O nome Card Sorting pode soar estranho para você, mas essa é uma ferramenta cujo valor logo é percebido conforme a conhece. Quer ver só?
Você já entrou em um site ou app e procurou algo até quase desistir? E quando finalmente achou o que procurava teve um choque, pois nunca tinha imaginado aquele item naquela categoria?
Para o consumidor, essa é uma péssima experiência. E, para as empresas, pode representar a perda de clientes, além de ser algo bastante ruim para a imagem da marca.
Contudo, casos assim se repetem com frequência em nosso dia a dia.
A verdade é que, por muito tempo, algumas empresas acreditaram que os clientes eram o problema. Na visão de seus gestores, eles queriam encontrar tudo mastigado e não se davam ao trabalho de procurar direito no site.
Pode soar absurdo, mas acontecia – e ainda acontece, pois a mentalidade persiste em algumas organizações.
A boa notícia é que a forma de encarar isso tem mudado drasticamente nos últimos anos. Como resultado, as empresas estão se esforçando para entender cada vez mais seus clientes.
Elas perceberam que o custo de fazer melhorias lá na frente pode ser bem maior do que já começar um desenvolvimento considerando o universo do usuário.
Isso vale principalmente em um mundo digitalizado e escalável, com tudo acontecendo muito rapidamente, como é a marca dos dias atuais.
Nesse contexto, o Card Sorting é uma ferramenta muito valiosa.
Ainda não ouviu falar sobre ela? Então, se prepare para conhecer mais sobre o tema.
Confira abaixo os tópico que preparamos para você:
Boa leitura!
Card Sorting (ordenação de cartões) é uma ferramenta de design utilizada para estruturar a arquitetura de informação.
Por meio de cartões ou post-its com conteúdos, os usuários fazem agrupamentos, organizando os itens de acordo com seu mapa mental.
Em uma dinâmica de Card Sorting, o usuário organiza os temas em categorias que façam sentido para ele, podendo também nomear cada grupo.
A intenção é que, ao fazer isso, ele colabore com o desenvolvimento de soluções que sejam mais amigáveis para seu entendimento.
Essa estruturação é essencial ao desenvolver um site, por exemplo. O conteúdo fica organizado de forma mais intuitiva para o usuário, proporcionando uma experiência melhor de navegação.
Para os desenvolvedores de projetos, o uso de Card Sorting facilita a criação de sistemas e plataformas, tornando-as mais intuitivas e focadas no usuário, reduzindo tempo e custos para as empresas.
O Card Sorting é considerada uma forma barata, rápida e eficaz para fazer a primeira etapa do design da informação centrada no usuário.
Para utilizar o Card Sorting é importante definir os seguintes aspectos:
A dinâmica Card Sorting não precisa ser necessariamente presencial. Existem plataformas que rodam essa ferramenta online, como Optimal Sort, Simplecardsort e UserZoom.
Além disso, pode ser aplicada individualmente ou em grupos. A única recomendação é que sejam grupos menores, de 3 a 5 pessoas.
E como o Card Sorting se relaciona com o design thinking?
A abordagem usada no design thinking prevê um olhar centrado no cliente desde o começo.
Para isso, desde a fase de imersão até a implementação, são usadas diversas ferramentas de design que colaboram com esse objetivo.
O Card Sorting pode ser uma das ferramentas se o produto a ser desenvolvido envolver sistemas, plataformas ou apps.
Como uma ferramenta rápida e barata de design, o Card Sorting permitirá alcançar um MVP (Mínimo Produto Viável) mais próximo das necessidades e anseios dos usuários.
Contudo, o refinamento mesmo só será feito na etapa de validação do protótipo.
Isso garante com que o Card Sorting possa ser utilizado em dois momentos nesse processo.
Ou seja, é possível começar com o Card Sorting aberto e, depois, partir para a versão fechada, conforme avance no desenvolvimento do produto.
As diferenças entre os dois tipos serão abordadas no próximo tópico.
Existem basicamente três tipos de Card Sorting: aberto, fechado e híbrido.
O Card Sorting Aberto é utilizado quando é preciso entender quais categorias macro fazem mais sentido para as pessoas, considerando um conjunto de conteúdos.
Por isso, os participantes recebem apenas as cartas de conteúdo. As categorias serão definidas pelos participantes após a realização do agrupamento dos cartões.
No Card Sorting Fechado, os cartões já têm conteúdo e categorias dados.
Os participantes devem agrupar o conteúdo e eleger a categoria na qual mais se encaixam.
Essa modalidade funciona bem quando as categorias já possuem nomes bem conhecidos.
Contudo, é necessário compreender o que o usuário entende que deveria estar dentro delas.
O Card Sorting Híbrido combina o modelo aberto com o fechado.
As categorias são dadas aos participantes, mas existe a possibilidade de criar novas, caso façam mais sentido para quem está agrupando.
Conforme já citado, duas grandes vantagens dessa ferramenta são o baixo custo e rapidez na aplicação.
Ao fazer um site ou sistema que considere o mapa mental do usuário, é esperado também um ganho de produtividade.
A tendência aponta para tudo ser encontrado de forma mais rápida e assertiva, permitindo que o usuário avance em sua jornada, seja ela de compra ou não.
É uma ferramenta bem simples de aplicar, que ajuda a validar termos e nomenclaturas (taxonomia) e que está centrada no usuário.
Por outro lado, a principal desvantagem da ferramenta é que depende muito da forma como é aplicada. Assim, os resultados podem ter uma grande variação.
Além disso, a ferramenta depende também da habilidade de quem aplica para que sejam extraídos dos usuários análises mais profundas.
Caso contrário, o resultado obtido poderá ser considerado superficial.
Outro ponto é que a análise de resultados pode ser complexa e tomar muito tempo, pois requer a comparação entre os mapas mentais para identificar padrões.
E, mais uma vez, isso dependerá da experiência do analista em fazer essas interpretações e tradução para padrões.
Muitas vezes, a forma como um grupo interpreta diverge do outro. Isso causa bastante dor de cabeça quando uma empresa entra na etapa de design de informação de um projeto.
Por exemplo: o usuário quer ver a informação agrupada por processo, tipo de negócio ou necessidade? Quais são as categorias relacionadas a esse tópico? Como os tópicos devem ser chamados?
Para situações como essas, o Card Sorting será um grande aliado.
Sua utilização é bastante eficaz para estruturação geral de informações, sugestões de navegação, menus e taxonomias.
Isso é feito normalmente na estruturação ou reestruturação de sites inteiros ou apenas de algumas páginas, aplicativos e sistemas.
É importante lembrar que Card Sorting não faz uma avaliação do que está errado no seu site, app ou sistema.
O resultado obtido no Card Sorting será um dos insumos de um processo de design thinking para chegar a uma solução mais completa, centrada no usuário.
Você já ouviu falar em teste de usabilidade? Essa é uma técnica de pesquisa muito usada para avaliar produtos e serviços.
O teste é feito com representantes do público-alvo e consiste em propor a realização de um conjunto de tarefas.
O pesquisador apenas observa, ouve e anota o que vê e o que percebe.
O teste de usabilidade responde perguntas relacionadas ao uso. Alguns exemplos:
Esse teste é muito utilizado, pois é extremamente comum o usuário falar uma coisa ao ser questionado e isso não corresponder ao que de fato ocorreu.
Ou seja, se indagado se o site é fácil de usar, muito provavelmente falará que sim, mesmo que tenha demorado uma eternidade para realizar a tarefa solicitada.
Os motivos para isso ocorrer são diversos.
A pessoa pode ficar com vergonha de admitir que não conseguiu cumprir a tarefa ou se sentir pressionada a não desagradar o pesquisador.
O fato é que, enquanto o participante realiza a tarefa, pode comentar que achava que determinado tópico estivesse embaixo de outra categoria. E isso será um insight a ser trabalhado com Card Sorting em uma reestruturação de design.
Ou seja, são ferramentas complementares. Sendo que o teste de usabilidade faz avaliação do uso e Card Sorting trabalha a arquitetura da informação.
O design centrado no usuário é uma realidade principalmente em startups.
Nesses ambientes, a aplicação do design thinking e todas ferramentas de design que suportam cada uma de suas etapas é quase que natural.
Figuras como arquitetos da informação, analista de user experiencer, entre outras nomenclaturas relacionadas ao design, são comuns nessas organizações.
Algumas empresas que não são nativas digitais já possuem essa figura em seu staff, mas restringem a posição a funções mais operacionais.
Por isso, o Card Sorting como ferramenta de design tem bastante espaço ainda para crescer, sendo muitas vezes desconhecido por profissionais.
Por ser uma ferramenta tão simples e rápida de aplicar, a dinâmica Card Sorting poderia ser mais difundida nos projetos de desenvolvimento de produtos e serviços nas organizações.
Equipes de alta performance são grupos que trabalham com confiança mútua, de forma sinérgica, interdisciplinar, com uma comunicação efetiva, cooperando e inspirando uns aos outros.
Isso não só gera excelentes resultados financeiros, mas contribui ativamente para ambientes de trabalho inovadores e criativos.
E aí que o design centrado no usuário encontra terreno fértil para prosperar.
As equipes de alta performance, ao trabalhar de forma interdisciplinar, já fazem o exercício de compreensão de modelo mental diariamente entre seus membros.
Dessa forma, a análise de resultados obtidos em uma dinâmica de Card Sorting será muito mais intuitiva e fácil para esses profissionais.
Que tal aliar sua fantástica equipe a essa poderosa técnica?
Uma vez que você definiu o conteúdo, selecionou os participantes e fez os cartões, é hora de colocar as mãos e o cérebro dos participantes para trabalhar.
Vamos às principais etapas do Card Sorting na prática:
Para as sessões online, as instruções são semelhantes.
Veja o passo a passo nesse formato:
Na etapa de análise, considere os dados qualitativos e quantitativos.
Os qualitativos vão trazer insights baseados nos comentários dos participantes.
Já os quantitativos irão refletir quais cartões aparecem juntos com mais frequência, além de determinar com que frequência os cartões aparecem nas categorias.
Vamos supor que uma concessionária de energia esteja recebendo muitas questões em seu canal telefônico sobre como acessar a segunda via da fatura mensal via app.
Na estrutura atual do aplicativo, a segunda via está categorizada dentro de dados financeiros. Contudo, a maior parte dos usuários a procuram no menu chamado “Minha Conta”.
Na visão antiga, a empresa poderia olhar para isso e achar um absurdo o cliente não ir na parte financeira para achar a segunda via de sua fatura (afinal, não seria lógico estar ali?).
Já na abordagem centrada no usuário, isso é ok.
E uma dinâmica de Card Sorting ajudaria a empresa a reorganizar a estrutura de menu do app, melhorando a experiência do usuário.
Outro exemplo muito recorrente são os portais de comunicação interna das empresas.
Existe uma reclamação frequente em várias organizações de que os funcionários não olham o conteúdo ali exposto.
Mas alguém já parou para analisar se a forma como são construídos esses portais servem às necessidades dos funcionários?
Ou eles simplesmente cumprem o ideal de que tudo está ali disponível e é papel do funcionário ir atrás da informação? Isso é extremamente pouco produtivo.
Desenhar um portal de comunicação interna centrada no usuário deveria ser prioridade das empresas. E a dinâmica de Card Sorting aplicada com os próprios funcionários seria ideal para essa demanda.
Card Sorting é um tema muito rico no contexto de design da informação. É uma técnica barata, simples e rápida que pode gerar ganhos importantes para as empresas.
O mapa mental dos usuários é um tema complexo.
Portanto, não adianta desenhar conteúdos nos sistemas, sites, app ou plataformas baseados no que os designers acham que é mais intuitivo, de acordo com suas experiências.
Os exemplos do tópico anterior ilustram essa situação. Nem sempre o que é lógico e intuitivo para quem desenvolve se aplica ao público que irá fazer uso daquilo.
E assim, como qualquer técnica, alguns pontos são cruciais para que o Card Sorting seja bem-sucedido em sua aplicação.
Veja um resumo deles:
Por fim, lembre que o Card Sorting não é uma ferramenta de avaliação. Para isso, os testes de usabilidade vão desempenhar um papel melhor.
Se quiser se aprofundar mais no tema, consulte os materiais abaixo:
Se você já trabalha com design thinking, ou se está iniciando sua jornada pelo mundo do design, que tal começar a usar essa poderosa ferramenta no seu dia a dia?
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