Adaptada à realidade das empresas, a análise comportamental auxilia na gestão de pessoas e na formação de equipes de alta performance.
Basta deixar de lado uma abordagem focada só na terapia e partir para o lado do autoconhecimento, motivação e perfil dos profissionais.
Assim, vai ficar mais simples impulsionar os projetos, contratar ou realocar funcionários que se identifiquem com a cultura da sua organização.
Vamos comentar, a partir de agora, os caminhos para aplicar a análise comportamental de maneira prática, potencializando os resultados do seu time.
Se desejar, navegue pelos seguintes tópicos:
- O que é uma avaliação comportamental?
- O que é análise experimental do comportamento?
- O que é psicologia comportamental?
- Qual o objetivo da análise comportamental?
- Quais os benefícios da aplicação da análise comportamental nas empresas?
- Quais são os 4 perfis comportamentais?
- Profissões relacionadas à avaliação comportamental
- Quanto ganha um analista comportamental?
Boa leitura!
O que é uma avaliação comportamental?
Avaliação comportamental é um tipo de investigação realizada para identificar padrões de comportamento de uma pessoa.
Essa expressão tem um sentido bastante amplo, podendo se referir a qualquer forma de avaliação, com ferramentas e até propósitos variados.
Mas, geralmente, a avaliação comportamental emprega recursos da análise comportamental – uma ciência que estuda as reações e interações de organismos vivos.
Partindo da premissa de que existem certos perfis de comportamento, essa área acredita que tanto o ambiente e estímulos externos, quanto as vivências e estímulos internos, colaboram para gerar as atitudes de pessoas e animais.
A análise comportamental segue as teorias do Behaviorismo, segmento relacionado à psicologia que vê no aprendizado a chave para alterar comportamentos.
Vale lembrar que, dentro do Behaviorismo, o comportamento tem um significado abrangente, incluindo palavras, sentimentos e até pensamentos.
Conforme cita este artigo de Anderson de Moura Lima:
“Definimos comportamento como a relação entre estímulo e resposta. Estímulo é uma parte ou mudança em uma parte do ambiente; resposta é uma mudança no organismo.”
Assim, o comportamento pode sofrer interferência em três níveis:
- Filogenético: interações hereditárias, que vêm da história da espécie
- Ontogenético: pessoal, fruto das experiências de cada um
- Cultural: normas e costumes sociais, restritos à espécie humana.
Foi seguindo essa linha de pensamento que especialistas investiram em ferramentas que pudessem evidenciar e medir as características dos indivíduos através de um padrão que permitisse sua comparação.
A forma encontrada foi a elaboração de testes que designam perfis comportamentais, possibilitando interferências positivas para que as pessoas desenvolvam todo o seu potencial, especialmente no trabalho.
Sabendo que o desempenho dos colaboradores é primordial para o sucesso da empresa, lideranças passaram a investir no aprimoramento profissional, tanto de habilidades técnicas como dos chamados soft skills ou competências comportamentais.
Daí a importância da análise comportamental para melhorar a performance das organizações.
O que é análise experimental do comportamento?
Análise experimental do comportamento é uma das três subáreas dentro da Análise do Comportamento.
Esse campo avalia a conduta por meio de experimentos, testes controlados e rigorosos feitos com animais ou seres humanos.
Ou seja, a análise experimental corresponde à área de pesquisa da Análise do Comportamento.
As duas outras partes dessa ciência são o Behaviorismo Radical (teorias) e Análise Aplicada do Comportamento, que reúne as práticas para interferir e modificar a conduta.
A análise aplicada é a responsável, por exemplo, pelas estratégias terapêuticas prescritas em consultas com psicólogos, que só terão seu efeito conhecido quando o paciente as pratica.
O que é psicologia comportamental?
Psicologia comportamental é outro nome para o Behaviorismo, ou seja, o estudo do comportamento como fruto da interação entre organismos vivos e o ambiente em que se encontram.
Esse campo se tornou bastante influente na Psicologia moderna, pois permitiu que a área deixasse a esfera filosófica e contasse com técnicas que podem ser testadas e aplicadas no dia a dia.
Uma das teorias que sustentam técnicas atuais fala sobre o condicionamento da conduta.
Basicamente, há duas modalidades principais de condicionamento.
A primeira se chama condicionamento clássico e usa um estímulo neutro para provocar respostas que, antes, só aconteciam diante de um estímulo natural.
Parece complicado? Então, vamos dar um exemplo real.
Tentando provar que o aprendizado pode ser conduzido através de associações, o fisiologista Ivan Pavlov combinou o som de um sino à hora de comer de um grupo de cães.
Depois, o cientista introduziu, também, a imagem de um avental branco – uniforme dos técnicos do laboratório onde os experimentos foram feitos.
Depois de um tempo, os cachorros começaram a salivar quando ouviam o som do sino, e até mesmo ao ver um avental branco, pois associavam o som e a imagem à comida.
O segundo tipo de condicionamento é o operante ou instrumental, metodologia que emprega reforços positivos e negativos para fomentar a aprendizagem.
Essa teoria usa as consequências para incentivar algumas posturas e desestimular outras, e pode ser aplicada de modo simples.
Se desejamos estudar por algumas horas, todos os dias, podemos criar um sistema de recompensas e punições.
Nos dias em que cumprirmos o combinado, faremos pequenas comemorações, assistindo a um filme de que gostamos, por exemplo.
Já quando não cumprirmos a tarefa, podemos nos privar de um alimento saboroso, como o chocolate.
Qual o objetivo da análise comportamental?
Como seres humanos, temos uma personalidade única que se manifesta através do nosso comportamento.
Apesar de existirem bases para nossa personalidade, nossa conduta sofre a influência de fatores internos e externos, e a análise comportamental ajuda a compreender esses fatores.
Em outras palavras, essa ciência auxilia no autoconhecimento e avaliação da postura das pessoas que nos cercam, fornecendo ferramentas para mudar, quando necessário.
Podemos dizer, então, que o objetivo da análise comportamental é entender como se dá a interação entre cada indivíduo e o ambiente em redor, a fim de criar estratégias de adaptação.
Dessa forma, a análise comportamental se torna importante para alcançar metas e resultados, modificar padrões prejudiciais e melhorar a qualidade de vida.
Alguém que esteja, por exemplo, com a saúde em risco por causa da obesidade, pode recorrer a diferentes avaliações para descobrir razões e comportamentos por trás dessa condição.
Ao investigar, pode identificar que está ansioso, e isso faz com que coma a toda hora, ou ingira muitos alimentos com alto teor calórico e pouco valor nutritivo.
Essa constatação possibilita o tratamento da raiz do problema, estabelecendo práticas que diminuam a ansiedade e quebrem sua associação com a comida.
O mesmo raciocínio se aplica a outras áreas da vida, como nas finanças, relações interpessoais e carreira.
Quais os benefícios da aplicação da análise comportamental nas empresas?
Investir na análise comportamental agrega benefícios para gestores, equipes e para os próprios funcionários.
Isso porque, para que uma organização seja inovadora e competitiva no mercado, é preciso apostar na diversidade, unindo profissionais com experiências e perfis diferentes.
Só que, ao juntar uma mão de obra diversa, a tendência é que aumentem os conflitos, pois há opiniões divergentes.
Daí a necessidade de saber quais perfis fazem parte das equipes e qual a melhor maneira de lidar com cada um deles.
E a análise comportamental auxilia nessa tarefa.
Abaixo, detalhamos as vantagens que essa disciplina oferece no trabalho.
Benefícios para gestores
Conforme explicamos acima, a identificação dos perfis presentes em uma companhia permite uma gestão aprimorada, mediando possíveis conflitos com sucesso.
Afinal, o gestor terá informações que vão além da formação acadêmica e experiências profissionais de cada um, reconhecendo sua conduta no dia a dia.
Esses dados permitem, inclusive, que as pessoas mais adequadas assumam atividades e projetos relacionados ao seu perfil.
Se um empregado com função operacional tem as características da liderança, por exemplo, ele pode assumir a frente em projetos menores e receber treinamento para gerenciar um time no futuro.
Seguindo esse raciocínio, fica mais simples direcionar a área de Recursos Humanos para melhorar o recrutamento e seleção de candidatos.
Nesse cenário, RH e gestores podem traçar o perfil desejado para uma vaga em aberto e fazer dele um dos quesitos para escolher a pessoa mais apta ao trabalho.
Assim, aumenta o alinhamento entre as expectativas de novos funcionários e das empresas, dispensando gastos com uma possível demissão e um novo processo seletivo.
Ao estudar as equipes e departamentos, também ficará evidente quais precisam receber capacitação.
Benefícios para equipes
Para ter sucesso, as empresas dependem da performance de suas equipes, e a análise comportamental contribui para o seu fortalecimento, em vários níveis.
Desde a etapa de formação dos times, é útil reconhecer as características essenciais que eles precisam ter para cumprir os objetivos.
Uma equipe de vendas, por exemplo, pede uma postura ativa e, por vezes, mais agressiva para captar clientes, junto a uma ampla capacidade de comunicação e influência.
Unir funcionários com perfis complementares – executor e comunicador – será uma receita de sucesso para esse time, concorda?
Outra vantagem de aplicar a avaliação da conduta é a diminuição da rotatividade (turnover), uma vez que os talentos dos colaboradores serão valorizados e aplicados.
Assim, eles se sentem mais satisfeitos com o trabalho, o que reduz as chances de buscarem novas oportunidades profissionais – e, por consequência, desfalcarem seus departamentos.
Benefícios para os profissionais
Atuando em locais em que se sentem valorizados, os profissionais ganham motivação no trabalho.
Também se tornam mais produtivos, já que suas tarefas não serão feitas apenas por obrigação, mas por reconhecerem que fazem a diferença na empresa.
Caso se interessem pelo estudo de seu perfil, os funcionários podem aprofundar o autoconhecimento e aperfeiçoar suas competências.
O segredo está no fortalecimento de aspectos positivos e no desenvolvimento de habilidades interessantes para sua carreira e propósito de vida.
Quais são os 4 perfis comportamentais?
Antes de classificar os perfis, vamos voltar um passo atrás e explicar no que eles consistem.
Perfis comportamentais são tipos definidos de acordo com características predominantes no comportamento.
A ideia de dividir pessoas e profissionais em perfis não foi pensada para criar estereótipos, mas, sim, facilitar o estudo de sua conduta – principalmente no ambiente corporativo.
Um analista comportamental qualificado usa essa e outras ferramentas para compreender melhor a postura dos colaboradores, indicando formas de trabalharem em equipe com eficiência.
No universo da Psicologia e Gestão de Pessoas, há diferentes classificações para traçar o perfil comportamental.
Uma delas é a metodologia DISC, que usa um inventário comportamental para traçar perfis a partir de características mais ou menos presentes no posicionamento de alguém.
De acordo com o DISC, todos temos atributos referentes a quatro perfis – Dominância (D), Influência (I), Estabilidade (S) e Conformidade (C) -, em maior ou menor quantidade.
A combinação entre os escores para cada tipo é a base da nossa personalidade, única e diferente de todos os outros indivíduos que existem.
Na avaliação DISC, a partir de um questionário simples, o participante indica com quais adjetivos ou frases mais se identifica e, no final, verifica qual o seu perfil de destaque.
Essa foi uma das primeiras ferramentas de análise comportamental aplicada, que gerou versões modernas e adaptadas, a exemplo do Profiler.
Além do perfil comportamental, essa metodologia conduz à identificação de produtividade e estilos de liderança, sendo bastante empregada em contextos ocupacionais.
Abaixo, falamos sobre os 4 tipos que compõem o Profiler.
1. Executor
Os executores gostam de se destacar, são orientados a resultados, objetivos e competitivos.
São aquelas pessoas obstinadas e persistentes, que costumam perseguir as metas a todo custo.
Portanto, este é um perfil interessante, em especial, quando há uma estratégia agressiva e objetivos desafiadores.
Graças a sua autoconfiança, pessoas executoras conseguem dar respostas rápidas e assumir riscos, colaborando para que sua equipe complete os planos traçados ou até os ultrapasse.
No entanto, podem ser impacientes, individualistas, egocêntricos e autoritários, impondo aquilo em que acreditam de forma persistente.
Para motivar esse perfil, apresente desafios com frequência, vá direto ao ponto e dê espaço para que ele encontre soluções e contorne os obstáculos.
2. Comunicador
Ao contrário do executor, que pode intimidar ao se comunicar de maneira muito direta, o comunicador consegue se expressar de forma mais branda e atraente para os colegas, chefes, clientes e parceiros.
Geralmente, indivíduos com este perfil são carismáticos, otimistas, bem-humorados e bons na oratória, com amplo poder de influência.
Eles prezam pelo bom relacionamento interpessoal e têm grande capacidade de se colocar no lugar do outro para compreender suas motivações, ou seja, costumam ser empáticos.
Dá para imaginar a importância de ter comunicadores em qualquer equipe, certo? Seu poder de socialização acaba contagiando os colegas, deixando o clima organizacional mais leve.
Porém, não é recomendado formar equipes com muitos comunicadores, pois eles têm dificuldade para seguir regras, procedimentos e calendários, o que pode culminar em atrasos nos projetos.
Também têm um viés idealista, o que leva o time a desperdiçar tempo com ideias pouco viáveis.
Ambientes que oferecem liberdade e favorecem a criatividade são valorizados pelos comunicadores, enquanto o excesso de regras e burocracia os desmotiva.
3. Planejador
Este é o tipo que reúne indivíduos confiáveis e conservadores, com uma postura bastante estável durante a rotina de trabalho.
Como o nome sugere, uma de suas características mais marcantes é o planejamento, já que gostam de se preparar para evitar surpresas desagradáveis.
O planejador se sai bem em locais com metas estabelecidas, rotinas e padrões claros, incentivando a colaboração dentro das equipes e sempre disposto a ajudar os colegas.
Quanto maior a segurança e lealdade, melhor será o aproveitamento de suas qualidades.
Já os ambientes que pedem versatilidade e agilidade nas decisões assustam esse perfil, que tem grande dificuldade para inovar e trabalhar sob pressão.
4. Analista
Detalhista, perfeccionista, zeloso e que gosta de qualidade.
Essas são algumas características dos analistas, que contribuem para aperfeiçoar processos, focando na precisão e conformidade.
Por isso, é comum encontrar analistas em evidência em áreas técnicas e de pesquisa, além de tarefas com alto nível de exigência e conhecimento.
Altos padrões e eficiência são pontos que os motivam.
No entanto, esse perfil pode dedicar muita energia para tarefas corriqueiras, pois tem pouca praticidade e deseja que tudo saia sempre da melhor maneira possível.
Pode apresentar, ainda, dificuldade para tomar decisões, embora tenha argumentos sólidos e visão estratégica.
Profissões relacionadas à avaliação comportamental
Existem diversos cursos livres e de pós-graduação focados em análise do comportamento, sendo que alguns não pedem uma graduação específica.
Porém, quem possui formação voltada ao estudo da conduta leva vantagem nessa área.
Não significa que apenas psicólogos possam ser bons analistas do comportamento, pois há setores em que a aplicação desses conhecimentos é extremamente útil, como citamos ao longo deste artigo.
Então, vale citar, como profissões relacionadas à avaliação comportamental:
- Psicologia
- Filosofia
- Ciências Sociais
- Administração, especialmente quando há ênfase em Recursos Humanos
- Consultoria na área de Gestão de Pessoas
- Coaching.
Quanto ganha um analista comportamental?
É difícil estimar o salário de um profissional especializado em avaliação comportamental, pois ele pode ter diferentes formações e atividades.
A remuneração vai depender de sua experiência, setor e função desempenhada.
Para dar um exemplo, um psicólogo e analista comportamental pode começar com ganhos a partir de R$ 3 mil, e aumentar os rendimentos conforme adquire conhecimentos e responsabilidades.
Segundo o site Glassdoor, por exemplo, que reúne informações fornecidas pelos usuários, o salário médio de um analista de recursos humanos é de R$ 3.449/mês
Conclusão
Neste artigo, falamos sobre a análise comportamental, suas divisões e como ela contribui para o aperfeiçoamento de profissionais e empresas.
Essa ciência é fundamental para o autoconhecimento e melhoria do desempenho de diferentes equipes.
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