O coolhunting surgiu há algumas décadas, com a finalidade de identificar tendências sobre diferentes mercados.
Partindo da observação do comportamento de grupos-chave de consumidores, os profissionais dessa área conseguem antecipar demandas que se tornarão populares para determinado público.
Portanto, a análise realizada pelos coolhunters é importante para adaptar produtos, serviços e estratégias aos desejos e necessidades dos clientes em potencial.
Se você é uma pessoa antenada e gosta de estudar os hábitos e preferências do público, pode se dar bem como um caçador de tendências.
Continue lendo este artigo para saber mais sobre esse segmento e de que forma iniciar sua carreira em coolhunting.
Estes são os tópicos que iremos abordar:
Boa leitura!
Coolhunting é uma área que trata do levantamento e avaliação de tendências, ou seja, de fenômenos sociais e culturais com potencial de influenciar o comportamento do consumidor.
Estudos do setor afirmam que essa atividade surgiu já na década de 1970, quando as grandes empresas passaram a realizar pesquisas para compreender melhor os gostos do público.
No entanto, o termo coolhunting se tornou mais conhecido a partir dos anos 1990, diante de novos desafios para a publicidade e a propaganda, a exemplo da personalização.
Ao contrário da cultura de massa, predominante nos anúncios da primeira metade do século XX, o consumidor agora valorizava cada vez mais sua individualidade, que deveria estar representada nos produtos e serviços que comprava.
Desse modo, as pesquisas gerais de marketing, restritas a dados demográficos e à divisão da sociedade em grandes grupos já não funcionavam para alcançar o novo cliente, que tem valores e interesses próprios.
Não bastava, então, pensar em uma linha de roupas para mulheres de 40 anos, com renda de 10 salários-mínimos e que trabalham fora.
Era preciso entender quais dessas mulheres pertencem ao nicho que a empresa quer atingir e, principalmente, pelo que elas se interessam.
Elas são casadas? Têm filhos? Quais seus hobbies? Em qual setor trabalham? Que tipo de locais frequentam? Qual a sua jornada de compra?
Questões como essas permitem descobrir aquilo que importa para essas consumidoras, que deve se refletir em seu jeito de se vestir e em suas referências de moda.
É aí que entra o coolhunting, termo emprestado do inglês que une cool (se referindo às tendências) e hunting, que significa caça.
Cool descreve algo legal, ou seja, apreciado por um nicho.
No universo do coolhunting, se refere a uma novidade adotada e aprovada por uma minoria, e que tem potencial para ser adotado por mais pessoas.
Segundo explica este artigo, assinado pela pós doutora em Psicologia Social Isleide Fontenele:
“A ênfase na busca do cool indica, também, uma passagem da cultura de massas para o mercado de nichos, gerando uma absoluta diversidade a ser explorada em meio a um público cada vez mais heterogêneo. Assim, houve uma mudança de foco metodológico: de padrões sociológicos centrados em paradigmas descritivos de interações e comportamentos sociais, para abordagens mais antropológicas, centradas na observação cultural.”
Coolhunter, trend searcher ou trendhunter é o profissional responsável por captar e avaliar os novos comportamentos que podem ganhar popularidade em um nicho específico.
Para tanto, ele identifica grupos de pessoas (os chamados consumidores alfa) e posturas vanguardistas e as conecta com um produto, serviço ou departamento.
Na década de 1990, quando essa carreira surgiu, muitos caçadores de tendências eram vistos andando pelas ruas, observando e registrando hábitos que consideravam promissores.
Era comum vê-los carregando câmeras e blocos de anotações, instrumentos que comprovavam e apoiavam seus apontamentos sobre as próximas demandas dos consumidores.
Diferentemente dos analistas de marketing, os coolhunters contam com um fator bastante subjetivo em suas avaliações: a intuição.
É a partir dela, de seu feeling, que eles indicam quais tendências realmente têm chances de cair no gosto de um público maior.
Por causa desse detalhe, a profissão sofreu com o descrédito no início do século 21, mas voltou a ser valorizada por meio de uma estruturação recente.
Na era digital, os caçadores de tendências têm uma série de ferramentas à sua disposição, que os auxiliam tanto na identificação quanto na análise de novos comportamentos.
Entre elas, vale destacar as que coletam, mineram e comparam dados, o que permite a tomada de decisões embasada por informações mais concretas.
Portanto, hoje em dia, o coolhunter tem se dedicado à pesquisa e análise de dados quantitativos e, em especial, qualitativos para encontrar tendências e diminuir a imprevisibilidade sobre os interesses do consumidor no futuro.
Daí a relevância de apostar nesse profissional, pois seus insights têm o poder de colocar uma empresa à frente da concorrência, ofertando soluções novas e alinhadas às expectativas do público-alvo.
Nas palavras da designer e coolhunter Fah Maioli, publicadas na Revista Área:
“O coolhunting identifica as tendências ou os movimentos que estão ocorrendo em nosso entorno, que chamamos de Zeitgeist, o mood cultural do momento. E traz sugestões sobre o que está para acontecer. Portanto, o que nós fazemos como analistas de tendências, é isolar os sinais que podem ser identificados para orientar nossas decisões. São eventos, estruturas e sinais emergentes que ainda não foram identificados pelas massas e por nossos concorrentes.”
Para ser um caçador de tendências, é preciso se interessar pelo comportamento humano, ter autonomia, muita curiosidade e um olhar atento aos detalhes.
Afinal, a rotina desse profissional envolve grandes períodos de observação do público, tanto no sentido literal, pelas ruas, quanto na avaliação de dados.
Essas informações não virão somente através de pesquisas junto ao target, e, sim, de avaliações sobre seus valores e gostos, expressos em locais como as redes sociais.
Nesse sentido, o coolhunter deve ser uma pessoa antenada, que tenha paixão por novidades e acompanhe o universo digital constantemente.
Embora não exija uma graduação específica, vale mencionar que existem áreas afins a essa carreira.
Neste artigo, Júlia Isoppo Picoli apresenta um breve levantamento que fornece características comuns a caçadores de tendências, evidenciando sua formação inicial.
Entre os pesquisados, 50% se formou nas áreas de Ciências Sociais, 30% nas áreas de Comunicação Social e 20% em Moda, Marketing e Administração.
Embora tenham cursado diferentes graduações, possuem em comum:
Moda e design foram os primeiros setores em que os caçadores de tendências trabalharam, provavelmente, por serem mais simples de observar e trabalharem com imagens de forma direta.
Porém, com o advento da internet e estratégias orientadas por dados, esse profissional se tornou mais analítico e conquistou espaço em outras áreas.
Atualmente, qualquer projeto ou organização que tenha como premissa a inovação a partir da observação de comportamentos do consumidor pode se beneficiar com a contratação de um coolhunter ou de uma agência especializada nessa atividade.
Confira, a seguir, os segmentos em que o coolhunting tem feito a diferença:
Há alguns anos, não era raro ver coolhuntings circulando pelas avenidas para observar as roupas dos habitantes de cidades norte-americanas.
Ao reparar algum detalhe, cor ou acessório inusitado, o profissional seguia com sua análise, fazendo um balanço para entender se a novidade se encaixaria entre as tendências da próxima estação.
Nos dias de hoje, essa avaliação é pautada, também, por pesquisas em âmbito regional, nacional ou global, de acordo com o tamanho e o propósito da empresa.
Conta, ainda, com reflexões sobre o que as pessoas desejam expressar com aquilo que vestem, que pode ir de causas sociais que apoiam até características pessoais, como rebeldia e sofisticação.
Outro mercado tradicional para a aplicação do coolhunting, o design é profundamente afetado pelo comportamento do consumidor.
Por isso, coolhunters especializados nessa área utilizam tendências para melhorar a funcionalidade das construções, desde sua estrutura até a disposição dos móveis e a decoração.
Lembra o texto que citamos mais acima, escrito pela designer e coolhunter Fah Maioli?
No artigo, ela utiliza seu conhecimento profissional para antecipar mudanças nas necessidades e hábitos do público devido à pandemia de Covid-19, priorizando as adequações que devem ser realizadas no design de interiores.
Um exemplo é o retorno do hall, não como um cômodo de luxo e, sim, para isolar e descontaminar objetos antes de entrar em outros espaços da casa, evitando a infecção pelo coronavírus.
Em um mundo digitalizado, é natural que o coolhunting se aproxime e seja absorvido pelos setores de marketing, com o objetivo de melhorar a comunicação direta com o cliente.
Dessa forma, há maiores chances de um alinhamento entre todas as mensagens transmitidas por uma organização – anúncios, e-mails, posts, tutoriais, textos de blog, etc.
Atuando junto ao time de marketing, o coolhunter colabora para diminuir as incertezas sobre a reação do público, conhecendo a fundo suas necessidades e desejos.
Em outro conteúdo que citamos mais acima (o artigo “Os caçadores do cool”), Isleide Fontenele comenta o sucesso da equipe contratada pela empresa de coolhunting Look-Look, especializada em cultura jovem.
Um dos segredos estava no fato de os coolhunters se identificarem profundamente com os consumidores jovens, além de seu trabalho para compreender as esperanças, sonhos, o que pensam sobre o futuro e sua relação com familiares.
Nesse setor, os coolhunters se dedicam ao estudo do target para conhecer, por exemplo, quais produtos utilizam no dia a dia, e as qualidades que esses itens devem ter.
Não significa que somente os caçadores de tendências vão definir os atributos de um lançamento, mas eles contribuem para lapidar e aprimorar ideias.
Outra área em que o coolhunting é bem-vindo, a alimentação oferece oportunidades para quem se dispuser a conhecer os fatores importantes para determinada população.
É possível definir novos produtos ou ajustar os antigos para novas necessidades, por exemplo, reduzindo o teor de açúcar e gordura para conquistar um target que preza pela vida saudável.
Programas para computador e dispositivos mobile são cada vez mais populares e necessários na sociedade atual, fornecendo comodidade, conhecimento e segurança.
Nesse contexto, cabe ao coolhunter verificar os pontos fortes e fracos de softwares e serviços, acompanhando e cooperando para que as tendências sejam implementadas antes que o cliente decida desistir de uma assinatura ou aderir à solução da concorrência.
No Brasil, o mercado ainda é incipiente, como sublinha a pioneira do setor no país, Sabina Deweik.
Em artigo, a coolhunter convida pessoas que se identifiquem com a profissão a investir nessa carreira, lembrando que:
“A atividade, como alguns dizem, não é simplesmente caçar o que é up to date. Uma das grandes chaves para entender esta prática é compreender que hoje o extraordinário é o próprio cotidiano: pessoas comuns capazes de emitir sinais sutis de mudanças que podem ou não se transformar em novos padrões de comportamento. Um futuro que contenha de alguma forma o presente.”
Para quem estiver disposto a apostar na inovação representada pelas previsões, vale verificar as oportunidades em empresas dedicadas ao setor (ou coolhunting firm).
Também é possível ingressar no mundo corporativo, buscando por vagas como coolhunter, trend searcher ou trendhunter, ou atuar como consultor independente.
Um dos segredos para ser bem-sucedido é se inserir no contexto do público observado para entender suas particularidades e desejos, rompendo com as pesquisas tradicionais do mercado – por exemplo, questionários de opinião aplicados pelo departamento de marketing.
Se tornar um coolhunter não exige, teoricamente, um curso específico, já que depende de muito estudo prático e de um pensamento cool – ou seja, descolado, vanguardista, fora da caixa.
Por isso, não existe uma graduação ou caminho único para ingressar na carreira no Brasil.
Como explicamos acima, o que existem são cursos de maior afinidade com o perfil de um caçador de tendências, a exemplo das áreas de Comunicação, Ciências Sociais, Marketing e Administração.
Quem deseja atuar com foco em segmentos específicos também pode começar cursando uma faculdade de Moda, Design ou Arquitetura.
No exterior, o cenário é um pouco diferente, pois existe ao menos uma graduação que habilita o aluno a rastrear, identificar tendências e aplicá-las no desenvolvimento de soluções que promovam qualidade de vida ao cliente.
Estamos falando do bacharelado em “International Lifestyle Studies”, realizado de forma presencial na Universidade Fontys, em Tilburg, Holanda.
Para quem não quer ou não pode deixar o Brasil, há a possibilidade de incrementar o currículo por meio de uma pós-graduação voltada ao coolhunting.
Nesse caso, uma busca online mostra opções oferecidas por instituições bem conceituadas, tanto brasileiras quanto estrangeiras.
Há, ainda, formatos mais curtos, a exemplo do primeiro curso especializado em coolhunting do Brasil, realizado pelo Instituto Europeo di Design (IED).
Antropologia do consumo, branding (posicionamento de marca), técnicas de entrevista e pesquisa de campo são algumas disciplinas estudadas na formação para coolhunter.
Vale comentar, também, a vivência e o repertório que a profissão exige e que, às vezes, são o elemento essencial para ser um bom caçador de tendências.
Antes de se aventurar pelo setor, uma boa pedida é aprofundar os conhecimentos a respeito, acompanhando obras que conceituam e ilustram melhor a rotina de um caçador de tendências.
Confira algumas delas a seguir.
Escrito por Luís Rasquilha, oferece parâmetros para previsões sobre o futuro, que servem de base para a atuação do coolhunter.
O destaque vai para as ferramentas que podem ser utilizadas para antecipar os próximos passos e gostos do consumidor, citadas e explicadas por especialistas.
Traz, ainda, um conjunto de previsões em várias áreas, fruto de trabalho coordenado pela AYR Consulting Worldwide – consultoria com atuação no Brasil, Estados Unidos e Portugal.
Indicado para quem deseja compreender como se formam e o que está por trás das tendências, de um jeito acessível e simples.
Redes de influência e propagação dirigida são alguns dos temas comentados pelo autor, Guillaume Erner, para explicar como pessoas diferentes acabam consumindo os mesmos produtos.
Nesta obra, Janiene Santos faz um levantamento e análise sobre as principais definições a respeito das tendências e as organiza de forma prática.
Seu propósito é fornecer subsídio para que sejam aplicadas de maneira estratégica por empresas de diversos segmentos.
Ao longo deste texto, apresentamos o significado do coolhunting, setor que se dedica a encontrar tendências e diminuir a imprevisibilidade do gosto do consumidor no futuro.
Também falamos sobre as áreas de atuação e o mercado para coolhuntings no Brasil, que deve crescer nos próximos anos.
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