Já ouviu falar em blended learning?
Com atividades presenciais e virtuais, essa modalidade de aprendizagem tem se apresentado como solução para a possível falta de engajamento com a educação a distância (EaD).
Isso porque ela adiciona o elemento da interação e troca de experiências pessoalmente, sem deixar de lado a comodidade e flexibilidade características do ensino remoto.
Neste artigo, vamos explicar como funciona, as origens, vantagens e a importância do blended learning na era digital.
Interessado? Então, veja os tópicos abordados a partir de agora:
Siga em frente e boa leitura!
Blended learning é um método de aprendizado que combina atividades a distância e presenciais.
O termo em inglês blended learning – traduzido como aprendizagem mista – descreve bem a proposta dessa metodologia, que aproveita recursos tecnológicos sem abandonar a riqueza das interações humanas.
Segundo os autores do estudo “Classifying K-12 blended learning”, Staker e Horn, o método pode ser definido como:
“Um programa de educação formal que mescla momentos em que o aluno estuda os conteúdos e instruções usando recursos on-line, e outros em que o ensino ocorre em uma sala de aula, podendo interagir com outros alunos e com o professor.”
Também chamado de ensino híbrido, o blended learning nasceu no contexto do e-learning como uma opção de metodologia inovadora no final da década de 1990.
Os primeiros modelos de capacitações blended learning (ou BL) foram estruturados e implementados por instituições norte-americanas, como a Universidade de Wisconsin-Milwaukee.
Essa instituição de ensino superior chegou a elaborar um programa de incentivos para que seus docentes fossem motivados a construir cursos híbridos.
Desde o início, sua ideia era contrapor o modelo convencional de aulas, em que o professor é um transmissor de informações e o aluno, mero ouvinte que deve aprender absorvendo os conteúdos ministrados por meio de um monólogo.
O BL é resultado das transformações desencadeadas pela inserção das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) em todos os campos da vida humana, incluindo a educação, o que culminou na formação de uma sociedade em rede.
Junto aos questionamentos quanto ao método tradicional de ensino, forjado no início da era industrial, surgiram respostas que reconhecem que nem todas as pessoas aprendem do mesmo modo.
Em outras palavras, nem todos têm um bom aproveitamento das aulas em formato expositivo, o que pede uma flexibilização do modelo dominante para que mais estudantes sejam beneficiados.
A proposta do blended learning se espalhou rapidamente por uma série de nações, ganhando popularidade já nos anos 2000.
Nos Estados Unidos, o método ultrapassou as barreiras do ensino superior para ganhar espaço de destaque no ensino infantil e fundamental.
Em países europeus, na Nova Zelândia e no Canadá, a modalidade se tornou comum para alunos do Ensino Médio.
Mas a expansão do ensino híbrido também se deu a partir de incentivos providos pelo Estado em países como México, Austrália, Cingapura, Coreia do Sul e Turquia.
Além da adoção por instituições de ensino, cabe ressaltar a relevância do BL para universidades corporativas, educação continuada e outros formatos de aprendizagem utilizados por diferentes empresas.
Um exemplo são projetos da McDonald’s University, que se valem do blended learning para tornar as capacitações a distância mais atraentes.
Para Luciano Maffia, consultor responsável pela implantação do BL na McDonald’s University, a metodologia:
“É uma forma de democratizar porque você tem custos menores. A hora/aula do professor passa a ser rateada por mais pessoas, porque não tem a limitação da sala física, que restringe o número de vagas. Assim, o preço do acesso também pode ser mais popular. E tem ainda a questão de deslocamento, hospedagem, custos indiretos que pesam mesmo.”
O blended learning funciona a partir de um programa de ensino flexível, porém, guiado para contemplar todas as etapas definidas no plano de aulas.
Seu objetivo é extrair o melhor das modalidades presencial e a distância, utilizando os recursos de ambas para criar modelos personalizáveis pelos alunos.
Isso significa que os estudantes assumem uma postura proativa no BL, ao contrário do que ocorre no ensino tradicional.
Contudo, eles terão à disposição professores e tutores para que sua jornada seja orientada, a fim de fixar melhor os conteúdos abordados.
Como metodologia ativa de aprendizagem, o ensino híbrido prioriza a aquisição de competências em vez do simples cumprimento de um calendário previamente desenhado, colocando o aluno no centro do processo de aprendizado.
De acordo com o trabalho dos pesquisadores Bransford, Brown e Cocking (citado neste artigo), para desenvolver competência em uma área de investigação, é necessário:
Essa é a proposta do blended learning, que mistura presencial e EaD para proporcionar experiências ricas, conforme detalhamos abaixo.
A abordagem presencial serve, principalmente, para trocar informações e promover debates sobre os temas estudados.
Em vez de gastar o tempo em aulas expositivas, grupos são convidados a apresentar dúvidas, acrescentar comentários e discutir a respeito de opiniões divergentes.
Nesse sentido, é comum que o BL seja utilizado junto a outras metodologias ativas de ensino, como a sala de aula invertida, a fim de que os estudantes já cheguem aos encontros presenciais ou síncronos (ao vivo) preparados.
Lembrando que a sala de aula invertida é um modelo no qual o aluno tem o primeiro contato com os temas estudados a distância, através de leituras, áudios, vídeos e materiais interativos para, em seguida, falar a respeito em um encontro presencial.
Outras atividades realizadas pessoalmente são testes, laboratórios, tarefas em grupo e apresentação de exemplos práticos para resolver um problema.
A maioria das atividades fica concentrada na modalidade remota, focando em sua flexibilidade para os horários, dias, local e companhia de estudos.
Com o suporte de materiais contextualizados e uma série de ferramentas, os alunos podem encontrar seu próprio ritmo de aprendizagem, potencializando o aproveitamento conforme os horários disponíveis e em que se sentem mais bem dispostos.
Entre outros componentes, a abordagem a distância do blended learning pode utilizar:
Como explicamos acima, as aulas em formato híbrido costumam ser ministradas a distância, a fim de potencializar seu aproveitamento e permitir que os estudantes recuperem o conteúdo quando desejarem.
Assim, quando chegam aos encontros presenciais, eles têm condições de debater sobre os assuntos abordados, uma vez que já tiveram contato com eles.
Realizadas por intermédio das tecnologias da informação e comunicação (TIC), as aulas virtuais podem seguir duas modelagens, sendo classificadas como síncronas ou assíncronas.
São aquelas que necessitam de agendamento, pois são transmitidas em tempo real para um ou mais estudantes.
O formato síncrono tem como principal vantagem a participação instantânea de todos os envolvidos, que podem enviar perguntas e comentários por meio de chats ou fazer declarações em áudio, participando dos encontros de modo ativo.
Dessa maneira, a própria classe contribui para a construção das aulas, que podem adotar metodologias diferenciadas como revisões ao vivo, entrevistas, competições, comentários de especialistas ou diversos professores no mesmo encontro, etc.
São as aulas gravadas, as mais comuns na educação a distância e que podem ser assistidas a qualquer momento e lugar.
Aulas de introdução a um tema, modelagens expositivas e expressão de conceitos básicos estão entre os principais formatos para esse tipo de conteúdo, que costuma ser enriquecido com ferramentas interativas.
Afinal, elas possibilitam um estudo detalhado, pausas quando for preciso, consulta a tutores e colegas de forma remota e consulta aos professores.
O ensino híbrido foi criado a partir das mesmas ferramentas utilizadas no EaD, entretanto, ambos expressam ideias diferentes.
Enquanto o blended learning se refere aos formatos mistos, a Educação a distância foca apenas nas opções remotas de ensino, e nasceu muito antes do BL.
Para se ter uma ideia, no início do século 20 alguns brasileiros já buscavam formação a distância, sendo orientados através de cartas escritas nos famosos cursos por correspondência.
Com a invenção de tecnologias que permitiram a comunicação em massa, como o rádio e a televisão, essas ferramentas também foram empregadas como facilitadoras para o ensino, ainda no modelo tradicional – partindo de um para muitos.
Ou seja, não era possível (ou, pelo menos, era difícil) interagir com os professores e detentores do conhecimento.
Quando a internet se popularizou no país, por volta dos anos 1990, o EaD ganhou uma aliada de peso, seguindo a tradição de aproveitar veículos de comunicação para reforçar o processo de ensino-aprendizagem.
Foi só então, com o nascimento do e-learning, que o conceito de blended learning surgiu.
Embora tenha sido traduzido como sinônimo de EaD, o real conceito de e-learning vai além do ensino remoto, incorporando todo processo de aprendizagem mediado pelo ambiente virtual.
Assim, vestibulares online, acesso a sistemas na internet para verificar o boletim ou mesmo pesquisas para apoio escolar, feitas por buscadores como o Google, podem ser classificados como e-learning.
Mas é de se imaginar a confusão de utilizar o termo e-learning para descrever processos que, apesar de conter etapas online, incluem ou até priorizam o ensino presencial.
No Brasil, a própria tradução ajuda a provocar confusões, porém mesmo os países de língua inglesa sentiram a necessidade de criar uma expressão própria para a educação que mistura as modalidades presencial e virtual.
Foi assim que se difundiu o termo b-learning, que faz menção à origem do blended learning (que vem do no e-learning), mas especifica o formato híbrido.
O blended learning reúne uma série de vantagens, e comentamos algumas delas ao longo deste texto.
Agora, trazemos uma lista com detalhes sobre esses benefícios, explicando mais a fundo por quê eles fazem a diferença na hora de aprender.
Confira!
Nem todas as pessoas aprendem do mesmo jeito.
Algumas se dão bem com o método convencional, recebendo e assimilando conteúdo sem muita participação, enquanto outras necessitam de experiências para consolidar o aprendizado.
Há, ainda, quem prefira uma metodologia diferente, dependendo do conteúdo e de sua disposição naquele dia.
Optando pelo modelo misto, cada aluno tem acesso a ferramentas e opções que podem ser adaptadas segundo suas preferências.
Assim, podem escolher, por exemplo, entre um filme, um game ou uma atividade manual para facilitar o aprendizado.
Especialmente na fase adulta, os compromissos costumam ser uma barreira para o estudo em cursos restritos aos encontros presenciais, resultando na perda de aulas e de conhecimento.
No entanto, as diferenças no relógio biológico são reais desde os primeiros anos de estudo, quando algumas crianças se sentem bem dispostas pela manhã, ao passo que outras reclamam para levantar da cama e ir para a escola.
O b-learning propõe uma solução inteligente para essa questão, possibilitando o aproveitamento dos horários disponíveis e/ou daqueles em que o aluno se sente mais motivado para aprender.
No modelo de ensino industrial, o estudante é visto como mero expectador, que deve acompanhar as aulas e obedecer ao que é solicitado pelo professor.
Mas essa abordagem está se tornando ultrapassada à medida que novas gerações chegam às instituições de ensino, prezando pela flexibilidade e adequação aos formatos interessantes para elas.
Isso porque, no mercado de trabalho atual, a aquisição da habilidade vale muito mais do que o diploma, o que tem levado os alunos a valorizar tarefas e informações úteis para o seu dia a dia.
Com o BL, eles são empoderados, dispondo de autonomia para decidir sobre os momentos, ritmo de estudo e até modalidades de avaliação.
A autonomia dá ao estudante a liberdade de ser sincero e construir uma relação de proximidade com o educador.
Afinal, o papel dos professores muda no ensino híbrido, passando de detentores do conhecimento e responsáveis por cobrar a realização de atividades para tutores que facilitam o processo de ensino-aprendizagem.
Em vez de, simplesmente, conversar com o educador na sala de aula, o aluno pode entrar em contato via chat e outros apps ofertados pelo blended learning, aprimorando a trajetória de estudos com a opinião de um profissional gabaritado.
O BL resolve a falta de contato presencial entre os colegas, permitindo que eles se encontrem durante as aulas e debates feitos pessoalmente.
A vantagem é que, ao se encontrarem, todos já estudaram a respeito do tema proposto para o dia, sentindo-se mais confortáveis para fazer debates, compartilhar e defender seu ponto de vista.
O blended learning otimiza os custos para os alunos, diminuindo despesas com deslocamento constante, refeições, etc.
Porém, escolas, faculdades, centros de ensino ou empresas acabam investindo muito mais em plataformas, tecnologia e sistemas para proporcionar uma qualidade que garanta uma boa experiência aos alunos. Um curso digital necessita ser tão bom quanto uma aula presencial. Em algumas situações, até melhor.
Simultaneamente, ele mantém as interações humanas, tão importantes para a construção de conhecimentos sólidos, derrubada de preconceitos e desenvolvimento da empatia.
A era digital está tomando todas as esferas da vida humana, o que pede uma afinidade com as ferramentas tecnológicas.
Modelagens tradicionais vão na contramão dessa necessidade, exigindo silêncio e atenção total por parte da classe para que o conhecimento seja transmitido.
Um exemplo característico é o impedimento de que alunos olhem o celular durante as aulas.
O blended learning, por outro lado, insere ferramentas tecnológicas na sala de aula e no processo de aprendizagem como um todo, proporcionando seu uso em prol do ensino.
Esse fator contribui para a educação digital dos estudantes de todas as idades, que não só têm contato, como empregam diariamente esses mecanismos em sua rotina de aprendizado.
O resultado é que aprendem a gerir seu próprio tempo, escolher os recursos adequados e se acostumam com o uso das tecnologias, favorecendo a inovação na aprendizagem e na carreira.
O blended learning mescla atividades presenciais e a distância, sendo mediado por ferramentas tecnológicas e exigindo maior empoderamento por parte dos alunos.
Essas e outras características fazem do método um dos mais promissores na atualidade, recebendo o apoio de estudiosos para facilitar a educação digital no Brasil e no exterior.
Se ficou alguma dúvida ou sugestão sobre esse tema, deixe um comentário abaixo.
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