A produção de commodity tem peso significativo no desenvolvimento econômico de países com recursos naturais e áreas cultiváveis em abundância.
É o caso do Brasil, que produz e exporta commodity para diversos países, como China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Espanha.
Trata-se de um mercado trilionário, que movimenta cadeias produtivas inteiras e tem forte participação no Produto Interno Bruto (PIB).
O Brasil produz e exporta diferentes tipos de commodities, sendo a soja (commodity agrícola) a top 10 em 2020.
Mas as commodities vão além da economia real.
Elas fazem parte também do mercado de capitais, na forma de ativos financeiros, acessíveis a todos os investidores.
Mesmo que você nunca tenha visitado uma fazenda de gado, é possível lucrar com commodity.
Interessado em saber como? Vamos ver como o investimento funciona e muito mais nos seguintes tópicos deste conteúdo:
Boa leitura!
Commodity é um produto básico comercializado em larga escala em estado bruto ou com baixo grau de industrialização.
Geralmente destinado ao mercado externo, a commodity (mercadoria, em português) serve como matéria-prima para a produção de outros bens.
A soja, por exemplo, supre longas cadeias de produção industrial, que inclui biodiesel, alimentos, nutrição animal, dentre outras.
Commodity não tem valor agregado.
Seu preço é definido pelo mercado internacional, geralmente cotado em dólares, independente da origem da produção.
O minério de ferro extraído em Minas Gerais, por exemplo, tem o mesmo valor de mercado do minério de ferro produzido no Pará.
Isso ocorre porque toda commodity tem características padronizadas.
Nem toda matéria-prima é considerada uma commodity, mesmo que o produto seja padronizado e sem marca.
Para entrar para as categorias das commodities, um produto precisa preencher alguns pré-requisitos, como:
Os ciclos das commodities, de maneira geral, acompanham os ciclos econômicos.
Vimos que os preços das principais commodities, que são insumos básicos para a produção dos mais variados produtos, oscilam conforme a dinâmica internacional.
Se a oferta está maior do que a demanda, a tendência é de queda nos preços.
Se há mais demanda do que oferta, os preços tendem a subir. Funciona assim em todos os mercados.
Com a globalização, a economia mundial se transformou em uma imensa engrenagem que funciona de maneira interligada.
Ao observar dados históricos, é possível perceber que a economia se move em ciclos: boom, recessão, depressão e recuperação.
Na fase do boom econômico, há uma demanda maior por commodities, principalmente por países em franco crescimento, e os preços disparam.
Nas fases seguintes (recessão e depressão), a oferta de commodity supera a demanda e os preços caem.
Nos primeiros sinais de recuperação, o mercado percebe que um novo boom está por vir, a demanda por commodities aumenta de novo e os preços voltam a subir.
Obviamente, nem todas as commodities se comportam da mesma forma.
A produção agrícola, por exemplo, tem ciclos específicos (safra e entressafra) e está sujeita às condições climáticas nem sempre previsíveis.
Se falta soja e milho no mercado, os impactos são imediatamente refletidos no preço.
Se há uma supersafra e a produção supera as expectativas, o efeito é o contrário.
As commodities agrícolas andam em ritmo diferente, por exemplo, das commodities minerais, que não estão sujeitas aos períodos de plantio e colheita.
Além do mais, diversos outros acontecimentos podem interromper um ciclo de alta ou de baixa nos preços.
É o caso, por exemplo, da pandemia de Covid-19, que alterou o fluxo de todos os mercados.
No contexto econômico, as commodities têm papel relevante, tanto no desenvolvimento da economia real quanto no mercado de capitais.
O Brasil, por exemplo, é um importante produtor mundial de commodity.
Isso significa que o país depende da dinâmica do mercado internacional para garantir o crescimento do PIB, arrecadação de impostos e geração de emprego e renda.
As fases de retomada econômica, como os períodos pós-crise, geralmente provocam o boom das commodities, o que é benéfico para países como o Brasil.
Além da economia real, que é onde ocorre efetivamente o fluxo de bens e serviços, as commodities movimentam também a economia financeira.
Por meio do mercado de capitais, investidores e especuladores compram e vendem diversos ativos financeiros, cujo valor deriva de commodities ou de empresas de commodities.
A B3, por exemplo, permite a negociação de contratos futuros de soja, boi gordo, açúcar, café, etanol, milho, dentre outros produtos.
É possível, ainda, comprar ações e BDRs de empresas mineradoras e agropecuárias, cotas de fundos de investimento e participar indiretamente do mercado.
As commodities são classificadas pelo mercado em diferentes grupos, tipos e subtipos.
Os principais tipos se encaixam em duas grandes categorias:
Mas há outras formas de classificação, como as destacadas a seguir.
As commodities minerais fazem parte das hard commodities e são extraídas da natureza.
São exemplos: minério de ferro, ouro, cobre, petróleo e gás natural.
Boa parte desses produtos são usados em cadeias produtivas que sustentam a infraestrutura.
As commodities agrícolas integram as soft commodities (commodities leves) e estão muito ligadas à necessidade alimentícia.
São exemplos: soja, milho, café, proteína animal, trigo, algodão e laranja.
Além da cadeia de produção de alimentos, as commodities agrícolas são úteis também ao desenvolvimento de outros setores.
A partir da soja, por exemplo, é possível produzir o biodiesel.
São consideradas commodities financeiras os produtos financeiros básicos de uma economia.
Dentre os principais, podemos citar as moedas (dólar, euro, libra, real, yuan, iene), ETFs (fundos que replicam o desempenho de índices) e títulos públicos.
Commodities ambientais, por sua vez, são recursos naturais produzidos em condições sustentáveis.
Dentre as matrizes das commodities ambientais, destacam-se água, energia, madeira reflorestada e reciclagem.
A volatilidade de preços de uma commodity, percebida principalmente no mercado financeiro, ocorre em função da demanda e da oferta do produto em escala global.
Vimos que as commodities são cotadas internacionalmente, geralmente em dólares, e com pouca interferência de seus produtores sobre a formação de preços.
Por mais relevante que um produtor de soja brasileiro seja, suas decisões terão pouca ou nenhuma influência na volatilidade da cotação do produto devido ao tamanho do mercado.
As commodities tendem a acompanhar os ciclos econômicos, com alta de preços em momentos de recuperação e baixa em momentos de recessão e depressão.
Como a maioria dos produtos básicos demandados internacionalmente integram o mercado financeiro, as variações de preço são percebidas praticamente em tempo real.
Volatilidade é um risco de mercado.
Para os produtores de commodities, há sempre incertezas quanto ao preço futuro do produto.
Safra, entressafra, problemas em países que são grandes consumidores de commodities, eventos climáticos, dentre outros fatores, mexem com as cotações.
Os envolvidos no mercado de commodities geralmente adotam estratégias, como os derivativos, para se proteger do risco de mercado.
Mas a volatilidade também pode representar oportunidade.
Diversos investidores e especuladores se aproveitam do sobe e desce dos preços para montar posições em busca de resultados no curto, médio ou longo prazo.
Quando os preços dos produtos básicos estão em alta no mercado, o termo boom das commodities aparece com frequência nos noticiários.
Essa fase geralmente é marcada pelo aquecimento da demanda, principalmente em momentos de recuperação econômica.
As fases de recuperação são precedidas por crises generalizadas, como o estouro de bolhas, pandemias sanitárias, guerras, dentre outras.
A recuperação geralmente é marcada pelo esforço de empresas e governos em recolocar a economia nos trilhos.
Para isso acontecer, é necessário investimento, por exemplo, em infraestrutura, o que demanda commodities e pressiona os preços para cima.
O mercado de commodities está aquecido com a reabertura das atividades econômicas após o período mais crítico da pandemia.
Algumas matérias-primas, como o cobre e o minério de ferro, alcançaram máximas históricas em 2021.
Dois fatores contribuem para a disparada dos preços: a demanda aquecida por commodities na China e nos Estados Unidos.
E os problemas enfrentados pelas cadeias de produção devido às medidas restritivas de distanciamento social para conter o avanço do coronavírus.
O preço da tonelada do minério de ferro, importante commodity brasileira, saiu de cerca de US$ 60 em meados de 2015 para mais de US$ 190 em 2021.
Foi a maior cotação em 16 anos.
O índice de preços de commodities do Banco Mundial indica um novo superciclo, como os ocorridos na década de 1970 e de 2000.
Os gráficos mostram que os preços de energia, produtos agrícolas, minerais e metais preciosos estão em aparente tendência de alta.
De acordo com um estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, 63% de toda exportação brasileira é commodity.
Pelos critérios da pesquisa, o país é considerado dependente desse tipo de produto, dado o peso das matérias-primas na balança comercial.
Tanto que há uma correlação positiva entre o PIB e os preços das commodities no mercado internacional.
Assim como outros países produtores de commodities, o Brasil surfa os superciclos e sofre nos períodos de arrefecimento global.
Por ser um país de grande extensão territorial e com recursos naturais em abundância, o Brasil produz principalmente as commodities agrícolas e minerais.
A produção no campo, por exemplo, é referência mundial, tanto em quantidade quanto em qualidade.
Da porteira para dentro, as fazendas brasileiras são modelos no que diz respeito à tecnologia aplicada à produtividade.
O Brasil é líder mundial na produção e exportação de diversos tipos de commodities, com destaque especial para a soja.
Somente em 2020, a soja representou 13,7% do total de exportações do país e 63,3% das exportações de todo o setor agropecuário.
Os dados são do Comex Stat (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços).
As principais commodities brasileiras são:
Você pode investir em commodities de diferentes maneiras através das possibilidades do mercado financeiro.
É possível se expor a uma commodity específica ou participar do mercado de forma indireta, em uma abordagem mais passiva.
A seguir, confira as principais formas de investir nesse mercado.
Uma das maneiras de investir em commodity é comprando ações ou BDRs de empresas que produzem matéria-prima.
Os preços das ações são influenciados diretamente pelo preço da commodity no mercado internacional.
Do mesmo modo, o resultado das companhias também depende da cotação da matéria-prima.
É importante atentar-se, ainda, à variação cambial, que impacta tanto o preço quanto os resultados.
Quem compra ações pode obter ganho de capital ou lucrar com o recebimento de dividendos.
Você também pode comprar e vender contratos de sacas de soja ou de arrobas de boi gordo, mesmo não sendo produtor.
Isso é possível por meio dos derivativos, instrumentos do mercado financeiro que permitem especular em busca de ganhos no curto prazo.
Na bolsa de valores, as principais operações com derivativos ocorrem no mercado futuro, por meio dos contratos futuros.
São operações alavancadas (permitem movimentar valores acima do que o investidor tem em conta), que servem para especular ou proteger investimentos (hedge).
Se você não se sente confortável com o mercado futuro, ações ou BDRs, os fundos de investimentos podem ser uma boa opção.
Por meio de fundos, um gestor profissional fica responsável pela alocação, conforme a política e o regulamento.
É possível investir também através de ETFs negociados em bolsa, geralmente com taxas de administração menores por serem fundos passivos (que seguem determinado índice).
As commodities são produtos essenciais à sobrevivência humana e ao desenvolvimento das nações.
No caso do Brasil, representam mais de 60% de todo volume de exportação.
Diante disso, faz sentido investir em commodity, seja ativamente por meio do mercado de ações e derivativos, seja através de fundos de investimentos e ETFs.
Commodities são voláteis por natureza e o investidor precisa considerar os riscos de mercado.
Os aportes devem obedecer, portanto, a uma estratégia de diversificação que considere o perfil e o objetivo de cada um.
Diversas empresas de commodities, de setores e tamanhos diferentes, têm ações negociadas na B3.
Petrobras e Vale são as maiores e mais conhecidas, mas nos últimos anos várias companhias fizeram IPOs e vêm ganhando destaque.
Confira, a seguir, algumas empresas de commodities com ações negociadas na bolsa:
Como vimos, a demanda por commodity é global e constante, principalmente em países como China e Estados Unidos.
São insumos básicos que abastecem longas cadeias produtivas, gerando emprego e renda.
Sem commodities, não há investimento em infraestrutura, nem produção de alimentos.
Para os países produtores, como o Brasil, fases de retomada econômica significam ciclos de abundância.
Os investidores que entendem a dinâmica desse mercado e sabem aproveitar as oportunidades, conseguem surfar os bons momentos.
Mas, como vimos, há riscos a serem considerados e o investidor precisa estudar se quiser obter êxito.
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