IPO: O que é, Para que Serve e Como Investir

IPO é uma sigla que fascina tanto investidores em busca de uma boa rentabilidade no futuro quanto administradores de grandes empresas que querem expandir.

A chamada oferta pública inicial representa um novo universo a ser explorado por quem está acostumado com investimentos e modelos de financiamento e capitalização mais conservadores.

Para quem está iniciando no assunto, procurar informações sobre os grandes IPOs da história no mercado brasileiro e mundial até pode ser uma boa porta de entrada para estimular o interesse por esse tipo de processo.

O recomendável, porém, é colocar os pés no chão, ser realista e procurar entender o beabá do IPO para minimizar os riscos da operação.

Da parte do empresário, não é qualquer companhia que tem condições de explorar essa possibilidade.

Seja pelo porte, pela estrutura, pelas perspectivas do mercado ou pelo potencial limitado do segmento em que atua.

Já quem quer fazer seu dinheiro render, precisa entender que o IPO não é para investidores conservadores.

Ou para aqueles que não têm paciência para se debruçar cuidadosamente sobre as opções que o mercado financeiro oferece.

Pelo contrário: o investimento em IPOs deve ser estratégico, uma decisão que passa por pesquisa, conhecimento e intuição do investidor.

Se você está disposto a saber mais sobre esse universo, continue a leitura.

Neste artigo, falaremos mais sobre:

  • O que é IPO? (Initial Public Offering ou Oferta Pública Inicial)
  • Para que serve o IPO?
  • O que é oferta pública no mercado financeiro?
  • Como é e como funciona a Ibovespa?
  • Qual a diferença entre IPO e OPA?
  • Principais IPOs de 2018 e 2019
  • Como investir em IPO?
  • Vale a pena investir em IPOs?

Preparado para aprender? Então, siga em frente!

Investir em um IPO exige muito cuidado e estudo antes de dar o sinal verde

O que é IPO? (Initial Public Offering ou Oferta Pública Inicial)

IPO é um processo em que uma empresa abre seu capital, passando a negociar suas ações publicamente na bolsa de valores pela primeira vez.

A sigla vem do inglês (pronuncia-se “ai-pi-ou”): Initial Public Offering, que quer dizer Oferta Pública Inicial. Um nome bastante autoexplicativo, não é mesmo?

Em outras palavras, quando uma organização conclui o processo de IPO, ela passa a ser uma empresa de capital aberto.

Isso significa que seu capital é composto por ações, que agora podem ser negociadas na bolsa de valores.

Os investidores que compram essas ações passam a ser proprietárias de uma fração da empresa.

Assim, a companhia deixa de ser exclusiva dos sócios que a fundaram, embora eles possam conservar o maior controle sobre ela.

Ao fazer essa transição, acontece uma série de mudanças na governança, na gestão, em obrigações burocráticas e na contabilidade como um todo.

A organização assume maiores responsabilidades, que demandam novos esforços de compliance.

Mas atenção, não confunda as coisas: quando falamos em IPO, ou Oferta Pública Inicial, o assunto é apenas o processo de abertura, em que as primeiras ações estão disponíveis para os investidores.

Os mesmos investidores não são obrigados a ficar para sempre com as ações que compraram.

Eles podem negociá-las com outros investidores, mas aí já não se trata mais de IPO, e sim do mercado secundário.

Já o IPO está no mercado primário, embora nem toda negociação nesse mercado se configure como IPO.

Isso porque pode a empresa pode emitir novas ações além daquelas que inicialmente foram ofertadas no IPO.

Nesse caso, a operação é chamada de follow-on, ou oferta subsequente de ações.

O IPO serve para captar recursos e muda completamente a organização da empresa

Para que serve o IPO?

Para iniciar um processo de IPO, uma empresa precisa estar muito confiante de que vai despertar o interesse dos investidores.

Ela deve ser sólida e ter um certo prestígio no mercado. Vamos explicar melhor esses e outros requisitos ou recomendações depois.

De qualquer maneira, quando o processo dá certo, ele serve principalmente para que a organização receba uma grande injeção de capital.

O que pode servir para diferentes finalidades, que explicaremos a seguir, além de listar outros propósitos do IPO.

  • Expansão: se o administrador tem a ambição de ampliar o negócio, explorando novos mercados, a injeção de capital proporcionada pelo IPO pode ser fundamental para concretizar os planos
  • Compra de outras empresas: essa expansão pode passar pela compra de concorrentes, fornecedores, negócios complementares ou empresas de mercados que se deseja explorar. Para isso, também é preciso ter muito dinheiro em caixa
  • Capital para o empreendedor: o empreendedor também pode ter projetos pessoais e desejar obter dinheiro com a venda de parte de sua participação na empresa
  • Viabilizar a saída de sócios: se um dos administradores quer sair completamente da sociedade e nenhum dos demais quiser comprar sua parte, o IPO é uma possível solução
  • Aumentar a visibilidade: o IPO é algo grande, que costuma ter uma boa cobertura da imprensa. O que desperta a atenção não apenas dos investidores, mas também de possíveis parceiros e do próprio público-alvo da empresa
  • Profissionalizar a gestão: para se tornar uma empresa de capital aberto, é preciso seguir uma série de regras de governança, gestão e contabilidade. A companhia não pode mais se dar ao luxo de apadrinhamentos em posições estratégicas.
  • Melhorar a imagem pública: a profissionalização da gestão e o cumprimento de regras de compliance fazem com que a empresa seja vista como uma marca mais séria e robusta
  • Criar um indicador de avaliação: a empresa passa a ter um grande indicador (formado por vários fatores relevantes) que sinaliza quão sólida ela é e quais as perspectivas futuras: o valor da ação.
O IPO gera grande visibilidade para uma empresa, mas exige responsabilidades novas

O que é oferta pública no mercado financeiro?

Se a empresa faz uma oferta pública no mercado financeiro, ela está abrindo a possibilidade de ter mais donos.

Além do indivíduo ou pequeno grupo de pessoas que estavam, até então, à frente do negócio como únicos proprietários.

Aqui no Brasil, depois da oferta inicial a empresa passa a ter uma Sociedade Anônima, rótulo que você deve conhecer pela sigla S.A.

A abertura, às vezes, implica em adotar uma nova estrutura administrativa. Por exemplo, com a criação de conselhos de acionistas (compostos por aqueles que têm o maior número de ações) tomando grandes decisões.

Submete-se a esse conselho o CEO (chief executive officer, ou diretor executivo), profissional contratado, responsável por executar a administração no dia a dia.

Quem não tem uma empresa, pode se interessar no IPO como um investimento. O objetivo é que a companhia se valorize no futuro, de modo que as ações compradas aumentem consideravelmente de valor .

É uma aposta tentadora, pois a avaliação comum é que, após feito o IPO, a empresa recebe bastante capital, que financia sua expansão, aumentando o valor de suas ações.

Como em um imóvel comprado na planta, é uma aposta em um processo que está ainda no início e tende a se valorizar.

No entanto, é bom destacar que a operação sempre envolve riscos. Se o segmento de mercado minguar ou a gestão for mal conduzida, por exemplo, pode não haver a evolução prevista.

É na IBOVESPA que as ações são negociadas, inclusive as que acabaram de ser disponibilizadas via IPO

Como é e como funciona a Ibovespa?

Ibovespa, também conhecido como IBOV, é o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo.

Trata-se de um tipo de sistema de pontos que indica o desempenho médio das ações mais representativas entre as que são negociadas na bolsa.

É como se fosse uma carteira de investimentos teórica composta por ações de cerca de 60 companhias de capital aberto, que representam algo em torno de 80% do volume de negociação da bolsa.

O Ibovespa funciona como um termômetro do mercado brasileiro de ações, que é reavaliado a cada três meses.

O investidor utiliza o índice e compara com o desempenho de sua carteira de ações.

Quando está abaixo do Ibovespa, o sinal de alerta deve ser ligado.

As empresas cujas ações compõem o índice podem variar com o tempo, mas a lista vai sempre englobar marcas bastante conhecidas.

Veja algumas que atualmente integram o Ibovespa:

  • Ambev
  • Azul
  • Banco do Brasil
  • Cielo
  • Iguatemi
  • Lojas Americanas
  • Lojas Renner
  • Natura
  • Magazine Luíza
  • Pão de Açúcar
  • Petrobras
  • Santander
  • Vale

Recentemente, o índice superou pela primeira vez a marca dos 100 mil pontos em seu fechamento.

Dá para colocar o IPO e o OPA como contrários um do outro

Qual a diferença entre IPO e OPA?

O IPO se caracteriza pelo processo em que a empresa abre seu capital, passando a negociar ações na bolsa de valores pela primeira vez.

A sigla, afinal, significa Oferta Pública Inicial.

Já OPA quer dizer Oferta Pública de Aquisição, processo que acontece quando o interesse dos sócios é o contrário: fazer com que a empresa volte a ter capital fechado.

Como isso ocorre?

Um acionista ou uma sociedade precisa fazer uma oferta para comprar a totalidade das ações, assumindo o controle total da organização.

Também pode ser usado o termo inglês takeover para caracterizar o processo em que o controle societário da empresa muda por meio da compra da totalidade das ações.

IPO e OPA são, portanto, processos bem distintos, praticamente contrários.

No IPO, uma empresa abre seu capital. Na OPA, ela fecha.

Para o mercado de investimentos, um IPO é considerado um acontecimento positivo, enquanto uma OPA, não.

Afinal, quanto mais empresas de capital aberto a bolsa de valores tiver, mais opções o investidor terá para diversificar sua carteira.

Especificamente para a pessoa que tem ações da empresa que está prestes a fazer uma OPA, avaliar se a operação será positiva ou negativa para ele depende de alguns fatores.

Principalmente das condições em que ele adquiriu a ação.

Em muitos casos, acaba sendo um bom negócio, pois os acionistas que adquirem o controle acionário costumam pagar prêmio. Ou seja, um percentual a mais acima do valor real da ação.

Se a ação veio em um período longo de queda após o investidor tê-la adquirido, porém, esse prêmio pode não ser suficiente para que o negócio seja lucrativo.

Quanto ao sucesso do negócio, as consequências da OPA vão depender dos planos e da competência de quem assume o controle.

O fechamento do capital pode ser motivado pelo desejo de ter mais autonomia e se livrar de incômodos, como assembleias de acionistas.

Mesmo em cenário turbulento da economia e política, ainda há IPOs sendo realizados

Principais IPOs de 2018 e 2019

O ano de 2018 foi de muita cautela no mercado, em função da crise econômica, instabilidade política e imprevisibilidade típica de um ano de eleições.

No país, apenas três IPOs foram realizados.

Dois envolvendo operadoras de planos de saúde: a NotreDame Intermédica e a Hapvida.

A outra companhia que abriu mercado em 2018 foi o Banco Inter, um banco digital que oferece opção de conta corrente gratuita.

Hapvida captou R$ 3,3 bilhões, NotreDame Intermédica R$ 2,7 bilhões e Banco Inter R$ 0,7 bilhão, totalizando R$ 6,8 bilhões movimentados nos IPOs de 2018.

No mesmo ano, duas empresas brasileiras lançaram ações no mercado internacional.

A PagSeguro levantou US$ 2,7 bilhões na Bolsa de Nova York em janeiro, enquanto a Arco Educação arrecadou US$ 194,5 milhões na Bolsa Nasdaq.

Em 2019, o Grupo SBF, realizou um bem-sucedido IPO, em que arrecadou R$ 772,2 milhões.

Os recursos serão utilizados para abertura de novas unidades das lojas Centauro, de propriedade do grupo.

O SBF já tentara abrir capital em 2018, mas adiou a operação por não ter havido um consenso interno.

Outro IPO que acontecerá em 2019 é da Neoenergia, maior grupo privado do setor de energia elétrica do país.

Segundo informações do Estadão, a demanda em volume é três vezes superior ao valor ofertado.

De acordo com informações da Reuters, a expectativa é que a operação possa movimentar até R$ 3,5 milhões.

Estava previsto para esse ano também a abertura de capital da Vamos, empresa de aluguel de caminhões, máquinas e equipamentos.

No entanto, o Grupo JSL, que atua na área de transportes e logística e é proprietário da empresa, decidiu cancelar o IPO após observar demanda insuficiente para o patamar de preço desejado.

Antes disso, outras duas empresas desistiram de abrir capital: a Tivit, da área de computação em nuvem e infraestrutura de TI, e o banco BMG.

O mercado de ações está aberto para todo mundo; mas não aja por impulso ou sem conhecimento

Como investir em IPO?

Qualquer pessoa pode investir em um IPO, mesmo que ela não tenha interesse em participar das decisões de gestão da empresa em que vai existir.

Para isso, ela precisa ter conta aberta em instituição financeira que participe da oferta, criando uma carteira de investimentos.

O dinheiro é transferido para a instituição e é a compra das ações é feita por ela.

Esse é um investimento que não deve ser feito por impulso, mas sim após muita pesquisa.

O interessado deve buscar todo tipo de informação que puder encontrar sobre a empresa da qual pensa em comprar ações.

Quais são os objetivos dela com a abertura de capital? Como pretende investir o dinheiro captado? Qual sua solidez atual e os riscos que o investimento envolve?

Ter um certo conhecimento sobre o mercado de ações é importante, pois ajuda a ter um bom referencial para saber se vale a pena investir naquelas ações.

É preciso estar ciente de que é normal haver uma grande oscilação nos preços após o IPO.

Por esse e outros motivos, o mercado de ações não é recomendado para investidores conservadores.

Não há uma regra sobre a efetividade de investir em IPOs; cada caso merece ser avaliado

Vale a pena investir em IPOs?

Não há como afirmar se vale a pena ou não investir em IPOs no geral, pois é preciso analisar as particularidades de cada caso.

Há IPOs que acabam se revelando um mau negócio. E outros que são excelentes para os investidores que apostaram no crescimento da empresa que abriu seu capital.

Alguns analistas, porém, defendem que é melhor esperar do que investir logo na primeira oferta de ações.

Segundo eles, é comum que o valor da ação caia após o IPO, para começar a subir depois.

Desse modo, o melhor momento para investir seria no período de queda.

Essa está longe de ser uma regra, pois podemos encontrar gráficos de evolução ou queda nos preços bastante distintos.

O que você deve lembrar ao considerar o investimento em um IPO é seu papel na vida daquela organização.

O investidor não estará apenas colocando seu dinheiro em um produto do mercado financeiro.

Ele está financiando os planos de expansão de uma empresa. Essa deve ser a ótica com a qual a situação precisa ser analisada.

Informe-se até onde for possível e decida se você acredita que esses planos terão sucesso. Ou, pelo menos, se o mercado daquela organização é promissor.

O IPO é um divisor de águas na história de uma empresa e você pode fazer parte dele

Conclusão

IPO é a sigla para Initial Public Offering, que quer dizer Oferta Pública Inicial.

É o nome do processo de transição em que uma empresa deixa de ter capital fechado e passa a ter capital aberto.

Isso significa que ela passa a ter ações negociadas na bolsa de valores, que qualquer pessoa pode comprar.

Desse modo, pode passar a ter milhares de acionistas e arrecadar milhões, talvez bilhões.

Conforme explicamos aqui, o IPO serve principalmente para financiar o crescimento da empresa.

Ela pode usá-lo para comprar outras companhias ou construir novas fábricas, por exemplo.

Ou, então, para abrir novas unidades comerciais, como é o caso do Grupo SBF, que realizou um bem-sucedido IPO. Com esses recursos, vai expandir unidades da loja de artigos esportivos Centauro.

Quanto ao investidor, para saber se vale a pena ou não comprar ações em um IPO, a dica é pesquisar bastante. E, com as informações, avaliar se o preço ofertado está razoável.

Navegue pelo blog da Fundação Instituto de Administração (FIA) para conferir outros artigos sobre investimentos e gestão de empresas.

Ficou com alguma dúvida sobre IPO? Deixe um comentário abaixo ou entre em contato conosco.

FIA

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