Construir cidades sustentáveis implica em pensá-las não apenas do ponto de vista econômico e social, mas também do ambiental.
Essa evolução resulta em opções criativas para diminuir as emissões de carbono, a degradação dos ecossistemas e a poluição da água, ar e solo.
Presentes em uma série de países, as soluções nesse sentido mostram a ligação entre preservação do ambiente, inclusão social e prosperidade econômica.
Ao escolher o caminho do equilíbrio, municípios acumulam benefícios, como a redução no tráfego de veículos e congestionamentos e no desperdício de energia elétrica, além da maior eficiência no aquecimento de residências em territórios frios.
Quer saber mais sobre essa estratégia, o que já é realidade e conhecer os eixos do Programa Cidades Sustentáveis? Então, é só continuar lendo.
Acompanhe os assuntos comentados a partir de agora:
Boa leitura!
Cidades sustentáveis são aquelas que alinham seus padrões de vida, produção e consumo com base em uma combinação entre aspectos econômicos e socioambientais. Em vez de promover um crescimento e consumo desordenados, adotam políticas públicas e ações que impactam positivamente a sustentabilidade.
Isso pode se dar com ações que envolvem mobilidade, matriz energética, educação e destinação de resíduos, entre outras áreas.
Lembrando que a sustentabilidade é um propósito para toda a humanidade, uma vez que hábitos como o consumismo estão levando recursos naturais ao esgotamento, além de destruir espécies da flora e fauna e provocar uma crise climática preocupante.
Diante desse quadro, a sustentabilidade virou alvo dos países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU), que deverá ser alcançado a partir dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Divididos em 17 tópicos, os ODS estão fundamentados em 5Ps:
Essas metas requerem ações em nível global, regional e local para que sejam alcançadas, e a demanda local precisa incluir estratégias de desenvolvimento sustentável para as cidades.
Afinal, desde 2009 os centros urbanos já são o lar da maior parte da população mundial, carecendo de iniciativas que favoreçam a vida em harmonia com os ecossistemas, sem deixar de lado o progresso e a inclusão social.
Ao disseminar os ideais dos ODS em nível local, mobilizações como o Programa Cidades Sustentáveis ajudam a reverter os efeitos nefastos da exploração da natureza, enquanto criam uma sociedade mais consciente e com espírito de colaboração.
Não exatamente.
A confusão entre os conceitos faz sentido, uma vez que as cidades inteligentes devem atentar à sustentabilidade, ao passo que as cidades sustentáveis tendem a se tornar inteligentes.
Calma que já vamos explicar melhor essa história.
Uma cidade inteligente emprega tecnologias da informação e comunicação (TIC) para otimizar os serviços ofertados para seus cidadãos, melhorando toda a sua infraestrutura.
Acontece que, nesses processos, é comum que seus governantes optem por ferramentas sustentáveis, pois elas agregam eficiência à rotina e ajudam a entregar mais qualidade de vida aos moradores.
É o que ocorre, por exemplo, quando os gestores municipais investem na despoluição de rios através de biotecnologia – solução que alinha os princípios de uma cidade inteligente e sustentável.
Afinal, ela contempla uma elevação do padrão de vida da população, que passa a contar com mais uma fonte de recursos hídricos, e ainda colabora para o desenvolvimento sustentável ao recuperar os rios.
É por isso que os estudos e rankings sobre cidades inteligentes costumam incluir indicadores de sustentabilidade, como poluição e gestão sustentável.
Não existe um padrão com ações para as cidades sustentáveis, sendo que as principais se destacam por diferentes iniciativas.
O importante é que haja uma atuação contínua em prol de um desenvolvimento sustentável, alinhando a prosperidade ambiental, econômica e social.
Para tanto, trazemos aspectos comuns, inspirados em cidades sustentáveis espalhadas pelo mundo.
Governos não são os únicos atores que impulsionam um município rumo à sustentabilidade – no entanto, sua participação é crucial.
Isso porque eles dispõem de mecanismos de incentivo a boas práticas e sanções para atividades que prejudiquem as comunidades e o meio ambiente, como as legislações.
Por meio dessas normas e do investimento em educação ambiental, é possível transformar ideias em realidade, sanando problemas de várias origens.
Um dos segmentos de destaque entre os territórios sustentáveis é a mobilidade urbana, com o reforço de hábitos que reduzem a emissão de carbono e outros gases de efeito estufa (GEE), vilões que estão por trás do aquecimento global.
Para reverter o cenário atual, caótico, há cidades que investem em infraestrutura para o transporte público, a fim de que seja priorizado por mais gente, e em meios alternativos como o uso de bicicletas e caminhadas.
Portanto, ruas e calçadas são adaptadas para facilitar a circulação de ciclistas e pedestres, o que beneficia pessoas com alguns tipos de deficiência, como a visual.
Contrariando a tendência desordenada que fez crescer metrópoles como São Paulo, as cidades sustentáveis planejam seu desenvolvimento, englobando demandas ambientais e sociais.
Assim, diminuem as chances de surgirem aglomerações desestruturadas, como as favelas, e ocupações irregulares de encostas ou outros locais de risco.
Cidades mais avançadas no caminho da sustentabilidade já incluem esse ideal em suas construções, elevando a resiliência e colaborando para a recuperação em caso de desastres e acidentes.
É o caso das famosas edificações de Tóquio, Japão, cujos materiais e design são pensados para conferir flexibilidade e mitigar os efeitos de terremotos, comuns na região.
Se, em um primeiro momento, a urbanização destruiu matas e florestas, nos dias de hoje, os centros urbanos amargam os impactos dessa prática destrutiva.
Solos e rios ficaram desprotegidos, sendo degradados com maior facilidade.
A falta de áreas verdes também dificultou a captação da água da chuva, facilitando problemas como enchentes.
Por isso, a arborização e conservação da vegetação nativa devem fazer parte dos compromissos das cidades sustentáveis.
Como a ideia é reduzir a poluição do ar e o efeito estufa, é essencial cortar desperdícios e diminuir o consumo exacerbado de energia elétrica.
Outro ponto importante é a mudança na produção energética, alternando sua matriz e preferindo fontes de energia sustentável e renovável para dispensar o uso de combustíveis fósseis.
Programa Cidades Sustentáveis (PCS) é uma iniciativa criada para materializar os ODS das Nações Unidas, fornecendo conhecimento, instrumentos e metodologias para que os governos locais os apliquem à sua realidade.
Seu propósito é disponibilizar materiais de apoio à gestão pública e ao planejamento urbano integrado, incluindo medidas para a redução da desigualdade social e estímulo à participação dos cidadãos nas decisões que afetam o município.
Afinal, a sustentabilidade é um ideal que exige a participação popular, uma vez que o consumo deve ser feito de maneira mais responsável e consciente.
De acordo com o site oficial do programa, ele pode ser definido como uma
“Agenda de sustentabilidade urbana que incorpora as dimensões social, ambiental, econômica, política e cultural no planejamento municipal.”
Entre povoados e grandes metrópoles, mais de 200 territórios brasileiros participam da mobilização, estruturando ações em prol de um desenvolvimento sustentável.
Vale citar, dentre as principais funcionalidades da iniciativa:
O programa conta, ainda, com uma estrutura de 12 eixos temáticos, monitorados por meio de 260 indicadores.
Os temas reúnem ações locais, inseridas em uma estratégia de desenvolvimento sustentável pensada para as cidades.
Cada um funciona a partir de um aspecto geral, passando por objetivos específicos e chegando até os indicadores.
Por exemplo, o primeiro eixo – Ação local para a saúde – engloba iniciativas como saneamento básico para todos, acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), coleta e destinação correta para o lixo, disponibilidade de locais e profissionais de saúde, etc.
Desnutrição infantil, excesso de peso em adultos, mortalidade materna e orçamento municipal de saúde per capita são alguns dos indicadores usados para acompanhar esse assunto.
Abaixo, veja a lista completa com os 12 eixos:
Além das vantagens ambientais e econômicas, as cidades sustentáveis apostam em soluções que melhoram a qualidade de vida de seus habitantes.
Na área de mobilidade, o incentivo para caminhadas e uso de bicicletas tem reflexos que superam a diminuição de gases de efeito estufa na atmosfera.
Há, ainda, redução na poluição do ar, resultando em prevenção de doenças respiratórias e de fatores de risco como a obesidade.
Diabetes, câncer e males cardiovasculares são exemplos de enfermidades desencadeadas ou agravadas pela obesidade, e a principal arma contra ela é a prática de atividades físicas.
Quando não há infraestrutura adequada, a população se vê obrigada a usar carros particulares para se locomover, e o raciocínio oposto também é verdadeiro.
A criação de espaços arborizados, como parques e praças públicas, é outra característica de territórios sustentáveis que contribui para uma vida mais ativa, menos estressante e mais divertida.
Em vez de buscar atrações em ambientes fechados e pagos, a população pode desfrutar de momentos prazerosos junto à natureza, recarregando as energias do corpo e da mente.
No campo alimentar, territórios que prezam pela sustentabilidade podem investir em produtores locais e iniciativas como as fazendas urbanas, a fim de aumentar a oferta de itens orgânicos e saudáveis a preços acessíveis nas cidades.
Há mais de uma resposta ou ranking com as cidades mais sustentáveis do planeta, dependendo dos requisitos avaliados e da instituição responsável pelas listas.
De qualquer forma, vale tomar como referência os territórios que fazem parte da Rede de Grandes Cidades para a Liderança Climática C40.
Atualmente, ela é formada por mais de 85 municípios focados no debate sobre mudanças climáticas e de que forma os centros urbanos podem responder às questões relacionadas a esse assunto.
Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo participam dessa iniciativa.
Mas, se a ideia é elencar as cidades sustentáveis, vale observar o ranking do Sustainable Cities Index 2016, elaborado pela consultoria Arcadis e o Centro de Economia e Business Research, do Reino Unido.
Confira, abaixo, as 10 mais bem posicionadas.
Com uma rede de transporte público eficiente e uma meta ambiciosa para o consumo energético até 2050 (2.000 watts per capita), a cidade ocupa a primeira posição da lista.
Moderno e bastante arborizado, o território mostra a diferença de um planejamento sustentável, combinando ações privadas a políticas públicas que desfavorecem o uso de carros particulares.
Capital sueca, Estocolmo se destaca por transformações promissoras, como circuitos fechados que fornecem eletricidade e água para o distrito ecológico Hammarby Sjöstad, que antes abrigava indústrias.
Qualidade de vida é um dos pontos fortes de Viena, que busca pela autossuficiência energética junto a soluções sólidas em moradia, segurança e transporte público.
Os famosos ônibus vermelhos da capital inglesa são adaptados para emitir menos gases poluentes, e há iniciativas de valorização da economia e cidadania.
Centro econômico no país, oferece vastas oportunidades de trabalho e lazer.
Em alta devido a suas políticas sociais bem-sucedidas, a capital da Coreia do Sul também investe na recuperação de rios e seus arredores, diminuindo a poluição.
A conscientização ambiental e as opções ecológicas de lazer fazem do município populoso uma boa opção em relação ao desenvolvimento sustentável.
É mais um centro econômico que ganhou sustentabilidade a partir do fomento a soluções de mobilidade urbana, melhorando o transporte público.
Reconhecida pela qualidade de vida dos habitantes, Munique aposta na energia renovável como diferencial, tendo por meta se tornar a primeira cidade a ter a demanda energética totalmente suprida por fontes sustentáveis.
No Brasil, o principal ranking que inclui o desenvolvimento sustentável é divulgado anualmente no evento Connected Smart Cities, por meio de relatório da consultoria Urban Systems.
Além do meio ambiente, o estudo avalia indicadores como saúde, educação, urbanismo e energia para determinar quais são os municípios mais inteligentes do país.
A seguir, trazemos detalhes sobre as 3 cidades mais bem classificadas em 2020: São Paulo (SP), Florianópolis (SC) e Curitiba (PR).
Campinas (SP), Vitória (ES), São Caetano do Sul (SP), Santos (SP), Brasília (DF), Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (BH) completam o top 10 de municípios brasileiros inteligentes e sustentáveis.
Com quase 12 milhões de habitantes, a capital paulista é a maior cidade da América Latina, fazendo frente a desafios como a preservação de áreas verdes e o transporte da população que, diariamente, atravessa o município para chegar ao trabalho.
Um marco para a promoção de mudanças ocorreu em 2014, quando o Plano Diretor Estratégico teve ampla participação cidadã, sendo aprimorado através de 114 audiências públicas e 10.147 contribuições, com mais de 25 mil pessoas envolvidas no processo.
Ônibus elétricos e expansão da área ferroviária são propostas que começaram a se tornar realidade nos últimos anos.
A cidade catarinense conta com um plano detalhado rumo à sustentabilidade, além de implementar medidas como o IPTU sustentável.
O uso de tecnologias ecologicamente corretas é incentivado por meio de desconto no imposto, concedido para quem investe, por exemplo, em:
A capital paranaense possui mais de 30 locais de preservação da natureza, 64 m² de área verde por morador e índices baixos de poluição.
Conta, ainda, com uma rede de transporte público diferenciada, com corredores de ônibus e veículos confortáveis.
Cidades sustentáveis partem de esforços conjuntos entre governos, ONGs, iniciativa privada e cidadãos, que sugerem e aperfeiçoam soluções para o desenvolvimento sustentável.
Tomando os exemplos desses locais, observamos que é possível evoluir econômica e socialmente, em harmonia com a natureza para garantir a oferta de recursos indispensáveis para a qualidade de vida das próximas gerações.
Cabe a cada um de nós fazer a sua parte na busca por maior resiliência, inclusão social e preservação ambiental.
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