O uso de tecnologia verde agrega benefícios para as empresas, funcionários, consumidores e o meio ambiente.
Desde a fabricação até o descarte, itens tecnológicos demandam alta quantidade de energia, além de muitos serem compostos por materiais que não podem ser reaproveitados.
Alguns, inclusive, são tóxicos e potencialmente perigosos para a saúde dos trabalhadores que atuam em sua produção e para os clientes que os adquirem.
Voltados para a sustentabilidade, produtos verdes são forjados a partir de matéria-prima e processos de menor impacto ambiental, com maior eficiência energética e menor geração de resíduos.
Quer saber mais sobre esses produtos e tecnologias? Então, este artigo é para você.
Acompanhe os tópicos abaixo:
Siga com a leitura para ficar por dentro do conceito, tipos e exemplos de tecnologia verde que estão fazendo a diferença para a preservação do planeta.
A tecnologia verde define o desenvolvimento, fabricação e descarte de soluções de acordo com seu impacto sobre os ecossistemas terrestres. Engloba produtos com tecnologia agregada e processos, a exemplo das dinâmicas que integram a área de Tecnologia da Informação (TI).
Tanto é assim que o principal movimento que tem dado visibilidade a esse campo é chamado TI Verde.
Conhecida, também, como Green IT (em inglês), a mobilização visa diminuir o impacto ambiental mediante a fabricação e consumo de recursos tecnológicos.
Para tanto, é necessário conscientizar governos, organizações e indivíduos, a fim de que percebam os efeitos adversos do consumismo e processos de baixa eficiência energética, resultando em uma mudança em seu comportamento.
Um dos indicadores utilizados para medir esses efeitos é Dia de Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day), data em que a humanidade esgota a biocapacidade do planeta.
Já faz décadas que nossos hábitos ultrapassam a capacidade dos ecossistemas de gerar materiais biológicos e absorver os resíduos acumulados diariamente.
Em 2019, o Dia de Sobrecarga da Terra foi 31 de julho.
Em 2020, a pandemia e o isolamento social desencadeados pelo coronavírus reduziram em quase 15% das emissões de CO2, atrasando a data para 22 de agosto.
Ainda assim, a Global Footprint Network (GFN), responsável pelas medições, alerta que nossas práticas já demandam 60% mais recursos que os gerados pelo planeta, que tem uma capacidade finita.
Portanto, cabe a cada ser humano repensar sua forma de consumo, aderindo, por exemplo, à economia circular para aumentar a vida útil dos produtos através do reuso, transformação e reciclagem.
À indústria, fica a responsabilidade de adaptar a dinâmica de produção, preferindo materiais e técnicas de menor impacto ambiental, com o uso de fontes de energia limpa e renovável.
Também é necessário investir mais em inovação para criar processos que elevem a eficiência e sejam menos dependentes de recursos naturais.
O conceito surgiu nas últimas décadas do século 20, na onda dos movimentos verdes e da conscientização ambiental.
Até os anos 1970, a biocapacidade da Terra era suficiente para atender à demanda por recursos e decomposição de materiais descartados pela humanidade.
Entretanto, o aumento na quantidade de insumos adquiridos e o incentivo ao consumismo levaram à aceleração de processos prejudiciais ao meio ambiente, extinção de espécies da flora e fauna e elevação nas emissões de carbono.
O uso de combustíveis fósseis para gerar energia elétrica, por exemplo, lança toneladas de CO2 na atmosfera anualmente, aumentando o efeito estufa e provocando o aquecimento global, potencializado por dinâmicas como o desmatamento.
Já o descarte incorreto de rejeitos polui rios, solo e a atmosfera, comprometendo grande parte dos recursos naturais.
No entanto, esses hábitos destrutivos só começaram a receber atenção por volta da década de 1980, quando especialistas evidenciaram a possibilidade de os recursos naturais se esgotarem.
Ações humanas como o consumo desenfreado visando apenas o lucro e conforto foram identificadas como as principais causas da degradação ambiental, exigindo medidas urgentes.
Na mesma época, os primeiros computadores pessoais começavam a ser vendidos ao usuário, o que despertou iniciativas da indústria de TI quanto ao seu impacto no planeta.
Veio daí o compromisso de empresas e instituições em prol de atividades exercidas, considerando seus impactos socioambientais.
Conforme cita, em artigo, o consultor em sustentabilidade Ricardo Rose, aproximadamente 70% dos efeitos sobre o meio ambiente provocados pela TI estão relacionados à etapa de fabricação.
Rose detalha que:
“Dezenas de materiais são usados para a montagem dos equipamentos de informática. Somente nas placas de circuito, são usados em média 17 diferentes metais, entre pesados, preciosos e metais de base. Quantidades mínimas de prata e ouro são usadas nos componentes da placa-mãe dos PCs, enquanto que outros metais prejudiciais à saúde, como o mercúrio, chumbo, cádmio, arsênio e o berílio, também aparecem nos componentes de informática.”
Nesse cenário, foram criadas certificações para as empresas que diminuem o uso de matéria-prima tóxica, para as que implementam sistemas de redução do consumo energético e de resíduos.
As mais populares são:
Foca na implementação de um Sistema de Gestão Ambiental coerente, mostrando formas de identificar riscos, oportunidades e prioridades para, em seguida, iniciar um gerenciamento eficiente.
A ideia é compor um planejamento baseado na realidade de cada organização, inserindo uma abordagem ecologicamente correta em sua cultura.
Proporciona planos mais detalhados, com diretrizes e técnicas que auxiliam na gestão empresarial realizada com responsabilidade socioambiental.
É uma representação gráfica conferida a empresas que se esforçam pela preservação ambiental, obedecendo a pré-requisitos determinados por organizações ou governos.
Um exemplo é a certificação de responsabilidade ambiental fornecida pela Prefeitura de Itajaí/SC a companhias do setor de construção civil.
É um selo adicionado a produtos de alta eficiência energética, comprovada através de testes em laboratório, no âmbito do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica.
Abreviação de Restriction of Certain Hazardous Substances, a certificação é embasada em legislação europeia, a fim de restringir o uso de agentes perigosos na fabricação de smartphones, computadores, carregadores, etc.
Cádmio, mercúrio e chumbo são exemplos de substâncias de uso limitado.
Basicamente, porque nem toda tecnologia conta com opções de materiais sustentáveis e/ou fontes renováveis para que seja produzida.
Tanto os materiais quanto as fontes energéticas dependem da oferta de recursos naturais específicos, que varia conforme o lugar.
Imagine, por exemplo, que uma indústria queira diversificar sua matriz energética, concentrando a maior parte da demanda em energia solar.
Se estiver localizada em um território que recebe pouca radiação solar, sua eficiência pode ser comprometida, pois o armazenamento desse tipo de energia ainda é um desafio.
Quanto aos materiais, é vital ampliar o investimento em pesquisas para que sejam descobertas alternativas verdes às substâncias que compõem as estruturas de TI atualmente.
Enquanto isso não acontece, é possível implantar mudanças significativas na gestão dos processos, começando pela educação ambiental das lideranças e colaboradores para que façam escolhas ecologicamente corretas.
É o caso de optar por materiais biodegradáveis quando disponíveis, descartar rejeitos da forma certa, aderir à coleta seletiva, reaproveitamento e reciclagem de insumos.
Outra boa pedida é diminuir o consumo de energia elétrica, preferindo produtos certificados pelo PROCEL e eliminando desperdícios.
Em geral, sim.
Ambas as expressões são utilizadas como sinônimos, e podem ser compreendidas da mesma maneira, numa perspectiva ampla.
Já o movimento pela TI Verde designa um conjunto de práticas e metodologias de aplicação específica, voltadas somente à tecnologia da informação, ou seja, menos abrangentes.
Segundo estudiosos do tema, existem três tipos ou práticas de TI Verde, classificados de acordo com o nível de profundidade em sua implementação.
A seguir, comentamos cada uma delas.
Corresponde ao nível mais superficial, adotado como ponto de partida para a promoção de uma mentalidade ecologicamente correta.
Uma das principais medidas de incremento tático se dá com a diminuição do consumo – e gastos – com energia elétrica.
Contempla práticas ligadas à gestão da empresa, partindo de um diagnóstico para corrigir desvios como o desperdício de matéria-prima e de material de escritório.
Uma vez que esse levantamento esteja finalizado, lideranças e o departamento de TI podem pensar soluções para cada processo realizado, por exemplo, o armazenamento de documentos na nuvem para evitar a impressão em papel.
Pode incluir inovações na dinâmica de fabricação de insumos dentro da companhia.
Como o nome sugere, proporciona transformações na estrutura, instalações e métodos utilizados diariamente pela empresa.
Através da combinação entre a TI de incrementação tática e da TI Estratégica, a TI Verde Profunda maximiza o desempenho, exigindo gastos menores, por exemplo, com a aquisição de sistemas de iluminação mais eficientes.
Nos tópicos acima, mencionamos algumas das vantagens de apostar na tecnologia verde, que abrangem aspectos econômicos, sociais e ambientais.
Abaixo, listamos os benefícios mais evidentes:
Apesar dos pontos positivos, o uso de tecnologia verde também tem suas desvantagens, por exemplo:
A adoção de práticas de TI Verde no país caminha a passos lentos.
Prova disso é que 60% do lixo comum ainda contém resíduos eletrônicos, que deveriam ser descartados em pontos específicos para evitar contaminações de recursos naturais.
Esse dado contraria a principal legislação do país na área, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), que prevê o recolhimento desse tipo de lixo pelo fabricante, independente de iniciativas do setor público.
Em um esforço pelo cumprimento da lei, a União aprovou, em fevereiro de 2020, o Decreto n° 10.388, que regulamentou o sistema de logística reversa de produtos eletroeletrônicos e seus componentes de uso doméstico.
Um dos objetivos é a ampliação da quantidade de postos de coleta para os eletroeletrônicos, que devem passar de 173 para 5 mil em todo o país, até 2025, atendendo aos 400 maiores municípios brasileiros.
A ação deverá cobrir cerca de 60% da população, facilitando a destinação correta do lixo eletrônico.
No que tange às fontes energéticas, o cenário é positivo, pois mais da metade da demanda nacional é suprida por meio de hidrelétricas, dispensando o emprego de fontes não renováveis como petróleo e carvão mineral.
Outro avanço considerável foi a popularização do etanol fabricado a partir de biomassa (cana de açúcar), viabilizada pelo Programa Nacional do Álcool (Pro-Álcool), lançado em 1975.
Quatro décadas mais tarde, o país havia economizado US$ 15 bilhões com importação de petróleo e diminuído em 40% a poluição do ar nas grandes cidades, devido à substituição de gasolina por etanol como combustível para muitos automóveis.
Mesmo com os avanços proporcionados pela iniciativa, é necessário investir em outras fontes de biomassa para aumentar as opções de diminuir a dependência da cana de açúcar.
Quanto à produção energética, o país tem abundância de fontes que provocam menor impacto ambiental que a hídrica, a exemplo da solar e da eólica.
Outro desafio relevante está na conscientização das empresas e consumidores, a fim de que pratiquem o consumo sustentável e apoiem iniciativas nesse segmento.
Agora que você já conferiu o panorama brasileiro na área, que tal conhecer tecnologias inovadoras, que estão disponíveis e deverão despontar nos próximos anos?
Acompanhe alguns exemplos abaixo.
Citamos, acima, que há projetos e certificações voltadas para o setor da construção civil, que tem potencial para iniciar uma revolução rumo ao uso de materiais sustentáveis.
Essas mudanças resultam em uma arquitetura verde, que substitui matéria-prima e processos tradicionais para oferecer moradias ecologicamente corretas, sem deixar o conforto e a praticidade de lado.
Modernas, essas casas já nascem com painéis para a captação de energia solar, mecanismos de aproveitamento da água da chuva para a limpeza e outros sistemas inteligentes que otimizam a coleta e uso de recursos.
Outro aspecto comum na arquitetura sustentável é a maior resiliência das construções, pensadas para resistir a desastres e fenômenos naturais como os terremotos.
Abundante em países como o Brasil, a luz do sol pode ser convertida em energia elétrica e térmica, através da instalação de placas com células fotovoltaicas em residências e empresas.
Equipadas com materiais semicondutores, a exemplo do silício, as placas captam a luz solar, agitando elétrons e levando-os até um campo elétrico, o que permite a geração de eletricidade.
Dentre as vantagens do uso dessa tecnologia estão a substituição de combustíveis fósseis e a redução na conta de energia elétrica fornecida por concessionárias.
São forjados a partir de técnicas que empregam organismos, como bactérias, fungos e vírus, para o controle de pragas que danificam as plantações.
Ao contrário dos inseticidas tradicionais, com substâncias químicas, os biológicos não prejudicam outros seres vivos, somente os insetos que combatem.
Por isso, são uma solução interessante para banir agrotóxicos e seus efeitos adversos para a saúde humana e de outras espécies.
Os bioinseticidas ainda são novidade, porém, instituições como a Embrapa têm desenvolvido soluções promissoras, como o item a base de Bacillus thuringiensis, que combate 5 tipos de insetos, auxiliando na preservação das lavouras de algodão, milho e soja.
Conforme registro da organização, sua fórmula se mostrou 15% mais eficaz que o produto comercial de referência.
Além dos biocombustíveis, uma alternativa para diminuir a poluição e emissão de CO2 na atmosfera é a troca de motores a combustão pelos elétricos.
Eles vêm ganhando espaço em várias nações, incluindo o Brasil, mas a preços inacessíveis para a maioria dos usuários.
Visando solucionar essa questão, montadoras criaram modelos híbridos, que aceitam eletricidade ou gasolina e custam menos para o consumidor final.
Um exemplo é a Volvo, que prevê uma adaptação de toda a sua frota até 2022, produzindo somente modelos elétricos ou híbridos.
Atualmente, marcas como BMW e Toyota já comercializam modelos híbridos em território nacional.
Fundamental para alcançar a sustentabilidade, a tecnologia verde vem sendo incorporada por organizações e países, diminuindo a degradação ambiental.
Dentro das empresas, a estratégia deve fazer parte das ferramentas de gestão, a fim de aumentar a eficiência, cortar desperdícios e elevar a lucratividade.
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