Quem tem boa lembrança dos anos 1990, provavelmente, compreende mais facilmente o que quer dizer inovação disruptiva e como ela se manifesta no mundo.
Mas por que a referência a 20, 30 anos atrás?
Hoje, as transformações são tão rápidas que as pessoas que já nasceram nesse cenário talvez nem se deem conta de como as inovações têm surgido e se espalhado de forma rápida.
Com a internet e dispositivos móveis, isso se intensificou, e incorporamos as novidades em nossa rotina de maneira tão natural que nem percebemos mais.
Por isso, fazer o exercício de lembrar como era há alguns anos ou décadas é tão legal.
Imagine fazer uma viagem no tempo e contar para você mesmo, 20 anos mais jovem, que dali a duas décadas tudo seria feito em um aparelho chamado telefone celular
Tudo mesmo: ouvir música, pagar contas, tirar e enviar fotos, gravar vídeos, ler e-mails e notícias e até trabalhar, em alguns casos.
Estamos falando de tecnologias que não apenas criam hábitos novos, mas também eliminam os antigos.
Entender bem a dinâmica da inovação disruptiva é importante para quem quer empreender ou está de olho nas profissões do futuro.
É o seu caso? Então, você está no lugar certo.
Neste artigo, vamos falar sobre os seguintes tópicos:
Siga a leitura e aprenda tudo sobre esse assunto.
Inovação disruptiva é um processo em que uma tecnologia, produto ou serviço é transformado ou substituído por uma solução inovadora superior.
Essa superioridade precisa ser percebida pelos consumidores, por ser mais acessível, simples ou conveniente.
Isso ocorre a ponto de acabar resultando em uma mudança no comportamento de consumo do público em em geral.
O resultado é que a solução anterior se torna obsoleta e praticamente desaparece.
Um bom exemplo é o Netflix e outros serviços de streaming que tornaram as locadoras de vídeo raridades no Brasil e no mundo.
Mais adiante, falaremos mais sobre o case da Netflix e daremos outros exemplos de inovação disruptiva para você compreender melhor o conceito.
Atribui-se a gênese do termo a Clayton M. Christensen, professor de Administração da Universidade de Harvard e autor do livro O Dilema da Inovação.
Antes dessa obra, Christensen já tinha abordado sua teoria da inovação disruptiva em um artigo publicado em 1995, coescrito com Joseph L. Bower.
Segundo eles, ocorre a disrupção quando “uma empresa com menos recursos é capaz de desafiar com sucesso as empresas já estabelecidas“.
Enquanto as companhias tradicionais se preocupam em melhorar os produtos e serviços que já oferecem a seus clientes, acabam ignorando as necessidades de outras parcelas do público consumidor.
Então, outras empresas inovam, atendendo a essas demandas negligenciadas, fornecendo funcionalidades melhores, geralmente a um preço mais baixo na comparação com os produtos tradicionais.
Vale lembrar que disrupção significa interrupção ou descontinuidade.
Ou seja, a inovação disruptiva ocorre quando provoca a descontinuidade de um produto ou serviço hegemônico, transformando os hábitos dos consumidores.
Quando há inovação disruptiva, é comum encontrar uma série de características típicas.
Afinal, há alguns fundamentos que a criação deve obedecer para gerar um novo comportamento no consumidor.
Vamos falar mais sobre eles agora.
Dificilmente, será promovida a inovação disruptiva sem um modelo de negócio totalmente diferente dos concorrentes.
Não adianta apenas desenvolver um produto ou serviço novo e copiar a maneira como a empresa líder se comporta.
Lembrando: modelo de negócio é o resumo de como a companhia mobiliza seus recursos e gerencia seus relacionamentos para gerar valor.
Não é possível ser disruptivo sem alterar profundamente essa lógica de funcionamento.
Se o modelo de negócio mudou e o resultado será uma inovação de impacto, é lógico pensar que os processos que compõem o dia a dia da empresa também devem ter algo de diferente.
Se estudarmos os principais cases de inovação disruptiva do Brasil e do mundo, veremos nos processos das empresas ideias bastante inspiradoras.
Um exemplo é o atendimento mais humanizado que startups costumam promover atualmente.
O atendimento é acessório ao produto ou serviço oferecido, o que não quer dizer que não precisa haver nenhuma inovação nesse ponto.
Outro fundamento da inovação disruptiva é que o produto criado precisa oferecer melhorias óbvias ao consumidor.
Por exemplo, ser evidentemente mais simples de usar, exigindo menos tempo e menos trabalho do usuário para executar determinada atividade.
Ou, então, pode ser um pouco mais complexo e não gerar uma grande economia de tempo, mas ser obviamente mais confortável ou utilizar muito menos recursos.
Mais lógico, mais econômico, mais conveniente, mais sustentável…
Enfim, o importante é que a vantagem seja tal que as pessoas rapidamente entendam que não faz sentido continuar com as soluções antigas.
Um dos benefícios comumente observados na inovação disruptiva é que ela torna determinadas soluções mais acessíveis.
Isto é, pessoas que antes não teriam a possibilidade de consumir produtos ou serviços de determinados mercados agora podem, porque eles não estão mais restritos àqueles que possuem maior renda ou conhecimento específico.
Ainda falando sobre os benefícios para o público consumidor, a inovação também promove as melhorias de que falamos antes.
Mais conveniência, simplicidade, preço baixo, conforto, economia de tempo e de recursos, etc.
São criações que, geralmente, colaboram para melhorar nossa qualidade de vida.
No caso das empresas, é a possibilidade de agregar valor ao negócio.
Isso acontece mesmo que a solução criada seja mais econômica para o consumidor, como falamos antes.
Observamos essa característica principalmente nos produtos digitais escaláveis, uma marca das empresas de tecnologia inovadoras de hoje.
Escalabilidade é a possibilidade de atender a um grande e rápido crescimento de demanda sem precisar consumir muito mais recursos ou aumentar sua estrutura na mesma proporção.
Mesmo que a inovação em questão não seja tão escalável, sem dúvida tornará a companhia mais competitiva.
Dependendo do caso, a novidade traz uma série de benefícios para o mercado como um todo, como a criação de um novo público e de novas oportunidades de negócio.
No fim das contas, isso acaba beneficiando também os trabalhadores, com a criação de novos postos de trabalho.
A inovação tradicional existe para aumentar o ciclo de vida (composto pela introdução, crescimento, maturidade e declínio) de determinado produto, serviço ou mercado como um todo.
Ou seja, em cima de algo que já está consolidado e todo mundo conhece, é feita uma inovação que promove determinada melhoria e pode provocar um novo interesse pela área.
É um tipo de inovação que pode ser chamada de incremental, pois não traz uma novidade na essência do produto ou serviço, mas sim em detalhes de como suas funções são realizadas.
Já a inovação disruptiva é mais radical, promove uma mudança na lógica de consumo, não apenas nas características do produto.
A própria mudança no modelo de negócio, que explicamos antes, ajuda nessa compreensão, pois estamos falando de uma inovação radical, tanto que até mesmo a gestão é diferente.
Em vez de preservar o ciclo de vida de um mercado, a inovação disruptiva com frequência cria um novo – e não raro destrói outro.
Um exemplo para entendermos melhor a diferença é o automóvel.
Henry Ford promoveu uma inovação disruptiva no início do século 20, criando um método de produção em massa de veículos.
É óbvio que os automóveis de hoje em nada se parecem com o Ford Model T daquela época, o que se deveu a uma sequência de inovações incrementais ao longo das décadas.
Por exemplo, a criação de equipamentos de segurança, como os freios ABS e os airbags.
Já o carro autônomo é uma inovação disruptiva, porque muda completamente a maneira como as pessoas se relacionam com o automóvel.
Segundo o professor de Harvard Clayton M. Christensen, não é preciso que o produto seja um sucesso para ser caracterizado como disruptivo.
Isso quer dizer que o carro autônomo já pode ser considerado um exemplo disso, mesmo que não tenha tomado as ruas do mundo – e ainda que isso nunca venha a acontecer.
De acordo com Silvio Kotujansky, vice-presidente de mercado da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), no Brasil predomina a inovação incremental, com melhorias em processos, tecnologias e experiências.
Segundo ele, existe uma certa dificuldade em promover a inovação radical no país, principalmente porque as universidades em geral ainda estão muito distantes do mercado.
“Aqui este caminho ainda é incipiente. As pesquisas não chegam ao mercado na mesma velocidade que nos outros polos e as inovações estão muito mais ligadas ao modelo de negócio do que à tecnologia profunda”, afirma.
Apesar disso, Florianópolis, onde está a sede da Acate, é um exemplo de cidade que tenta promover a cultura da inovação disruptiva.
Nos últimos anos, a capital catarinense tem atraído mão de obra qualificada de vários cantos do Brasil para trabalhar em suas empresas de tecnologia, criando um verdadeiro ecossistema empreendedor.
Outras regiões do país tentam seguir esse caminho, com a criação de parques e polos tecnológicos como o Porto Digital, que abriga 300 empresas em Recife.
Em Porto Alegre, o Tecnopuc é um exemplo de parque científico e tecnológico que busca fazer a conexão entre universidade e mercado que Kotujansky vê como incipiente no Brasil atualmente.
O problema é que, apenas com a inovação incremental, as empresas brasileiras ficam quase paradas no tempo e correm o risco de se tornarem vítimas da disrupção que vem de fora.
O que é mais grave especialmente em um país que vem se industrializando e tem a economia cada vez mais dependente da venda de commodities, produtos sem valor agregado.
Dito isso, é preciso lembrar que o povo brasileiro é reconhecidamente criativo, o que ajuda pelo menos a pensar em soluções disruptivas.
Por outro lado, é notório o déficit em mão de obra qualificada para trabalhar em empresas de tecnologia.
Globalmente, o melhor lugar para analisar a inovação disruptiva é o Vale do Silício, na Califórnia.
Trata-se de uma região da Baía de São Francisco que concentra uma enorme quantidade de empresas inovadoras.
Lá estão nasceram o Google, Apple, Whatsapp, Uber, Youtube, Airbnb, eBay, Pixar e muitas outras companhias mundialmente conhecidas.
Só que seria um erro associar a inovação disruptiva apenas a essas empresas digitais, que predominam no Vale do Silício.
Claro que os programas de computador e aplicativos para smartphones dominam cada vez mais a nossa vida, mas ainda é possível promover a disrupção em processos industriais.
Nesse caso, além dos Estados Unidos, destacam-se países como Alemanha, Suíça, Inglaterra, Holanda e os asiáticos Coreia do Sul, Japão e China.
Em todos eles, há incentivos para a formação de profissionais qualificados para que não falte mão de obra especializada, um recurso chave na indústria disruptiva.
Quando isso é feito, gera-se um círculo virtuoso, pois o sucesso de uma empresa impulsiona outros empreendedores.
Voltando ao Vale do Silício, é muito comum que um ex-trabalhador de gigantes como Apple, Google e Facebook arrisque abrindo sua própria startup.
Mesmo que o país ou região comece a se desenvolver por conta própria como um polo de inovação, nunca podem faltar políticas públicas de incentivo.
Afinal, a criação de empregos e a diversificação da economia sempre será uma questão estratégica para a sobrevivência de qualquer país.
Se você chegou até aqui e ainda não entendeu completamente o que quer dizer esse negócio de inovação disruptiva, agora, suas dúvidas provavelmente vão terminar.
Não há jeito melhor de entender o conceito que resgatando alguns dos principais cases em que ele se manifestou.
Confira a seguir.
Muitos não sabem, mas a Netflix começou começou como uma empresa de locação de DVDs online, enviados por correspondência.
Hoje, seu produto é o streaming, mas a disrupção estava na essência: filmes online por demanda sem sair de casa.
O serviço acabou com as locadoras da mesma forma que Spotify e outros streamings de música estão acabando com as lojas de CDs.
O WhatsApp nasceu apenas com o objetivo de substituir o SMS, o que já era bem legal.
Com a evolução do sinal 4G, promessa de internet 5G, e um aplicativo fácil e bom de usar, agora, tem substituído todas as outras formas de comunicação pelo celular, inclusive as chamadas tradicionais.
Apesar de o Brasil ter muito a se desenvolver no mercado da inovação disruptiva, também temos um ótimo exemplo daqui.
O NuBank trouxe o conceito de banco digital, oferecendo um cartão de crédito controlado por um aplicativo no celular.
Mas a principal disrupção está no fato de que não é cobrada anuidade, o que é possível justamente porque o banco é digital, não precisa gastar com a pesada infraestrutura e logística das agências, funcionários que atendem o público e caixas eletrônicos.
A Wikipédia é um exemplo muito citado por ter acabado com o emprego dos profissionais e sites que vendiam enciclopédias.
Mas talvez a inovação mais legal que o serviço trouxe é na maneira como o site é alimentado: de modo colaborativo entre os usuários.
Também é um ótimo exemplo de inovação disruptiva em uma entidade que não possui fins lucrativos, pois se trata de um serviço aberto para a difusão do conhecimento.
Hoje, ficou muito fácil tirar fotos, mas, antes da popularização das câmeras digitais, as máquinas fotográficas tinham filmes limitados, que tinham que ser revelados e impressos depois.
O irônico foi que a mesma empresa que inventou a câmera digital, a Kodak, tinha na venda de filmes sua principal receita.
Mais irônico ainda é que ela foi vítima da própria disrupção: parou no tempo e se viu substituída pelas câmeras de celulares e concorrentes que souberam se reinventar mais uma vez.
O site/aplicativo Airbnb faz a mediação entre proprietários de imóveis e usuários que procuram uma casa, apartamento ou quarto para alugar por alguns dias, semanas ou meses.
A inovação criou problemas não apenas para hotéis e pousadas, mas também para moradores de cidades turísticas que viram diminuir a oferta de imóveis disponíveis para aluguel por tempo maior.
Afinal, muitos proprietários fazem as contas e acham mais vantajoso o aluguel por temporada.
É muito provável que você utilize frequentemente vários produtos ou serviços que são resultado da inovação disruptiva.
Podem ser esses que citamos aqui ou outros que lembrou enquanto lia o texto. Garantimos que, além desses, há muitos outros que você não está lembrando.
Como ressaltamos no início do texto, as transformações acontecem hoje com tanta velocidade que fica até difícil nos darmos conta.
Quando piscamos, elas já estão incorporadas na nossa rotina e fica parecendo que as coisas sempre foram assim.
É por esse potencial transformador tão forte que o mercado da inovação e tecnologia é tão valorizado.
Quem está em busca de uma boa colocação no mercado de trabalho precisa estar atento, portanto, às empresas que têm o propósito de serem disruptivas.
Procure saber qual o perfil de profissional que elas procuram e desenvolva as capacidades necessárias.
No caso dos empreendedores, a dica é estimular o pensamento disruptivo.
Para isso, o foco na satisfação do cliente é mais importante que nunca.
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