Corporate Venturing é uma tendência que une grandes corporações e startups disruptivas em torno de objetivos em comum.
Dessas parcerias, nascem novos modelos de negócios, produtos e serviços inovadores e práticas que revolucionam o mercado.
Logo, toda empresa que se preocupa em acompanhar o ritmo da transformação digital deve conhecer o mercado de Corporate Venturing e considerar o investimento em startups e scale-ups associadas ao seu segmento.
Hoje, existem várias maneiras de se conectar com empreendedores criativos e trazer novas soluções e ideias para o seu negócio.
Nos tópicos a seguir, vamos entender como funciona o Corporate Venturing e como você pode usar essa estratégia para inovar empresas e incentivar o crescimento da nova economia.
Continue lendo e fique por dentro desse mercado promissor.
Corporate Venturing é uma expressão usada para caracterizar o envolvimento de grandes empresas com startups na busca por inovação e iniciativas empreendedoras.
Esse mercado também é conhecido como Corporate Venture Capital (CVC) e vem crescendo cada vez mais no país, devido ao interesse de corporações em extrair ideias inovadoras do ecossistema de startups e scale-ups.
Existem vários tipos de parcerias que podem ser enquadradas nesse tipo de operação, mas as mais comuns são feitas entre grandes companhias e startups que colaboram mutuamente para desenvolver novos produtos, serviços e tecnologias.
No caso, as corporações investem no negócio, adquirem-no ou patrocinam suas atividades para incorporar a inovação internamente e, ao mesmo tempo, incentivar o crescimento dos empreendedores criativos.
Logo, o Corporate Venturing é uma nova forma de colaboração entre negócios que é necessária em um mercado que muda rapidamente e passa por diversas disrupções.
As empresas tradicionais que quiserem acompanhar o ritmo da nova economia devem buscar nas startups uma fonte de inspiração e soluções inéditas.
A forma mais clássica de Corporate Venturing envolve uma grande empresa investindo recursos em uma startup ou scale-up, com o intuito de agregar suas soluções inovadoras e ter acesso a ideias com alto potencial de transformação.
No entanto, também é possível ter ações desse tipo que não envolvem a compra ou investimento de dinheiro direto em empresas, mas apenas a colaboração com outros ganhos mútuos.
Geralmente, o Corporate Venturing ocorre dentro de um segmento específico.
Por exemplo, uma grande empresa da área farmacêutica pode adquirir as chamadas healthtechs (startups especializadas em tecnologias para a área da saúde) com o intuito de extrair valor das inovações desenvolvidas.
As grandes empresas também podem promover eventos, participar de programas de aceleradoras e incubadoras, ou ainda criar hubs de inovação em parceria com startups e scale-ups.
Em resumo, toda forma de colaboração entre negócios já consolidados e empreendimentos inovadores é considerada uma atividade de Corporate Venturing.
Existem alguns tipos diferentes de Corporate Venturing que podem ser identificados no mercado.
Conheça os principais:
A pré-aceleração abrange programas de Corporate Venturing que miram startups em estágio inicial, que ainda estão desenvolvendo ideias para chegar a um MVP (Minimum Viable Product ou Produto Mínimo Viável).
No caso, o MVP é uma versão inicial de um produto ou serviço construída com o mínimo de esforços e recursos, mas de forma que seja suficiente para testar a viabilidade da solução na prática.
Geralmente, as startups desenvolvem seu MVP, que pode ser um protótipo ou até mesmo um vídeo sobre a solução, e testam a aceitação do produto ou serviço junto a um grupo selecionado de consumidores em potencial (preferencialmente, formadores de opinião).
Logo, o Corporate Venturing de pré-aceleração é voltado a startups que estão nessa fase inicial.
As grandes empresas interessadas podem investir recursos e apoiar o desenvolvimento do MVP em troca de participações na startup, por exemplo, se enxergarem que a ideia tem grande potencial no mercado.
A aceleração é um passo além do MVP no Corporate Venturing e também a forma mais comum de investimento em startups e scale-ups.
São programas de investimento promovidos por aceleradoras nos quais empresas podem fazer seus aportes em troca de equities (opções de compra de ações) de startups.
De modo geral, as aceleradoras oferecem aportes financeiros, capacitação e mentoria para que startups desenvolvam suas ideias e concretizem seus objetivos.
Dessa forma, as empresas podem entrar nesse processo como investidoras e apostar em inovações de alto potencial.
A incubação se difere da aceleração por ser um processo mais embrionário, no qual uma empresa ou incubadora oferece um espaço físico e suporte para os primeiros passos de uma startup nascente.
Nesse caso, o Corporate Venturing ocorre por meio desse apoio inicial em troca de participação na empresa, de forma semelhante à pré-aceleração.
Para startups e scale-ups que já estão estabelecidas no mercado, é possível firmar parcerias de Corporate Venture com grandes empresas do segmento.
Nesse caso, a startup deve estar em operação, independentemente do seu grau de maturidade.
Então, as empresas interessadas podem propor parcerias para compartilhamento de informações, patrocínio de lançamentos, aquisição de marcas, entre outras parcerias.
Os hackathons começaram na indústria da tecnologia e são basicamente eventos em que os participantes são desafiados a desenvolver uma solução inovadora para problemas específicos em troca de uma premiação.
Geralmente, eles reúnem profissionais como desenvolvedores, designers e engenheiros.
Logo, as empresas podem organizar hackathons com desafios e prêmios atrativos para criar suas parcerias de Corporate Venturing, adotar inovações e descobrir novos talentos.
A contratação de serviços no Corporate Venturing funciona como um incentivo ao crescimento das startups e scale-ups.
Nesse caso, grandes empresas contratam as startups no papel de “clientes-anjos”, de modo que a empresa nascente possa fornecer seus produtos e serviços de forma experimental para chegar a um modelo de negócio rentável.
Para um empreendedor em início de carreira, poder atender uma grande corporação é uma oportunidade e tanto de desenvolver o produto, atingir um nível de qualidade superior e crescer no mercado.
Já a empresa contratante tem acesso a soluções inovadoras por valores mais acessíveis e pode contribuir com a escalabilidade do negócio.
O Corporate Venture Capital (CVC) é, basicamente, um portfólio de investimentos em startups que permite obter retorno financeiro.
Nesse caso, o formato predominante de apoio são os aportes, como na lógica comum do mercado financeiro.
As grandes empresas podem investir em startups com capital próprio ou por meio de fundos de investimento.
Hoje, existem vários fundos especializados em startups e negócios inovadores, que estão disponíveis tanto para empresas quanto para investidores pessoa física.
O Corporate Venturing é uma relação “ganha-ganha” para as empresas envolvidas.
Entenda por que a seguir:
Para as grandes empresas, o Corporate Venturing é o caminho mais promissor para acessar ideias inovadoras e lidar com as mudanças rápidas do mercado.
Isso porque, nos últimos anos, vimos inúmeras indústrias passarem por processos disruptivos, que mudam as regras do segmento e extinguem grandes corporações em poucos anos.
Um exemplo clássico é o fim da Blockbuster decretado pelo modelo de negócio inovador da Netflix, que acabou com as locadoras com sua plataforma de streaming por assinatura com milhares de filmes e séries disponíveis online.
Essa é uma prova de que empresas que não se atualizam e não acompanham as mudanças nos hábitos de consumo estão fadadas ao fracasso, por maiores e mais sólidas que sejam.
Logo, o Corporate Venture surge como uma oportunidade de beber da maior fonte de inovação dos nossos tempos – o ecossistema de startups e scale-ups – por meio do financiamento e apoio a novos negócios.
Dessa forma, grandes corporações adotam essa estratégia para acompanhar o ritmo das inovações, adotar novas tecnologias e agregar valor ao negócio com investimentos de alto potencial para o futuro.
Além disso, é uma tática eficiente para expandir o público-alvo da empresa e mirar em pessoas mais jovens.
Para as startups, nada melhor do que receber aportes, recursos e patrocínio de grandes empresas interessadas no potencial de suas ideias e soluções.
Muitas vezes, os empreendedores criativos têm insights valiosos e planos estratégicos certeiros, mas falta capital para colocar tudo em prática e fazer o go-to-market.
É aí que entram as empresas consolidadas com recursos financeiros para viabilizar os negócios de startups.
Além do dinheiro, a colaboração também ocorre em forma de mentorias, capacitação e orientação de gestores experientes, que têm muito a compartilhar sobre os desafios do empreendedorismo.
De modo geral, startups e scale-ups envolvidas em programas de Corporate Venturing têm mais chances de sobreviver a crises, fazer grandes parcerias, crescer e prosperar no mercado.
Os projetos de Corporate Venturing já estão consolidados no mercado global e estão se multiplicando no Brasil.
De acordo com o relatório Corporate Venturing Latam, já são mais de 460 iniciativas de cooperação entre grandes empresas e startups no país.
Na América Latina, 78% das atividades desse tipo estão concentradas no Brasil.
Outro estudo, feito pela associação de investidores BR Angels e publicado na Exame, mostra que o mercado de Corporate Venturing já movimenta mais de US$ 57 bilhões ao ano e triplicou desde 2014.
No Brasil, os valores aportados nessas parcerias subiram drasticamente nos últimos anos e dão sinais de ter ganhado força com a pandemia.
De pouco menos de US$ 1 milhão em 2016, o setor movimentou US$ 158 milhões três anos mais tarde.
Esse crescimento foi puxado, principalmente, por grandes bancos, empresas de telefonia e varejistas.
Se você ficou interessado em entrar para o mercado de Corporate Venture, temos algumas dicas importantes para essa jornada ser bem-sucedida.
Confira:
Todo investimento em Corporate Venturing deve ter um objetivo claro para a empresa.
Estes são alguns exemplos de propósitos com esse tipo de parceira:
Com esse objetivo claro, você terá mais chances de encontrar uma parceria compatível com as metas da organização.
Buscar os empreendedores com maior potencial de inovação para o seu negócio é o maior desafio do Corporate Venture.
Afinal, a empresa precisa desenvolver uma solução alinhada ao seu core business, estar dentro dos critérios de seleção e ainda ter sinergia com sua cultura organizacional.
Felizmente, hoje, você tem vários canais para procurar essas parcerias, como hubs de inovação, plataformas de investimento e crowdsourcing, espaços de coworking, aceleradoras, incubadoras, etc.
Uma dica é assinar a newsletter Inside Venture Capital Brasil, que traz novidades sobre as movimentações mais importantes do mercado e oportunidades para investidores.
Naturalmente, você vai precisar de um processo seletivo para escolher as startups que mais se encaixam nas suas expectativas e necessidades de Corporate Venturing.
Você deverá definir critérios como:
Quando você cria um programa de Corporate Venturing, precisa atrair as melhores startups e scale-ups para aumentar suas chances de sucesso.
Logo, não basta criar uma extensa lista de exigências: é preciso oferecer incentivos que convençam os empreendedores criativos.
Você pode oferecer, por exemplo:
Um exemplo marcante de Corporate Venturing é a iniciativa da Microsoft, que possui um braço voltado às parcerias com startups e juntou-se ao Sebrae e ao fundo M8 Partners para promover o empreendedorismo feminino.
O programa se chama Women Entrepreneurship (WE) e tem como objetivo apoiar empresas com lideranças femininas com recursos que somam mais de US$ 100 milhões.
Podem participar do programa startups das áreas de ESG, open banking, open finance, cyber security, legaltech, taxtech, martech, rhtech e edtech.
Durante a pandemia, a área da saúde também teve suas iniciativas de Corporate Venturing para vencer o coronavírus.
No Brasil, os laboratórios de medicina diagnóstica Fleury e Sabin uniram forças para buscar novas ideias em parcerias com startups.
Em agosto de 2021, já sob os efeitos da crise sanitária, ambas investiram na startup Prontmed, dona de sistemas de prontuários eletrônicos.
Em novembro, elas criaram o Kortex Ventures, um fundo de R$ 200 milhões voltado a investimentos em até 18 startups com inovações na saúde pelos próximos quatro anos.
Outro exemplo de Corporate Venturing é o Inovabra Ventures – o time de investimentos de venture capital que faz parte do ecossistema de inovação do Bradesco, o inovabra.
O programa foca em empresas com proposta de valor bem definida e auxilia na na construção de valor, na estruturação, no desenvolvimento e na expansão dos negócios da empresa junto aos empreendedores.
Os principais segmentos atendidos são insurtech, healthtech, data analytics, big data, conectividade digital e cyber security, e os três pilares usados para investimento são algoritmos, plataformas digitais e infraestrutura.
Há diversos cursos e formações que podem ajudar você a mergulhar no universo de Corporate Venturing e elaborar projetos nessa área como parte de sua profissão.
Um deles é o curso Inovação e Empreendedorismo para Startups e Fintechs, da Fundação Instituto de Administração (FIA).
O curso oferece uma formação importante em modelagem de negócios digitais com ênfase em empresas do segmento financeiro, que constituem um dos maiores mercados de startups do Brasil.
Nele, você entenderá os elementos transformadores desses negócios atuais, os marcos regulatórios atuais, processos de desenvolvimento de soluções integradas e tendências de mercado do ecossistema de inovação.
Essa pode ser uma base interessante para entender o cenário das startups e iniciar sua jornada de capacitação no Corporate Venture.
Depois de conhecer o mercado de Corporate Venture, fica claro por que cada vez mais empresas consolidadas buscam o frescor das startups para renovar seus negócios e aumentar sua competitividade.
Com o crescimento dessas operações, aumenta também a demanda por profissionais capazes de intermediar parcerias e entender os dois universos, de modo a conectar corporações a startups e scale-ups.
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