A pandemia provocada pelo novo coronavírus gerou diversos impactos na educação, tanto para estudantes quanto para as instituições de ensino de mais de uma centena de países pelo mundo.
Diante do risco representado pelas aglomerações, comuns na educação presencial, autoridades decretaram medidas bastante rígidas, começando por férias e suspensão temporária das aulas.
Meses depois, boa parte das instituições de ensino continuou fechada para evitar o contágio e o aumento nos casos de Covid-19.
Tecnologia e ensino a distância se tornaram aliados para dar continuidade ao ano letivo, mas enfrentam barreiras como a desigualdade no acesso à internet.
Neste artigo, trazemos um balanço com os principais desafios e alternativas adotadas por escolas, professores e alunos em tempos de isolamento social.
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Boa leitura!
A educação é um dos setores que teve a rotina fortemente afetada pela pandemia de Covid-19.
Afinal, ir e voltar da escola fazia parte do dia a dia de milhões de crianças, adolescentes e adultos que, de repente, viram o cenário mudar.
Com o fechamento das instituições de ensino, toda a dinâmica de aulas, exercícios e avaliações teve de ser repassada ao ambiente virtual.
Portanto, ocorreu uma digitalização da área, de forma apressada e, em alguns locais, sem a estrutura adequada para que a educação a distância (EaD) produzisse resultados de qualidade.
Os efeitos foram sentidos em maior escala pelos estudantes e professores da educação básica pública, muitos dos quais não empregavam qualquer mecanismo digital antes da atual crise.
Os cursos de formação superior, por outro lado, precisaram de menos adaptações, pois já usavam – em maior ou menor grau – plataformas online para expandir o aprendizado e contato com os alunos. Vale ressaltar que algumas instituições estavam muito mais preparadas que outras, e as menos preparadas tiveram que tomar decisões de até concederem férias aos alunos.
No Brasil, professores e alunos têm enfrentado transformações desde março, quando foi decretado o início do período de quarentena em algumas cidades.
Os encontros a distância e a possibilidade de acompanhar os conteúdos online, a qualquer hora do dia, substituíram as aulas presenciais nas escolas e os horários programados para estudo.
Conforme relata esta reportagem, escolas da rede privada vêm combinando aulas ao vivo, gravadas e exercícios práticos, recomendando que os pais acompanhem a nova rotina.
Uma estratégia bem-sucedida para manter a proximidade entre educadores e estudantes é fornecer um chat ou utilizar aplicativos como o WhatsApp e o Telegram para que possam se comunicar durante o período de isolamento social.
Mais familiarizados com ferramentas de ensino a distância- EaD, professores e alunos do Ensino Superior tiveram menor dificuldade nessa transição.
No entanto, também precisaram se adaptar às atividades 100% online, aproveitando apps para se reunir e apresentar trabalhos em grupo e até os seus TCCs (trabalhos de conclusão de curso).
Faculdades da rede pública e privada precisaram orientar os educadores na preparação das aulas e outros conteúdos digitais para os alunos.
Também se organizaram para fornecer plataformas como ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), para disponibilizar os materiais de maneira organizada, com a devida proteção dos dados pessoais dos estudantes.
O cenário mundial diante da pandemia reforçou a exclusão de estudantes das famílias mais pobres e de grupos específicos, como aqueles que vivem em ambiente rural.
De acordo com o Relatório de Monitoramento Global da Educação (Relatório GEM) de 2020, divulgado no final de junho, 258 milhões de crianças e jovens não tiveram acesso à educação.
O contexto é mais grave nos países renda baixa e média-baixa, entre os quais 40% não contam com políticas para apoiar os alunos durante o período de fechamento das escolas, visando conter o avanço do novo coronavírus.
Produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o relatório também revelou que menos de 10% das 209 nações avaliadas possui leis que fortalecem a inclusão plena na educação.
Lembrando que a pandemia de Covid-19 levou ao fechamento de escolas por todo o planeta, impactando cerca de 1,5 bilhão de alunos – mais de 90% da população estudantil.
Segundo o Relatório GEM 2020: gênero, idade, local onde vivem, pobreza, deficiência, etnia, indigeneidade, língua, religião, status migratório ou de refúgio, orientação sexual ou identidade e expressão de gênero, encarceramento, crenças e atitudes são os principais fatores de exclusão nos sistemas educacionais.
Outro ponto que contribui para a exclusão são as desigualdades observadas entre os alunos de famílias ricas e pobres, ainda que vivam no mesmo país.
Para se ter uma ideia, excluindo as nações ricas da Europa e América do Norte, para cada 100 jovens ricos, somente 18 jovens pobres completam o ensino secundário.
Em pelo menos 20 estados – a maioria, localizados na África subsaariana – é raro que um jovem proveniente de zonas rurais complete a escola secundária.
Mesmo entre as crianças e adolescentes que têm acesso ao ensino, persistem mazelas como a fome e a miséria, que aumentam a importância de frequentar as instituições de ensino, onde muitos estudantes fazem a sua única refeição.
Estimativas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Programa Mundial de Alimentação (PMA) revelam que 370 milhões de crianças podem ter sofrido com a falta de alimento devido ao fechamento das escolas.
Dentre as estratégias mais comuns para amenizar os efeitos da pandemia e dar continuidade ao processo de aprendizagem, vale destacar o ensino remoto.
A popularidade e a agilidade da internet permitem o compartilhamento de informações e a comunicação entre a escola, pais e alunos, sendo uma opção importante para garantir as atividades escolares em tempos de isolamento social.
No entanto, uma parcela expressiva dos estudantes não conta com acesso à rede, caracterizando o primeiro grande desafio para as escolas.
Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) apontam que 46 milhões de brasileiros não acessam a web, o que corresponde a mais de 25% da população.
Entre os 79,1% que navegam na internet, 99,2% utilizam o celular, enquanto 48,1% dispõem de microcomputador em casa.
Esse fato implica em outro desafio: o desenvolvimento de softwares que facilitem o uso via smartphone.
Além disso, professores da rede pública e particular precisaram adequar toda a sua programação ao ambiente digital, dispondo de um tempo maior para o planejamento e seleção de materiais como slides e vídeos.
Enquanto parte dos educadores – em geral, das escolas particulares – estavam familiarizados com ferramentas tecnológicas e encontros mais dinâmicos, a maioria enfrentou uma transição apressada para o universo digital.
De uma hora para outra, tiveram de atender à demanda pela gravação de aulas, uso de plataformas online e didática diferenciada para manter a atenção da classe a distância.
Os exercícios e avaliações também tiveram de ser repensados e substituídos por formatos remotos de trabalho.
Outro ponto delicado é a orientação dos estudantes, que acaba sendo feita a qualquer hora do dia ou da noite, principalmente se não houver um chat ou local específico para esse atendimento.
Ao contrário do que se imaginava, a pandemia de Covid-19 tem mantido as instituições de ensino de portas fechadas por meses.
Para não suspender as aulas durante esse período, muitas entidades substituíram o ensino presencial pelo remoto, levando a um problema relativo às mensalidades.
Cursos típicos no formato EaD, de reprodução massificada, têm custos inferiores aos presenciais, que exigem a manutenção de toda uma infraestrutura para serem ofertados.
Considerando esse raciocínio, pais e estudantes de escolas e faculdades particulares têm questionado a cobrança integral das mensalidades nos últimos meses.
Eles alegam que houve redução de gastos para as instituições de ensino, a exemplo das contas de água, luz e telefone, que diminuíram com o fechamento de suas unidades físicas.
Por outro lado, escolas e faculdades precisam manter o pagamento dos salários de seus professores e funcionários, além das despesas fixas, como o aluguel.
Existem, ainda, os custos para garantir o fornecimento das aulas a distância.
Visando solucionar essa questão, uma nota técnica da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, ressalta que as instituições de ensino não foram responsáveis por seu fechamento, pedindo bom senso para a negociação de descontos ou reduções nas mensalidades.
Publicado no fim de março, o documento recomenda que:
“Consumidores evitem o pedido de desconto de mensalidades a fim de não causar um desarranjo nas escolas que já fizeram sua programação anual, o que poderia até impactar o pagamento de salário de professores, aluguel, entre outros.”
Cumprir com o calendário programado se tornou inviável diante da crise atual, o que desencadeou uma resposta por parte do governo federal.
Ela veio através de instrumentos como a Medida Provisória nº 934, que estabeleceu normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior.
Anunciada em 1º de abril, a norma permite que as instituições de ensino diminuam a quantidade de dias letivos, desde que cumpram a carga horária obrigatória.
Na prática, as organizações poderão cumprir a carga horária em menos de 200 dias letivos, ou seja, podem aumentar a quantidade de horas diárias de estudo.
No caso das entidades de ensino superior que ofertam cursos de Medicina, Farmácia, Enfermagem e Fisioterapia, a carga horária de atividades práticas pode ser reduzida em 70 ou 75%.
Estados e Municípios têm apostado em alternativas como o envio de apostilas e atividades pelo correio e a transmissão de aulas pela televisão, a fim de incluir alunos que não têm acesso à internet.
Um exemplo é o Estado de São Paulo, que firmou parceria com a TV Cultura para transmitir aulas e distribuiu um kit com apostilas de matemática e língua portuguesa, gibis da Turma da Mônica, livros paradidáticos e manual de orientações desde o final de abril.
O material foi encaminhado aos 3,5 milhões de alunos matriculados na rede estadual.
Para atender àqueles que não possuem computadores, as instituições também escolhem plataformas conectadas a aplicativos, o que facilita sua execução em dispositivos mobile.
Uma vez que haja garantia no acesso aos conteúdos, a tendência é uma digitalização acelerada do processo de ensino e aprendizagem.
A boa notícia é que os alunos, em sua maioria, estão acostumados com a dinâmica e as ferramentas desse universo.
Cabe, então, às instituições de ensino e professores agregar uma cultura de aprendizado remoto às crianças, adolescentes e adultos.
Essa não é uma tarefa simples, mas reunimos algumas dicas para que os educadores tenham sucesso nas práticas digitais exigidas no momento.
Os insights abaixo foram inspirados neste artigo, assinado pela doutora em Educação Luciana Allan.
Levando em conta as barreiras no acesso à internet, desigualdades e a falta de familiaridade com o digital, podemos concluir que o país não está preparado para um estudo totalmente remoto.
Segundo relata um levantamento conduzido pelo Portal G1, plataformas virtuais, sites, aulas pela TV aberta e redes sociais foram soluções adotadas durante os dois primeiros meses de suspensão de aulas presenciais na rede pública.
Entretanto, houve complicações para o acesso e acompanhamento das aulas em diversos Estados, além de períodos de ausência de qualquer atividade para os estudantes.
Falta de qualidade no aprendizado a distância e de continuidade em relação ao que foi ministrado nas aulas presenciais anteriores à pandemia também foram constatados pelo levantamento.
Somado a eles está o modelo tradicional de aprendizado, adotado pela maioria das escolas brasileiras, e que tem pouca ou nenhuma conexão com a era digital.
O Ministério da Educação prorrogou as datas de inscrição em seus programas universitários: Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (Prouni) e Programa de Financiamento Estudantil (Fies).
Houve, ainda, adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), utilizado para entrada em uma série de faculdades públicas e privadas.
A fim de auxiliar na alimentação de alunos em situação de vulnerabilidade, o MEC anunciou a distribuição de kits referentes ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) aos pais ou responsáveis.
Liberou, também, verba para reforçar a compra de materiais de higiene (como água sanitária e álcool em gel) para escolas da rede pública.
Nesta página, o órgão fornece um curso online gratuito para profissionais da educação e pais que desejem saber mais sobre métodos que podem ser utilizados para crianças do 1º e 2º ano do ensino fundamental.
Confira as atualizações sobre medidas do MEC neste link.
Conhecidas como Edtechs, as startups voltadas à educação oferecem saídas inovadoras para aumentar a eficiência e contornar momentos de crise.
Portanto, a demanda por seus serviços aumentou exponencialmente desde meados de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu que o surto de coronavírus se transformara em pandemia.
Plataformas que conectam alunos, professores e outros profissionais da educação, que permitem o compartilhamento de conhecimentos e avaliações a distância ganharam popularidade.
Assim, a expectativa é que as edtechs superem o crescimento de 20% registrado nos últimos anos, segundo a Associação Brasileira de Startups.
Embora sejam, a princípio, temporárias, algumas transformações provocadas pelas restrições sociais tendem a permanecer, resultando em mudanças efetivas nas instituições de ensino.
É provável que mesmo aquelas tradicionais olhem com mais atenção para as inovações tecnológicas, formalizando o uso de ferramentas digitais para melhorar o processo de aprendizagem.
A expectativa é que os alunos retornem à educação presencial com maior autonomia e valorizem as interações presenciais – da mesma forma que os professores.
Os educadores também tendem a se dedicar mais à atualização constante, conforme opina a diretora pedagógica Regina Silva, em artigo publicado pela Revista Educação:
“Quando as aulas presenciais retornarem, o professor certamente estará mais antenado às estratégias diferenciadas e ao novo. Será capaz de enxergar, avaliar e aliar o interesse dos alunos aos recursos usados em sua prática pedagógica diária. Isso proporcionará mais dinâmicas para aulas, engajamento dos alunos e, consequente, mais aprendizagem. Estamos prestes a vivenciar a decolagem da educação 4.0 no Brasil, definitivamente.”
Apresentamos, neste texto, um panorama sobre desafios impostos pela pandemia de coronavírus e seus impactos na educação.
As perdas se refletem entre escolas, faculdades, professores e alunos de todas as idades, exigindo a união de forças para que sejam minimizadas.
Mas, por outro lado, o momento propiciou a transformação digital a fórceps, fez com que muitas instituições digitalizassem seus processos e implementassem plataformas para seus públicos em tempo considerado anteriormente impossível.
Para os próximos anos, as instituições precisarão rever seus modelos, pois muitos alunos e clientes já estão preferindo o ensino digital, não somente pelo receio em voltar para o modelo presencial, mas também porque já se adaptaram e gostaram do ensino remoto.
Muitos educadores estão se renovando e as instituições estão se preparando e investindo muito em tecnologia e segurança.
A FIA investiu muito em seus sistemas, plataformas, segurança e tecnologia em tempos de COVID-19 e continuará investindo na evolução digital para os próximos anos.
O processo de transformação digital que a FIA iniciou em 2018 foi fundamental para que em 2020 a instituição não parasse.
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