É bastante provável que você já tenha ouvido falar sobre diversidade geracional, ainda que não saiba exatamente o que isso significa.
Acontece que, volta e meia, esse tema ganha força e reaparece em alta nas redes sociais – nem que seja por um motivo menor, como o recente debate envolvendo o termo “cringe”, por exemplo.
Para quem não acompanhou mais de perto, a gíria ficou semanas entre os assuntos mais comentados do Twitter.
Ela é usada para estabelecer uma diferenciação de características, no modo de pensar e de agir entre as duas gerações mais jovens no mercado de trabalho, a Y e a Z.
O que era para ser uma brincadeira, no entanto, trouxe à tona questões bastante presentes no universo corporativo.
Afinal, como lidar com essas diferenças e o que fazer para aproveitar o que há de positivo nessa maneira distinta de encarar o mundo?
É natural que pessoas nascidas em épocas e contextos diferentes tenham suas próprias formas de comunicação, contem com outras prioridades e competências e assim por diante.
E isso que citamos apenas duas gerações.
Até porque existem também a Geração X e os veteranos Baby Boomers. Ou seja, estamos falando de uma realidade ampla e diversa.
Diante desse cenário, é preciso estar atento aos desafios que o investimento na diversidade geracional e a importância que essa troca de experiências podem trazer para o contexto empresarial.
Neste artigo, vamos tratar bastante sobre esses temas – e aqui vai um resumo do que será abordado no conteúdo:
Boa leitura!
Diversidade geracional é o nome dado a um conjunto de pessoas de diferentes faixas etárias que convivem em um mesmo ambiente. No contexto corporativo, o conceito serve para designar os profissionais de idades distintas que trabalham em uma mesma empresa ou setor dela.
Ou seja, é uma concepção que busca dar espaço à pluralidade de perfis, respeitando suas particularidades comportamentais, sociais e culturais.
Não é muito diferente das demais políticas de inclusão como a diversidade de gênero, raça, orientação sexual, religiosa, entre outras.
O importante aqui, no entanto, não é estabelecer um nível de hierarquia entre as gerações.
Estamos falando sobre garantir que todas as faixas etárias recebam tratamento igual.
Isso inicia já nos processos seletivos de contratação e se estende até o dia a dia em si, durante a rotina organizacional.
Com a diversidade geracional, as organizações têm como objetivo transformar seus ambientes corporativos em locais muito mais plurais e inclusivos.
A ideia é que sejam contratados profissionais competentes, independentemente de suas faixas etárias.
Por outro lado, leva-se em conta que é inegável que colaboradores nascidos em épocas diferentes têm contribuições distintas para agregar, seja por suas bagagens ou por suas afinidades maiores em uma ou outra área.
E é exatamente esse tipo de retorno que as empresas buscam ao adotar essa estratégia de contar com equipes mais diversas em seus mais variados aspectos.
No caso da diversidade geracional, garantir que a troca entre os profissionais de diferentes idades gere insights, fomente à inovação, aumente a produtividade e acelere o processo de tomada de decisão, conforme aponta esta pesquisa da Forbes.
Seguindo a mesma linha do estudo anterior, diversas outras publicações atestaram a importância de se investir na diversidade geracional dentro das empresas.
O livro escrito por David Livermore, intitulado “Driven by Difference: How Great Companies Fuel Innovation Through Diversity” (Impulsionados pela diferença: como grandes empresas estimulam a inovação por meio da diversidade, em uma tradução livre para o português), é um exemplo disso.
Na obra, o autor mostra que o caminho para a criatividade está na diferença e não na homogeneidade.
De acordo com ele, quando equipes plurais são bem administradas, existe um imenso potencial para a inovação, tanto nos aspectos operacionais e internos, quanto nos resultados finais (entrega de produtos e serviços de qualidade).
Ou seja, a consequência natural é o surgimento de uma marca mais competitiva e valorizada no mercado.
Uma maior lucratividade e um crescimento a nível de performance dos colaboradores também são exemplos de impactos positivos que a diversidade geracional traz, conforme levantamento feito pela McKinsey & Company.
A principal diferença se percebe na adoção dessa prática nos níveis gerenciais e executivos.
O estudo mostra que a margem de lucro chega a ser 21% maior nas empresas que apostam na multiplicidade de gerações em cargos de liderança do que em organizações que não fazem esse tipo de investimento.
Ainda que a diversidade geracional seja uma meta para muitas empresas, na prática, essa realidade ainda está um pouco distante, ao menos é o que aponta o estudo “Destaque GPTW + 50” de 2020.
Segundo a pesquisa da Great Place To Work, a distribuição etária nas principais organizações brasileiras está assim:
Embora o percentual de Baby Boomers seja baixo, é interessante observar outro dado do levantamento: a média de idade dos presidentes das empresas premiadas pelas melhores práticas de diversidade geracional é de 54 anos.
Ou seja, a experiência é fator determinante na definição dos cargos mais elevados.
Outros dois dados do levantamento chamam a atenção e ajudam a traçar um panorama na política de contratação das empresas que não é, exatamente, diverso:
É natural que haja uma certa discrepância no percentual participativo das gerações no mercado de trabalho, sobretudo, nos dois extremos ‒ Geração Z e Baby Boomers.
Na prática, esse dado não chega a ser um problema, afinal, a diversidade geracional não propõem uma equidade etária absoluta e matemática.
Uma empresa de 100 funcionários, por exemplo, não precisa ter 20 colaboradores de cada geração, mas sim uma representatividade em todas as faixas etárias.
Alguns estudos, inclusive, defendem que podem existir não quatro, mas cinco gerações fazendo parte de uma equipe de trabalho, como este artigo do Harvard Business Review.
Sejam cinco ou quatro, o que realmente importa é que essas diferenças sejam respeitadas e se garanta a melhor experiência profissional a todos, independentemente da idade.
Considerando a definição clássica, então, nós temos quatro principais gerações que ocupam os mais diferentes cargos das empresas brasileiras.
Vamos falar um pouco sobre cada uma delas agora.
Os Baby Boomers são os mais experientes do mercado de trabalho.
Boa parte dos nascidos entre as décadas de 1940 e 1960 já se aposentou, mas a maioria dos que ainda estão na ativa ocupam cargos executivos de maior escalão.
Entre as suas principais características, estão a lealdade à equipe, o profissionalismo, a seriedade e o apreço pela autoridade.
Nascidos nas décadas de 1960 e final dos anos 70, os integrantes da Geração X ocupam boa parte do mercado de trabalho e se destacam pela construção de carreiras sólidas e pelo apreço pela segurança dos seus cargos.
Ocupam funções de lideranças, assim como os Boomers, mas estão presentes também em cargos mais operacionais, apesar de não dominarem tanto a tecnologia quanto as próximas gerações.
Os Millennials, como também são chamados, estão atingindo a maturidade profissional com seus trinta e poucos anos.
Por terem passado pela transição entre o analógico e o digital, têm bom conhecimento das novas tecnologias e uma rápida capacidade de adaptação.
Ao contrário de seus antecessores, valorizam muito mais a experiência do que a segurança e, por isso, gostam muito de empreender.
Os novatos do mercado de trabalho estão começando a ter as suas primeiras experiências profissionais antes dos 25 anos em estágios e cargos inferiores.
Se os millennials participaram da transformação tecnológica, os nativos digitais, como são chamados os membros da Geração Z, nunca conheceram o mundo analógico.
Por conta disso, eles têm mais apreço pela flexibilização das rotinas e se notabilizam pela capacidade multitarefa.
Não há razões para ter receio de investir na diversidade geracional nas organizações.
Algumas vantagens ficam bem evidentes e podem ser percebidas logo nas primeiras interações entre os grupos.
Separamos alguns exemplos para você entender melhor.
Quanto mais pessoas que pensam de forma diferente e possuem habilidades distintas também conviverem em conjunto, maiores são as chances de nascerem ideias inovadoras e criativas.
Se essa diversidade de pensamento já acontece com pessoas da mesma faixa etária, que possuem referências e pontos de vistas mais próximos, imagine, então, o que não pode acontecer em um brainstorming entre colaboradores com 20 ou 30 anos que os separam?
Sem dúvidas, é um exercício que vale a pena ser incentivado e que pode trazer inúmeros benefícios para a empresa.
Investir na diversidade geracional significa valorizar o seu capital humano e criar uma cultura de respeito ao próximo independentemente de qualquer tipo de diferença.
Aqui, vale, inclusive, incentivar outras políticas inclusivas, como a de gênero, de raça e de orientação sexual, por exemplo, para que se foque ainda mais na humanização das forças de trabalho.
Ao eliminar qualquer tipo de preconceito dentro do ambiente profissional, o gestor faz com que se crie um sentimento de empatia e de cumplicidade entre as equipes, levando a uma melhora do desempenho coletivo.
Cada vez mais, as marcas ganham a preferência dos clientes não apenas pela qualidade de seus produtos ou por seu preço competitivo, mas sim por sentimentos como identificação e reconhecimento.
Quando um consumidor vê que a sua empresa defende bandeiras importantes, como a da diversidade, ele automaticamente passa a nutrir um carinho maior pela sua organização.
Ou seja, a sua reputação em relação ao mercado e aos próprios colaboradores acaba melhorando, pois eles percebem que a sua política se trata de algo genuíno.
Por mais paradoxo que possa parecer, colocar para conviver lado a lado pessoas que pensam e se comportam de maneira distinta, devido às suas diferenças geracionais, é uma ótima maneira de resolver conflitos.
É claro que são necessárias ações extras para que essa premissa dê certo, como, por exemplo, deixar claro que diversidade de ideias é um ativo e não um problema.
Se esse valor estiver implícito, os desentendimentos e as discussões tendem a diminuir, pois os colaboradores vão dar voz ao contraditório e não silenciar opiniões distintas.
Toda a política inclusiva ou de ordem estratégica tem os desafios de implementação.
Com a diversidade geracional, não é diferente.
Ainda que a redução de conflitos seja uma realidade a longo prazo, no início, pode haver certa dificuldade em se relacionar bem com o diferente.
Segundo levantamento da Frank N. Magid Associates, 52% dos profissionais têm resistência para se relacionar com colegas de outras gerações.
Esse sentimento é maior entre os membros da Geração Y (55%), mas também está bastante presente em representantes da Geração X (51%) e Baby Boomers (49%).
Ou seja, é preciso desenvolver ações para quebrar esse tipo de barreira e tornar a inclusão mais assertiva.
Se você deseja aproveitar as vantagens e superar os desafios de promover a inclusão das diferentes gerações na sua empresa, nada melhor do que contar com algumas medidas fundamentais.
Separamos algumas iniciativas que podem tornar ser muito úteis na hora de implementar essa diversidade tão importante.
Acompanhe a lista!
Valorize o diferente e não tente padronizar comportamentos.
Esse é um dos segredos para uma implementação de diversidade geracional de sucesso.
Reconhecer que os Baby Boomers e os integrantes das gerações X, Y e Z têm as suas próprias maneiras de agir e pensar é o primeiro passo para a aceitação.
Os seus meios de comunicação precisam ser inclusivos de forma que todo colaborador se sinta confortável para participar.
Além disso, você deve criar canais para combater e denunciar todas as formas de preconceito geracional.
Segundo o levantamento da Great Place To Work, 100% das empresas premiadas por suas ações inclusivas possuem um profissional responsável por combater práticas discriminatórias na organização.
Ainda, 40% desses negócios contam com políticas internas que não aceitam qualquer tipo de intolerância em relação à idade.
Nada melhor que garantir um contato mais próximo entre as diferentes gerações para que o processo de inclusão seja assimilado aos poucos.
Ao promover a criação de equipes mistas, você vai estar incentivando o convívio e mostrando que cada um, independentemente da sua idade, tem pontos positivos a contribuir.
É uma maneira de exercitar o companheirismo, a tolerância e o trabalho em equipe também.
A criação de equipes mistas é apenas uma maneira de promover a inclusão.
Existem muitas outras como dinâmicas, hackathons, técnicas de onboarding e muito mais.
Um exercício interessante é realizar o rodízio de funções entre as diferentes gerações para que todos possam aprender um pouco com a experiência e o trabalho do outro.
É fundamental acabar com o preconceito e possíveis práticas discriminatórias no processo seletivo da sua empresa.
Como vimos, o número de boomers contratados é quase irrelevante estatisticamente em comparação com as demais gerações.
Para que situações como essas não ocorram, e determinadas idades sejam priorizadas no detrimento de outras, você pode promover o chamado recrutamento às cegas.
Nessa modalidade, informações pessoais pouco relevantes são omitidas das plataformas de cadastro de vagas e os headhunters conseguem ter acesso apenas aos dados que importam: os técnicos e profissionais.
A técnica também é muito útil para combater outros tipos de preconceito e ajuda a sua empresa a se tornar mais inclusiva em todos os aspectos.
Promover a diversidade geracional só tem a agregar à sua empresa.
É claro que existem alguns desafios a serem superados, sobretudo, na hora de conciliar maneiras de pensar, agir e encarar a rotina tão diferentes.
Ainda assim, nada que um planejamento estratégico e bom gerenciamento de equipe não consigam driblar esses obstáculos.
Agora, se a ideia é tornar a sua organização mais inclusiva, moderna e alinhada às principais tendências, conseguindo assim, os melhores resultados, a dica é acompanhar mais conteúdos exclusivos do blog da FIA.
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