Você domina os fundamentos da oratória?
Em um mundo em que prevalece cada vez mais a linguagem oral, saber se expressar bem em público deixou de ser uma habilidade necessária apenas para professores, políticos, comunicadores e palestrantes.
Mesmo cientistas e profissionais dedicados à área técnica precisam recorrer à oratória para disseminar suas ideias, planejar e executar apresentações de sucesso.
Essa é uma etapa fundamental para conquistarem investimentos, apoio a pesquisas e se tornarem autoridade em seu setor de atuação.
O mesmo raciocínio vale para qualquer outro profissional, pois a oratória está relacionada ao poder de convencimento – competência desejada para quem trabalha nos mais diversos departamentos.
Um executivo do departamento comercial precisa desse recurso para vender um produto, enquanto o CEO da empresa o utiliza para expor suas ideias, motivar os funcionários e melhorar os resultados financeiros.
Há quem ainda acredite que a oratória está restrita a pessoas que já nasceram com algum tipo de dom para comunicação, mas essa é uma ideia ultrapassada.
Mesmo que seja uma pessoa tímida e pouco adepta aos discursos, você pode aprender a se expressar em público de forma eloquente e até inspiradora.
Neste artigo, vamos mostrar como trabalhar a oratória para desenvolver a habilidade de falar bem para públicos distintos, despertando sua atenção, respeito e provocando reflexões.
Leia até o final para conferir ainda sete dicas práticas para se tornar um orador capaz de conquistar diferentes plateias.
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Boa leitura!
De acordo com o dicionário Michaelis, oratória é a arte e prática de falar em público; retórica.
Classificar a oratória como arte pode deixar a impressão de que se trata de um dom, uma habilidade inata que não pode ser aprendida.
No entanto, vale recordar que existem várias definições para o conceito de arte, incluindo estudos do famoso filósofo Platão, que descreve a arte como forma de conhecimento ou atividade humana racional e utilitária.
Nesse sentido, a arte está sujeita a regras, se opõe ao acaso ou ao natural – o que engloba a ciência e filosofia e se aproxima do significado da palavra “técnica”.
Podemos, então, dizer que a oratória corresponde a um conjunto de técnicas que auxiliam a composição e declamação de discursos envolventes.
A oratória também é um dos segmentos de expressão da retórica, campo que emprega a linguagem para persuadir ou transmitir uma mensagem de forma convincente.
Há diferentes teorias sobre a origem do estudo sobre os discursos.
Algumas linhas de pensamento afirmam que a oratória nasceu no Antigo Egito, junto ao poder de persuasão dos faraós.
Porém, os primeiros registros sobre técnicas para falar em público vêm da Grécia Antiga, o que sugere que a prática da oratória se iniciou integrada à retórica.
Para explicar melhor, a retórica não se restringe ao discurso falado. Ela também se aplica à literatura, publicidade e formatos de arte, como a pintura e a música.
Assim, a oratória se refere à aplicação da retórica em apresentações, palestras e falas para transmitir mensagens, argumentar ou simplesmente distrair o público.
Tudo começou no século V antes de Cristo, quando a retórica ganhou atenção entre os gregos de Atenas e da Sicília.
Na época, cidadãos interessados em melhorar sua argumentação contratavam sofistas, que eram como professores que ensinavam a influenciar ouvintes em audiências públicas.
Até então, o estudo da oratória (componente da retórica) tinha somente o objetivo de convencer o público a concordar com as ideias daquele que discursava.
Essa perspectiva passou por transformações a partir das teorias de Sócrates e Aristóteles, que consideravam a retórica uma importante ferramenta da filosofia.
Nos séculos seguintes, a oratória recebeu um sentido mais amplo, sendo referenciada como a prática de falar em público e servindo a diversos propósitos.
De forma resumida, a oratória dá suporte para quem deseja falar bem em público.
Segundo o filósofo e educador escocês George Campbell, a retórica (incluindo a oratória) serve a quatro objetivos principais:
Vamos tomar como exemplo um aluno que tem dificuldades para entender e aplicar conceitos de Física.
Se ele tiver um professor que se prende apenas às fórmulas, dificilmente vai conseguir aprender essa matéria.
Por outro lado, se o professor explicar de onde as fórmulas vêm e porque devem ser aplicadas a certo contexto, pode atrair a atenção e despertar a curiosidade do aluno, dando suporte para que ele supere as dificuldades.
Dominar os fundamentos da oratória ajuda nesse processo, pois dá base para que o educador formule apresentações claras, simples e interessantes para suas aulas.
A arte de falar em público também contribui para a conquista de patrocínios, vagas de trabalho, melhoria do relacionamento interpessoal e integração de equipes, através da propagação de ideais políticos, religiosos e sociais.
Ao longa da história, grandes oradores mostraram como o discurso pode ser empregado para mobilizar o público em prol de diferentes objetivos, desde os mais nobres até os mais obscuros.
O ativista e pastor Martin Luther King Jr. é um exemplo de liderança que usou a oratória para disseminar uma mensagem de igualdade de direitos nos Estados Unidos.
Ele ganhou fama mundial por apresentações como o discurso “I Have a Dream”, sendo premiado com o Nobel da Paz em, 1964 por sua larga contribuição no combate ao racismo sem recorrer à violência.
Já o ditador nazista Adolf Hitler é conhecido por cativar sua audiência com ideias preconceituosas a respeito de judeus, negros e homossexuais, também por meio de discursos.
Suas apresentações e atitudes resultaram em atrocidades e na morte de milhões de soldados e civis durante o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial.
Embora não esteja presente na grade curricular da maioria das escolas e faculdades brasileiras, a oratória é reconhecida por entidades internacionais, como a Universidade de Cambridge.
Referência mundial em diversas áreas do saber, a instituição inglesa oferta cursos rápidos para ajudar pesquisadores a estruturar suas apresentações em público e realizar discursos interessantes.
Afinal, sem uma divulgação eficiente, mesmo grandes pesquisas podem ser deixadas de lado ou até interrompidas por falta de investimento.
Além disso, pesquisadores capazes de se expressar bem abrem as portas para oportunidades promissoras de trabalho.
O mesmo raciocínio vale para profissionais de outros setores, que, uma hora, vão precisar falar em público para engajar suas equipes, conquistar novas parcerias, anunciar mudanças em um departamento ou simplesmente defender sua opinião em uma entrevista de emprego.
Daí a importância da oratória.
Sem esse recurso, conteúdos relevantes podem se tornar monótonos, funcionários e parceiros podem se sentir desestimulados e excelentes profissionais podem perder uma vaga para colegas que se comunicam melhor.
Observe que dominar a arte da oratória agrega benefícios para profissionais de todos os setores e em todos os momentos da carreira.
Como explicamos acima, Aristóteles foi um dos filósofos que se dedicou ao estudo da retórica e da oratória.
Para ele, existem três gêneros do discurso ou tipos de oratória:
Contudo, essa classificação foi questionada por pensadores como Cícero e Quintiliano, especialmente porque a maioria dos discursos não se encaixa em apenas um gênero.
Mas o estudo de Aristóteles inspirou classificações modernas, que consideram a finalidade e público-alvo.
Confira, abaixo, os quatro principais tipos de oratória estudados em cursos atuais:
Tem como premissa o compartilhamento de conhecimentos através de apresentações simples e didáticas.
Por isso, é a modalidade mais utilizada em salas de aula, apresentações interativas, workshops, seminários e palestras.
Empregado principalmente na difusão de valores morais e conselhos sobre conduta, esse tipo de oratória costuma adotar um tom brando e discurso reflexivo.
Gênero popular entre estadistas, vendedores e lideranças, a oratória política combina vivacidade, persuasão e entusiasmo, a fim de convencer os ouvintes sobre os benefícios de determinada atitude.
Semelhante à oratória judiciária de Aristóteles, se vale de raciocínio lógico, provas, argumentação e demonstrações para defender um ponto de vista.
Em artigo sobre o tema, o economista e especialista em Liderança e Gestão Estratégica, Eduardo Mendes, afirma que existem dois passos essenciais para aprimorar a oratória: conhecer as técnicas disponíveis e treinar.
A primeira pode ser desenvolvida a partir da leitura, palestras e cursos a respeito da oratória.
Por meio desse conhecimento, o interessado terá contato com diferentes estratégias para melhorar sua capacidade de comunicação, despertando o interesse de vários tipos de público – seja ele formado por uma pessoa ou uma multidão.
Estruturar o discurso em alternativas, por exemplo, pode ser útil na apresentação de diferentes pacotes de serviço a clientes em potencial, delimitando as opções para facilitar a escolha da mais adequada.
Já o treinamento serve para complementar os conhecimentos sobre as modalidades e estrutura dos discursos, oferecendo uma perspectiva prática.
Se você for uma pessoa tímida ou inexperiente no palco, experimente começar falando para o espelho e, quando perceber que assimilou bem o conteúdo, fale para uma plateia pequena, formada por amigos ou familiares.
Peça e ouça os feedbacks dessas pessoas e os incorpore à sua apresentação, até que seu discurso se torne claro, atraente e adaptado à audiência que você pretende atingir.
Treinamento também é um dos fatores mais importantes para falar bem em público.
Afinal, ao desenvolver a habilidade da oratória, você estará preparado para se apresentar diante do público de maneira eloquente, conquistando sua atenção.
E o primeiro passo para uma palestra de sucesso é dominar o conteúdo abordado, o que pede leitura e estudo sobre o tema.
Essa preparação diminui as chances de erro, torna o discurso mais consistente e agrega informações sobre as principais dúvidas que podem surgir entre os seus ouvintes, permitindo que você selecione as respostas.
Além disso, elaborar a apresentação com antecedência ajuda a diminuir a ansiedade e contornar o medo de expor suas ideias para um grupo de pessoas.
O medo é um mecanismo de proteção espontâneo, que surge diante de situações consideradas perigosas, sejam elas reais ou imaginárias.
Assim, no contexto de uma palestra, é natural ter medo de errar, se confundir ou se perder durante a explanação.
Mas esse medo não tem base racional, pois as situações podem não acontecer.
Então, o segredo de falar bem em público é diminuir a autocobrança e se concentrar apenas no que está sob o seu controle, como a escolha do conteúdo, ferramentas que vão dar suporte e preparo usando técnicas de oratória.
Se você ainda não conhece essas estratégias, fique tranquilo.
Vamos mostrar algumas a seguir.
Agora que você já conhece mecanismos para superar o medo das apresentações em público, vale utilizar técnicas para aperfeiçoar a oratória.
Como qualquer outra habilidade, a arte de discursar pode e deve ser exercitada, se possível, diariamente, a fim de gerar familiaridade e tornar o discurso cada vez mais espontâneo.
Veja mais insights:
Embora existam bons improvisadores, anotar e estruturar o discurso ainda é uma das formas mais eficientes de transmitir qualquer mensagem.
Claro que a ideia não é ler um texto para a plateia, mas sim guiar a palestra com fluidez e de maneira lógica, facilitando sua compreensão.
Por isso, não escreva longos slides; procure inserir palavras-chave e imagens que orientem sua fala e atraiam a curiosidade da audiência.
Aqui, é fundamental conhecer o universo em que sua audiência está inserida, visando adaptar sua mensagem a ele.
Uma palestra sobre o funcionamento da bolsa de valores para economistas deve ser diferente de uma conversa com estudantes do Ensino Médio, concorda?
Então, pergunte e pesquise sobre sua audiência antes de preparar a apresentação, escolhendo entre linguagem formal ou informal, uso de termos técnicos, recursos visuais, etc.
Quem nunca teve sono ou vontade de sair durante uma palestra longa e confusa?
Isso acontece quando o expositor se esquece da objetividade na hora de expressar suas ideias, deixando de lado a clareza e até perdendo a segurança quanto ao seu ponto de vista.
Tenha em mente que o público é composto por pessoas com diferentes níveis de conhecimento a respeito do tema da sua fala, e que todas devem ser cativadas.
Para aprimorar seu poder de síntese e argumentação, Milton Costa Junior, coordenador de cursos sobre apresentações públicas, sugere o desenvolvimento do hábito de leitura e escrita.
Ao final de um tópico ou questão polêmica, é importante realizar breves pausas para que o público assimile o conteúdo e você se recorde dos próximos passos.
Uma ideia é marcar as paradas com a mudança de um slide para o outro, uma pergunta retórica ou até uma música.
Como explica Milton Costa Junior, as pausas colaboram para a manutenção da linha de pensamento, evitando confusões e o temido “branco” durante a apresentação.
A técnica de contar histórias serve bem aos mais variados temas, públicos e objetivos.
Afinal, todos gostam de ouvir narrativas envolventes, que chamem a atenção para novas soluções em sua carreira e na vida pessoal.
Use seu próprio exemplo, de personalidades ou colegas para inspirar a plateia e provocar empatia nos seus ouvintes.
Para alcançar narrativas envolventes, leia nosso artigo sobre storytelling.
Apesar de a mensagem ser o elemento central da sua apresentação, lembre-se de que ela precisa ser passada de um jeito coerente.
Isso significa que os seus movimentos, expressão facial e tom de voz devem estar alinhados para transmitir a mesma ideia.
Caso contrário, a plateia pode pensar que você não acredita naquilo que está falando, o que compromete a credibilidade do seu discurso e do conteúdo abordado.
Desenvolver a oratória fica mais fácil se você acompanhar palestrantes, apresentadores e comunicadores que contam com sua admiração.
Ao longo deste texto, citamos algumas personalidades que deixaram sua marca na história através de discursos expressivos e cativantes.
Acompanhando a trajetória desses e outros indivíduos, você vai assimilar, aos poucos, estratégias que eles utilizam para aprimorar seu discurso.
Só tome cuidado para não imitar nenhum deles, porque isso diminui a espontaneidade da sua fala e a confiança da audiência.
Se preferir, você pode buscar modelos e ampliar seus conhecimentos em cursos de oratória.
Neste artigo, apresentamos um guia completo para desenvolver e aprimorar a oratória, com conceitos, histórico e técnicas sugeridas por especialistas.
Seja qual for sua área de atuação, aperfeiçoar essa competência aumentará suas chances de promoção, sucesso profissional e conquista das melhores vagas de trabalho.
Para isso, é importante treinar o discurso e desenvolver habilidades que darão suporte para falar em público, como inteligência emocional e comportamento empreendedor.
Navegando pelo blog, você fica por dentro desses e outros assuntos relevantes para se destacar no mercado de trabalho.
Se deseja ampliar os conhecimentos sobre comunicação, gestão e empreendedorismo, acesse o site e conheça os cursos da Fundação Instituto de Administração (FIA).
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