a concorrência desleal com produtos importados vendidos abaixo do preço de custo praticado no mercado interno
- Aumento da arrecadação: contribui para a elevação da receita pública sem necessidade de criar novos tributos amplos
- Equilíbrio tributário: corrige distorções no sistema de cobrança, em que produtos nacionais são altamente tributados e produtos importados não
- Fortalecimento do varejo local: melhora as condições para que pequenos e médios lojistas nacionais concorram de forma justa
- Conformidade com regras internacionais: alinha o Brasil a práticas comuns em países que também tributam compras internacionais mesmo de baixo valor.
Argumentos contra a Taxa da Blusinha
- Prejuízo para consumidores de baixa renda: dificulta o acesso a itens de vestuário, eletrônicos e utilidades com preços acessíveis
- Aumento de preços: encarece o custo final de produtos e pode pressionar a inflação de itens populares
- Impacto negativo no e-commerce internacional: reduz a atratividade de plataformas que democratizaram o consumo
- Penalização do pequeno empreendedor: prejudica quem revende produtos importados como forma de renda extra
- Baixa efetividade prática: há dúvidas sobre a capacidade da medida de reverter o quadro de concorrência com grandes plataformas.
Quais os impactos para o e-commerce e as empresas brasileiras?

Não há como negar que a implementação da Taxa da Blusinha trouxe mudanças relevantes para o setor de e-commerce e para o mercado empresarial brasileiro, especialmente no varejo.
Empresas que dependem da importação de itens de baixo valor ou que competem diretamente com marketplaces internacionais sentiram os efeitos da medida.
Isso ocorre tanto no comportamento do consumidor quanto na formação de preços e estratégias comerciais.
Na sequência, conheça melhor quais são esses impactos.
Aumento da competitividade do varejo nacional
Ao tornar os produtos importados menos atraentes do ponto de vista do preço, a Taxa da Blusinha favoreceu comerciantes e fabricantes brasileiros.
Essa mudança cria novas oportunidades para empresas locais aumentarem sua participação de mercado.
Redução nas vendas de marketplaces internacionais
Plataformas como Shopee, AliExpress e Shein enfrentaram queda no volume de pedidos, especialmente entre consumidores mais sensíveis ao preço.
Isso impactou o faturamento dessas empresas no Brasil e exigiu mudanças na estratégia de precificação e comunicação.
Reforço à regulamentação e formalização
A cobrança da Taxa da Blusinha levou empresas a se adaptarem às exigências legais, intensificando o uso de plataformas regularizadas como o Remessa Conforme.
Esse movimento contribui para maior transparência fiscal e segurança jurídica.
Reorganização da cadeia logística
Com as novas exigências tributárias, muitos marketplaces reestruturaram seus centros de distribuição, formas de envio e prazos de entrega.
Isso implicou aumento nos custos operacionais e mudanças em contratos logísticos.
Demanda por produtos nacionais e regionais
A medida também estimulou o interesse por produtos nacionais, impulsionando o consumo de marcas brasileiras e cadeias produtivas locais.
Empresas que antes enfrentavam forte concorrência externa agora ganham espaço para expandir.
Como se preparar para mudanças regulatórias no comércio e nos negócios?
Mudanças regulatórias como a Taxa da Blusinha fazem parte da realidade de empresas que atuam no comércio nacional e internacional.
Empreendedores e gestores precisam estar atentos a alterações legais e tributárias que afetam diretamente o ambiente de negócios.
A história recente mostra exemplos como a reforma trabalhista, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a implementação da nota fiscal eletrônica e agora a taxação de compras internacionais.
Cada mudança traz desafios, mas também oportunidades para adaptação, inovação e melhoria de processos.
Veja a seguir algumas ações recomendadas para se preparar:
- Acompanhar a legislação: mantenha-se atualizado sobre novas leis, portarias e decretos que impactam seu setor
- Investir em planejamento tributário: busque apoio especializado para compreender como as mudanças afetam seu fluxo financeiro
- Diversificar fornecedores: evitar dependência excessiva de importações pode reduzir riscos em cenários de alta tributação
- Fortalecer canais de venda nacionais: aumentar a presença em marketplaces locais ou em lojas físicas pode compensar perdas no comércio internacional
- Treinar equipes: capacite colaboradores para lidar com novas exigências fiscais, logísticas e regulatórias
- Buscar apoio jurídico e contábil: escritórios especializados podem ajudar a interpretar e aplicar corretamente as novas normas
- Monitorar o comportamento do consumidor: entender como o público reage às mudanças ajuda a ajustar preços, mix de produtos e campanhas.
Conclusão
A Taxa da Blusinha representa uma mudança significativa na dinâmica do comércio internacional para consumidores brasileiros.
Embora tenha como objetivo proteger a indústria nacional e aumentar a arrecadação, seus efeitos se espalham por toda a cadeia de consumo e impactam diretamente o e-commerce.
Neste conteúdo, explicamos o que é a Taxa da Blusinha, como funciona, quem será mais impactado, os argumentos a favor e contra, e os efeitos para empresas e consumidores.
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Referências:
https://www.gazetadopovo.com.br/economia/kataguiri-projeto-revogar-taxa-blusinhas-desafia-pt
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/01/29/taxa-das-blusinhas-compras-internacionais-diminuem-em-2024-mas-arrecadacao-de-imposto-cresce-40percent-e-bate-recorde.ghtml