MVP ou Produto Mínimo Viável é um conceito que nasceu no contexto do mercado de inovação e startups, mas ganhou o mundo.
Prático e versátil, ele rapidamente saiu do universo da tecnologia para ser aplicado por empreendedores de diversas áreas, chegando até grandes companhias.
Inclusive, pode ser bastante útil se você estiver pensando em lançar um novo negócio, produto, serviço, ou mesmo tirar um projeto pessoal do papel.
Colocando o MVP em prática, será possível testar os pontos principais da sua ideia, com vantagens como agilidade e custos reduzidos.
Interessado? Então, continue lendo este artigo ou avance para um dos tópicos a seguir.
Siga em frente e boa leitura!
MVP é a sigla que representa o Mínimo Produto Viável – em inglês, Minimum Viable Product.
De um jeito simples, podemos definir o MVP como uma versão enxuta de uma solução, que contém apenas suas funcionalidades básicas.
Pode ser um software, serviço, produto físico ou digital.
O importante é que o MVP seja uma versão funcional, que permita que um pequeno grupo de clientes faça testes e opine sobre o produto.
Assim, o lançamento em si só ocorre depois que a versão de testes for aprimorada, o que aumenta as chances de sucesso e aderência no mercado.
O conceito MVP foi criado em 2001 por Frank Robinson, CEO da SyncDev Inc., empresa norte-americana que atua no desenvolvimento de novos produtos e mercados.
“Quando eu disse pela primeira vez ‘produto mínimo viável’, nunca tive que me repetir”, relata Robinson no site oficial da empresa.
Apesar de ter sido criado pelo CEO da SyncDev, o MVP ganhou notoriedade alguns anos mais tarde através do livro “The Lean Startup”, de Eric Ries.
Lançado nos Estados Unidos em 2011, a obra também foi publicada no Brasil sob o título “A Startup Enxuta”.
O livro, que se tornou um bestseller mundial, deu ao MVP as características usadas atualmente, principalmente entre as startups disruptivas.
Desenvolver um MVP, geralmente, tem dois objetivos:
O primeiro ajuda o empreendedor ou gestor a verificar se um produto ou serviço resolve o problema do consumidor.
O povo brasileiro é conhecido como extremamente criativo, e a criatividade é um ingrediente essencial para a inovação e construção de negócios promissores.
Porém, dados do IBGE mostram que mais de 20% das novas empresas no país fecham as portas em menos de um ano depois de sua inauguração.
Dificuldades na gestão e planejamento contribuem para esse quadro, incluindo altos investimentos em ideias que ainda não foram testadas.
Isso é compreensível porque, quando temos uma ideia que consideramos diferenciada, a última coisa que queremos ouvir é que ela não atende às expectativas do mercado.
Daí a razão para muitos empreendedores não considerarem elaborar um MVP e coletar avaliações antes de lançar seu produto e sua empresa.
Uma vez que já estejam no mercado, caso o feedback dos clientes seja negativo, é complicado levantar mais dinheiro e ter disposição para reformular o produto ou começar tudo do zero.
Então, o produto é descartado e o empreendimento fechado, para que não dê mais prejuízo.
Apostar no MVP previne esse cenário, uma vez que prepara e estrutura o empreendedor para qualquer tipo de resposta do público.
Explicamos isso melhor no próximo tópico.
Ao lançar uma nova solução, toda empresa corre alguns riscos por causa de fatores imprevisíveis do mercado, como crises, concorrência e não aceitação do produto.
No caso das startups, esses riscos são maiores, pois elas trabalham com inovações que são, muitas vezes, disruptivas, ou seja, que rompem com os padrões atuais.
A saída, então, é diminuir a imprevisibilidade.
Em outras palavras, é preciso obter um retorno prévio do público-alvo sobre um produto ou serviço, antes de investir grandes quantias em uma versão aperfeiçoada.
É aí que entra o conceito do MVP.
Imagine que você queira começar um negócio focado na venda de camisetas estampadas com o desenho que o cliente quiser, na hora que ele pedir.
Seu sonho é ter uma sede física para entregar as encomendas com agilidade e conversar cara a cara com os consumidores.
Em uma análise rápida, três coisas podem acontecer: seu produto ser bem aceito e vender muito, ter vendas medianas, que cubram os investimentos, ou ter prejuízo.
Se você apostar todas as fichas e abrir a estamparia express, corre o risco de arcar com custos altos, com aluguel, contas fixas, material e máquinas.
E se, em vez de partir para o lançamento, você experimentasse uma versão reduzida da sua ideia?
Poderia, por exemplo, começar sem alugar um local físico, anunciando seu serviço para os contatos do WhatsApp, agendando e entregando os produtos na frente de sua casa ou em uma praça próxima.
Essa seria sua versão de testes ou MVP.
Ainda que a ideia não tenha aderência do público em um primeiro momento, você pode colher os feedbacks para aprimorar o serviço e abrir a estamparia com uma solução mais adequada, reduzindo as chances de prejuízo.
Talvez até conclua que sua empresa funciona melhor online e passe a priorizar esse canal.
Repare no potencial do MVP, que aproxima a ideia daquilo que o consumidor deseja e preserva a maior parte do valor que seria investido sem que o negócio fosse validado pelos clientes.
O conceito de MVP caiu rapidamente nas graças das empresas desenvolvedoras de softwares por vários motivos.
Primeiramente, desenvolver sistemas, seja on-demand ou não, é um processo que pode envolver a migração de outros sistemas legados.
Nesse caso, existe toda uma preocupação em relação aos repositórios de dados, que precisam se manter intactos.
Sem um MVP, seria quase como jogar roleta russa, afinal, se o novo sistema “canibalizar” os dados existentes, as consequências seriam irreversíveis.
Sendo assim, o Produto Mínimo Viável é de certa forma uma proteção para o cliente e para os desenvolvedores.
Isso sem contar que softwares são produtos que só podem ser corretamente avaliados com o tempo.
Contar com um MVP, portanto, assegura que os testes necessários sejam feitos antes de implementar a nova solução, que, com isso, terá sua eficácia e segurança validadas previamente.
Um dos MVPs mais conhecidos pelo público é o do Facebook.
Antes de lançar a versão definitiva daquela que viria a se tornar a maior rede social do mundo, Mark Zuckerberg e sua equipe lançaram antes uma espécie de versão “beta”.
Restrita aos estudantes de Harvard, era chamada de Facemash e consistia em uma espécie de jogo de paquera.
Nele, duas fotos eram apresentadas, cabendo ao estudante escolher a que achava mais bonita.
Tendo em conta o que se tornou o Facebook e o que ele é hoje, fica bastante clara sua evolução desde a época em que era apenas um MVP circunscrito ao ambiente universitário.
O MVP tem como principal característica a aceleração do processo de lançamento de um produto, serviço ou alguma nova necessidade de mercado.
A ideia é pular algumas etapas e descobrir logo se vale ou não a pena investir tempo e dinheiro naquela ideia.
O conceito é muito difundido entre as startups exatamente por serem empresas que atuam em ambientes, muitas vezes, inexplorados.
Como o grau de incerteza é alto e a ideia pode tanto dar muito certo como resultar em nada, o MVP busca o respaldo do público-alvo sem a necessidade de muito investimento.
Entre as principais características do MVP, podemos destacar as seguintes:
Agregar valor, no contexto empresarial, objetiva proporcionar ao cliente uma experiência única e diferenciada em relação às empresas concorrentes.
É algo que vai além de preço simplesmente.
Quando uma empresa utiliza o conceito de MVP para testar o protótipo de um produto ou a hipótese de um serviço, seu objetivo é captar exatamente a experiência do usuário.
Diferentemente do método tradicional de lançamentos, em que são feitas pesquisas e análises aprofundadas, o MVP já é a essência do produto ou projeto.
Durante a fase de testes, a reação do cliente diante da experiência contribui para a formatação do produto final, podendo, inclusive, acarretar mudanças drásticas.
É preciso entender as reais necessidades do cliente para atendê-lo adequadamente, oferecendo a melhor experiência de consumo.
O MVP, nesse caso, nem precisa ser um produto necessariamente inovador e disruptivo.
É possível trabalhar estratégias de reposicionamento de produtos e serviços já existentes, visando a melhorar a satisfação do cliente ou ampliar o público-alvo.
Vender para o mesmo cliente é mais fácil e barato, já que ele conhece a sua empresa e as características dos seus serviços e produtos.
O cliente fiel não pensa duas vezes quando precisa das soluções apresentadas pela sua empresa.
Nesse aspecto, as estratégias de MVP, quando bem conduzidas, resultam em benefícios que contribuem para maximizar os resultados no longo prazo.
O feedback do público consumidor é um dos principais elementos que contribuem com o sucesso do MVP.
É por meio dele que o empreendedor avalia se compensa seguir adiante com o projeto ou se é melhor partir para outra.
Como o MVP é um produto em essência, ou seja, ainda não é a “versão acabada”, o feedback ajuda na modelagem.
As informações sobre a experiência e percepção do público coletadas durante o período de teste podem resultar em pequenos ajustes ou em uma mudança completa no MVP.
Primeiro, o empreendedor tem a ideia, que pode ser um insight revolucionário ou uma tentativa de aperfeiçoar um processo ou um melhorar um produto.
A primeira etapa é planejar o MVP.
O planejamento deve ser enxuto o suficiente para não despender muitos recursos, já que a ideia central é economizar tempo e dinheiro.
Em seguida, vem a fase de desenvolvimento da ideia.
Na fase de testes, é preciso monitorar para que seja possível fazer os ajustes necessários.
Inclusive, esse ciclo pode ser contínuo em empresas que atuam, por exemplo, em segmentos que exigem mudanças rápidas para acompanhar a evolução do mercado.
Desde sempre, o conceito de MVP esteve ligado aos projetos das startups.
Tanto é que, como vimos, ele foi aperfeiçoado por Eric Ries, que lançou novas bases para o MVP no livro em que apresentou o termo Lean Startup.
Na obra, o autor define MVP como “a versão do produto que permite uma volta completa do ciclo construir-medir-aprender, com o mínimo de esforço e o menor tempo de desenvolvimento”.
Se considerarmos que as startups, de certa forma, também são produtos em desenvolvimento, fica clara a relação entre os dois modelos.
Embora elas sejam um tipo de negócio em que a aceitação dos riscos é um pouco mais alta do que a média, isso não quer dizer que podem ser lançadas de forma irresponsável no mercado, como “kamikazes”.
Dessa forma, o MVP é o meio mais seguro de avaliar produtos e serviços, potencializando o lucro ao mesmo tempo em que os riscos são minimizados.
Vale lembrar ainda que startups são empresas em geral financiadas por anjos ou outros investidores, que esperam o retorno sobre seus investimentos.
Logo, um produto minimamente viável em versão de testes é a melhor maneira de dar alguma garantia de que vale a pena investir em um negócio em seus primeiros passos.
É fato que existe um laço entre o MVP e as startups, porque ele nasceu dentro da cultura desse tipo de empresa.
Como já vimos, o termo Minimum Viable Product se populariza no livro Lean Startup (Startup Enxuta), escrito por Eric Ries para abordar práticas que aumentam a eficiência dessas empresas.
O raciocínio Lean tem como propósito acabar com os desperdícios e enxugar custos, tempo e material utilizados para construir um novo produto, sem deixar a qualidade de lado.
Considerando que o lançamento de uma solução requer, por vezes, o investimento de altas somas, sem qualquer garantia de retorno, uma das estratégias é justamente construir o produto com o mínimo de recursos possível.
É essa dinâmica que permite que ele seja testado e melhorado até ter a aceitação necessária para ser lançado no mercado.
E por isso, faz todo sentido que o MVP tenha sido concebido nesse contexto, pois as startups estão habituadas aos processos de inovação, que preveem falhas de maneira rápida para aperfeiçoar as soluções na mesma velocidade.
No entanto, o conceito se expandiu e passou a ser adaptado para diferentes finalidades, incluindo novos negócios de todos os tamanhos e setores.
Hoje em dia, o MVP faz parte da estratégia de empreendedores individuais e de grandes companhias.
Ele pode, inclusive, ajudar a tirar um projeto pessoal do papel, como uma viagem longa.
Como? Experimente começar organizando um passeio ou uma viagem mais curta para, em seguida, aperfeiçoar seu roteiro e planejamento.
Apesar de partir de uma mesma concepção, o formato MVP pode aparecer em diferentes modalidades, de acordo com as necessidades da empresa ou do empreendedor.
As características do produto e a verba inicial disponível são outros pontos que devem ser levados em conta na escolha do tipo de MVP.
Veja, abaixo, detalhes sobre os mais populares.
Ideal para softwares e funcionalidades complexas, o protótipo é um exemplar funcional da solução, entregue a um público seleto para colher suas avaliações sobre os diferenciais e pontos a melhorar.
Por ser mais completo e se parecer com o produto final, esse tipo de MVP costuma sair mais caro em relação à maioria dos demais.
É uma modalidade baseada nos testes A/B – aqueles em que duas versões de uma solução são oferecidas simultaneamente para comparar qual delas tem maior aceitação.
Assim que o público acessa o site ou plataforma correspondente, é direcionado, de modo automático, para uma das duas versões.
O MVP duplo exige ainda mais investimento do que o protótipo, já que implica na criação de duas versões diferentes.
Porém, é uma ferramenta excelente para customizações e validação de uma função relevante do produto.
O nome curioso se refere à entrega da solução que, inicialmente, é feita por pessoas atuando por trás das cortinas.
O MVP Mágico de Oz é recomendado para serviços que envolvem a automatização, pois permite seu teste sem a contratação dos softwares necessários, que podem custar caro para o empreendedor.
Então, em vez de oferecer uma versão automatizada, ele fornece um MVP no qual pessoas reais fazem o papel das máquinas.
Para ficar mais claro, imagine um serviço que automatiza a transcrição de documentos impressos, agilizando a sua digitalização de forma simples.
Durante o período de validação, esses arquivos podem ser transcritos manualmente, dispensando gastos com um programa que lê e transcreve textos.
Esse formato ganhou o nome Concierge por oferecer uma solução altamente personalizada para um pequeno grupo de consumidores.
Serve para reforçar a ideia de um atendimento exclusivo que, mais tarde, também deverá ser reforçado pela automatização.
Alternativa para quem está com o orçamento apertado, o Piecemeal se concentra na experimentação através de plataformas gratuitas que já existem.
Uma empresa que esteja pensando em lançar um serviço de armazenamento em nuvem diferenciado, por exemplo, pode criar um MVP a partir do Google Drive, adicionando algumas comodidades aos clientes.
Idealizadores que tenham bastante clareza sobre a funcionalidade principal de sua solução se beneficiam desse tipo de MVP.
Isso porque o Single Featured exige a entrega de uma versão que tenha somente função.
Caso ela seja aceita, mais mecanismos podem ser acrescentados e testados aos poucos, otimizando os investimentos necessários.
Quando se trata de negócios, estratégia é tudo.
Cada passo precisa ser meticulosamente calculado a fim de afastar os riscos e ameaças que vêm de fora ou de dentro da organização.
Guiadas por esse pensamento, há startups que se valem da estratégia conhecida como MVP Fumaça antes mesmo de desenvolver seus produtos ou serviços.
A “fumaça”, no caso, é um anúncio em canais de grande visibilidade da nova solução que está por chegar.
Com isso, é possível saber o quão interessado nessa solução está o público, ajudando assim a orientar no seu desenvolvimento e posterior divulgação.
Então, com base nas respostas obtidas, podem ser extraídos feedbacks valiosos que ajudarão a desenvolver novas features ou retirá-las, se necessário.
Evitar perda de tempo e de dinheiro: essa é a ideia central do Produto Mínimo Viável (MVP).
De repente o empreendedor tem um insight “fenomenal”, que ele considera diferente de tudo que existe no mercado, um “sucesso garantido”.
Na cabeça do dono, pode até ser.
Mas será que o mercado vai comprar a ideia?
Fala-se muito no crescimento meteórico de algumas startups, de como empreendedores, com uma simples ideia, largaram o emprego para faturar milhões.
Mas há pouco ou nenhum destaque para os casos de fracasso.
Para cada ideia bem-sucedida, várias outras foram descartadas por não atenderem a contento à necessidade do mercado.
Empresas que atuam na fronteira da inovação inevitavelmente terão de lidar com as tentativas e erros até acertarem o alvo.
Mas o MVP, como vimos, não se aplica apenas aos casos de inovações revolucionárias.
Empresas de segmentos tradicionais também podem se valer do conceito para aperfeiçoar seus produtos e serviços e oferecer uma experiência diferenciada a seu cliente.
A seguir, confira as principais vantagens de se fazer um MVP:
Os riscos de mercado são aqueles relacionados a fatores externos à organização, como mudanças políticas, crises econômico-financeiras, câmbio, dentre outras.
Em determinadas circunstâncias, as chances de alguns produtos decolarem são menores ou maiores em razão dos riscos de mercado.
Em atividades consolidadas, é mais fácil para o gestor saber se determinado produto tem chances de sucesso ou não.
Alguns setores andam em ciclos razoavelmente bem definidos e o comportamento passado ajuda a entender a situação do presente e a estimar o que vem pela frente.
Quando falamos de produtos ou serviços inéditos, essa leitura fica mais difícil.
Diante disso, o MVP ajuda a minimizar os riscos de mercado ao conseguir testar antes de efetivamente fazer grandes investimentos.
Muitas pessoas confundem aproximação de clientes com fidelização de clientes, mas os conceitos não são os mesmos.
Como vimos nos tópicos anteriores, o cliente fiel nem cogita o concorrente quando precisa dos produtos e serviços oferecidos por sua empresa.
Ele já conhece as soluções que você oferece e, devido ao bom histórico de relacionamento, prefere fazer negócios com a sua empresa.
Ter uma base de clientes fidelizados é o desejo de toda organização.
Afinal, é muito mais fácil e rentável vender para o mesmo cliente do que conquistar novos.
A aproximação de clientes pode ser entendida como um mecanismo de fidelização de clientes.
Há diferentes estratégias para isso, principalmente balizadas no marketing de relacionamento, que têm como propósito criar no público uma identificação com a marca.
Partindo do princípio de que o MVP tem como foco a experiência do cliente, se ela for positiva, também há boas possibilidades de o consumidor criar um vínculo com a empresa.
O processo tradicional de desenvolvimento de novos produtos e serviços, geralmente, é composto por várias etapas.
O ciclo envolve pesquisa, testes internos para avaliar elementos técnicos, teste com um grupo específico, produção de determinada quantidade para testes comerciais, dentre outros.
É um processo moroso e caro, que obedece a uma série de regras e procedimentos.
Se o produto não emplacar, muito dinheiro e tempo acabam desperdiçados.
O objetivo do MVP é pular várias das etapas do processo tradicional de desenvolvimento e testar logo a ideia com o menor investimento possível.
Assim, se os clientes gostarem, ótimo.
O projeto é levado adiante e segue o desenvolvimento da versão final.
Caso os feedbacks indiquem o contrário, o prejuízo com o produto mínimo viável foi pequeno.
Por mais criterioso que seja o desenvolvedor, todo projeto pode conter erros nas primeiras versões.
O segredo é identificar a falha e solucionar com eficiência e dentro do menor tempo possível.
A fase de testes de um MVP também tem como propósito verificar erros e corrigi-los antes de partir para a próxima fase: a da elaboração do produto efetivamente.
A identificação de erros faz parte do processo de aprendizagem, execução, aferição e ajustes do MVP.
Com a colaboração do próprio cliente, o empreendedor consegue ganho de eficiência na criação das melhores experiências para o usuário.
Imagine se Zuckerberg e sua equipe de jovens desenvolvedores não tivessem testado o Facemash, lançando-o no mercado logo de cara.
Não é difícil concluir que a ideia seria um fracasso e o Facebook, tal como o conhecemos, jamais existiria.
Antes do seu lançamento, foram testadas as hipóteses de produto que poderiam atender aos interesses do público.
Em um primeiro momento, esses testes parecem não apontar para uma solução, contudo, eles têm grande valor.
Isso porque, embora não revelem o produto ideal, servem para descartar as hipóteses sem chances de sucesso.
Por si só, esse já é um aprendizado valioso, uma vez que aproxima os desenvolvedores da solução ideal.
Isso, claro, desde que continuem testando, coletando feedbacks e avaliando os produtos até que eles se encaixem nas preferências do público-alvo.
Como vimos, todo lançamento no mercado precisa antecipar riscos.
Afinal, é mais fácil saber o que dá errado do que encontrar o produto que atenda às expectativas das pessoas.
Reduzir as chances de fracasso é, portanto, um caminho para aumentar as possibilidades de êxito.
Essa é a proposta básica do MVP: ser um precursor de um serviço ou produto, de maneira que se saiba antes do seu lançamento o que pode vir a ser um sucesso.
Além do Facebook, outro ótimo exemplo de implementação bem sucedida do conceito de MVP é o Spotify.
Embora como empresa ela tenha uma cara mais “descolada”, seu lançamento foi precedido de muita estratégia.
Seus fundadores utilizaram um ciclo de criação que envolve quatro passos:
Nada disso foi por acaso, afinal, um dos CEOs da empresa, Henrik Kniberg, é consultor de metodologia ágil e Lean.
Sobre o Spotify, o sucesso foi tão grande que, além de ser hoje a maior plataforma de streaming de música do mundo, é considerado um divisor de águas na indústria fonográfica.
Comentamos, acima, que existem diferentes tipos de MVP, o que interfere no seu processo de criação e testagem.
Mas há algumas etapas que podem ser úteis para diversas modalidades.
Abaixo, trazemos um passo a passo baseado nos conselhos do consultor da ThoughtWorks e autor do livro “Direto ao Ponto”, Paulo Caroli.
Ok, a ideia inicial pode ser sua, mas ela precisa de diferentes tipos de visão para se tornar realidade.
Mesmo que você não tenha funcionários de fato, é inteligente juntar pelo menos três pessoas:
Um jeito simples de fazer isso é completando as lacunas na frase:
O primeiro espaço corresponde ao público-alvo.
O segundo, ao nome dado à solução (pode ser provisório).
O terceiro deve ser completado com a definição sobre a solução, se é produto ou serviço, se é uma plataforma, peça de roupa, um eletroeletrônico, etc.
O quarto informa sua principal vantagem.
E o quinto, qual o diferencial em relação à concorrência.
Olhando de forma geral para o mercado no qual a sua solução se insere, faça um ou mais recortes para extrair a que nicho ele atende.
Assim, você terá informações gerais para criar uma ou mais personas, que são perfis fictícios que representam seu cliente ideal.
Informe a idade, profissão, onde mora, estado civil, interesses e gostos para aproximar o target da sua solução.
Inclusive, você poderá contatar indivíduos que tenham essas características para testar o seu MVP.
Considerando os interesses do público e o problema que o seu produto/serviço resolve, eleja as funcionalidades essenciais.
São elas que devem fazer parte do MVP.
Depois de lapidar o MVP, ele está pronto para ser liberado e testado.
Escolha, entre os tipos que apresentamos anteriormente, o que mais se adapta à realidade e às necessidades que você tem.
Não se esqueça de estabelecer métricas ou KPIs (indicadores de desempenho) para monitorar se a solução teve sucesso ou se precisa ser aperfeiçoada.
O MVP não é apenas uma forma de mitigar riscos.
Acima de tudo, ele serve como um termômetro, pelo qual as preferências do público a que uma solução se destina podem ser identificadas.
Porém, é preciso levar em conta que o consumidor não tem as respostas prontas.
É necessário que os seus feedbacks sejam reinterpretados, de maneira a apontar novas possibilidades.
Vale lembrar a famosa frase atribuída a Henry Ford, que teria dito: “Se eu perguntasse às pessoas o que elas queriam, elas teriam dito: cavalos mais rápidos”.
É preciso encontrar um ponto de equilíbrio em que os feedbacks do público sejam utilizados mais como pistas e menos como direções inquestionáveis.
MVP é também uma criação necessariamente coletiva e baseada na experiência de outros.
Por isso, a estratégia de benchmarking é tão utilizada no desenvolvimento de produtos minimamente viáveis.
Sua premissa é utilizar casos de sucesso (ou de fracasso) de outras empresas para que, a partir disso, as decisões sejam tomadas.
Porém, nunca é demais relembrar que benchmarking não é a mesma coisa que plagiar.
O que se busca nessa etapa é compreender as causas e consequências das decisões tomadas por outros para não repetir processos falhos.
Aliás, o próprio Facebook teve benchmarkings para ajudar na sua formulação, como o caso do Orkut, que foi a maior rede social do mundo na primeira metade dos anos 2000.
Ganhar dinheiro com o lançamento de uma solução é ótimo, disso ninguém discorda.
Contudo, essa não deve ser a meta quando a intenção é entrar no mercado com um novo produto, ainda mais se ele for concebido de forma disruptiva.
O MVP, como você já sabe, tem seu ciclo de desenvolvimento pautado não nos interesses da empresa, mas nos do cliente.
Assim, é fundamental que esse processo seja orientado por metas e que essas metas tenham relação com os anseios e necessidades do consumidor.
Um método útil para defini-las é o de metas SMART, segundo o qual os objetivos devem ser:
Outra característica de um MVP é ser uma solução em aperfeiçoamento contínuo.
Nessa etapa do seu desenvolvimento, é preciso que as pessoas envolvidas sejam ainda mais exigentes, sem se conformar com os resultados, por melhores que sejam.
Steve Jobs fez da Apple uma referência porque ele nunca se dava por satisfeito, não importava quão bons parecessem seus produtos.
Você não precisa ser um novo Steve Jobs ao desenvolver seus MVPs.
Basta que, a cada ciclo de desenvolvimento encerrado, você se pergunte “o que pode ser melhorado?”
Quer acertar ao criar um MPV?
Não caia nestas três armadilhas:
Especialistas indicam que uma startup leva, em média, três semanas para construir o MVP.
Agilidade, portanto, é muito importante.
Sua principal preocupação deve ser a funcionalidade, e não o design ou paleta de cores perfeita.
Como vimos no passo 9 da criação de um MVP, faz parte do processo buscar a melhoria contínua.
Por outro lado, isso não quer dizer em absoluto que o seu futuro produto ou serviço tenha que ser perfeito.
Além de espírito inovador, é preciso incluir uma boa dose de bom senso a cada projeto, de modo que o processo de aprimoramento não se estenda indefinidamente.
Isso seria como, no futebol, quando um jogador deixa de finalizar para o gol para tentar fazer mais um drible.
Em ambos os casos, o risco de perder uma grande oportunidade de marcar o gol é muito grande.
Lembre-se de que o primeiro item de uma meta SMART é que ela seja específica.
Um MVP de sucesso tem como característica ajustar-se a demandas muito bem definidas, até porque é necessário encontrar o público certo para os testes necessários.
Então, se o público a ser atendido não for criteriosa e estrategicamente escolhido, o próprio MVP perde a razão de existir.
Nesse caso, vale ressaltar a própria evolução do consumidor, que hoje é omnichannel.
Extremamente atento e exigente, ele não perdoa quando percebe que uma solução está aquém das suas expectativas.
Sendo assim, fazer testes com públicos demasiadamente grandes é um risco, já que as chances de desagradá-lo são proporcionais.
Jamais mande seu produto para a experimentação sem saber qual o desempenho esperado.
Depois de medir a performance, compare e avalie os dados.
Eles servem como respaldo para uma decisão assertiva.
A metáfora do atacante de cara para o gol e que prefere tentar mais um drible em vez de chutar serve também para ilustrar outra questão fundamental: o timing.
Em um mercado cada vez mais concorrido, disruptivo e com inovações surgindo o tempo todo, não é possível se dar ao luxo de testar produtos pelo tempo que achar melhor.
Também vale destacar novamente aqui as metas SMART, em que o último e talvez mais importante aspecto seja a definição de prazos para sua realização.
A verdade é que nem sempre o feedback das pessoas será amplamente favorável.
Aliás, em certos casos, é possível até que as respostas das pessoas sejam indelicadas ou depreciem o produto em teste.
Quando isso acontece, cabe à empresa não ignorar essas respostas, mas procurar tirar delas lições que vão servir para moldar uma nova solução.
O que está em jogo, afinal, não é o que é melhor para a empresa ou mesmo para seus colaboradores, mas atender às demandas do consumidor.
A ideia do MVP é apresentar a essência de um produto ou serviço que solucione um problema do cliente.
Mas como não há pesquisas elaboradas com o intuito de saber se realmente há um problema a ser resolvido, a validação da ideia ocorre no momento da testagem do protótipo.
O resultado da avaliação dos clientes é imprevisível: o MVP pode ratificar a ideia, com altas taxas de aprovação, ou não.
Caso o feedback indique que a ideia não é boa, o empreendedor deve considerar duas hipóteses:
Se o MVP refutar a ideia porque ela não resolve um problema do consumidor, não há o que fazer.
O propósito da fase de testes é esse mesmo.
Nesse caso, gastou-se pouco dinheiro e tempo, e o prejuízo será relativamente pequeno.
Caso o público não tenha entendido a essência da ideia, o produto mínimo viável pode ter sido limitado demais.
Nessa hipótese, pode valer a pena reformular o MVP e tentar de novo.
Agora que já sabe como montar seu MVP, acompanhe a história de empresas que obtiveram sucesso com o uso dessa estratégia.
Pronto para se inspirar?
Em uma época em que o armazenamento em nuvem começava a despontar como opção para as pessoas arquivarem seus documentos com segurança, Drew Houston percebeu que havia dificuldades na sincronização.
Decidiu, então, propor um serviço muito mais intuitivo, que permitisse salvar arquivos de todos os tipos e compartilhá-los com facilidade – o Dropbox.
Porém, o conceito inovador dificultava para outras pessoas entenderem o serviço, até que Houston criou um vídeo – chamado Dropbox Demo – onde explicava e mostrava o funcionamento da plataforma.
A partir daí, o interesse pelo Dropbox cresceu rapidamente, fazendo dele um sucesso até hoje.
Dirigida pelo homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, a companhia começou como um simples website que vendia livros por preços acessíveis.
Seu MVP era uma página com formato amigável, na qual havia alguns títulos e informações sobre as obras, além de um espaço para fechar a compra.
Apostar na simplicidade deu tão certo que, atualmente, o e-commerce reúne grande variedade de produtos e é famoso pelo protagonismo.
A empresa que conecta hóspedes a imóveis de interesse para passar alguns dias ou temporadas nasceu com os recursos de seus fundadores, Brian Chesky e Joe Gebbia.
Conquistados pela ideia de que as pessoas pagariam para ter uma experiência diferente, se hospedando em casas em vez de hotéis, eles fizeram de seu próprio apartamento um MVP.
Utilizando um site, anunciaram que o imóvel estava disponível para participantes de uma conferência na cidade de São Francisco, onde viviam.
Rapidamente, três pessoas fizeram reservas, provando que a ideia tinha potencial para conquistar os consumidores.
Uma das empresas pioneiras no ramo de aplicativos de transporte, a EasyTaxi adotou um formato de MVP Mágico de Oz.
Partindo da tese de que as pessoas usariam um app para chamar um taxista para elas, o brasileiro Tallis Gomes criou uma página na web com espaço para o usuário digitar o endereço onde se encontrava e solicitar uma corrida.
O sistema enviava um alerta para um pequeno time, que ligava para as cooperativas e chamava um táxi manualmente.
Logo, a página ganhou popularidade e o aplicativo chegou a alcançar 35 países.
Vimos anteriormente que o célebre Steve Jobs era incansável na busca por melhorar os produtos da sua empresa.
Essa obstinação em relação à qualidade passou a fazer parte do DNA da Apple, que tornou-se mundialmente conhecida por testar seus produtos antes de lançar.
O primeiro iPhone, a propósito, foi lançado apenas para uso interno pelos colaboradores da empresa, que se tornaram suas primeiras cobaias.
Outro bom exemplo de uso bem sucedido de MVP é a plataforma Foursquare.
No SEU início, em 2009, ela não passava de uma plataforma social baseada em localização, lançada como um aplicativo básico que permitia às pessoas fazerem o “check-in” em um lugar de forma que os amigos pudessem ver.
Ela não contava com um design atrativo, tampouco tinha funcionalidades especiais.
Aplicando sucessivamente o conceito de MVP, em pouco tempo o Foursquare se transformou em um autêntico guia de locais, somando 55 milhões de usuários ativos por mês e 7 bilhões de check-ins.
Sites de compras coletivas não surgiram do nada ou depois de um insight genial de um guru dos negócios.
O caso do Groupon ilustra isso.
Antes de se tornar uma referência, ele se limitava a um blog, no qual os cupons eram enviados por e-mail.
Aparentemente despretensiosa, a ideia serviu para testar e validar o modelo de negócio sem a necessidade de fazer investimentos pesados.
Com isso, foi possível alavancar a proposta progressivamente, conforme o seu desempenho foi melhorando.
Como vimos, o Facebook é um dos MVPs mais conhecidos de todos os tempos, e a história de sua criação foi contada até no cinema, no filme “A Rede Social” (2010).
Ao que tudo indica, o sempre inquieto Mark Zuckerberg não para de fazer testes.
É o que mostra o recente lançamento da sua nova empresa, a Meta, que assumiu o controle do Facebook e das outras redes sociais de sua propriedade.
Neste artigo, você ampliou os conhecimentos sobre o Produto Mínimo Viável, ferramenta importante para lançar soluções que realmente entreguem valor ao cliente.
Seguindo nosso passo a passo, você já pode começar a construir o seu MVP e validar sua ideia junto ao público-alvo.
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